<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, setembro 8

António Comando 

Possivelmente não vou saber contar a história como ela foi, nem fazer transparecer toda a beleza e emoção que me transmitiu o documentário. Há coisas que só vendo, ou lendo se escritas por quem sabe dessas coisas de escrever. Mas a história do António Comando tocou-me tão fundo que não resisto a contá-la para aqueles que não tiveram a sorte de a verem, num documentário que a SIC-Notícias passou na sexta-feira (e pelos vistos em repetição). Lá em casa ficámos todos colados à televisão e acho que só respirámos quando o programa acabou.
O António Comando, já se irá ver o porquê do nome, nasceu no Moçambique colonial e quando tinha 3 anos viu morrer a sua mãe numa qualquer operação do exército português. Na altura o menino estaria sozinho com a mãe, e por não terem a quem o entregar os militares portugueses (comandos), depois de o fazerem órfão, tomaram conta do menino. O menino só sabia de si o nome próprio, António, e uma estranha canção que de tanto a cantar, começou a ser repetida pelos soldados portugueses (mais tarde vêm a saber ser uma espécie de hino da Frelimo!).
De Moçambique o António veio para Portugal, onde cresceu num orfanato, sempre visitado pelos “amigos” que o tinham recolhido. Quando, em plena adolescência, se desentendeu com os directores da instituição onde vivia, o António foi bater à porta de um desses comandos, que o recolheu como a um filho, e onde viveu até casar.
Mais tarde quando o futuro estava garantido por 2 filhos, o António resolveu ir procurar o passado e de carta em carta, de informação em informação, soube que tinha um pai e uma família, algures no norte de Moçambique. E com o “pai português” partiu para Moçambique.
A visita do António a Moçambique é, desde a primeira hora, um expoente de humanidade. O reencontro com o pai, velho e pobre, numa realidade tão longínqua... A procura da mãe, do túmulo da mãe, que alguém sabe onde se encontra, protegido pela selva. A oração sentida que a actual mulher do pai faz junto do túmulo, primeiro nos ritos cristãos, em seguida nos ritos tribais, em que lhe garante que não lhe tomou o lugar, que a respeita muito, que lhe tratou muito bem do marido e dos filhos, que estão muito felizes por terem reencontrado o António. Em seguida é a vez, do “pai português”, pedindo perdão pelo que involuntariamente lhe fizeram, a ela e aos moçambicanos, cumpríamos ordens, diz ele. O António, que finalmente pode viver em paz porque encontrou o passado, não diz nada, ri e chora.

Comments:
A história de António Comando é comovente. Eu descobri-a hoje no youtube e estou fazendo publicacões.
 
Enviar um comentário
This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com