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sexta-feira, abril 30

A origem dos solos 

[Acho o texto que se segue uma delícia. É uma resposta dada por um aluno do 12º ano num exame de Geologia, por volta de 1978 (os meus agradecimentos ao professor muito especial que ma cedeu). Pedia-se que o aluno desenvolvesse o seguinte tema:

Tema B
Origem dos Solos
a) componentes essenciais
b) conceito de horizontes de solo
c) diferenciação dos horizontes do solo


Na transcrição que se segue, procurei ser o mais fiel possível ao texto original, daí os erros de ortografia. Repare-se na louvável preocupação do aluno em responder a todos os tópicos que eram pedidos.]

"Origem dos solos"

Há várias hipóteses que nos falam acerca da origem do solo. Uma delas acenta na chamada teoria da "colisão" ou seja a explusão de duas "nuvens atómicas" que se aproximaram e deram originaram um planeta; que, mais tarde se passou a dominar por solo; quando enriquecido por materiais rochosos, terra, água, vida, etc... Uma outra teoria, diz-nos que este solo ter-se-ia formado a partir de uma simples nuvem gasosa que se expandiu ao longo dos tempos e se desenvolveu originando um planeta que mais tarde se passaria a dominar por solo.
O solo é importantíssimo para o progresso biológico e natural; quer isto dizer sem ele era impossível a vida e o desenvolvimento do que é natural (continente e oceanos).
Os componentes essenciais do solo são: a água e a terra. Cerca de 2/3 cobrem o continente oceânico e um terço o cont. terrestre.
Para além da água e da terra; existe uma gama variadíssima de rochas e plantas que recobrem o solo e que lhe dão belíssimas formas de beleza. O solo é por si mesmo "encantador". Tem enormes planícies, vales, montes, serras, etc, que lhe proporcionam determinadas formas. Poderemos ver o grande horizonte que se depara aos nossos olhos quando olhamos em redor. Tudo o que a nossa vista alcança é chamado o horizonte solar. O solo oferece-nos variadíssimos "espectáculos" consoante o que queiramos ver. Assim, se estivermos no alto duma serra, poderemos olhar em redor e ver-mos planícies, vales, lagos de água, rios, pinhais etc....
Se for-mos à praia e nos colocar-mos num ponto alto o nosso horizonte será o mar. Poderemos concluir que há uma g.de diversidade de horizontes de solo que a nossa vista alcançe.
Cada horizonte tem a sua beleza natural e a sua própria constituição. Podem ser "espectáculos" de água, terra, árvores, planetas, etc... mas os que nos revelam maior diversidade são os horizontes do próprio solo. Daí a chamada diferenciação dos horizontes do solo.


Nem os mortos escapam à burocracia 

A Senhora procurava o “guichet” para o nº do contribuinte: sabe é para o meu pai, já morreu há 20 anos, mas agora por causa das partilhas temos que tratar-lhe do número do contribuinte.

quinta-feira, abril 29

Uma história açoriana 

Travessia da Terceira para S. Jorge, Cruzeiro das Ilhas, o enjoo, mal insuportável, não nos deixou chegar ao porto de destino, Velas. Como se lhe tivesse sido pedido o barco carregado com uma banda de calafões, aportou primeiro à Calheta e foi ver quem mais fugia daquele antro de tortura. Quais náufragos numa ilha deserta, não sabíamos onde estávamos, se era longe ou perto.
E foi quando apareceu a mulher: se queríamos ir para Velas – que sim – se já tínhamos hotel em Velas – que não – que então ficávamos em casa dela – aceitámos! A mulher era da Graciosa e tinha vindo casar a S. Jorge, onde era estrangeira, e carregava em cima dela toda a solidão de cada uma das nove ilhas. A mulher tinha um bar na praia, com o Pico ao fundo, uma filha pequena, um marido ausente e um ódio calado àquela ilha que a não reconhecia…

domingo, abril 25

"the problem of data undersampling (censoring)" 

O trecho do título deste post aparecia num artigo que estava neste momento a ler. Realmente, nunca tinha pensado na censura como um problema de sub-amostragem de dados. Logo hoje...

"Ab'il é 'evolução!" 


(Baba, in Asterix)

sexta-feira, abril 23

As mortes invisíveis 

Numa coisa os EUA e a Coreia do Norte são parecidos: ambos escondem imagens dos seus mortos, como se pode ler aqui e aqui, respectivamente. Mesmo assim, alguma informação conseguiu hoje furar o bloqueio, em ambos os casos (ver aqui e aqui).

quinta-feira, abril 22

Olhar para o umbigo 

São 20:14. Os noticiários da TVI, RTP e SIC começaram há 14 minutos e não há maneira de falarem da colisão entre comboios na Coreia do Norte, onde se pensa que possam ter morrido ou ficado feridas 3000 pessoas (!), uma notícia que se sabe há 2 horas, segundo o Google News. Todos os telejornais têm estado a falar única e exclusivamente da operação apito dourado. Será possível?! Maldito futebol!

Torah 

Jeová achou que era altura de pôr as coisas no seu devido lugar. Lá de cima, acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois uma conferência, cimeira, claro. A primeira, se não estou em erro. No dia seguinte Moisés desceu. Trazia umas tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
- Está aqui tudo escrito. Tudo . É assim e não há qualquer dúvida. Quem não quiser, que se vá embora. Já.
Alguns foram.
Então começou o serviço militar obrigatório e fez-se o primeiro discurso patriótrico.
Depois disso, é o que se vê.

Mário Henrique Leiria

In "Contos do Gin Tónico"


segunda-feira, abril 19

Riscos 

Que bonitos são estes riscos!

sábado, abril 17

"As coisas dos homens" 

Escrevi neste post a frase "Os computadores ultrapassaram os humanos em tarefas mentais como jogar xadrez", que levou a que o Cláudio do Meia Livraria se indignasse comigo neste post.

Se é um facto inegável que os computadores já ultrapassaram os melhores humanos em torneios ao mais alto nível (Kasparov vs. Deep Blue, 1997), pode ser neste momento prematuro generalizar e dizer que os computadores já ultrapassaram os humanos na tarefa mental que é jogar Xadrez. Pode já ter acontecido ou não. Talvez o mais correcto seja dizer que neste momento eles encontram-se empatados, como o Cláudio refere, embora eu concorde com Kasparov, quando diz que "it is probably only a matter of time before a computer will prevail in the game of chess". Para quem quiser aprofundar o tema, deixo links para um artigo interessante, em cinco partes: 1, 2, 3, 4, 5.

Em todo o caso, a discussão sobre se os humanos serão ultrapassados no Xadrez é totalmente irrelevante para o que era discutido no meu post inicial e penso que o Cláudio se excedeu nas suas críticas, mas isto é só uma opinião.

O Cláudio refere que "existe no Xadrez um conjunto de valores que nunca se poderão reduzir ao aspecto desportivo, ao resultado da partida. No Xadrez há coragem e medo, há sabedoria e ignorância, há técnica e imaginação, há petulância e cobardia, há Vida e há combate. São coisas de homens, caro Nuno, não de algoritmos.". Caro Cláudio, esses valores são coisas de homens, não do Xadrez. Leia-se também o interessante post de CMF No Mundo.

Quanto ao restante, digo simplesmente que foi de propósito que não quis generalizar aquilo que disse sobre o processo de criação musical a artes como a escrita e que concordo com Kasparov quando diz (no mesmo artigo que referi acima):

"I believe that Deep Blue's involvement in chess could give us valuable information and show at what point, at what depth of calculation, a machine's decision-making process could produce the same result as human creativity and intuition. I am a supporter of the view that artificial intelligence should not be presented in the form, similar to the way our brain is working. We should rather judge by the net result, and if at the end of the day the machine comes up with the same conclusion using 5% of judgement and 95% of calculations, versus our 95% of judgement and 5% of calculations, I think it's absolutely fine. It proves, in my opinion, that we were witnessing some sort of a weird form of artificial intelligence. Some of you in this room will agree and some will strongly disagree, but this view has a lot of common sense. I think, that's what chess could contribute to the computer science field, because only in chess do you have this very thin and subtle balance between creativity and calculation. In literature you have a misbalance on one side and in mathematics a similar misbalance on another side that is why chess is really ideal field for this form of comparison."

quarta-feira, abril 14

Top três dias no Algarve na Páscoa 


O melhor:
1- O Alentejo! O Alentejo que ladeia a A2 está lindo nesta altura do ano: os montes verdes a perder de vista semeados de florinhas brancas, amarelas, roxas ou lilazes.
3- A praia sem o calor desaustinante do Verão.
2- O passeio pela Ria Formosa ali para os lados da Quinta do Lago. Apesar do Golf e dos aviões rasantes a Natureza em toda a sua pujança: os pernilongos e outras aves de bicos compridos de que não sei o nome, os patos selvagens, os caranguejos a fugirem para as tocas ou a virem cá fora receber o sol...
O pior:
1- Cada vez que tem que se voltar à estrada nacional.
2- A proverbial falta de sinalização.
3- O andar às voltas e vira-voltas em Loulé à procura de um Estádio que não fica em Loulé.



segunda-feira, abril 12

Janet Jackson II 

Condoleezza Rice mostra o peito direito na TV...

Novo Léxico 

E da "informação" chegamos assim à "informação accionável", tão conveniente para Bush. Dito de outro modo, "é sempre possível tapar uma careca posta a descoberto com um pedaço de musgo". Que "Quagmire"...

sábado, abril 10

A codificação do gosto humano e a criação musical automática 

Ocorreu-me a seguinte pergunta: o que acontecerá quando os computadores souberem estimar os nossos gostos musicais?

Será que nessa altura os "músicos computacionais" (programas de computador) começarão a dominar a criação musical?

Deixem-me explicar melhor:

1. Imagine-se que alguém fazia um "programa-ouvinte" capaz de reproduzir, estatisticamente, os nossos gostos musicais. Ou seja, para uma dada música, esse programa poderia dar uma nota, por exemplo de 0 a 20, que seria semelhante à média das notas que um grupo grande de pessoas daria ao ouvir a mesma música. Imagine-se que o programa conseguia reproduzir os gostos de diferentes grupos de seres humanos: uma amostra tirada ao calhas na população mundial, ou na população de um dado país, ou na população que gosta de um determinado género musical, ou na que pertence a um dado segmento social, etc.

2. Nessa altura, seria simples criar automaticamente música de que gostamos, acoplando "programas-compositores", semelhantes aos que já existem, a esses programas-ouvintes. Um programa-compositor poderia criar uns milhares ou milhões de músicas por dia (é uma questão de quantos computadores se usam no processo), que seriam assim automaticamente escutadas e avaliadas, levando a que o programa-compositor afinasse os seus processos de composição rapidamente, de acordo com o gosto da audiência. A selecção “natural” levada a cabo pelo programa-ouvinte encarregar-se-ia de levar o compositor a tornar-se uma espécie de génio da música, que facilmente encontraria as melhores combinações musicais. Suponho aqui que a composição musical é essencialmente o agrupamento e escolha de parâmetros de notas, sons e efeitos sonoros – a manipulação destes componentes básicos da música, que há muito que se encontram em formato digital, é algo que os computadores fazem facilmente, milhões de vezes mais rápido do que os humanos.

3. Quando o programa-compositor começasse a fazer música com alguma qualidade, bastaria dar-lhe uma imagem pública e lançar a sua música no mercado (adicionando letras e vozes). Inicialmente poderiam ocorrer alguns falhanços mas, com o tempo, surgiriam os êxitos, que permitiriam afinar ainda mais o gosto dos programas-ouvintes (que assim iriam sendo validados e apurados de acordo com o gosto de milhões de humanos). Quem sabe, talvez até se conseguisse modelizar a dinâmica do gosto humano. Para a indústria musical, a automatização completa do processo de criação traria grandes benefícios em termos de custos e as empresas que a eles recorressem seriam progressivamente seleccionadas, sobrevivendo, dominando.

Os computadores ultrapassaram os humanos em tarefas mentais como jogar xadrez. Acontecerá o mesmo com a criação musical, daqui por uns tempos?

quarta-feira, abril 7

Impunidade 


Rua Larga da Universidade, tarde do passado sábado. Todos os carros estacionados estão em dupla transgressão: estacionaram em cima do passeio e entraram numa rua onde o trânsito lhes é vedado. E num sábado à tarde até nem é difícil estacionar na alta de Coimbra...

Até já  


Diria que fomos de férias. Até já!

quinta-feira, abril 1

"The truth is out there" 

Acabei de ver o documentário "Silence, on tue des enfants" na Dois. Apanhei-o a meio, como é hábito, mas fiquei preso ao écran. É um relato da história de "X1", vítima das redes de pedofilia e testemunha no caso Dutroux. Ao contrário das outras testemunhas ("X2", "X3", etc), esta acabou por sair do anonimato: o seu nome é Regina Louf. A sua reputação foi destroçada nos media pelo que, das duas uma: ou é louca e está a mentir, ou é bom que ouçamos com atenção as suas histórias macabras e incríveis, negadas pelo seu próprio pai, por exemplo. Histórias como a de que a sua mãe terá reconhecido, antes de morrer, que autorizou a prostituição da sua filha em bordéis da avó de Louf. São literalmente os X-files belgas, onde a realidade por vezes ultrapassa a ficção e com ela se confunde.

Não conheço bem este caso, pelo que não vou especular sobre onde está a verdade. Apenas posso dizer que Louf não parecia louca no documentário, muito pelo contrário. Entretanto, encontrei na Internet uma impressionante "Declaração de Direitos Humanos" que Louf proferiu numa sessão da Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas. "Direitos" como: "We have the right to be not believed" ou "We have the right to have no rights at all". A ler e pensar...


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