<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, setembro 30

lençol 

vejo um fantasma, que me persegue,
vejo um fantasma, que me segue,
vejo um fantasma, anos e anos a fio,
vejo um fantasma, uma sombra,
vejo um fantasma, mais do que sombra antecipa-me,
vejo um fantasma, é o que vês primeiro quando me vês,
vejo um fantasma, se fujo corre,
vejo um fantasma, se falo grita,
vejo um fantasma, se calo silencia o silêncio,
vejo um fantasma, é opaco,
vejo um fantasma, oculta-me,
vejo um fantasma, nem sei se é sempre o mesmo,
vejo um fantasma, nem sei o que ele é,
vejo um fantasma, muda de forma,
vejo um fantasma, deforma,
vejo um fantasma, hoje vou antecipá-lo,
vejo um fantasma, tiro-lhe o lençol,
vejo um fantasma, todo o ar geme e grita na rotação impossível,
vejo um fantasma, e vejo o que ele vê.

água e sal 

Lá fora, a chuva cai, densa e alinhada. Não cheiro agora a terra quente e molhada. Uma luz branca, assustadora, faz-me arrepiar. Sustenho a respiração. Lá longe, um rugido. Nada mais. As minhas mãos deslizam pela sua face. A testa...os olhos...a boca...o queixo...'Está descansado, está tudo bem!'... Um sabor deliciosamente salgado fica-me nos lábios.

Armanda.

segunda-feira, setembro 29

Diário de Lubliana 

Lubliana, 1º dia
Lisboa – Munique – Lubliana

Que me reservarão estes dias? Para começar, um pequeno problema no aeroporto de Lubliana não augura nada de muito bom.

Lubliana, 2º dia
Lubliana é uma cidade primorosa, os eslovenos são bonitos e agradáveis, a organização do curso é fantástica. Aqui não há lugar ao improviso, tudo é bem feito.
Temos um convite para uma recepção na Câmara Municipal. Depois dos discursos, servem-nos sumos. Fico à espera do vinho. Segunda rodada de sumos, não há vinho! Vem a coordenadora do curso explicar que uma lei recente proíbe o álcool em recepções oficiais – para passar a mensagem de que é possível haver festa sem haver álcool. Terão razão, mas que é estranho é!

À noite tenho no hotel um bilhete de outro ABA, estamos os dois em Lubliana.

Lubliana, 3º dia
Não há lixo na rua, nem cocó de cão. Não há casas degradadas (pelo menos à vista) nem mendigos. Não há engarrafamentos nem se dá conta de stress – Lubliana tem só 200 mil habitantes... mas Coimbra ainda menos.... Tudo me é simpático. Entro num centro comercial e oiço Cesária Évora como música de fundo!

Lubliana, 4º dia
Há em Lubliana um monumento de homenagem a Napoleão Bonaparte, o invasor. A vida tem destas coisas: explicam-me que Napoleão, para cativar a população, institucionalizou o Esloveno, que passou a ser ensinado nas escolas, onde até aí só se aprendia alemão. As duas faces da moeda.

Lubliana, 5º dia
Todos os dias a caminho da Universidade, paro no mesmo café, Caffee Trular. Foi escolhido por acaso, é pequeno e tem pouca luz. Dirijo-me ao balcão. Hoje no meu quinto dia em Lubliana já não preciso nem de pedir, o empregado serve-me um magnífico café (Kava) expresso. São estas pequenas coisas que nos fazem sentir em casa.
Ao entardecer, quando a doce noite cai, bebemos vinhos ao pé do Lublianica, o rio e da “ponte tripla” Tromos Tovje. Ao lado, o poeta France Prešeren olha (e)ternamente a sua amada. Do outro lado da rua, Julija, que o trocou por um rico comerciante, está condenada a ficar eternamente à janela. Pelo menos até Prešeren cansar o olhar.

Lubliana, 7º dia
Intolerância! Convidam-nos para um lanche numa quinta nos arredores de Lubliana. Na mesa, posta debaixo de uma enorme tília, colocam pratos com presuntos, queijos e outras delícias, pão e muito vinho. Em torno da mesa estamos portugueses, dinamarqueses, noruegueses, espanhóis, húngaros, eslovenos.... e 3 turcos e 1 paquistanês que prontamente afastam os pratos como se neles morasse o diabo – Não comemos isto! E são eles gente de ciência, que trabalham em instituições científicas de excelência a nível mundial. E eu crente, intolerante e blasfema me pergunto: o que tem Deus a ver com presunto?

Lubliana, 8º dia
Lubliana - Bled –Triglav – Pirano- Lubliana
Lagos, Montanhas, Adriático. Só num país como a Eslovénia é possível ter todas as paisagens num só dia. De manha bebemos a água do Soča em plenos Alpes. O Soča corre dos Alpes num leito do mais puro calcário, o que confere às suas águas geladas uma cor impossível de pedra preciosa. Mais tarde, já no vale, quando as águas engrossam, torna-se de um azul cobalto nunca visto.
Jantamos em Pirano, com o Adriático aos pés: peixe e malvasia!

Lubliana, 10º dia
Em Lubliana há dois nomes omnipresentes: France Prešeren, o poeta nacionalista e Jože Plečnick, o arquitecto. No fim do sec XIX Lubliana foi quase totalmente destruída por um violento terramoto. Coube a Jože Plečnick a reconstrução de boa parte da cidade. Assim, se se pergunta: de quem é esta ponte? Plečnick.
E esta? Plečnick. E estas arcadas? Plečnick. E esta biblioteca? Plečnick. E estas casas? Plečnick!...

Lubliana, 11º dia
Chegou a chuva. E com ela o frio e a vontade de voltar para casa.

Lubliana, 12º dia
Afinal foi só um susto! Hoje o sol voltou brilhante como sempre. Dou uma volta pelo mercado, explosão de cores. Passam grupos de crianças loiras que passeiam acompanhadas pelas professoras – infiltro-me no meio delas e qual parasita tento captar-lhes a alegria. Preciso de calor.

Bienal de Artes Gráficas de Lubliana – no primeiro núcleo sou a única visitante. Embaraço! O que se faz perante uma instalação de livros. Com o nome de instalação já vi de tudo. Perante um vídeo ou de coisas expostas numa parede sei o que fazer: olhar! E perante uma instalação, livros espalhados pelo chão ? O que pretende o autor, o todo ou as partes ? Devo pegar nos livros? E se desinstalo a instalação? E se depois mudo a ordem e instalo a minha própria instalação? Mais tarde, noutro núcleo, reparo que toda a gente mexe nos livros, os abre e os volta a instalar!

Lubliana, 13º dia
Um dos professores da Faculdade pergunta-me de que região de Espanha é o vinho do Porto. Perante o meu espanto, resolve compor o ramalhe, diz-me que sim, que conhece um vinho português, que tem uma garrafa original. Mateus Rosé – of course! Alguém deita a mão a isto?

Luibliana, 14º dia
Ensaiamos poesias nas nossas diversas línguas e depois os mais habilidosos tentam traduzi-los para a língua franca. Do meu colega e amigo Bernardo, catalão, ele próprio um poeta:

Un hombre, sabe que es
hombre
cuando oye su nombre
en los labios de una
mujer.


Antonio Machado

Lubliana, 15º dia
Lubliana – Munique – Lisboa – Coimbra

Finalmente em casa!
Os últimos 15 dias vivi-os num simulador da Torre de Babel: no curso éramos 27 de 11 diferentes nacionalidades. Treinámos conversas em quase todas as línguas, procurámos semelhanças e diferenças nos modos de estar. As semelhanças são cada vez mais e as diferenças esbatem-se a cada dia – pero que las hay, las hay!

Depois do calor, o frio 

Público: Um estudo publicado hoje no "Journal of Epidemiology and Comunity Health" estima que em Portugal há, por ano, cerca de 8800 mortes prematuras devido ao frio. Portugal é o pior dos 14 países europeus analisados. Será que nas próximas horas o ministro da Saúde ou outro encarregado vai dizer ao país que estes números estão exagerados? Não seria a primeira vez. Serão talvez apenas umas 9 mortes. Nós, portugueses, resistimos aos efeitos do calor e do frio centenas ou milhares de vezes melhor do que os restantes europeus. Vá-se lá saber porquê.

Ler o futuro 

Se por acaso clicou no link do post abaixo e não conseguiu ler o futuro, não é de admirar, pois não? Tem de ter um bocadinho mais de paciência e deixar o tempo correr. Lá chegaremos.

A flecha do tempo 

Este post aponta para o futuro. Mais propriamente, para um post da Aba que será escrito em 25 de Julho do ano 192382.

"Curiosidades" - Update VIII 

Bem, lá vem o gajo chato dos memes actualizar o contador do meme das palavras trocadas.

Sobre o que são os memes, encontrei mais alguns textos, jornais e livros, alguns com índices curiosos ("religions as memeplexes", "a memetic theory of altruism"...). Os memes são unidades ou "átomos" de cultura, "genes" de pensamentos e ideias que se replicam e se propagam de mente para mente. Um meme pode ser o "tcham-tcham-tcham-tcham" da 5ª sinfonia de Beethoven e um memeplex a sinfonia inteira. Os nossos cérebros são memepools, imensos reservatórios de memes onde estes se combinam formando novas ideias passíveis de ser copiadas para outras cabeças, novas espécies de memes que vão competir com outros memes. Alguns memes sobrevivem e multiplicam-se, outros não se propagam e tendem a extinguir-se, de forma análoga à selecção natural. As culturas são misturas de memes (clusters de memes e memeplexes) que várias pessoas têm em comum. Cada um de nós tem uma enorme população de memes e memeplexes na cabeça e, dependendo dos conjuntos de memes que possuímos, temos diferentes tipos de culturas simultaneamente. Os slogans, jingles e logotipos são memes que a publicidade nos tenta impingir. Se forem bons, nós próprios agimos como agentes propagadores. Os memes não são exclusivos dos humanos, tal como a cultura.



Encontram-se na rede frases enigmáticas como "The self is a benign user illusion created by a memeplex" em sites como o "Global Ideas Bank", um repositório de ideias gratuitas na net (sempre achei que era uma boa ideia fazer um site para armazenar, organizar e distribuir gratuitamente ideias).

Relativamente ao contador: as últimas 5 medidas foram feitas agora, às 08:00 de 26/9, às 22:00 de 24/9, às 19:30 de 22/9 e às 8:00 de 21/9. As medidas de posts anteriores estão entre parêntesis e as reticências apontam para outros valores medidos anteriormente. Para medidas neste instante, clicar nos links e ver o nº de resultados da pesquisa.

Meme inglês
Pesquisa: "Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 15300 12900 9790 6430 5620 (5620) ... (338)
Google grupos: 2130 1980 1900 1800 1690 (1690) ... (1010)
Altavista: 265 269 269 149 149 (149) ... (64)
Yahoo: 8780 7170 5260 2920 2900 (2900) ... (0)
CNN: 4930 4370 3200 1900 1690 (1690) ... (271)

Meme português
Pesquisa: "De aorcdo com uma pqsieusa "
Google: 6600 6190 5500 4530 3940 (3940) ... (2)
Google grupos: 7 7 7 7 7 (7) ... (5)
Altavista: 170 181 179 105 105 (105) ... (19)
Yahoo: 2140 1620 1140 644 660 (660) ... (1)
CNN: 1300 1240 1070 348 363 (363) ... (284)

domingo, setembro 28

Conforto 

Do amor infinito surge a vida. Cresce e não mais fico só.
Acompanha-me, beija-me, acaricia-me, interiormente.
Sossega-me, firmemente, do mundo...
Descansa-me, ternamente, de mim...
Armanda

sexta-feira, setembro 26

Astrologia 

Um grupo de cientistas portugueses tem chamado a atenção para o facto de em Portugal as televisões, e vergonhosamente também a televisão pública, darem tanta relevância à astrologia. O Rui Curado já aqui tinha escrito sobre isso e chama de novo a atenção para isso, agora na klepsidra.

Há já algum tempo que estava a pensar escrever sobre a astrologia, em especial para dizer que não temos temos nada a ver com uma tal ABA que tenta encontrar autoridades científicas (uma boa parte forjadas) para justificar a astrologia. Como se a autoridade fosse um argumento cientifico! E mesmo que até há relativamente pouco tempo alguns cientistas tivessem de ganhar a vida como astrólogos dos poderosos, isso não dá valor científico à astrologia. É apenas mais uma faceta da comédia humana.

A influência do sol na vida das pessoas é enorme: sem ele não haveria vida na Terra. O mito fundador da astrologia consiste em extrapolar essa influência para os planetas e para as constelações. Mas a importância das interacções entre os objectos diminui com a distância e os planetas mais próximos estão a milhões de quilómetros, enquanto que as constelações, se por um lado são compostas por estrelas que não têm nada a ver umas com as outras, por outro distam muito mais biliões de quilómetros! A astrologia vem do tempo em que os astros eram luzes coladas num globo que girava em torno da Terra...

Mesmo a Lua, que dá origem às marés, está demasiado longe para ter a influência que se lhe atribui. Por exemplo, o aumento de nascimentos com a lua cheia já se verificou ser um mito, mas a persistência dessa ideia continua a ser muito forte. Quer acreditar-se mesmo que os factos experimentais o neguem, geralmente recordando os que confirmam a hipótese e rejeitando os que lhe são contrários. Ainda a semana passada ouvi um profissional de saúde dizer algo como "nesse dia houve muitos partos e não era noite de lua cheia..."

A astrologia existe porque há quem acredite nela e as crenças são quase sempre mais fortes que a razão.

Por outro lado, toda a base empírico-astronómica da astrologia está errada. De acordo com os astrólogos, que mantêm a tradição de usar tabelas antigas, agora passadas para cómodos programas de computador que geram automaticamente as análises de psicologia popular astral, o sol está agora em Balança. Mas observando o céu verifica-se que o sol está ainda em Virgem. Na realidade entrou em Virgem a meados de Setembro, quando de acordo com a astrologia tradicional isso teria acontecido a 22 de Agosto. E isto pode ser verificado num programa de astronomia (em java), ou observando o céu como sempre fizeram os astrónomos.

Sem base científica alguma, sem sequer uma técnica empírica consistente com o seu objecto de estudo (os astros) a astrologia não é mais do que psicologia popular misturado com gráficos de aspecto pitoresco, obtidos com um arremedo dos métodos científicos. Um tema de conversa divertido não fosse existirem pessoas que a usam para enganar o próximo.

quinta-feira, setembro 25

quark 

quark s.m. FÍSICA cada uma das partículas hipotéticas que se julga serem os constituintes dos protões, ou neutrões.
Dicionário da língua portuguesa, Porto Editora, 2003.

1. Em 2003 a Física- ainda não conseguiu dizer às Letras-portuguesas que o quark já é uma partícula real, com identificação positiva há mais de 40 anos, e que não é uma hipótese teórica.
2. Desde a mesma data que não se julga, sabe-se que cada protão e cada neutrão é constituído por 3 quark's de tipos diferentes, há-os com vários sabores.
3. Não se pode dizer que eles constituem os protões, ou neutrões. Não é exclusivo, não é alternativo, eles são constituintes dos protões e dos neutrões.

quark n. physics kind of elementary particle.
Oxford advanced learner's dictionary of current english, Oxford, 1982.

Em 1982, uma frase simples, concisa, sem erros.

uma força fraca e outra forte 

São os átomos o nosso éter, nem sequer as moléculas, os átomos, com os electrões, protões, neutrões e mais-longe, mais-pequeno, os quark's. Aprisionados os elementos uns aos outros pela gravidade, pela atracção electromagnética, por uma força fraca e outra forte é assim que existimos, somos uma perturbação do éter atómico contínuo.
Para o ser, precisamos de muito mais. Mitocôndrias maternais, aminoácidos essenciais, lisosomas temporais, células enfim, genes no fim. São os genes que nos definem, que nos dão a assinatura, escrita como está com traços amplos direitos, linhas tortas sinuosas. E depois dos genes mais-longe, mais-pequeno a centelha que incendeia o cérebro, o que é?
De repente, surgindo da calma perfeita, um fio da rede etéria solta-se, enrola-se, desprende-se, emaranha-se, toda a teia estremece e hesita. Deve ser um bocejo matinal e o maxilar volta a fechar quando o sol perde a vergonha. De outro modo seria um erro, uma falha na codificação, um pedaço de assinatura escrita em cor impossível que uma borracha afiada há-de apagar.

Com penas 

Relativamente ao meu post anterior, esqueçam. Pus alcatrão e penas e para já está muito bem.

quarta-feira, setembro 24

A felicidade 

Tristeza não tem fim, felicidade sim.
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor
brilha tranquila depois de leve oscila e cai como uma lágrima de amor.
A felicidade do pobre parece a grande ilusão do carnaval
a gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho
pra fazer a fantasia de rei ou de pirata ou jardineira pra tudo se acabar na quarta feira.
Tristeza não tem fim, felicidade sim.
A felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar
voa tão leve mas tem a vida breve precisa que haja vento sem parar.
A minha felicidade está sonhando nos olhos da minha namorada
é como esta noite passando, passando em busca da madrugada
falem baixo, por favor prá que ela acorde alegre como o dia
oferecendo beijos de amor.
Tristeza não tem fim, felicidade sim...
Tom Jobim

Sem penas, com pena 

“A esperança é aquela coisa com penas...”

Esta citação aparecia no início de um livro que reli várias vezes, o “Sem penas” de Woody Allen. Há anos que não me lembrava desta frase. Hoje senti-me depenado. Passou-se algo que, tal como o humor do livro, é o mais perfeito “nonsense”, um absoluto disparate. Lembrei-me também muito do livro anterior, “Para acabar de vez com a cultura”. Mas para já não conto nada, deixem-me primeiro ver se as penas voltam a crescer.

Même les memes sont memes 

O ozono pergunta-nos se já reparámos que os memes são memes. Sim, são, e muito bons até. Erredaram-se na minha rede neuronal, fizeram ligações entre conceitos que tornaram mais curtas as distâncias (não serão as "descobertas" o encontrar de um caminho mais curto, mais simples, entre conceitos? Um pisoteio melhor?) e simultaneamente ajudaram-me a sistematizar, a ver de longe que há um conjunto de conceitos que tem uma certa forma no espaço. Antes não sabia isso. E claro, disseminei o meme, senti-me impelido a isso. Sou mesmo um autómato...

Neste link que tinha dado anteriormente, lê-se o seguinte:

"The "meme" meme has successfully gotten itself entrenched in the memepool. It is spreading rapidly around the human species at the speed of light, and it will one day have infected everyone's mind. Its reproductive success is a testimony to its infectious power. There is something about the "meme" meme that makes it a good replicator. It fits in well with the other memes that inhabit our minds, and there is something about it that makes us want to communicate it to other people. We are enabling its survival.

Memes offer us a way to understand our psychology and the evolution of our thoughts, technology, artifacts, music, and art. They can be defined as small sets of instructions that produce behavior. When enough of these instructions get together in a brain, a mind develops. Such a mind can be understood and predicted by looking at its composite memes."


O mesmo deve ser válido para as sociedades: podemos compreendê-la melhor e fazer melhores previsões se analisarmos os memes que nelas circulam e se difundem. Deve haver ferramentas fabulosas para a analisar a propagação de memes na rede (muito melhores do que fazer uma simples pesquisa no google). Quem tem acesso a elas?

terça-feira, setembro 23

uma questão importante de tamanho 

little white spotDiz-me o especialista em mundos imaginados e universos sensíveis que habita um pinguim dentro de cada um de nós. Que entrou quando éramos criança, por uma questão importante de tamanho.
Dei pelos brinquedos nos bolsos, que apanhava do chão por uma questão de limpeza. Descobri que eram convenientes nos passeios, nas visitas inesperadas. Seis anos passaram, até à véspera da leitura, e já não tenho mais desculpas mas hoje levo a mão ao bolso e sinto um porquinho de borracha muito perfeito e convenientemente pequeno. De quem é, com 1.cm de barriga?
Quem não sabe que uma colher suja e ainda quente sabe ainda melhor do que a marmelada nas tijelas? Ou já reparou que a alegria no grito das crianças ao toque de saída, é a mesma alegria do toque de entrada? Que tanto faz que o comboio vá ou venha da festa... o contentamento da descoberta é o mesmo desde que ele ande. Nós, para quê, agarrados ao lamentar do tempo que vai fazer no boletim metereológico.
Ainda bem que veio o especialista para nos mostrar o que habita o nosso mundo interior.

a ordem salvadora-alfabética 

Aba são também os arredores, proximidades. Primeiro a surpresa de ver escrever tantos aba aqui nestes arredores, a proximidade de tantas surpresas, tantos espantos que nos reservam os conhecidos de há tanto tempo e por isso são amigos. Ainda a surpresa, o sobressalto, a felicidade inquieta -há outra?- de todos os que li, conheci, apreciei ou que cá vieram ter, todos aqui tão perto. Uma lista, eu podia fazer uma lista, mas não consigo. A maior lista que tenho é a dos que já me tocaram e eu ainda não tive tempo para ler, tenho-os guardados na categoria "incertos", eles que me desculpem. Parece-me pior não citar, aí vai, no entanto não devia... estive a ver outra vez, não consigo ordenar. Conhecem talvez a ordem salvadora-alfabética: a formiga de langton, a natureza do mal, a praia, adufe, klepsýdra, mustang, santa ignorância. Depois os leitores invísiveis que todos os dias deixam apenas uma pequena marca no contador. Indelével, deixa-os ficar escondidos no particular mas revela-lhes o tom geral. E parecem voltar. É também por todos eles que escrevo. Para poder continuar a inventar rostos imaginários que, tolerantes, nos permitem grande liberdade de escrita e de pensamento. Pergunto-me como voltarei à escrita, à visão formatada por um canudo.

Pára!! 

Estou cansada. Estou aflita. E o tempo que corre. E que não pára. E não me deixa descansar. E continua e passa sempre. E eu que não estou preparada.
Vou deixar o emprego. Vou viver para a minha aldeia-natal em Trás-os-Montes. Vou passar a andar a pé.
Será que passava mais devagar?

Enviado por Armanda.

"atractores estranhos" 

O Rui Gil no Ozono fala de atractores estranhos, falando de uma esfera descendo montes e vales. "O vale para onde a bola cai, pode não ser de todos os que existem na paisagem, o mais profundo, o de menor energia, mas uma vez num vale, já é necessária energia para tirar a bola de lá."
É uma noção importante, a de mínimo local, parcial, e de como sendo uma vale nos sentimos aí confortáveis e que é necessário mais energia para procurar outro vale que bem pode ser mais profundo e por isso mais confortável.
É a mesma noção dos pisoteios das formigas que encontram um bom caminho mas não necessariamente o melhor caminho ou sequer um caminho viável a longo prazo.
É engraçado o paralelo que ele faz, afinal o que está prisioneiro do estranho atractor não é uma esfera é a própria blogoesfera, os seus links, o conforto dos amigos que nos rodeiam, ir espreitar mais além ou não.
É isso, penso que caí num atractor, se é estranho ou não, vá-se lá saber!

No dia tal dia sem carros... 

No tal dia sem carros, experimentar o caos do engarrafamento em frente ao pavilhão de Portugal em Hannover, agora em Coimbra. O tal que foi inaugurado e fechado, pois assim ninguém o estraga. Suster os comentários inúteis à vista do crescimento da ponte que vai desaguar naquele mesmo engarrafamento. Depois tentar ser atropelado numa passadeira por um carro que ultrapassa o que parou para o deixar passar. Ouvir os desaforos do condutor que abranda o carro mais à frente, insinuando que vai sair para lhe meter pelos olhos dentro que bem o viu. Tudo isto enquanto os polícias que por ali andam a procurar rimas para poemas fitam o infinito.

Dia com carros 

Ontem, foi sem carros. No próximo sábado, previsivelmente, não vai haver lugar para estacionamento em vários bairros contíguos ao novo estádio (são 40 mil pessoas, o que corresponde a quase metade da população de Coimbra). Só os Rolling Stones trazem 60 camiões TIR que vão ocupar boa parte do pouco espaço disponível ("ficando parqueados em redor do estádio", diz um responsável da R&B no Diário de Coimbra de hoje, "e também numa zona adjacente, utilizando parte do 'estaleiro das obras' que ali decorrem"). Atendendo a que se acabou com o parque de estacionamento da praça Heróis do Ultramar, que hoje é um enorme buraco, para construir o shopping que o vai ajudar a pagar, vai ser lindo ver o (des)concerto fora do estádio...

segunda-feira, setembro 22

E agora uma coisa mais nacional... 

A RTP2, TV2 ou 2 ou lá o que é que eu ainda não percebi, vejo enquanto dura, passa agora uma campanha de informação sobre a ACÇÃO PARA A REDUÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DOS INCÊNDIOS como o Ministro da Agricultura lhe decidiu chamar. Acho muito bem. Devemos ser solidários, é uma obrigação a cumprir com verdadeiro prazer por qualquer democracia que se preze. Não posso é deixar de (não) me lembrar da última campanha de (in)formação sobre como evitar os fogos com causas negligentes.

Acho correcto que, havendo dinheiro para ajudar os que perderam o seu sustento, se use algum tempo de antena para divulgar o programa de apoio. Mas gostaria de ver o mesmo tempo de antena ser atempadamente usado para prevenir o que se pudesse prevenir.

E lá passaram os números de telefone, mostrados e lidos no spot do segundo canal, da direcção-geral das florestas e das direcções-regionais de agricultura (números no link acima), todas as chamadas são gratuitas, atendimento das 08h00 às 20h00.

Os números são verdes, bem diferente da cor da floresta. Como alguém me dizia no outro dia, a economia é soberana, alguém sempre lucrará, ai se não for o pobre, ai o rico será!

Deixem-nos arder... na desinformação, porque afinal o fogo também pode ser bom.

Meme mentiroso 

Recebi um mail que finge ser uma página HTML de assistência técnica da Microsoft. Tem o logotipo, links para a Microsoft, parece vir de um endereço do domí­nio Microsoft, finge ser uma actualização de segurança da Microsoft e por isso traz um attachment que é preciso correr no sistema. Seria uma imitação perfeita, não fosse o caso da Microsoft obviamente não distribuir as suas actualizações por spam (correio não solicitado). É um hoax, uma mentira, e começa a ser discutido na web (ver notícias por exemplo aqui e aqui). É um novo meme, que previsivelmente se vai propagar bem. O texto começa deste modo:

"Microsoft Customer

this is the latest version of security update, the 'September 2003, Cumulative Patch' update which fixes all known security vulnerabilities..."


O que acho interessante é ver como a selecção "natural" está a levar a desinformação, os ví­rus e o spam a terem de ser cada vez "melhores" para sobreviver. A ideia é sempre a mesma: propagarem-se o mais possí­vel, enganando os seus "predadores" (que são a nossa incredulidade, os nossos programas anti-virus e anti-spam, cada vez mais sofisticados), reproduzindo-se, propagando-se. Tal como as bactérias resistentes aos antibióticos, estamos a assistir a "mutações" de memes (novos memes mentirosos) que os tornam mais resistentes às suas curas. A diferença está em que estas mutações ocorrem a uma velocidade notável e são extremamente eficientes, pois não são fruto do acaso mas sim de seres humanos inteligentes (o que acelera muito a evolução das "espécies"). Produzem-se assim mais facilmente "seres óptimos" que se propagam pela rede a grande velocidade (a velocidade de propagação aumenta com o catastrofismo da mensagem, com a credulidade do receptor e com a forma como ele reage e transmite a "doença" a outros receptores).

Por enquanto somos muito crédulos e acreditamos ainda demasiado nestas mentiras, mas gradualmente estamos a perder a inocência. Estamos a começar a duvidar de tudo, a não confiar em nada, tendendo para, num futuro próximo, termos desinformação extremamente bem feita que nos leva a praticamente não acreditarmos em nada. Como é a informação que em grande parte nos faz mover, num mundo desinformado de forma optimal hesitamos muito, acabando por praticamente ficar parados. Não agiremos em face do verdadeiro perigo, o que é deveras inquietante...

Adenda (23:15): não corra o programa que vem com este mail, ele é perigoso!

Lua mentirosa 

M., 6 anos, espantada, espreitando por um telescópio na Fnac:
- Pai, não consigo ver a Lua!

E agora uma coisa mais local... 

Como sou um mau coimbrinha, fiquei apenas a saber num anúncio de um jornal semanal que "a Amorim Imobiliária dá mais vida a Coimbra" e não sei se me envergonhe se me admire. Depois de Coimbra ter ficado sem piscinas públicas, no meio da poeira e do caos rodoviário criado pela construção do mamarracho argento-negro (para aquela coisa só tenho lugares comuns) já benzido e esgotado para o grupo musical de sexagenários, com a estátua dos "heróis do ultramar" do lado de dentro da vedação, os dois estranhamente inclinados no meio dos guindastes, no sítio onde antes houve uma praça, árvores e céu, vai surgir um centro comercial com o piroso nome de "Dolce Vita" que será inaugurado em Março de 2005! Leram bem, Março de 2005! Ou seja até lá comeremos do mesmo pó na boca e areia nos olhos que nos têm dado os nossos autarcas iluminados. O número de telefone do anúncio é 218912416, de Lisboa, claro. Vá lá telefonem, perguntem qualquer coisinha. E já agora a Câmara Municipal tem um número verde 800202126. Não sejam ingratos, telefonem a agradecer a "mais dolce vita" que vos estão a dar.

Propagação de OGM's, meme style 

Quando olho para os números do meme a propagar-se na internet penso que o mesmo se passa com os Organismos Geneticamente Modificados, vulgo OGM's, na natureza. O que andamos a fazer? Uma vez aberto o frasco e evaporado o perfume, como é que se consegue voltar a pôr as mesmas moléculas lá dentro?

"OGM's", "fogo que arde sem se ver", "palavras, leva-as o vento", "propagação de erros"...

A complexidade dos conceitos 

Não combinei nada com o PC, juro. Eu andava intrigado com a origem do nome "meme" e acabei por descobrir, neste artigo e nesta "meme FAQ", que quem propôs o termo foi... Richard Dawkins, autor d'O gene egoísta, que o PC citou aqui e de quem já eu e a Sofia tinhamos falado. E o tal artigo diz que os memes são como os genes. Pois claro que são, vale a pena ler. E pelo caminho, dei com outras "buzzwords": memética, memeplexes, memepool (à semelhança de genepool) e infodemics (esta última tem tudo a ver com "epidemias" de informação e desinformação que também já aqui abordámos).

Sinto-me como se estivesse a conhecer uma enorme cidade, viajando de metro. No início, retenho alguns monumentos, praças, ruas, mas não faço ideia como ir de um para outro lugar a pé. Aos poucos, à medida que vou passeando e conhecendo a cidade, dou conta que lugares que julgava serem muito distantes afinal estão próximos, por vezes ao virar da esquina. Acontece o mesmo com certos conceitos: por vezes descobrem-se novas ligações que mostram quão próximos estão...

domingo, setembro 21

"Curiosidades" - Update VII 

Etsamos a vre a intrneet a adrer. Há aqui um breve resumo.

As 5 medidas mais recentes foram feitas agora, às 20:00, 15:30 e 9:00 de ontem, e às 23:00 do dia 19 (respectivamente por esta ordem). As medidas de "posts" anteriores estão entre parêntesis. Para medidas neste instante, clicar nos links e ver o nº de resultados da pesquisa.

Meme inglês
Pesquisa: "Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 5620 2840 2840 2840 2840 (2840) (2150) (1220) (1220) (731) (731) (678) (338) (338)
Google grupos: 1690 1640 1630 1590 1540 (1460) (1410) (1330) (1190) (1160) (1010)
Altavista: 149 149 149 149 149 (150) (141) (130) (114) (106) (99) (88) (80) (64)
Yahoo: 2900 967 967 967 967 (967) (762) (541) (396) (396) (396) (344) (141) (0)
CNN: 1690 904 902 902 927 (924) (751) (945) (945) (583) (546) (546) (271) (271)

Meme português
Pesquisa: "De aorcdo com uma pqsieusa "
Google: 3940 2270 2150 2220 2210 (2180) (1630) (1630) (1610) (664) (664) (664) (2) (2)
Google grupos: 7 7 7 7 7 (7) (7) (7) (7) (7) (5)
Altavista: 105 105 60 60 60 (60) (58) (60) (60) (57) (51) (35) (33) (19)
Yahoo: 660 180 180 180 180 (180) (127) (127) (62) (62) (62) (62) (1) (1)
CNN: 363 156 164 164 179 (186) (241) (745) (745) (284) (284)

Notas:
- Após um dia e meio em que o meme esteve parado, houve esta manhã um forte reacendimento, que timidamente já se pressentia ontem à noite. Tal como os fogos, a pneumonia atípica (houve um novo caso recentemente) ou a propagação de uma espécie trazida de longe. Será que o fogo, que ardia a lume brando, chegou a novas regiões que ardem bem? Searas? Bombas de gasolina? O vento terá aumentado e levado faúlhas para mais longe, para novas florestas? Os media principais começaram a arder?

- Estranho... o reacendimento deu-se ao mesmo tempo para os dois memes... será que tem a ver com o modo como são actualizados os motores de pesquisa?

- Bem, está visto, os portugueses/brasileiros não ligam aos seus newsgroups (ver números do meme português no Google-grupos). O meme inglês progride lentamente mas seguramente nos newsgroups ... os primeiros resultados que aparecem são de newsgroups de Singapura, Laos... por falar nisso, será que já "ardeu" a aldeia onde se pedala para a Internet?

sábado, setembro 20

nevoeiro 


Lagoa das sete cidades, São Miguel, Açores.

arco-íris 

Como é difícil colar todas as peças da certeza e da incerteza para montar o puzzle. Como seria bom ter fé. Podia ser fé num clube, fé num partido, fé em convicções, fé numa qualquer certeza inabalável. Bom mesmo, confortável, fácil até, era ter fé em mim. O fim da tarde é sempre de chuva e traz-me um arco-íris perfeito em toda a sua extensão de pouco mais de 180 graus que nos é permitido ver. A chuva que limpa o ar e apaga os fogos da ardente incerteza. Só aos estranhos acontece que se materializem repentinamente perante nós e nos ofereçam as palavras que recolheram no nevoeiro. Eles são o arco-íris, tenho a certeza. Os amigos, são o Sol.

"Sinergia ambiental cognitiva" 

Com toda esta cnovrsea do Nnuo falando da Frmogia de Lngaotn, a boa cnsoshliera, e de peixes e cardumes, deu-me vontade de pegar num link de um post de Terça-feira, Agosto 05, 2003 na Formiga de Langton que eu tinha aqui guardado. É já um assunto muito, muito velho, tem mais de um mês!

A formiga fala da sua experiência de PISOTEIO. Explica de que modo "aqueles caminhos no meio da selva", "se vão formando OPTIMALMENTE"... "Um primeiro explorador passa, tentando chegar à outra aldeia, como exemplo, o mais rápido possível. E forma sem querer umas certas marcas no chão, ao pisar ervas, etc". Outro explorador começa provavelmente "por uma parte do caminho que ainda está virgem" mas à medida que avança encontra as "marcas e segue-as (ou tem um grande estímulo em fazê-lo). Reforçando-os assim deste modo!"

"Com o passar do tempo, cria-se um caminho verdadeiramente optimal, porque somou (de forma não linear) as experiências de vários individuos que o tentaram percorrer. E eles nem se comunicaram! Pelo menos de forma directa. E no entanto emergiu uma verdadeira CONSCIÊNCIA GEOGRÁFICA de GRUPO!"

Entendo da mesma forma grande parte daquilo que a formiga nos diz mas páro de repente quando leio CONSCIÊNCIA GEOGRÁFICA de GRUPO.
Páro ainda mais para escrever o enunciado do problema. Trata-se de partir de um pequeno número de regras muito simples (feromonas), executadas individualmente por um grande número de indivíduos-autómatos (formigas) e estudar a complexidade e adaptabilidade das soluções de sobrevivência encontradas (consciência colectiva).
Agora a razão porque páro ali. Voltando ao formigueiro, e como cada indíviduo-autómato tem uma noção do mundo, digamos, apenas a duas dimensões, é sempre possível que uma perturbação tri-dimensional (vinda do nada) lhe destrua o pisoteio. Pior, a perturbação 3D pode ser apenas ocasional e deste modo o formigueiro tem poucas hipóteses de sobrevivência.

No início de Agosto, estas questões foram aqui faladas pelo Nuno que nos lembrou que o tempo é um grande escultor e a Sofia da natureza do mal falou do gene egoísta (o Nuno também referia a razão impura mas eu não consegui seguir o link).
O esquema é o mesmo quando falamos do pisoteio das formigas ou da selecção natural e evolução das espécies. Os genes passam a ser os indivíduos-autómatos e o tempo, a escala imensa do tempo, faz o número grande, o número enorme que cria a complexidade a partir de relações químicas básicas simples.
Agora a razão porque páro ali. Quantas espécies sucumbiram ao tempo? Quantas tentativas falhadas, mutantes foi preciso criar. Quantas vezes uma perturbação tri-dimensional pôs em risco toda a vida na terra? Ainda assim, cá está a vida, cá estamos nós para provar o sucesso. Mas a chave do sucesso é o tempo, esse imenso escultor. O sucesso existe no nosso momento, este momento. E se é(?) uma história de sucesso para os humanos, o mesmo não podem dizer milhares de outras espécies.

Curiosamente encontramos o mundo regulado por leis igualmente maravilhosamente simples, como a lei do mercado, a infalível lei-da-oferta-e-da-procura. É certo que deixada ao seu livre curso ela será implacável a distinguir o bom do mau comércio, seleccionar as melhores empresas, mais competitivas, até em encontrar a melhor sociedade -extinguindo todas as outras-, paradoxalmente até em encontrar as regras mais ecológicas e capazes de preservar o meio ambiente terrestre apenas porque essencial para que a lei viva. A minha confiança nesta lei seria tanto maior quanto em mais planetas ela fôr implementada. Com um número suficientemente grande de planetas, só os melhores vingariam à infância da humanidade em que vivemos e colonizariam depois os outros!
Agora a razão porque páro ali. Quem pode garantir que o uso exagerado de recursos naturais, o ignorar de avisos incertos de alterações climáticas (e outras), tudo em prol da maior eficiência da lei, não nos faz caminhar para um abismo inesperado? A fé cega na ciência e tecnologia (fruto do seu imenso sucesso no passado e no presente), que encontrará sempre
forma de resolver os problemas que surjam, pode bem encaminhar-nos para o abismo. Prudência e cautela são sempre essencias, quando a ciência nos dá visão tri-dimensional, o abismo virá, sempre inesperadamente, da quarta dimensão.

O que me parece mais importante em tudo isto é que estas leis maravilhosamente simples são, provavelmente, infalíveis e garantem a sobreviência da própria lei. Nós não queremos é estar no papel da espécie em extinção, do carreiro de formigas pisado, ou no caminho do abismo. A única forma de o precaver é usar de visão tri-dimensional. Agora pergunto-me o que será visão tri-dimensional?!!

sexta-feira, setembro 19

deixem-nos arder... na desinformação 

É concerteza o fogo posto. No país não se limpam matas, não se gere o que se planta, não há campanhas de informação contra a negligência, não há outro aproveitamento da floresta que não sejam as árvores (deus queira que não ardam), não há uma rede de detecção de focos de incêndio, não é aproveitada a previsão metereológica e o risco potencial incêndio, não há um sistema global de acompanhamento dos grandes incêndios, não há planos de risco, não há uma gestão dos meios, não há aviões de combate às chamas, não há um mercado de futuros que acabe com a especulação de preços da madeira. Mas é concerteza é fogo posto.

Vamos untar uma escada com sebo, quando o primeiro partir as costas, vamos discutir se ele foi empurrado ou não. Na dúvida prendam-se todos os outros. Ainda assim, ninguém o empurra, e o primeiro a descer parte as costas.

Enquanto não se prende o último culpado, todos tragicamente de alma tão negra que não se distinguem das cinzas do país, porque não relembrar esta nossa história das florestas nos últimos 50 anos e algumas perspectivas sobre as causas, prevenção e combate aos fogos?

Num país recheado de bons jornalistas, estou certo, o jornalismo que nos servem à mesa na hora de jantar é péssimo. Não percebi ainda se faz eco do que de mais radical se diz, ou se nem é eco, e mostram apenas um resultado da perturbação por eles induzida.

Inquietante 

Li este comentário aqui:

"Just think of what this means for spam. I can see it now:
'elrgnae yuor pneis!!'

Better be using more than just a word filter...
"

Meme chose partout 

A corrida de supercaracóis está cada vez mais internacional. O 100nada desencantou uma versão do meme em catalão. Há também (pelo menos) em francês. Há ainda várias variantes do meme inglês. Até já há quem tenha automatizado a escrita de textos com letras trocadas... é só fazer paste de um texto qualquer aqui.

Origem do meme 

A origem do meme das letras trocadas que temos estado a seguir é incerta, apenas sei que a referência mais antiga que vi em newsgroups data de 12 de Setembro, 05:15:12 PST. Curiosamente, o assunto do meme, a possibilidade de ler frases onde as letras do meio das palavras estão trocadas, já era conhecido pelo menos desde 1999, como se pode ler neste blogue, onde aparece um primeiro texto com letras trocadas.

"Curiosidades" - Update VI 

Bolas, voltámos a ser ultrapassados. Para quem chegou agora e está perdido, há um resumo.

As medidas mais recentes foram feitas às 14:30 e 7:00 de hoje e 22:30 de ontem (respectivamente por esta ordem). As medidas de "posts" anteriores estão entre parêntesis. Para medidas neste instante, clicar nos links e ver o nº de resultados da pesquisa.

Pesquisa: "Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 2840 2150 1220 (1220) (731) (731) (678) (338) (338)
Google grupos: 1460 1410 1330 (1190) (1160) (1010)
Altavista: 150 141 130 (114) (106) (99) (88) (80) (64)
Yahoo: 967 762 541 (396) (396) (396) (344) (141) (0)
CNN: 924 751 945 (945) (583) (546) (546) (271) (271)

Pesquisa: "De aorcdo com uma pqsieusa "
Google: 2180 1630 1630 (1610) (664) (664) (664) (2) (2)
Google grupos: 7 7 7 (7) (7) (5)
Altavista: 60 58 60 (60) (57) (51) (35) (33) (19)
Yahoo: 180 127 127 (62) (62) (62) (62) (1) (1)
CNN: 186 241 745 (745) (284) (284)

Alguns valores regridem (por ex. CNN no meme português)! Servidores em actualização? Remoção de links repetidos?

vírus da gripe comum 

4:00 AM o despertador.
Voz de comando sussurrada: "tens de tomar a bomba por causa da tosse"
3 anos: nada.
Sento-a ao meu colo, ela cabeceia de sono uma vez.
"tira a chupeta"
3 anos: leva a mão à boca e tira-a.
"agora respira" puuf, três vezes, puuf, três vezes.
3 anos: repôs a chupeta.
"agora vai-te deitar e dorme descansadinha"
3 anos: gatinha até à almofada onde deixa cair a cabeça.
4:01 AM.

Corrida de caracóis nas auto-estradas da informação 

A corrida de memes (entre a versão portuguesa e a versão inglesa do meme das letras trocadas) prossegue, com uma ultrapassagem espectacular dos portugueses no Google! Ao que parece, o meme português, que partiu 3 dias mais tarde, recuperou bem e se a tendência se mantiver, irá ultrapassar o meme inglês também noutros motores de busca! No entanto, é previsí­vel que no final o meme inglês ganhe, uma vez que a população que "responde" ao inglês é maior.

Estranho... como é que os portugas conseguiram ultrapassar os ingleses? Será que é porque trabalhamos menos e blogamos mais? E, sobretudo, porque enviamos mais mails com anedotas uns aos outros? Ou seja, será que é porque passamos mais tempo a fazer nenhum, como eu, que agora devia estar a trabalhar?

Diga-se de passagem que a maior parte dos louros da ultrapassagem vão para os brasileiros e não para os portugas. E os brasileiros têm aquela alegria, aquele saber fazer as coisas "na boa", talvez a densidade de enviadores de emails em massa seja maior por lá... Talvez as diferentes culturas dos povos expliquem em parte as diferentes velocidades com que certos tipos de memes circulam na rede...

- Eh calma aí! Nós só estamos a clicar em links para ver quantos resultados aparecem nas pesquisas! Não estás a ir longe demais?!
- Pois...

quinta-feira, setembro 18

Meme 

Encontrei uma definição aqui:

"A meme is a unit of intellectual or cultural information that survives long enough to be recognized as such, and which can pass from mind to mind. They can be carried by word of mouth, dead trees, e-mail, or the web. On the web, in particular on weblogs, memes are tracked by by links to particular sites or stories, thus the rise of blogdex, daypop and popdex.

Memes just in the realm of newspapers are now tracked by news.google.com which does an excellent jobs of summarizing the news the of the day automatically, no human internvention required, by collectively scanning thousands of news websites and pointing to the stories that are being talked about the most.
"

C'est la meme chose 

Esta coisa de andar a seguir a propagação de mensagens ("memes") na rede só me fazia lembrar a propagação da pneumonia atípica e a propagação de fogos florestais. Qual não é o meu espanto quando, ao procurar a definição de "meme" num link que aqui dei num post anterior, dei com esta frase aqui:

"Ideas can have very similar properties to a disease, spreading through the population like wildfire. "

A desinformação não é um peixe: é a barriga da baleia onde nos encontramos 

O Nuno já falou aqui várias vezes de desinformação. Pacheco Pereira fala hoje também do tal peixe. Na sua "Pequena história da desinformação," Vladimir Volkoff, autor assumidamente de direita, começa por dizer que nada impede que o seu livro seja também um contributo para a desinformação. A conversa do conto do vigário começa muitas vezes com um desarmante "hoje em dia não se pode confiar em ninguém" que paradoxalmente cria confiança. Nos métodos de desinformação muitas vezes mente-se para dizer a verdade e outras diz-se a verdade para mentir, mistura-se verdades com mentiras, como bem sabe Pacheco Pereira. E, claro, há também as caixas de ressonância e os idiotas úteis. No livro de Volkoff vêm alguns exemplos. Mais ainda, algo mais à esquerda, podem ser encontrados em "A Palavra Manipulada" de Philippe Breton. É preciso desconfiar sempre, mesmo de quem nos diz para desconfiar, desconfiar de quem nos explica como se destingue a informação da desinformação, desconfiar das histórias simples que nos iludem com a mentira da sua simplicidade, mas também das histórias com muitos pormenores que têm grande probabilidade de serem falsas, mas podem afinal ser verdadeiras. Enfim, é angustiante mas não há informação sem suspeita da sua falsidade. E como não há escapatória, uma vez chegados a esta fase a desinformação terá atingido o seu objectivo. Ou talvez não. Será que alguma vez saberemos? Quereremos mesmo saber?


O sonho é... 

As descobertas dos mais novos são para mim uma emoção. Talvez por já não me lembrar de como foram para mim ou talvez por, inconscientemente, querer viver as minhas descobertas de hoje como eles as vivem. Não sei. Todas as manhãs, leio, escrito à entrada da escola: 'O sonho é ver as formas invisíveis.'
E desejo, bons sonhos para todos, para os mais novos e para os menos novos. Que nunca deixem de sonhar e de ajudar os outros a sonhar...

Sonhado por Armanda.

"Curiosidades": Update V 

Resumo: estamos a seguir "em directo" a propagação de uma mensagem na Internet. Pelos dados que temos, ela começou a propagar-se no dia 12 de Setembro, em inglês. No dia 15 foi traduzida para português, começou a aparecer nos emails e nos blogues. Apanhámos a propagação da mensagem no seu início, quando começava a ser indexada pelos motores de pesquisa. No espaço de alguns dias, centenas de blogues reproduziram a mesma mensagem, em português e em inglês, e continuam ainda a fazê-lo.

Segue-se a evolução no tempo do número de resultados devolvidos por alguns motores de pesquisa, quando se pesquisa o início da mensagem em questão (os resultados mais recentes estão mais à esquerda). Entre parêntesis está o número de resultados já referido em “posts” anteriores neste blogue. Os 3 valores que não estão entre parêntesis em cada linha referem-se respectivamente a este momento (1º valor, em negrito), 08h00 de hoje (2º valor) e 23h30 de ontem (3º valor).

Clicando nos links pode-se ver a contagem actual.

Pesquisa: "Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 1220 731 731 (678) (338) (338)
Altavista: 114 106 99 (88) (80) (64)
Yahoo: 396 396 396 (344) (141) (0)
CNN: 945 583 546 (546) (271) (271)
Google grupos: 1190 1160 1010

Pesquisa: "De aorcdo com uma pqsieusa "
Altavista: 60 57 51 (35) (33) (19)
Google: 1610 664 664 (664) (2) (2)
Yahoo: 62 62 62 (62) (1) (1)
CNN: 745 284 284
Google grupos: 7 7 5

Agora não tenho tempo para escrever uma análise destes resultados, quem quiser faça favor...

Propriedade intelectual 

Tem apenas dois anos. Aparece diariamente com palavras novas que tem dificuldade em dizer. Ontem, ouvi-o pela primeira vez falar de ideias.
- Tive uma ideia.
- Hã?
- Tive uma ideia.
- Ah, que giro! Então e a tua ideia, qual é?
- É... é minha.

quarta-feira, setembro 17

Direitos de autor 

Emprestaram-me um livro. Isso é sempre uma coisa boa. Esta é uma das maneiras que o livro tem de se mostrar vivo e de se propagar. Emprestou-mo um amigo, agarrando-o com as duas mãos como se o abraçasse, recomendo ler, disse. Um livro pode-se emprestar, para se propagar.

Esta videocassete (incluíndo a banda sonora) está protegida por copyright. O proprietário do copyright licenciou o programa para uso doméstico. Todos os demais direitos são reservados.
Até aqui está bem. Qualquer pessoa de bom senso também o adivinharia se lá não estivesse escrito. Mas continua.
Toda a cópia, edição, exibição, aluguer, troca, sub-aluguer, empréstimo, exibição pública, difusão ou emissão desta videocassete, ou parte, não são autorizados.
Pronto, agora sim, agora não. Não se pode emprestar a um amigo a videocassete que comprei com um meu filme favorito. Já agora é melhor ter cuidado, não vão os vizinhos estar em casa, é melhor pôr o volume da videocassete mais baixo. E não se terão esquecido de mais nada?

Fui ver no livro e vim aliviado. Ainda se pode emprestar! Já imaginaram se fosse proibido ler um livro em voz alta?
Os livros são para emprestar, as videocassetes também! Nem um nem o outro se podem enviar por mail, viajar nos blogs, aparecer no google, então de que outra maneira chegam aos outros peixes do nosso cardume? Olho agora para a minha estante e vejo os nomes de todos os que emprestaram livros, no lugar do título eu vejo uma cara e recordo. É bom. Lembro-me pior dos que emprestei e que às vezes me trazem à mão, por surpresa. É bom.

Também me lembro de uma vez em que decidi ler "O elogio da madrasta" em voz alta, na praia, ía no conto 6, o do senhor Rigoberto. Ganhámos algum espaço mais para colocar a toalha... Não me parece de todo que Mario Vargas Llosa viesse reclamar o quinhão de areia que ajudou a libertar.

Melanocetus Johnsoni, o flagelo do século 

O liberdade de expressão adianta-se àquilo que eu penso há já muito tempo, falando sobre a desinformação. Como se distingue a boa informação da má? Essa é a grande questão para um problema que já atrás designei por flagelo do século. Não tenho agora tempo para aprofundar o tema, aos poucos desembucharei...

Imaginemos que a mensagem cuja propagação estamos a observar era uma mentira espectacular. Estão a ver a facilidade e a velocidade com que qualquer pessoa pode, anonimamente se quiser, desinformar em grande escala? Sem pagar um tostão? Infelizmente, muita gente já percebeu as importantes aplicações das tecnologias de desinformação...

"Curiosidades" - Update IV 

Entre parentesis o número de resultados anteriores:

"Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 678 (338) (338)
Altavista: 88 (80) (64)
Yahoo: 344 (141) (0)
CNN - "the web": 546 (271) (271)

"De aorcdo com uma pqsieusa "
Altavista: 35 (33) (19)
Google: 664 (2) (2)
Yahoo: 62 (1) (1)

"Curiosidades" - Update III 

Entre parentesis o número de resultados anterior:

"Aoccdrnig to a rscheearch "
Google: 338 (338)
Altavista: 80 (64)
Yahoo: 141 (0)
CNN - "the web": 271 (271)

"De aorcdo com uma pqsieusa "
Altavista: 33 (19)
Google: 2 (2)
Yahoo: 1 (1)

A formiga, boa conselheira, diz-me que este texto, ou "meme", é mais do que peixes e cardumes, é a própria "Stigmergia" a funcionar. Claro que eu não sei o que é um "meme" ou "Stigmergia", fui ver e encontrei aqui e em muitos mais sítios. Quando tiver mais tempo lerei muito sobre esta (para mim) fascinante nova ciência a nascer...

Ver, sempre ver, é isso o que é preciso. Ver a informação e distrinçar a desinformação, o flagelo do século. O trigo e o joio. Mas eu sei que é muito mais do que peixes e cardumes. A analogia dos cardumes foi a mais simples que encontrei, mas eu sei que as analogias têm limitações e esta não foge à regra. Mas também, ainda há muito a desbobinar. Por exemplo, ainda nem falei do dinheiro, das hierarquias, de todos os modificadores daquilo que nos move, do risco, da entropia (entre outras coisas, uma medida da quantidade de informação nova de uma mensagem), do nosso hardware e software (mais analogias simplistas...), da desinformação. A procissão segue no adro dentro de momentos, quando tiver mais tempo. Mas tudo isto são abébias, coisas que desconheço completamente (a sociologia e a ciência dos sistemas complexos), não se esqueçam.

"Curiosidades" - Update II 

Encontrei o início da versão inglesa do texto (ou uma das versões). Fiz agora uma pesquisa com "Aoccdrnig to a rscheearch " que deu:

Google: "cerca de" 338 resultados
Altavista: 64
Yahoo: 0
CNN - "the web": 271 ("estimated")

A referência mais antiga que encontrei ao texto "Aoccdrnig to a rscheearch " data de 12 de Setembro.

A informação que se pode extrair acerca da nossa sociedade global, analisando pormenorizadamente as referências a este texto parece-me imensa: é possível saber quais são os veículos que propagam mais rapidamente a informação (previsivelmente os mails e blogues...), saber se e em que medida a informação acabou por chegar aos media tradicionais (ou se partiu deles), medir o interesse que a informação gerou (através da sua velocidade de propagação e do seu alcance final), estudar a topologia da rede (como está ligada entre si) e os fluxos de informação, o desempenho dos motores de pesquisa, a rapidez com que são actualizados, etc...

Em suma, uma simples pesquisa na rede diz-nos qualquer coisa sobre nós próprios e sobre a sociedade. É raro assistirmos em directo à forma como se propaga a informação na rede/sociedade global...

"Curiosidades" - Update 

Ainda relativamente ao "post" anterior: a mesma pesquisa ("De aorcdo com uma pqsieusa ") feita no Altavista deu neste momento 19 resultados, praticamente só blogues. O Yahoo deu 1.

terça-feira, setembro 16

"Curiosidades" da rede 

Curioso... esta manhã um colega mostrou-me um mail, em inglês, que falava de uma suposta pesquisa feita uma universidade inglesa, que indicava que quando lemos um texto, damos sobretudo importância à primeira e última letras das palavras, podendo-se alterar a ordem das letras do meio que conseguimos ler o texto à mesma. "Etsão a prebecer o qeu qureo deizr?"

Achei piada. Aliás, muita gente achou piada, porque na minha ronda noturna pelos blogues acabei de ver 4 blogues com o mesmo texto, desta vez traduzido para português (ver posts "Curioso" em aaanumberone e alfacinha, "posts" com outros títulos em a formiga de Langton e Donnalee). Fiz uma pesquisa no Google com o iní­cio do texto ("De aorcdo com uma pqsieusa ") e encontrei dois blogues, brasileiros, a falar do mesmo (mais ou menas e lembranças de duas desmemoriadas). Os blogues portugueses ainda não apareceram no resultado, será preciso esperar mais algum tempo. Será engraçado fazer a mesma pesquisa daqui a uns dias, para perceber como a notí­cia se propagou na rede. E será ainda mais interessante fazer o mesmo com o texto inglês, para ter melhor estatística e para ver quando começou o fenómeno, assumindo que começou em inglês.

Tudo isto se passou hoje, nos blogues e no mail. Não vi nada sobre isto nos media convencionais.

Os peixes em qualquer parte do cardume reagiram a um acontecimento quase ao mesmo tempo, graças à  rede. E, é certo, a propagação da informação continuará, a uma velocidade estonteante, por mais uns dias, até chegar a praticamente todo o lado. A sociedade reage cada vez mais depressa, à medida que a informação flui mais depressa. A forma como a informação se propaga depende da topologia da rede, ou seja, das ligações entre os nós que nós somos.

Houve uma perturbação na web que a fez vibrar em todo o lado, tal como uma teia de aranha. E é bom ver que há um super-media a nascer, o dos mails+blogues, o dos media que todos nós agora podemos ser, super-media esse que propaga preferencialmente ideias interessantes, em vez de propagar ideias desinteressantes pagas por quem tem dinheiro e poder (a publicidade dos media convencionais). Tudo isto irá evoluir, não sei como. Haverá certamente tentativas para controlar este super-media, mas esperemos que ele continue incontrolável e útil.

utopia: do sonho ao pesadelo... 

Considerando apenas os eleitores inscritos, com o sorteio que sugeri abaixo a probabilidade de termos um cidadão em particular como governante seria inferior a 1/7800000, ou seja algo como 0.00000013, enquanto que a probabilidade de se ser "eleito" duas vezes seria o quadrado disso, ou seja algo como 1.6 vezes dez levantado a -14. Estes números são uma segurança e uma tentação. Mas o Nuno tem toda a razão em achar este método de escolha dos governantes preocupante, porque mais aterrador do que o cidadão Alberto seria, por exemplo, a escolha de apoiantes da pena de morte, ou de cidadãos intolerantes, os quais parecem existir em número elevado. Muito embora esses cidadãos também circulem pelo poder (e até com sucesso) nos métodos democráticos "tradicionais" ...

Lá se vai a minha utopia igualitária simplória...

[com algumas modificações às 12:15]

Relativamente ao "post" anterior... 

...concordo com tudo o que o Sérgio disse mas parece-me que o método grego de sortear os governantes não funciona muito bem: já imaginaram a desgraça que seria se logo por azar nos calhasse o Alberto João Jardim? ;-)

Algumas reflexões sobre as desigualdades entre os homens  

Para mim, Hobbes estava absolutamente certo quando escreveu que não há nada de tão diferente entre os homens que permita a alguns aspirar a ter mais privilégios que os outros. E mesmo admitindo diferenças entre os homens, a natureza já concedeu aos mais dotados isso mesmo: serem mais dotados. Porque, ou nasceram com o privilégio de serem mais inteligentes, ou desenvolveram a sua inteligência, aumentando assim o seu privilégio, e terão por isso melhores estratégias de sobrevivência.

Poderíamos ficar por aqui, não fosse o mundo tão assimétrico em termos da distribuição material e temporal das oportunidades. A origem é uma hipoteca quase impossível de pagar e só os verdadeiramente dotados a conseguem ultrapassar. E mesmo esses só com muito trabalho e sofrimento como o herói do filme "Padre Padroni." Não estou a falar, claro, dos "campeões" ou das "estrelas" que vêm do nada e que, com eles, as massas sentem que vencem por procuração, parecendo que o mundo é justo. Estou a falar de adquirir influência no mundo da política, e na sociedade de forma justa, com trabalho e dedicação. Mesmo que se tenha talento natural é melhor ter um nome.

Os "pobres" entretêm-se com os gadgets do Lidl ou do Continente enquanto os "ricos" se entretêm com os seus iates. Os primeiros aspiram a obter um canudo, ter um lugar na administração pública, talvez de professor. Quando muito a sua influência na política e na sociedade será local. Os segundos sabem que depois do MBA nos Estados Unidos terão um lugar na adminstração das empresas da família ou uma posição importante no Estado. Conhecem pessoalmente os políticos e a sociedade. Há barreiras invisíveis que poucos têm talento ou até preserverança para atravessar. E uma vez atravessadas ainda alguém se lembrará que o neófito não sabe pegar nos talheres com elegância.

É por tudo isto que penso que as sociedades democráticas devem combater o elistismo na política e no poder. E que a forma mais fácil de o fazer talvez fosse começar por usar o método grego de eleger os governantes: o sorteio.

segunda-feira, setembro 15

Francisco Sena Santos (2) 

Ooops. Ele estava de férias... eu escrevi aquilo ontem e telefonou-lhe, à pressa, o director. Hoje já apareceu, logo de manhã! Não me pareceu uma gravação. O café sabe-me bem.

Mantenha-se em forma com a Internet 

Numa aldeia perdida do Laos, não há luz nem telefone, mas há computadores com ligação à Internet. Como? Com uma bicicleta. Pedala-se para fornecer a energia necessária para o computador. Painéis solares fornecem energia para transmitir os dados. Mais pormenores aqui. E mais ainda aqui. O espírito (e a força) do Homem não deixa de me espantar.

os aviões que sulcam, para quê, os céus 

Como eu gosto destes fim de tarde amenos. A temperatura é apenas a certa para nos descontrair nas roupas, mas não tão alta que nos faça sentir reais. Sentir o calor ainda nas pedras, os grilos, as cigarras, o vento que traz os cheiros. São agora mais visíveis os aviões que sulcam, para quê, os céus. Há um, em particular, que eu só vejo brilhar na minha direcção e que pisca mais depressa quando passa por aqui. Minutos depois são milhões de estrelas que se acendem, não estariam já ali antes e um manto de luz as ocultava, às escuras é que se vê melhor, é sabido. São estas as coisas que nos fazem sentir felizes por estar vivos, e com sorte por o saber. Está na hora de atirar um saco para a mala do carro e ir-te esperar ao aeroporto.

Uma boa razão 

Já há algum tempo que eu sentia qualquer coisa assim, só não sabia o quê. Hoje achei que era da fraqueza de antes de almoço, depois que fosse por sempre torcer pelo F1-piloto errado, depois até o efeito do café já tinha passado. O Luís fez o favor de explicar e ainda por cima deu-lhe um nome panic attack sem agorofobia. Não faço ideia do que quer dizer, mas como o vizinho que toma sempre os mesmos medicamentos do que eu, também sinto aqueles sintomas. É uma muito boa razão para, simultaneamente, escrever e não escrever.

domingo, setembro 14

Vai e vem, mas fica uma grande obra 

O Rui diz que andou a remexer nas cinzas e encontrou um texto ainda incandescente. Se lá mais houver eles que venham todos, brilhem e se consumam, nada os apagará antes de chegarem ao mar.

O estádio da nação 

A minha memória é curta e já não me lembro da primeira estimativa de custos para a "remodelação do Estádio de Coimbra" (termo frequentemente usado por governantes/autarcas para iludir incautos, uma vez que se demoliu um estádio para se construir um outro novo em cima). Sei que a estimativa era muito inferior a 35 milhões de euros, o valor que ouvi falar durante os últimos tempos. No Diário de Coimbra da passada sexta-feira, dia da inauguração, falava-se já em 50 milhões de euros (que estranho, um número tão redondo?!), mas dizia-se que "apenas contou com 3,75 milhões do Estado". Gostava que alguém mais bem informado me dissesse de onde vieram os restantes 46,25 milhões de contos, dizendo quantos vieram do contribuinte, quantos vieram da destruição do parque dos Heróis do Ultramar para construção de um centro comercial com hipermercado, habitações (não previstas no PDM, ao que ouvi dizer), etc.

Gostaria também que alguém dissesse de uma vez por todas qual vai ser o custo total do estádio. E, sobretudo, quem vai pagar os 6 milhões de euros/ano que, segundo li na mesma notí­cia do DC, vão custar a manutenção e a amortização do empréstimo.


(a figura é da net, mas vem mesmo a calhar...)

Cito ainda da mesma notícia:

" 'Temos de encontrar uma fórmula mágica para rentabilizar o estádio', gracejou [Carlos Encarnação, Presidente da Câmara de Coimbra], deixando claro que, só com o futebol, serão pouco viáveis as tentativas de equilibrar as contas. Será preciso, na sua opinião, recorrer à  cedência de espaços ou à  realização de espectáculos."

Esperemos que os 6 milhões de contos de manutenção/amortização incluam o arranjo do relvado que deverá ficar lindo, com cerca de 20 mil pés a pular em em cima durante o concerto dos Rolling Stones. Talvez um concerto/arranjo desses por semana ajude as finanças. Se não fosse o grosso desses 6 milhões de euros ser devido ao empréstimo, sobre o qual já não há nada a fazer a não ser pagar, eu quase que propunha que se destruisse o estádio logo a seguir ao Euro 2004, para que o dinheiro fosse aplicado em coisas mais úteis e importantes...

Marmelada da avó velhinha 

Lavar bem os marmelos, descascá-los e passá-los por água, escorrendo-os bem. Pesar, por cada quilo de marmelo descascado, 750 gr de açucar e juntar meio copo pequeno de água.
Pôr em lume brando a água e o açucar, adicionando depois os marmelos cortados aos bocadinhos. Levantar o lume e ir mexendo de vez em quando. Depois de levantar fervura, coze 15 minutos. Passar com a varinha mágica e pôr em recipientes. Depois de fria, pode-se cobrir com papel vegetal molhado em aguardente transmontana do avô velhinho.

(Como em todas as receitas, há segredos que só se aprendem quando se faz a marmelada com a minha querida avó velhinha...)

Segredos da Armanda.

o 'DIA' da marmelada 

Hoje foi um dia importante cá em casa: o DIA de fazer marmelada!
Compram-se os marmelos, preparam-se as panelas e os recipientes para pôr a marmelada depois de pronta e 'mãos à obra'!
Ficou tãããão boa!
Quem quiser provar, está convidado, traga o pão.
Difícil mesmo, foi conciliar a vontade de ajudar de quatro mãozinhas pequenas com a tarefa que tinha pela frente...
Mais difícil ainda, foi arrancar duas mãos grandes ao rato e teclado para lhes entregar uma faca e vários marmelos...
A receita? A receita vem a seguir.

Enviado por Armanda.

Francisco Sena Santos 

Ele era o meu café da manhã nas manhãs da Antena 1. Ouvia-o todos os dias, a caminho do dia, ou encostado ao balcão meia-hora à espera. A voz calma mas cheia de energia, a informação, as entrevistas, os momentos temáticos.

O programa ainda lá está, mas sem o café, falta-lhe quase tudo. Alguém sabe para onde ele foi? Podem-me trazer a sua voz de volta?

sábado, setembro 13

Perca peso de forma louca. Pergunte-me como... 

Encostado ao balcão esperou meia hora por mesa. Já sentado pediu um copo de água, abriu o tupperware e engoliu vários comprimidos. Depois pediu um café com adoçante.

sexta-feira, setembro 12

11 de Setembro 

Haverá algo mais do que coincidência se dois ou mais acontecimentos horríveis de origem humana tiverem acontecido no mesmo dia do ano? É um problema simples de de estatística verificar que com um conjunto de 23 acontecimentos horríveis a probabilidade de pelo menos dois deles terem ocorrido no mesmo dia do ano é superior a 50%, enquanto que com 50 acontecimentos horríveis a probabilidade sobe para 97%. Que muitos destes acontecimentos horríveis envolvam os EUA basta multiplicar pela probabilidade de este país estar envolvido em qualquer assunto que se passe no mundo. Não arrisco números.

Pacheco Pereira, a propósito de uma capa do Público, vem ainda misturar o negacionismo com as horríveis tragédias ocorridas a 11 de Setembro. Ele lá sabe por que o fez, mas é tragicamente irónico que JPP fale em campos de concentração. Se não estou em erro, no Chile, logo após o bombardeamento de La Moneda, o derrube de Allende e o início da ditadura de Pinochet (tudo apoiado pelos EUA, o que é inegável pois eles próprios o afirmam) foram criados campos de concentração em estádios de futebol.

Criar uma hierarquia de tragédias horríveis e, em particular, desvalorizar os milhares de mortos que se seguiram ao golpe de Pinochet é certamente também a continuação do abjecto e a banalização do mal.

[com algumas modificações realizadas às 14:20 e 14:40]

6 anos 

Primeiro os algarismos, depois somar, subtrair, depois o zero. A seguir os inteiros negativos, os fraccionários e os reais.
Primeiro as letras, depois os sons, as sílabas, palavras, frases. Os livros deixam de ter imagens e letras e passam a ter palavras e histórias.
Que maravilhoso mundo é este que estava debaixo dos teus olhos e só agora vais ver?
Que maravilha é poderes percorrer em 6 anos o caminho errante de 60 mil gerações antes de ti até à escrita!
Que maravilhosas novas ideias poderás tu agora criar em entusiasmo febril?

Ontem fui visitar a sala de aulas do Gui, 6 anos, e senti-a estranhamente familiar. Eu que não estudei cá em Coimbra. Achei tudo pequeno, o quadro muito baixo a prometer dor de costas, as escrivaninhas inhas, e depois o mapa, o globo terrestre, os livros com muitas figuras coloridas, os desenhos em apresentação por ali na parede. Olhei a toda a volta em desespero crescente à procura da peça que me fazia sentir familiar. Não a encontrei. E que cuidado é preciso ter para não pisar nenhuma das peças do teu imaginário.

quinta-feira, setembro 11

A dor mata o pensamento. 


11 


Agora vou embora 

Agora que aqui o Sol vai aquecer numa nova estiagem, busco paragens mais frescas.
Vou-me embora, vou para a Eslovénia. Estudar! Da Eslovénia pouco sei, um pequeno país à beira do Adriático, com 40 e poucos km de costa (qualquer coisa como de Mira à Figueira). Volto num dia de Outono!


Qual é a estação mais bonita? 

A Primavera é mais bonita do que o Inverno,
O Inverno é mais bonito do que o Outono,
O Outono é mais bonito do que o Verão,
O Verão é mais bonito do que a Primavera.
Qual é a estação mais bonita?


António Martinho

quarta-feira, setembro 10

Assim é fácil 

O Dr. Daniel Sampaio vai editar mais um livro. Digo vai porque para já ainda está guardadinho na Editora. No entanto..., no entanto para adiantar serviço já teve honras de notícia num dos telejornais do horário nobre, com uma grande entrevista com o editor.
Ups! e eu involuntariamente a publicitá-lo!

Má-Fé 

Leio no Blog de esquerda
"A MÁ-FÉ DE JPP. Pacheco Pereira tem três coisas que realmente me irritam: é, do ponto de vista argumentativo, estruturalmente desonesto, tem dificuldade em ser interactivo no debate e não tem, aparentemente, passado. Vamos por partes.
É estruturalmente desonesto porque monta uma argumentação baseada em fragmentos de factos sem nenhuma preocupação que seja externa à sua própria argumentação. Usa o mesmo tipo de estratégia de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI: escolhe, à medida, a “realidade” que lhe interessa para a argumentação que se segue. "


Durante as férias andei a ler um livro de crónicas de Pacheco Pereira "Vai pensamento", às vezes com agrado, a maioria das vezes com irritação e só posso concordar com o texto que cito acima. Acrescento ainda que me espanta que pessoas com um QI tão elevado consigam ter uma argumentaçãp tão primária (mas eles lá saberão porquê). Por exemplo, quando tenta justificar o lado por que está na batalha israel-palestina diz qualquer coisa como: "não se esqueçam que Israel é uma democracia, enquanto que o estado Palestiniano ..."!

Nunca esquecer 

Salvador Allende foi eleito democraticamente e morreu [1] a 11 de Setembro de 1973 no golpe militar de Pinochet com o apoio dos EUA.

[1] tinha escrito foi assasinado, o que poderá ser uma imprecisão factual (agradeço aos leitores que me chamaram a atenção para isso). Altero a frase para que não se torne uma armadilha de argumentação, mas continuo a pensar que ter cometido suicídio naquelas circunstâncias de bombardeamento aéreo e traição do exército, o qual havia jurado defender a democracia, possa ser equiparado a ter sido assassinado. Discutir apenas isto, esquecendo os milhares de mortos que se seguiram, ou esquecendo que Allende havia sido democraticamente eleito, tendo sido derrubado com o apoio dos EUA é, como já li a propósito de outras coisas, a continuação do abjecto.

terça-feira, setembro 9

'They dance alone (GUECA SOLO)' 

Why are those women here dancing on their own?
Why is there this sadness in their eyes?
Why are the soldiers here
Their faces fixed like stone?
I can't see what it is that they despise
They're dancing with the missing
They're dancing with the dead
They dance with the invisible ones
Their anguish is unsaid
They're dancing with their fathers
They're dancing with their sons
They're dancing with their husbands
They dance alone They dance alone

It's the only form of protest they're allowed
I've seen their silent faces scream so loud
If they were to speak these words
they'd go missing too
Another woman in the torture table
what else can they do
They're dancing with the missing
They're dancing with the dead
They dance with the invisible ones
Their anguish is unsaid
They're dancing with their fathers
They're dancing with their sons
They're dancing with their husbands
They dance alone They dance alone

One day we'll dance on their graves
One day we'll sing our freedom
One day we'll laugh in our joy
and we'll dance
One day we'll dance on their graves
One day we'll sing our freedom
One day we'll laugh in our joy
And we'll dance

Ellas danzan con los desaparecidos
Ellas danzan com los muertos
Ellas danzan con amores invisibles
Ellas danzan con silenciosa angústia
Danzan con sus padres
Danzan con sus hijos
Danzan con sus esposos
Ellas danzan solas
Danzan solas


Hey, Mr. Pinochet
You've sown a bitter crop
It's foreign money that supports you
One day the money's going to stop
No wages for your torturers
No budget for your guns
Can you think of your own mother
Dancin' with her invisible son
They're dancing with the missing
They're dancing with the dead
They dance with the invisible ones
Their anguish is unsaid
They're dancing with their fathers
They're dancing with their sons
They're dancing with their husbands
They dance alone They dance alone

Sting in '...nothing like the sun'.
Enviado por Armanda.

The "Gueca" 

'...Thousands of people have "disappeared" in Chile, victims of murder
squads, security forces, the police, the army.
The "Gueca" is a tradicional Chilean courting dance.
The "Gueca Solo" or the dance alone is performed publicly by the
wives, daughters and mothers of the"disappeared"....'

Sting in '...nothing like the sun'.
Enviado por Armanda.

ismos (2) 

Continuo o texto do João Carlos sobre os fundamentalismos com um comentário que recebemos e de que reproduzo uma parte.

"Na verdade a democracia é o sistema vigente em Israel e naturalmente surge uma alternância democrática entre os partido moderados e os "duros".
Os primeiros são geralmente conhecidos por negociar a paz tendo-o feito já por diversas vezes em circunstâncias penosas. Os segundos - que também já negociaram a paz - têm desde meados dos anos 80 optado por soluções mais bélicas. Qualquer destas atitudes tem receptividade junto do eleitorado Israelita que as escolhe com total liberdade de voto e expressão.
Esta descrição não coincide, no meu dicionário, com a de qualquer fundamentalismo." Enviado por P.A..

A democracia é um sistema complexo e imperfeito - claro. Diz-se que é o pior dos sistemas mesmo sendo o melhor que temos. Mas, para que uma democracia funcione de modo minimamente aceitável é necessário muito mais do que eleições livres e alternância democrática.
Uma população bem informada e com capacidade de intervenção cívica é essencial. Media independentes que informem bem e com capacidade de análise crítica também.
A democracia é um sistema sempre inacabado que é necessário permanentemente vigiar e modificar. O que me interessa olhar para as bases em que assenta o edifício e afirmar cegamente - sim, só pode estar tudo certo - se olhando para a sua sombra eu o vejo mais torto do que Piza?

Infelizmente, eleições livres e fundamentalismo não são impossibilidades lógicas. Democracia e fundamentalismo talvez sejam, espero que sejam.
Infelizmente, Israel é um estado fundamentalista (se quiserem chamem-lhe democrático), os Palestinianos também.

Nesta altura todas as partes têm razão, logo ninguém tem razão! ...é necessária a paz dos corajosos, os que não hesitam em esquecer. (no mesmo texto do João).

Deixo aqui uma pergunta, a responder, porque é que a democracia, a lei-da-oferta-e-da-procura, a fé cega na ciência e tecnologia (fruto do seu imenso sucesso no passado e no presente), que encontrará sempre forma de resolver os problemas que surjam (ibidem), estão relacionadas?

segunda-feira, setembro 8

Qualquer multiplicação pode dar o teu nome. 

E então soube que o voo semanal de onde estás foi cancelado. Mais uma semana. Talvez cá venha todos os dias ver a tabuada, qualquer multiplicação pode dar o teu nome. Não. Fico em casa então, de onde não cheguei a sair. Desta vez apuro os sentidos até ver o teu fantasma. Acompanho os passos que dou contigo e separo em caixas o contributo de cada um para os rituais. Este é o meu trabalho de casa. No fim, olho para as caixas. Estão vazias e compreendo. Estou pronto para a viagem.

António Comando 

Possivelmente não vou saber contar a história como ela foi, nem fazer transparecer toda a beleza e emoção que me transmitiu o documentário. Há coisas que só vendo, ou lendo se escritas por quem sabe dessas coisas de escrever. Mas a história do António Comando tocou-me tão fundo que não resisto a contá-la para aqueles que não tiveram a sorte de a verem, num documentário que a SIC-Notícias passou na sexta-feira (e pelos vistos em repetição). Lá em casa ficámos todos colados à televisão e acho que só respirámos quando o programa acabou.
O António Comando, já se irá ver o porquê do nome, nasceu no Moçambique colonial e quando tinha 3 anos viu morrer a sua mãe numa qualquer operação do exército português. Na altura o menino estaria sozinho com a mãe, e por não terem a quem o entregar os militares portugueses (comandos), depois de o fazerem órfão, tomaram conta do menino. O menino só sabia de si o nome próprio, António, e uma estranha canção que de tanto a cantar, começou a ser repetida pelos soldados portugueses (mais tarde vêm a saber ser uma espécie de hino da Frelimo!).
De Moçambique o António veio para Portugal, onde cresceu num orfanato, sempre visitado pelos “amigos” que o tinham recolhido. Quando, em plena adolescência, se desentendeu com os directores da instituição onde vivia, o António foi bater à porta de um desses comandos, que o recolheu como a um filho, e onde viveu até casar.
Mais tarde quando o futuro estava garantido por 2 filhos, o António resolveu ir procurar o passado e de carta em carta, de informação em informação, soube que tinha um pai e uma família, algures no norte de Moçambique. E com o “pai português” partiu para Moçambique.
A visita do António a Moçambique é, desde a primeira hora, um expoente de humanidade. O reencontro com o pai, velho e pobre, numa realidade tão longínqua... A procura da mãe, do túmulo da mãe, que alguém sabe onde se encontra, protegido pela selva. A oração sentida que a actual mulher do pai faz junto do túmulo, primeiro nos ritos cristãos, em seguida nos ritos tribais, em que lhe garante que não lhe tomou o lugar, que a respeita muito, que lhe tratou muito bem do marido e dos filhos, que estão muito felizes por terem reencontrado o António. Em seguida é a vez, do “pai português”, pedindo perdão pelo que involuntariamente lhe fizeram, a ela e aos moçambicanos, cumpríamos ordens, diz ele. O António, que finalmente pode viver em paz porque encontrou o passado, não diz nada, ri e chora.

This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com