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sexta-feira, novembro 26

Maternidade 



Almada Negreiros

quinta-feira, novembro 25

A Nossa Querida Transportadora Nacional 

Estava eu a dar uma volta pelo Causa Nossa (que muito recomendo, especialmente os escritos do Vital Moreira), quando esbarrei com um post elogiando a Portugália (a companhia aérea, entendam-se).
- Isabel, onde andas tu com a cabeça? Então não tinhas ficado de escrever um post sobre os maus serviços da TAP e do aeroporto de Lisboa?
Pois é, já há algum tempo que não viajava na TAP e por isso continuava ingenuamente a acreditar que a TAP ainda era daquelas companhias que tinham um serviço de bordo decente, mesmo nos voos europeus o almocito melhor ou pior ainda continuava a ser uma refeição, em vez da sanduíche pindérica de outras companhias, a distribuição de jornais era eficiente, etc. Engano, puro engano!
A coisa começou logo mal com a compra do bilhete, como não pretendia passar o fim-de-semana no meu destino, o dito cujo bilhete custou cerca de quatro vezes mais do que um bilhete que incluísse a noite de sábado. Eu sei que isto não é um exclusivo da TAP mas alguém me sabe explicar este fenómeno? – senti-me até embaraçada quando verifiquei que pagara mais pelo meu bilhete Lisboa-Bruxelas do que um meu colega que viajara de Los Angeles.
Quanto a jornais, na viagem para lá, até nem correu mal, fui ao quiosque da TAP e tive direito não só a um jornal como até a uma revista. Entro no avião – vai ser servida uma refeição! Refeição? Um pão velho com duas bolas de uma coisa que tive dificuldade em identificar como sendo pasta de atum, um micro queque industrial e uma bebida. Viagem de volta, piorou, como ia nos lugares do fundo quando a senhora hospedeira lá chegou já só tinha para me oferecer o Record. – Vai ser servida uma refeição! Mas eu não acredito! O mesmo pão (um bocadito menos velho) com as bolas de atum, o mesmo micro-queque e a bebida da praxe.
E como a crónica vai longa, já nem conto o que me aconteceu à chegada a Lisboa.

quarta-feira, novembro 24

O Sonhador 

Quando Peter Fortune tinha 10 anos, os adultos diziam muitas vezes que era uma criança “difícil”. Peter nunca percebeu o que isso significava. Não se sentia nada difícil. Não atirava garrafas de leite aos muros do jardim, não despejava ketchup por cima da cabeça a fingir que era sangue, nem sequer dava com a espada nos tornozelos da avó, embora às vezes essas ideias lhe passassem pela cabeça. Tirando os legumes (excepto as batatas), o peixe, os ovos e o queijo, comia tudo. Não era mais barulhento, mais porco ou mais estúpido do que as pessoas que conhecia. Tinha um nome fácil de dizer e de soletrar. O seu rosto, pálido e sardento, era facílimo de fixar. Ia todos os dias para a escola como as outras crianças e nunca refilava por causa disso. Limitava-se a ser tão monstruoso para a irmã como ela era para ele. A polícia nunca veio bater-lhe à porta para o prender. Nunca apareceram médicos de bata branca a quererem interná-lo num manicómio. Segundo lhe parecia, era uma pessoa até bastante fácil. Que haveria nele de difícil?



Ian McEwan “O Sonhador” Edição da Gradiva

A minha wishlist: "life everywhere" 

É reconfortante saber que é relativamente fácil demonstrar que existe vida noutros planetas (basta encontrá-la num) e que é virtualmente impossível mostrar o contrário (seria preciso vasculhar o universo na totalidade, milimetricamente). Gosto dessa incerteza. Ao mesmo tempo, gosto da certeza que começamos a ter, de que os planetas extra-solares existem em abundância no universo: permite-nos sonhar que talvez a existência de vida, mais do que ser meramente possível, seja extremamente provável. Quem sabe, talvez seja frequente a gravidade conduzir à formação de sistemas solares com planetas e satélites com dimensões favoráveis à vida, talvez as próprias leis físicas levem a que os elementos químicos necessários existam abundantemente nesses planetas, fazendo com que se formem com grande probabilidade moléculas úteis à formação dos blocos funcionais que constituem a vida. Tudo isto com uma enorme variabilidade e infinita diversidade, sem impor limites à nossa imaginação. Talvez Fred Hoyle não tenha razão e a formação de organismos vivos não seja improvável, quem sabe, talvez a repetição de certos processos químico-físicos ao longo de milhões de anos conduza inexoravelmente à formação de moléculas replicadores capazes de germinar e catalisar o processo de aumento de complexidade característico dos sistemas vivos.

O nosso universo parece um gigantesco computador, iterando todos os seus componentes, construindo, destruindo e seleccionando os melhores, levando a que tudo seja aperfeiçoado, a que a solução óptima seja incessantemente procurada, o que quer que isso queira dizer em cada contexto específico. É delicioso podermos imaginar que lá fora no universo podem existir milhões de mundos pululantes de vida, diversa e extraordinária, extremamente abundante e inevitável. A começar pelo nosso sistema solar, mas já nem peço tanto. A vida em todo o lado, imagine-se.

(Hoje estou optimista. Deve ser do tempo, ou de não ver telejornais há uns dias.)
[imagem: Titan - NASA/JPL/Space Science Institute]

terça-feira, novembro 23

O poder, a força 

JPP constata que "não há luta de classes que valha: os pequeninos obedecem aos grandes", ao observar uma fotografia do pequeno satélite Tétis junto a Saturno. Lembrando-me das anãs brancas, buracos negros e outros pequenotes, eu diria antes que até os grandes obedecem aos que têm muita massa... :-)

segunda-feira, novembro 22

Globalização? Qual globalização? 

A cena passa-se numa “brasserie” de Bruxelas. Uma portuguesa de Portugal (eu), uma australiana que por acaso é sérvia, um francês que por acaso é canadiano mas, mais propriamente japonês, um americano que por acaso é inglês. Temos que escolher uma sobremesa. “Ile flottant”, seja lá o que isso for, soa-me bem. A sérvia australiana pede um gelado. Vêm as sobremesas, a minha “Ile flottante” traduz-se na bem portuguesa "farófias", de que eu muito gosto. A sérvia australiana fica em transe “mas é um doce sérvio, a minha sobremesa favorita da minha infância na minha querida Sérvia”. Ah, é? E lá termino eu a comer o gelado da Nadia.

sexta-feira, novembro 19

Incerteza para o jantar 

Foi à hora de jantar, no "Quiosque" da RTP2. O "Quiosque" é um programa um pouco no género do anterior "Caderno Diário", que era uma espécie de telejornal para crianças. O "Quiosque" parece mais leve e descontraído, mais um magazine e menos um telejornal e, a julgar pelo destaque dado a um filme para crianças que se estreia este fim-de-semana, é um pouco mais permeável a publicidade do que o seu antecessor. Este tipo de programas, que pretendem explicar o mundo em que vivemos às crianças, usando uma linguagem simples e acessível, parece-me louvável. Contudo, por vezes há desilusões. Como hoje, onde, como sempre, respondiam a uma pergunta feita anteriormente: "Como se chama a passagem de um corpo no estado sólido para o estado líquido?"

Havia 3 respostas possíveis e uma voz "off" ensina-nos que a resposta certa é "condensação". Olho para o écran, confirmo visualmente que "condensação" aparece iluminada, enquanto que uma outra resposta possível, "fusão", aparece apagada, para meu espanto. Dada a certeza com que tudo foi apresentado, momentaneamente fiquei na incerteza e como eu devem ter ficado uns quantos pais e filhos, mas a maioria terá "aprendido". Demorei um bocado a explicar à minha filha que o "Quiosque" estava errado.

Esperemos que durante a próxima semana o "Quiosque" faça os possíveis por "desensinar" o que aprendemos e que doravante passe a ter um pouco mais de cuidado...

O mundo do não a Quioto 




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domingo, novembro 14

Um mundo melhor (mas não este) 

"[...] Não tínhamos necessariamente de perseguir o Iraque após o 11 de Setembro. Imaginemos um cenário alternativo, em que um Presidente mobiliza o país inteiro para lidar com os principais problemas revelados pelos atentados terroristas. Partindo deste cenário hipotético, como se apresentaria, então, um esforço contra-terrorista bem sucedido e abrangente após o 11 de Setembro?
Teria consistido em três pontos-chave na sua agenda. Primeiro, o Presidente ter-se-ía envolvido num esforço maciço para eliminar as nossas vulnerabilidades internas face ao terrorismo e, ao mesmo tempo, fortalecer a segurança interna. Segundo, teria lançado um esforço mundial concertado no combate à ideologia da Al-Qaeda e ao grande movimento terrorista islâmico radical, estabelecendo parcerias para promover o verdadeiro Islão, de forma a obter o apoio para os valores americanos e islâmicos em comum e, em simultâneo, conceber uma alternativa à abordagem fundamentalista mais popular. Terceiro, deveria ter agido em consonância com os países-chave, não só para cercar os terroristas, acabar com os seus santuários, bloquear as verbas, mas também para fortalecer a abertura dos governos e criar condições políticas, económicas e sociais necessárias para detectarem e extirparem as raízes do terrorismo estilo Al-Qaeda (os países prioritários são o Afeganistão, o Irão, a Arábia Saudita e o Paquistão). A lista de coisas a fazer após o 11 de Setembro não deveria contemplar de forma alguma a referência à invasão do Iraque.[...]"


Richard A. Clarke, in "Contra todos os inimigos", Difel, 2004

sábado, novembro 13

"4 more years" 

1000 pessoas morreram em Falluja nos últimos 6 dias ("rebeldes" - números redondos do lado americano). Passaram 11 dias desde a reeleição de Bush.

quinta-feira, novembro 11

Ver o cérebro 

Ontem assisti, aqui na Universidade, a uma conferência do Prof Castro Caldas, “Como se adapta o cérebro ao conhecimento da ortografia”, em que ele nos falou de experiências que têm sido realizadas, sobretudo utilizando a imagiologia médica, e que lhe permitiram concluir que, ao nível cerebral, o acto de leitura é completamente diferente consoante se trate de um analfabeto, de uma pessoa letrada na idade própria ou de um adulto que aprendeu a ler já quando adulto. As conclusões destes estudos são claras e inquietantes, porque afinal não saber ler, não é só não saber ler, o cérebro menos “ginasticado” apresenta muito menos conexões e ligações entre hemisférios, apresentando nos analfabetos muitas outras incapacidades. E estas conclusões estendem-se a outras competências: por exemplo parece que nos cérebros dos músicos as ligações entre hemisférios estão particularmente desenvolvidas.
Até onde chegarão estas novas tecnologias: chegará o dia em que nos lerão a alma, qual Blimunda Sete Luas?

segunda-feira, novembro 8

A simbiose Bush-Laden 

"Os Estados Unidos não poderiam ter feito melhor para dar à Al-Qaeda e à sua nova geração de grupos clonados, uma melhor ferramenta de recrutamento do que a invasão não provocada de um país árabe rico em petróleo. Não havia nada que conseguisse negar tão bem todos os nossos outros actos positivos e, ao mesmo tempo, fechar os olhos e os ouvidos muçulmanos aos nossos pedidos posteriores de reformas nas suas regiões. Era como se Osama bin Laden, escondido algures num qualquer reduto no alto de uma montanha, estivesse a controlar mentalmente George Bush, entoando insistentemente «invade o Iraque, tens de invadir o Iraque»."

Richard A. Clarke, "Contra todos os inimigos", Difel, 2004

quinta-feira, novembro 4

O meu pequeno mundo 



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Vejam só como é pequenino o meu mundo. Patrocionadores de viagens precisam-se!
E não me venham dizer que já vi na televisão.


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