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quarta-feira, setembro 17

Direitos de autor 

Emprestaram-me um livro. Isso é sempre uma coisa boa. Esta é uma das maneiras que o livro tem de se mostrar vivo e de se propagar. Emprestou-mo um amigo, agarrando-o com as duas mãos como se o abraçasse, recomendo ler, disse. Um livro pode-se emprestar, para se propagar.

Esta videocassete (incluíndo a banda sonora) está protegida por copyright. O proprietário do copyright licenciou o programa para uso doméstico. Todos os demais direitos são reservados.
Até aqui está bem. Qualquer pessoa de bom senso também o adivinharia se lá não estivesse escrito. Mas continua.
Toda a cópia, edição, exibição, aluguer, troca, sub-aluguer, empréstimo, exibição pública, difusão ou emissão desta videocassete, ou parte, não são autorizados.
Pronto, agora sim, agora não. Não se pode emprestar a um amigo a videocassete que comprei com um meu filme favorito. Já agora é melhor ter cuidado, não vão os vizinhos estar em casa, é melhor pôr o volume da videocassete mais baixo. E não se terão esquecido de mais nada?

Fui ver no livro e vim aliviado. Ainda se pode emprestar! Já imaginaram se fosse proibido ler um livro em voz alta?
Os livros são para emprestar, as videocassetes também! Nem um nem o outro se podem enviar por mail, viajar nos blogs, aparecer no google, então de que outra maneira chegam aos outros peixes do nosso cardume? Olho agora para a minha estante e vejo os nomes de todos os que emprestaram livros, no lugar do título eu vejo uma cara e recordo. É bom. Lembro-me pior dos que emprestei e que às vezes me trazem à mão, por surpresa. É bom.

Também me lembro de uma vez em que decidi ler "O elogio da madrasta" em voz alta, na praia, ía no conto 6, o do senhor Rigoberto. Ganhámos algum espaço mais para colocar a toalha... Não me parece de todo que Mario Vargas Llosa viesse reclamar o quinhão de areia que ajudou a libertar.

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