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domingo, setembro 23

Como um salgueiro, espalho este floco 

Lá fora, está a chover ADN. Na margem do canal de Oxford, ao fundo do meu jardim, há um grande salgueiro, que lança ao ar sementes cobertas de penugem. Não há uma deslocação sensível do ar e as sementes espalham-se por todos os lados, em volta da árvore. Para cima e para baixo, no canal, até onde os meus binóculos me permitem observar, a água está branca, com os pequenos flocos macios que nela flutuam e que, sem dúvida, também cobrem o chão, num raio igual, noutras direcções. A rama de algodão é sobretudo celulose e quase faz desaparecer a minúscula cápsula que contém o ADN, a informação genética. Se o conteúdo de ADN é uma pequena proporção do todo, por que motivo disse eu que estava a chover ADN e não celulose? Porque o ADN é que é importante. A penugem da celulose, embora mais volumosa, é apenas um pára-quedas, a ser descartado. Toda esta encenação, o algodão, o amentilho, a árvore e o resto, contribui para uma coisa e apenas uma - espalhar ADN pelo campo. Não um ADN qualquer, mas o ADN cujos caracteres codificados decifram as instruções específicas para a formação dos salgueiros, que irão espalhar uma nova geração de sementes cobertas de penugem. Esses flocos de penugem estão, literalmente, a espalhar informação para se fazerem a si próprios. Existem porque os seus antepassados foram bem-sucedidos. Lá fora, chovem instruções; chovem programas; chove crescimento de árvores, difusão de penugem, algoritmos. Não se trata de uma metáfora, mas da pura verdade; não seria mais evidente se chovessem disquetes.

Richard Dawkins, "O relojoeiro cego", Gradiva

quinta-feira, setembro 20

Se isto não é lobbying 

Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior:

Ministro – José Mariano Gago – Professor Catedrático do IST
Secretário de Estado – Manuel Heitor - Professor Catedrático do IST
Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia
– João Sentieiro - Professor Catedrático do IST
Presidente da Agência para a Sociedade do Conhecimento – Luís Magalhães - Professor Catedrático do IST.

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segunda-feira, setembro 17

Os computadores nas escolas 

comentários a um post de Rui Baptista no De Rerum Natura

E no entanto eles existem!

Evidentemente que os computadores, por si só, não vão resolver todos os problemas do ensino em Portugal, mas

1 É inegável o seu papel na aquisição de conhecimentos e quanto mais cedo os miúdos se habituarem a utiliza-los (supervisionados, obviamente) mais proveito retirarão na sua utilização.

2 Porque é que os seus filhos (se os tem) e os meus hão-de ter acesso à informática e outros, porque nascidos noutros meios não o hão-de ter, seria no mínimo uma grande injustiça.

3 No meu tempo de faculdade havia muito quem copiasse relatórios inteiros feitos por alunos dos anos anteriores (e até feitos pelos professores das cadeiras quando tinham sido alunos). Dava era mais trabalho.

4 No meu tempo de liceu copiavam-se páginas inteiras de enciclopédias. Dava era mais trabalho, mas o benefício para a aprendizagem não era seguramente maior.

5 Quando não se utilizavam folhas de cálculo, utilizavam-se calculadoras, e do mesmo modo os miúdos diziam que a área da sala que tinham calculado era de 5 km2 porque tinha sido esse resultado que tinha “dado” a calculadora. Sentido crítico sim, proteccionismo não, é como dizer acabe-se com os telefones porque quando se comunicava por carta as pessoas escreviam muito melhor.

6 Evidentemente que a existência de computadores nas escolas cria novos desafios aos professores. E o maior não será distinguirem um trabalho original de um plágio, quando ainda por cima os miúdos copiam sobretudo páginas brasileiras (pela abundância), mas o desenvolver do sentido crítico e do gosto de fazer as coisas bem feitas. Só pode distinguir o trigo do joio quem conhece o trigo e conhece o joio.

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domingo, setembro 16

Choque tecnológico 

Sairam os resultados das candidaturas ao ensino superior público. Qualquer pessoa pode saber, para cada candidato, o nome completo, o nº do B.I., as médias do 10º ao 12º anos, a nota de candidatura, as ordens de preferência dos cursos e sabe-se lá que mais?!!!!

sexta-feira, setembro 14

Ó p'á mim a governar 

Pelos vistos, nem depois de se terem detectado casos de gripe das aves em Portugal (H5N2, não a H5N1) se conseguiu saber quantas aves existiam nas explorações afectadas. E queria o governo saber quantas aves domésticas há em todo o país, em qualquer momento?

14/9/2007: Vírus H5N2 detectado em Portugal.
"Fonte do Ministério referiu que se trata de explorações ao ar livre, pelo que foi impossível determinar o número de animais que as integravam, mas que as aves que se encontravam no local foram sendo abatidas."



23/5/2006: "Registo de aves não será fiscalizado"
"Portugal foi "pioneiro nesta matéria". Segundo um porta-voz do ministério da Agricultura, "fomos o primeiro país da Europa a decidir fazer este recenseamento". Nenhum dos outros países europeus, como a Alemanha, a Dinamarca, a França ou a Roménia - onde o vírus foi detectado - está a fazê-lo.

O ministro Jaime Silva admitiu em Bruxelas prolongar o prazo para o registo de aves de capoeira, frisando que esta é uma medida de precaução adoptada por Portugal, e não uma obrigação comunitária. "Foi uma medida de precaução da Direcção-Geral de Veterinária, naturalmente com o acordo do Governo português", disse, à margem de um Conselho de Agricultura.

"Tomámos esta decisão quando ninguém a tinha tomado na União Europeia", insistiu, justificando a medida com a necessidade de haver um inventário exacto para a eventualidade de surgir um foco de gripe das aves no País. Jaime Silva acrescentou que "ficaria contente" se 70% do efectivo de aves de capoeira ficasse inventariado em Portugal."


Quantas aves foram inventariadas para todo o país? Pode-se saber ou estou a ser mauzinho?

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quinta-feira, setembro 6

Medicina Molecular 



Os doutores visitavam Natacha, sozinhos ou em juntas médicas, falavam muito em francês, em alemão e em latim, criticavam-se uns aos outros, prescreviam os mais variados medicamentos para todas as doenças que conheciam; porém a nenhum deles passava pela cabeça a ideia muito simples de que não podiam conhecer a doença de que sofria Natacha, tal como não pode ser conhecida qualquer doença que ataque uma pessoa viva: é que toda a pessoa tem as suas particularidades e a sua doença é sempre muito própria, específica, nova, complexa, desconhecida para a medicina, e que não é uma doença dos pulmões, do fígado, da pele, do coração, dos nervos, etc., registada e classificada pela medicina, mas uma doença que resulta de uma das inúmeras combinações das afecções destes órgãos. Esta ideia simples não podia ocorrer aos médicos…

Guerra e Paz, Lev Tolstói

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quarta-feira, setembro 5

Angola 2007 em números 




segundo um dossier publicado na revista Além-Mar e que cobre todos os países africanos.


População – 12 127 000
PIB per capita – 4 300 dolares
PIB taxa de crescimento – 14 %
População Abaixo da Linha de Pobreza – 70 %

Taxa de mortalidade infantil – 185,36/1000 nascimentos
Esperança de Vida à nascença - 38.62 anos
Médicos – 8/100 000 habitantes

Taxa de Alfabetização de Adultos – 66,8 %

Recursos Naturais – Petróleo, Diamantes e Minérios.


De acordo com os números do referido dossier, mesmo no panorama paupérrimo de África, Angola ocupa um dos últimos lugares em esperança de vida à nascença, pobreza e mortalidade infantil.

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