quinta-feira, setembro 18
A desinformação não é um peixe: é a barriga da baleia onde nos encontramos
O Nuno já falou aqui várias vezes de desinformação. Pacheco Pereira fala hoje também do tal peixe. Na sua "Pequena história da desinformação," Vladimir Volkoff, autor assumidamente de direita, começa por dizer que nada impede que o seu livro seja também um contributo para a desinformação. A conversa do conto do vigário começa muitas vezes com um desarmante "hoje em dia não se pode confiar em ninguém" que paradoxalmente cria confiança. Nos métodos de desinformação muitas vezes mente-se para dizer a verdade e outras diz-se a verdade para mentir, mistura-se verdades com mentiras, como bem sabe Pacheco Pereira. E, claro, há também as caixas de ressonância e os idiotas úteis. No livro de Volkoff vêm alguns exemplos. Mais ainda, algo mais à esquerda, podem ser encontrados em "A Palavra Manipulada" de Philippe Breton. É preciso desconfiar sempre, mesmo de quem nos diz para desconfiar, desconfiar de quem nos explica como se destingue a informação da desinformação, desconfiar das histórias simples que nos iludem com a mentira da sua simplicidade, mas também das histórias com muitos pormenores que têm grande probabilidade de serem falsas, mas podem afinal ser verdadeiras. Enfim, é angustiante mas não há informação sem suspeita da sua falsidade. E como não há escapatória, uma vez chegados a esta fase a desinformação terá atingido o seu objectivo. Ou talvez não. Será que alguma vez saberemos? Quereremos mesmo saber?
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