sábado, abril 10
A codificação do gosto humano e a criação musical automática
Ocorreu-me a seguinte pergunta: o que acontecerá quando os computadores souberem estimar os nossos gostos musicais?
Será que nessa altura os "músicos computacionais" (programas de computador) começarão a dominar a criação musical?
Deixem-me explicar melhor:
1. Imagine-se que alguém fazia um "programa-ouvinte" capaz de reproduzir, estatisticamente, os nossos gostos musicais. Ou seja, para uma dada música, esse programa poderia dar uma nota, por exemplo de 0 a 20, que seria semelhante à média das notas que um grupo grande de pessoas daria ao ouvir a mesma música. Imagine-se que o programa conseguia reproduzir os gostos de diferentes grupos de seres humanos: uma amostra tirada ao calhas na população mundial, ou na população de um dado país, ou na população que gosta de um determinado género musical, ou na que pertence a um dado segmento social, etc.
2. Nessa altura, seria simples criar automaticamente música de que gostamos, acoplando "programas-compositores", semelhantes aos que já existem, a esses programas-ouvintes. Um programa-compositor poderia criar uns milhares ou milhões de músicas por dia (é uma questão de quantos computadores se usam no processo), que seriam assim automaticamente escutadas e avaliadas, levando a que o programa-compositor afinasse os seus processos de composição rapidamente, de acordo com o gosto da audiência. A selecção “natural” levada a cabo pelo programa-ouvinte encarregar-se-ia de levar o compositor a tornar-se uma espécie de génio da música, que facilmente encontraria as melhores combinações musicais. Suponho aqui que a composição musical é essencialmente o agrupamento e escolha de parâmetros de notas, sons e efeitos sonoros – a manipulação destes componentes básicos da música, que há muito que se encontram em formato digital, é algo que os computadores fazem facilmente, milhões de vezes mais rápido do que os humanos.
3. Quando o programa-compositor começasse a fazer música com alguma qualidade, bastaria dar-lhe uma imagem pública e lançar a sua música no mercado (adicionando letras e vozes). Inicialmente poderiam ocorrer alguns falhanços mas, com o tempo, surgiriam os êxitos, que permitiriam afinar ainda mais o gosto dos programas-ouvintes (que assim iriam sendo validados e apurados de acordo com o gosto de milhões de humanos). Quem sabe, talvez até se conseguisse modelizar a dinâmica do gosto humano. Para a indústria musical, a automatização completa do processo de criação traria grandes benefícios em termos de custos e as empresas que a eles recorressem seriam progressivamente seleccionadas, sobrevivendo, dominando.
Os computadores ultrapassaram os humanos em tarefas mentais como jogar xadrez. Acontecerá o mesmo com a criação musical, daqui por uns tempos?
Será que nessa altura os "músicos computacionais" (programas de computador) começarão a dominar a criação musical?
Deixem-me explicar melhor:
1. Imagine-se que alguém fazia um "programa-ouvinte" capaz de reproduzir, estatisticamente, os nossos gostos musicais. Ou seja, para uma dada música, esse programa poderia dar uma nota, por exemplo de 0 a 20, que seria semelhante à média das notas que um grupo grande de pessoas daria ao ouvir a mesma música. Imagine-se que o programa conseguia reproduzir os gostos de diferentes grupos de seres humanos: uma amostra tirada ao calhas na população mundial, ou na população de um dado país, ou na população que gosta de um determinado género musical, ou na que pertence a um dado segmento social, etc.
2. Nessa altura, seria simples criar automaticamente música de que gostamos, acoplando "programas-compositores", semelhantes aos que já existem, a esses programas-ouvintes. Um programa-compositor poderia criar uns milhares ou milhões de músicas por dia (é uma questão de quantos computadores se usam no processo), que seriam assim automaticamente escutadas e avaliadas, levando a que o programa-compositor afinasse os seus processos de composição rapidamente, de acordo com o gosto da audiência. A selecção “natural” levada a cabo pelo programa-ouvinte encarregar-se-ia de levar o compositor a tornar-se uma espécie de génio da música, que facilmente encontraria as melhores combinações musicais. Suponho aqui que a composição musical é essencialmente o agrupamento e escolha de parâmetros de notas, sons e efeitos sonoros – a manipulação destes componentes básicos da música, que há muito que se encontram em formato digital, é algo que os computadores fazem facilmente, milhões de vezes mais rápido do que os humanos.
3. Quando o programa-compositor começasse a fazer música com alguma qualidade, bastaria dar-lhe uma imagem pública e lançar a sua música no mercado (adicionando letras e vozes). Inicialmente poderiam ocorrer alguns falhanços mas, com o tempo, surgiriam os êxitos, que permitiriam afinar ainda mais o gosto dos programas-ouvintes (que assim iriam sendo validados e apurados de acordo com o gosto de milhões de humanos). Quem sabe, talvez até se conseguisse modelizar a dinâmica do gosto humano. Para a indústria musical, a automatização completa do processo de criação traria grandes benefícios em termos de custos e as empresas que a eles recorressem seriam progressivamente seleccionadas, sobrevivendo, dominando.
Os computadores ultrapassaram os humanos em tarefas mentais como jogar xadrez. Acontecerá o mesmo com a criação musical, daqui por uns tempos?
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