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sexta-feira, fevereiro 19

As imagens duplas de Dalí 

O que concluir perante tudo isto? O que representa toda esta informação, que pode ter tantos significados? E aquilo ali no quadro, representará a capacidade de visão de alguém ou um barco desgovernado à deriva?

("O enigma interminável", Dalí, 1938.)

quarta-feira, fevereiro 17

Distância 

A distância pode condicionar o modo como observamos (aumentando a distância observa-se uma face oculta).

terça-feira, fevereiro 16

Conceitos interessantes: energia (conservação) 

Não é a primeira vez que abordo a aplicação de conceitos de física em áreas que lhe são afastadas. Cá volto eu, arriscando pisar terrenos que me são completamente alheios.
Uma das leis mais queridas dos físicos é a de conservação da energia. De tal forma é importante que acepções que a violem não merecem grande respeito. Mas se por um lado o seu enunciado é fácil, quer na declaração quer na compreensão, já a explicação do conceito de energia engasga os mais descuidados com frequência. Daí ser mais simples o recurso às formas de energia como a cinética, térmica, luminosa, etc. Diz-se, pois, que num processo a energia pode mudar de forma mas a sua "contabilidade" permanece constante, que é o mesmo dizer, que não há criação nem supressão de energia.
Habituado que estou a pensar nestes termos descubro frequentemente que tendo a aplicar este conceito para outras áreas do conhecimento, sendo um deles a economia. Se a sua aplicação é válida é um assunto deveras interessante que já tive oportunidade de debater com quem pensava de forma contrária, o que me permitiu corrigir e melhorar (?) alguns aspectos do meu pensamento. Continuo sem saber se é correcto pensar desta forma, mas para já contento-me com a capacidade que esta base me empresta para equacionar problemas novos para mim.
Suponhamos que enunciávamos um principio de conservação da "riqueza" em que reconhecíamos como formas concretas (?) da mesma o dinheiro, o trabalho, as instalações, a matéria prima, etc. E como formas mais abstractas por exemplo o talento, a inovação e a confiança. Junte-se-lhe outras formas se for necessário (corrupção?). O interessante é agora pensar que num processo económico existe transformação das formas, o que até parece óbvio. Mas, acima de tudo, o que um principio de conservação impõe é que não pode haver criação de riqueza (a partir do nada).
Desta forma posso agora usar outros conceitos igualmente interessantes, como por exemplo a potência (energia por unidade de tempo), a eficiência (relação entre a energia útil e a energia total), a energia dissipada e fazer questões bastante bizarras.
Qual é a potência de uma empresa? E qual é a sua eficiência? A energia dissipada deve-se a que factores?
Variar a escala torna-se assim mais simples uma vez que a conservação é invariante a esse factor. Daí que podemos explorar "a coisa" em termos de Estado. Uma das coisas que eu gostava de saber é qual a potência máxima que o Serviço Nacional de Saúde consegue debitar? É menor ou maior do que é necessário? Qual é a eficiência da Administração Nacional? É possível identificar um factor como o responsável da maioria da energia dissipada na Justiça? São imensas as perguntas que eu gostava de ver respondidas e tendo uma métrica e uma teoria (não há nada mais prático do que uma boa teoria) torna-se evidente o caminho.

Mas enfim, o que eu gostava de saber ab initio é o que é possível fazer (energia útil) a um Estado que tem uma determinada riqueza (energia total)!

Imagem obtida em: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/Image151.gif

sábado, fevereiro 13

Uma semana 

"A persistência da memória", Salvador Dalí, 1931

Outro dia, na televisão, comentava-se uma suposta mudança na atitude de Sócrates a partir de um determinado ponto de viragem algures no tempo, já não me lembro qual. Pessoalmente, duvido: para mim, este é essencialmente o mesmo Sócrates de há uma década atrás. O que acontece é que nem sempre se consegue ver para além das aparências, do cenário montado.

Estranhamente, em época de memórias de Terabyte que cabem no bolso, não se conseguem encontrar notícias de jornais antigos na internet. Felizmente há a memória das pessoas e o papel. Seguem-se extractos de um jornal durante uma semana da silly season de 2001.

Editorial "Um pouco de chá, senhor ministro", Público, 20 de Agosto de 2001:
"[…] Mas mesmo que fosse de um rigor a toda a prova o que ontem José Sócrates foi dizer à televisão, que toda a razão lhe assistisse e que a sua fosse a única leitura possível da Convenção de Estocolmo, isso não o autorizava a ser malcriado. Isso não o autorizava a dizer que uma notícia que objectivamente não desmentiu "distorcia objectivamente a verdade. Isso também não o autorizava a dizer que o Público desenvolve, sobre o assunto, "uma campanha". Este jornal não faz campanhas – informa. Por vezes essas informações não agradam a José Sócrates, político com alguma dificuldade de encaixe quando é criticado. Por vezes essas informações são incómodas, e a sua divulgação irrita quem já tem alguma tendência para se irritar em público. Mas isso é um problema que nos ultrapassa. […] Um jornal como o Público é pois um espaço de liberdade onde não devemos obediência a conveniências, mesmo de ministros. Mas a estes, antes de escreverem comunicados e irem à televisão, fazia-lhes bem tomar chá – o chá que, aparentemente, lhes faltou tomar em pequeninos."

Artigo "A insustentável arrogância do PS" de Eduardo Dâmaso, Público, 25 de Agosto de 2001:
"[...]É espantoso como no PS ninguém percebe os milhares de votos que perde de cada vez que o ministro Sócrates lança as suas ofensivas de determinação e inteligência nas televisões. O homem dá uma imagem decidida e combativa aos telespectadores, é certo. Mas a sua arrogância política é um espectáculo inaudito. Vítima de de todo o tipo de campanhas, ele ralha com as televisões e rádios por propagarem um notícia "absurda" do PÚBLICO sobre a co-incineração, ele discorre sobre as motivações alheias, ele esbraceja contra as campanhas que correm contra si, ele enrola-se nos trejeitos de uma gesticulação furiosa, enfim, o impacto visual e auditivo de tão ruidosa passagem pelos ecrãs é patético."

Logo ao lado, na mesma página, no "Sobe e desce", José Sócrates, então ministro do ambiente, tem uma seta para baixo e o seguinte texto:
"Sócrates representa algumas das coisas piores que a política pode ter, como a intolerância e a soberba. Num momento em que será exigível alguma humildade ao PS para reconhecer alguns erros da sua governação, o ministro do Ambiente limita-se a agitar fantasmas de campanhas e perseguições por todo o lado. É um caso típico e porventura insolúvel de um político demasiado deslumbrado com a sua estrela. O problema é que as estrelas também caem. Não se sabe quando, mas caem."
(H.P/E.L./E.D., Público, 25 de Agosto de 2001)

Na secção "As frases" do Público de 21 de Agosto de 2001 pode ler-se:
"Se eu estivesse na situação dele [Sócrates], demitia-me"
"Para ele, o poder está acima do resto"

Manuel Alegre, deputado do PS [em 2001].

quarta-feira, fevereiro 10

"Não me construam, porra!" 

Numa altura em que, mais do que nunca, o governo precisa de dar sinais seguros ao exterior de que consegue resolver os graves problemas financeiros do país, demonstrando ter uma visão realista e pragmática e apresentando medidas concretas e eficazes, é surrealista ver o primeiro ministro e o ministro das finanças fazerem precisamente o contrário. Desdobram-se em entrevistas e declarações vagas, de um optimismo desmesurado que soa a falso e no qual nem os próprios devem acreditar. Ficamos a saber que o principal problema não são as finanças, mas sim a ilusão dos governantes.

Tudo isto se passa pouco depois da inauguração de uma auto-estrada dispensável (basta olhar para o mapa para ver que foi dinheiro deitado ao lixo) e na semana em que ficámos a saber o valor que vamos ter de pagar pela repetição do erro numa outra auto-estrada: pelo menos mil e quatrocentos milhões de euros.

Vamos assim vendo como o governo esbanja o pouco dinheiro que o país tem, ao mesmo tempo que apregoa a sua falsa contenção. Por mim, fico elucidado quanto ao rumo que seguiremos se continuarmos por esta via.

domingo, fevereiro 7

Surrealismo 

"O sono" de Salvador Dalí. Ou o PS, silencioso, adormecido precariamente no poder, sem perceber que antes de ser fiel ao líder deve ser fiel aos interesses do país.

quinta-feira, fevereiro 4

A realidade 

Depois de tanto tempo com as visões cor-de-rosa de Sócrates, parece que é desta que vamos cair na real.

terça-feira, fevereiro 2

Como somos levados 


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