sexta-feira, janeiro 30
Tourada
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
esperas.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
Ary dos Santos, As Palavras das Cantigas
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
esperas.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
Ary dos Santos, As Palavras das Cantigas
quinta-feira, janeiro 29
Declaração
Não sei quem sou. O que sinto ou o que penso.
Sinto mais do que penso. Mas penso no que sinto.
Não sei porque vos interessa o que sinto ou penso.
Não sei porque me interessa o que sentis ou pensais.
Não sentir não posso.
Mas não quero pensar.
Não me apetece escrever. Aliás, nem sei escrever.
E é por isso saber, que me apetece isto escrever.
E não voltarei a escrever.
Enviado por A.
Sinto mais do que penso. Mas penso no que sinto.
Não sei porque vos interessa o que sinto ou penso.
Não sei porque me interessa o que sentis ou pensais.
Não sentir não posso.
Mas não quero pensar.
Não me apetece escrever. Aliás, nem sei escrever.
E é por isso saber, que me apetece isto escrever.
E não voltarei a escrever.
Enviado por A.
segunda-feira, janeiro 26
Sem palavras (clique para ampliar)
domingo, janeiro 25
Por uma boa causa
O blogue Paz na Estrada, da ACA-M, pede voluntários para a recolha e catalogação de informação relativa a sinistralidade rodoviária.
Finalmente!
É uma boa notícia. Excelente, mesmo: a Brigada de Trânsito (BT) vai investigar acidentes a partir de Junho. No entanto, é uma notícia que, infelizmente, confirma algo que nos devia envergonhar a todos: os acidentes rodoviários não são estudados cientificamente em Portugal. Isto apesar da calamidade das estradas, da vergonha das nossas estatísticas, dos milhares de mortes, estropiados e famílias desfeitas e apesar da comunidade científica estar receptiva a ajudar nessa tarefa. Apenas discutimos, em conversas de café e num ou noutro debate nos media, se as causas da sinistralidade são o excesso de velocidade, as más estradas, a falta de civismo, de destreza, ou outra coisa qualquer. Já todos fizemos isto, repetidamente. Um acha isto, outro aquilo, com base numa paupérrima informação estatística. Quantos estudos científicos foram feitos nos últimos anos em Portugal sobre a sinistralidade rodoviária, com o fim de compreender as causas e assim se poder determinar a melhor forma de agir? Quantos poderiam ter sido feitos, quantas mortes seriam evitadas e quantos euros poupados, se tivesse havido vontade e se se tivesse pedido a colaboração da comunidade científica e da população em geral?
Saliento o seguinte da notícia:
"Trata-se de uma iniciativa inédita na investigação criminal de acidentes, dado que não existe nenhuma força policial com uma estrutura própria do género", diz fonte da BT, adiantando que, "nos tempos que vão correndo, somos o único país da Europa onde isso ainda acontece". [...]
"Na prática, as equipas vão funcionar como as de investigação criminal da Polícia Judiciária quando chegam ao local onde ocorreu um homicídio. Podem recolher informações tão específicas como a dos rastos de travagem ou a qualidade dos pneus dos carros envolvidos no acidente. Actualmente, segundo a BT, "não há um trabalho científico" nesta área. Quando os agentes são chamados ao local de um acidente recolhem elementos para o Boletim Estatístico de Acidentes de Viação e, no caso de haver mortos ou queixa por parte de feridos graves, elaboram um auto de notícia para o tribunal." [...]
"Para atacar os efeitos [da sinistralidade] é preciso saber quais as causas." Claro, obviamente. Cura sem diagnóstico só mesmo por sorte. E só em Junho é que vamos começar a agir em conformidade, passados tantos anos?!
Saliento o seguinte da notícia:
"Trata-se de uma iniciativa inédita na investigação criminal de acidentes, dado que não existe nenhuma força policial com uma estrutura própria do género", diz fonte da BT, adiantando que, "nos tempos que vão correndo, somos o único país da Europa onde isso ainda acontece". [...]
"Na prática, as equipas vão funcionar como as de investigação criminal da Polícia Judiciária quando chegam ao local onde ocorreu um homicídio. Podem recolher informações tão específicas como a dos rastos de travagem ou a qualidade dos pneus dos carros envolvidos no acidente. Actualmente, segundo a BT, "não há um trabalho científico" nesta área. Quando os agentes são chamados ao local de um acidente recolhem elementos para o Boletim Estatístico de Acidentes de Viação e, no caso de haver mortos ou queixa por parte de feridos graves, elaboram um auto de notícia para o tribunal." [...]
"Para atacar os efeitos [da sinistralidade] é preciso saber quais as causas." Claro, obviamente. Cura sem diagnóstico só mesmo por sorte. E só em Junho é que vamos começar a agir em conformidade, passados tantos anos?!
quinta-feira, janeiro 22
liberdade de imprensa e internet II
Escrevi abaixo sobre liberdade de imprensa e internet, referindo de forma simplista que os custos da internet são baixos. Mas não estava a ver bem a complexidade do problema. Não é difícil antever um cenário em que se volte aos anos cinquenta de Aldous Huxley. Os fornecedores de serviços de rede já cobram pelo volume de tráfego e os lugares mais visitados têm de pagar mais. Para continuar, ou até apenas sobreviver, é necessário recorrer a donativos, assinaturas, pagamento de conteúdos e publicidade. Outras soluções criativas haverá, mas, se quem fornece os serviços de rede começar a aumentar os preços de forma incomportável e a publicidade começar a influenciar os conteúdos, lá estaremos de novo nos anos cinquenta!
Dei conta disto ao visitar o Weblog em Portugal criado pelo Paulo Querido, que tem feito um trabalho excelente e que está a aceitar donativos para ajudar a pagar as contas da popularidade. Também o nosso servidor de comentários se debate com o dilema de aceitar donativos para poder continuar a ser generoso e contribuir para a liberdade de todos.
Dei conta disto ao visitar o Weblog em Portugal criado pelo Paulo Querido, que tem feito um trabalho excelente e que está a aceitar donativos para ajudar a pagar as contas da popularidade. Também o nosso servidor de comentários se debate com o dilema de aceitar donativos para poder continuar a ser generoso e contribuir para a liberdade de todos.
A incerteza dos Abba
Mas o que é que eu hei-de vestir hoje?
A certeza da Aba
Não somos estes (com ou sem bigode).
Recuperámos os comentários antigos...
... e as incertezas já funcionam outra vez nos dois sentidos. "Nós, os Abas que aqui estamos, pelas vossas incertezas esperamos." (mas onde é que eu já ouvi isto?)
quarta-feira, janeiro 21
Proto-bloguismo
JPP procura "uma espécie de genealogia do tipo de escrita dos blogues", tendo ido buscar os cadernos de Camus e de Valery como exemplo de escrita que tem algumas semelhanças com os blogues actuais. Eu dou aqui a minha humilde contribuição. É de mau gosto, mas que diabo, é o proto-blogue por excelência! Ele existe desde tempos imemoriais e é ubíquo hoje em dia. Dei conta de que era um proto-blogue quando entrei num deles e comecei a ler os posts, alguns engraçados. Os posts podem estar assinados ou não, tipicamente são textos muito curtos, de vários autores, podem ter imagens, estão datados ou não, lêem-se por qualquer ordem e podem ser comentados por vários leitores, tal como na maioria dos blogues. Têm links (tipicamente números de telemóvel), mas não têm links para outros proto-blogues. A audiência é de alguns leitores por dia. Sim, refiro-me às portas e paredes dos WC's públicos.
terça-feira, janeiro 20
Liberdade de imprensa, internet e conversa fiada
Aldous Huxley chama a atenção, no Regresso ao Admirável Mundo Novo (1957), para o facto de nos anos cinquenta do século XX já não haver a liberdade de expressão que havia no início do século. Nessa altura, segundo Huxley, todos os países democráticos se podiam orgulhar de ter um grande número de pequenos jornais, nos quais milhares de editores exprimiam milhares de opiniões diferentes. Nos anos ciquenta, embora a imprensa fosse legalmente livre, os custos do papel e da impressão eram demasiado grandes para os pequenos.
Chegámos ao final do século XX com o mesmo problema, muito embora com algumas variações. De facto, embora actualmente os elevados custos de impressão dos anos cinquenta sejam parcialmente evitados com os novos meios de edição, num mundo massificado e controlado pela publicidade, como é o de hoje, o que é difícil de obter é visibilidade. Usando uma imagem, antigamente os barcos pequenos não podiam navegar devido aos elevados custos de manutenção, hoje podem navegar, sim senhor, mas ninguém os vê no meio de enormes paquetes cheios de luzes e apitos.
Agora, com a Internet, este problema parece ter deixado existir. Os custos são quase nulos, a visibilidade consegue-se via mail e motores de busca, pelas citações, de boca em boca, de link em link, e nisso os blogues são paradigmáticos. O principal problema, da Internet, do qual Aldous Huxley também falou, embora a propósito dos media, é o grande potencial de distracção e alienação do homem. As notícias, a informação, a propaganda, já não são necessariamente falsas ou verdadeiras, podem ser também irreais e irrelevantes. As opiniões e as análises já não são apenas boas ou más, lógicas ou falaciosas, são também, muitas vezes, apenas tagarelice.
Chegámos ao final do século XX com o mesmo problema, muito embora com algumas variações. De facto, embora actualmente os elevados custos de impressão dos anos cinquenta sejam parcialmente evitados com os novos meios de edição, num mundo massificado e controlado pela publicidade, como é o de hoje, o que é difícil de obter é visibilidade. Usando uma imagem, antigamente os barcos pequenos não podiam navegar devido aos elevados custos de manutenção, hoje podem navegar, sim senhor, mas ninguém os vê no meio de enormes paquetes cheios de luzes e apitos.
Agora, com a Internet, este problema parece ter deixado existir. Os custos são quase nulos, a visibilidade consegue-se via mail e motores de busca, pelas citações, de boca em boca, de link em link, e nisso os blogues são paradigmáticos. O principal problema, da Internet, do qual Aldous Huxley também falou, embora a propósito dos media, é o grande potencial de distracção e alienação do homem. As notícias, a informação, a propaganda, já não são necessariamente falsas ou verdadeiras, podem ser também irreais e irrelevantes. As opiniões e as análises já não são apenas boas ou más, lógicas ou falaciosas, são também, muitas vezes, apenas tagarelice.
segunda-feira, janeiro 19
Ano Novo
A passagem do ano já foi há muito tempo, dirão. É, de facto, o Ano Novo ocidental começou no dia 1 de Janeiro. Mas o Ano Novo ortodoxo começou no dia 13, enquanto o Ano Novo chinês começará lá para o dia 22 de Janeiro. O primeiro de Muharram islâmico será 22 de Fevereiro enquanto o Tísri hebraico terá sido no dia 27 de Setembro de 2003. Todos os dias passa o ano. Hoje também, claro.
Intermezzo relativístico
Este blogue além de se vestir de incerteza quântica, se calhar também sofre de efeitos relativísticos. Paradoxalmente, ou talvez não, que isso é que é o vulgar no nosso mundo sensível, não se atrasa por andar perto da velocidade da luz. Não, não, atrasa-se é por andar muito devagar...
Passagem de ano para o povo e mais do mesmo...
Na Praça da República, na passagem do ano organizada pela Câmara Municipal de Coimbra, o João Melo, dos Fúria do Açúcar, a declamar "pirilampos que do cume saem" e a cantar "caga nisso" e "que porra". A narrar estafadas estórias sem graça sobre lenços de papel reciclado que ao serem usados para "limpar uma lágrima do canto do olho poderiam já ter sido usados para limpar outro olho" e, na falta de algo mais imaginativo, a tentar prender o público com Benficas, Sportings e Briosas. Enquanto ouvia tudo isto, indiferente ao seu conteúdo e só ligeiramente enjoado, tive a certeza de que já há demasiada gente a cultivar a escatologia e a expressão livre dos instintos mais baixos. E que, se em algum momento ser grosseiro foi uma forma de protesto, já não o é agora de certeza, pois a grosseria está em todo o lado, em especial na televisão, nos estádios e nos espectáculos populares. Dir-se-ia que é para manter a turba ocupada e as pessoas cultas afastadas que, junto com a morbidez dos crimes e casos mais ou menos fabricados pela comunicação social, se fornece ao povo estes espectáculos absolutamente baixos e ridículos!
Nesse mesmo dia, pela tarde, na rádio, uma senhora o que mais desejava para o próximo ano era "castigo para os pedófilos!" e quando o locutor lhe perguntou se não desejava também saúde a senhora que "sim, sim, mas o que desejo mesmo é castigo para os pedófilos!..." Em seguida, outro ouvinte, desejou que a selecção portuguesa tivesse bons resultados e também "castigo para os pedófilos". Das várias pessoas ouvidas só dei conta de uma pedir mais atenção para com os pobres e com os trabalhadores.
Aproveitando os tradicionais pedidos das passagens de ano, o que mais desejo para este país é mais cultura, mais educação (no sentido nobre, embora mais urbanidade já não fosse mau), mais inteligência e mais espírito crítico.
Nesse mesmo dia, pela tarde, na rádio, uma senhora o que mais desejava para o próximo ano era "castigo para os pedófilos!" e quando o locutor lhe perguntou se não desejava também saúde a senhora que "sim, sim, mas o que desejo mesmo é castigo para os pedófilos!..." Em seguida, outro ouvinte, desejou que a selecção portuguesa tivesse bons resultados e também "castigo para os pedófilos". Das várias pessoas ouvidas só dei conta de uma pedir mais atenção para com os pobres e com os trabalhadores.
Aproveitando os tradicionais pedidos das passagens de ano, o que mais desejo para este país é mais cultura, mais educação (no sentido nobre, embora mais urbanidade já não fosse mau), mais inteligência e mais espírito crítico.
domingo, janeiro 18
Tanta incerteza e tão pouco tempo...
Os homens ocos
Somos os homens ocos
Somos os homens atulhados
A definhar juntos
Cascos repletos de palha. Ai!
As nossas vozes mirradas, quando
Sussurramos juntos
São silenciosas e sem sentido
Como vento em vidro enxuto
Ou patas de rato em vidro partido
No nosso árido cubículo
Formato sem forma, tonalidade sem cor
Poder paralizado, gesto sem movimento
Não estão aqui os olhos
Não há olhos aqui
Neste vale de estrelas moribundas
Neste vale vazio
Esta garganta partida dos nossos reinos perdidos
Neste final de lugar de encontro
Nós tacteamos juntos
E evitamos a linguagem
Reunidos nesta praia do túmido rio
Entre a ideia
E a realidade
Entre o gesto
E o acto
Cai a Sombra
Entre a concepção
E a criação
Entre a emoção
E a réplica
Cai a Sombra
Entre o desejo
E o espasmo
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
E a linhagem
Cai a Sombra
Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Não com um estrondo mas com uma lamúria
"The Hollow Men" de T.S. Eliot
(tradução pessoal, mais ou menos livre, de alguns versos)
Somos os homens ocos
Somos os homens atulhados
A definhar juntos
Cascos repletos de palha. Ai!
As nossas vozes mirradas, quando
Sussurramos juntos
São silenciosas e sem sentido
Como vento em vidro enxuto
Ou patas de rato em vidro partido
No nosso árido cubículo
Formato sem forma, tonalidade sem cor
Poder paralizado, gesto sem movimento
Não estão aqui os olhos
Não há olhos aqui
Neste vale de estrelas moribundas
Neste vale vazio
Esta garganta partida dos nossos reinos perdidos
Neste final de lugar de encontro
Nós tacteamos juntos
E evitamos a linguagem
Reunidos nesta praia do túmido rio
Entre a ideia
E a realidade
Entre o gesto
E o acto
Cai a Sombra
Entre a concepção
E a criação
Entre a emoção
E a réplica
Cai a Sombra
Entre o desejo
E o espasmo
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
E a linhagem
Cai a Sombra
Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Não com um estrondo mas com uma lamúria
"The Hollow Men" de T.S. Eliot
(tradução pessoal, mais ou menos livre, de alguns versos)
quinta-feira, janeiro 15
A incerteza dos comentários
O comentador que estávamos a usar, o Marcelo Blogspeak, perdeu o pio. Diz que não perdemos os comentários, por isso aguardamos pacientemente o domingo à noite seu regresso.
terça-feira, janeiro 13
Dar o benefício da dúvida
Num ano, o número de mortos na estrada diminuiu de 20% em França. Passaram de 7 242 em 2002 para 5 732 em 2003. 1510 vidas foram salvas. Esta impressionante redução acentuou fortemente a tendência dos últimos anos de reduzir a sinistralidade (em 2002 tinha havido menos 500 mortos e no longínquo ano de 1972 mais de 16000 pessoas tinham morrido nas estradas francesas).
As causas apontadas para tão drástica redução? O "medo da polícia", com a colocação de radares automáticos, reforço do controlo da velocidade e da alcoolemia, aumento de repressão:
La peur du gendarme, avec la mise en place de radars automatiques sur les routes début novembre 2003, a eu un effet dissuasif. Elle a conduit les Français à réduire sensiblement leur vitesse et en conséquence à faire baisser le nombre des accidents.
(Le Monde, 12 Jan 2004)
Em Portugal, onde a sinistralidade rodoviária é cerca do dobro da da comunidade europeia, o plano rodoviário tem como objectivo reduzir em 50% o número de mortes até 2010. Em face dos números franceses, pergunto-me se o plano é assim tão ambicioso: se atingirmos o objectivo, apenas chegaremos à média europeia (de 2003) em 2010. Até lá, de quanto terá diminuído a média europeia?
As pessoas têm de mudar o seu comportamento na estrada. Reduzir a velocidade, beber menos, etc etc. E as autoridades têm de apertar a fiscalização (que condiciona os comportamentos) e tornar as estradas mais seguras (um objectivo ao nosso alcance, haja vontade - não queiramos comparar as nossas estradas às francesas!).
Que diabo, o objectivo prioritário do governo não poderia ser o de reduzir drasticamente o número de mortes na estrada? E nós, os nossos objectivos pessoais, as nossas resoluções para este ano, não poderiam incluir o respeito pela lei quando estamos ao volante, refreeando a sede de velocidade e evitando andar sempre atrasados? E os que não acreditam que a velocidade excessiva é uma causa importante de acidentes, não poderiam ter a humildade de dar o benefício da dúvida e fazer a experiência de durante este ano conduzir à mesma velocidade dos restantes, sem pressas e abaixo dos limites? É uma seca, eu sei, mas se no final do ano houvesse uma redução de 20% do número de mortes isso não seria uma recompensa mais do que suficiente?
As causas apontadas para tão drástica redução? O "medo da polícia", com a colocação de radares automáticos, reforço do controlo da velocidade e da alcoolemia, aumento de repressão:
La peur du gendarme, avec la mise en place de radars automatiques sur les routes début novembre 2003, a eu un effet dissuasif. Elle a conduit les Français à réduire sensiblement leur vitesse et en conséquence à faire baisser le nombre des accidents.
(Le Monde, 12 Jan 2004)
Em Portugal, onde a sinistralidade rodoviária é cerca do dobro da da comunidade europeia, o plano rodoviário tem como objectivo reduzir em 50% o número de mortes até 2010. Em face dos números franceses, pergunto-me se o plano é assim tão ambicioso: se atingirmos o objectivo, apenas chegaremos à média europeia (de 2003) em 2010. Até lá, de quanto terá diminuído a média europeia?
As pessoas têm de mudar o seu comportamento na estrada. Reduzir a velocidade, beber menos, etc etc. E as autoridades têm de apertar a fiscalização (que condiciona os comportamentos) e tornar as estradas mais seguras (um objectivo ao nosso alcance, haja vontade - não queiramos comparar as nossas estradas às francesas!).
Que diabo, o objectivo prioritário do governo não poderia ser o de reduzir drasticamente o número de mortes na estrada? E nós, os nossos objectivos pessoais, as nossas resoluções para este ano, não poderiam incluir o respeito pela lei quando estamos ao volante, refreeando a sede de velocidade e evitando andar sempre atrasados? E os que não acreditam que a velocidade excessiva é uma causa importante de acidentes, não poderiam ter a humildade de dar o benefício da dúvida e fazer a experiência de durante este ano conduzir à mesma velocidade dos restantes, sem pressas e abaixo dos limites? É uma seca, eu sei, mas se no final do ano houvesse uma redução de 20% do número de mortes isso não seria uma recompensa mais do que suficiente?
domingo, janeiro 11
Descubra as diferenças e as semelhanças
Avalanche de penas
Numa praça, agarrei nuns pequenos grãos milho de pipoca que alguém tinha esquecido e que, estranhamente, tinham passado despercebido aos pombos que andavam por ali perto. Estavam à mão de semear: atirei 4 grãos para a calçada, houve certamente um "tic, tic, tic, tic", imperceptível para mim.
1. Os pombos mais próximos precipitaram-se imediatamente para os grãos.
2. Os que esgravatavam o chão mais longe, aperceberam-se do esvoaçar dos primeiros e voaram logo para a confusão.
3. Os que estavam nas árvores em redor, avistaram o burburinho e engalfinharam-se logo a seguir.
O ínfimo som de 4 grãos que mal se vêem gerou uma avalanche de uma centena de pombos. Que outros fenómenos de amplificação espontânea de sinal existem na natureza? E que aplicações para o Homem poderão ter?
1. Os pombos mais próximos precipitaram-se imediatamente para os grãos.
2. Os que esgravatavam o chão mais longe, aperceberam-se do esvoaçar dos primeiros e voaram logo para a confusão.
3. Os que estavam nas árvores em redor, avistaram o burburinho e engalfinharam-se logo a seguir.
O ínfimo som de 4 grãos que mal se vêem gerou uma avalanche de uma centena de pombos. Que outros fenómenos de amplificação espontânea de sinal existem na natureza? E que aplicações para o Homem poderão ter?
sexta-feira, janeiro 2
Compreender o problema
Há que procurar entender o ponto de vista de quem excede os limites de velocidade.
Distingo diferentes níveis de desrespeito dos limites:
1. Há quem procure de todo não os exceder, podendo acontecer que o faça esporadicamente, por exemplo porque está atrasado (a pontualidade nunca foi o nosso forte) ou porque não reparou que ia demasiado depressa (isso é fácil de acontecer com o aumento de potência dos veículos e com a melhoria das estradas).
2. Há quem exceda os limites porque acha que não terá problemas com a polícia por andar uns 20-30 km/h acima do limite.
3. Há quem ultrapasse a velocidade por exemplo 40-60 km/h acima da máxima porque se acha bom condutor, julga que conhece perfeitamente os riscos (e acha que os polícias fazem caça à multa nestes casos) ou, simplesmente, porque não tem paciência para ir devagar (a recta é grande, nunca mais se chega à curva...).
4. Há quem exceda os limites de velocidade por exemplo 70 km/h ou mais porque tem um carro potente (ver o post abaixo) e/ou porque gosta da velocidade (satisfaz, alivia, excita) e/ou de infringir as leis. Incluem-se aparentemente neste grupo pessoas como as que reagem deste modo quando se acaba com os downloads de filmes sobre Street Racing ou que fazem/frequentam sites como este e este (é interessante ver os fóruns para se compreender as motivações das pessoas).
Haverá certamente outras situações correspondentes a diferentes misturas das razões acima (e de outras que não me lembro ou que desconheço) que levam a que se queira andar depressa, não se devendo pôr tudo no mesmo saco. Cada caso requer formas diferentes de lidar com as pessoas, estratégias de convencimento diferentes, níveis de repressão adaptados ao grau de excesso de velocidade e ao número de vezes que se repete a infracção. O objectivo é o de substituir estas diferentes culturas de velocidade, que tão disseminadas estão na nossa sociedade, por culturas de responsabilidade, de segurança e de respeito pelos outros e pelas leis. É um problema complicado mas, como todos os problemas, tem de ser compreendido na sua totalidade e atacado em todas as suas vertentes, para poder ser efectivamente resolvido.
Distingo diferentes níveis de desrespeito dos limites:
1. Há quem procure de todo não os exceder, podendo acontecer que o faça esporadicamente, por exemplo porque está atrasado (a pontualidade nunca foi o nosso forte) ou porque não reparou que ia demasiado depressa (isso é fácil de acontecer com o aumento de potência dos veículos e com a melhoria das estradas).
2. Há quem exceda os limites porque acha que não terá problemas com a polícia por andar uns 20-30 km/h acima do limite.
3. Há quem ultrapasse a velocidade por exemplo 40-60 km/h acima da máxima porque se acha bom condutor, julga que conhece perfeitamente os riscos (e acha que os polícias fazem caça à multa nestes casos) ou, simplesmente, porque não tem paciência para ir devagar (a recta é grande, nunca mais se chega à curva...).
4. Há quem exceda os limites de velocidade por exemplo 70 km/h ou mais porque tem um carro potente (ver o post abaixo) e/ou porque gosta da velocidade (satisfaz, alivia, excita) e/ou de infringir as leis. Incluem-se aparentemente neste grupo pessoas como as que reagem deste modo quando se acaba com os downloads de filmes sobre Street Racing ou que fazem/frequentam sites como este e este (é interessante ver os fóruns para se compreender as motivações das pessoas).
Haverá certamente outras situações correspondentes a diferentes misturas das razões acima (e de outras que não me lembro ou que desconheço) que levam a que se queira andar depressa, não se devendo pôr tudo no mesmo saco. Cada caso requer formas diferentes de lidar com as pessoas, estratégias de convencimento diferentes, níveis de repressão adaptados ao grau de excesso de velocidade e ao número de vezes que se repete a infracção. O objectivo é o de substituir estas diferentes culturas de velocidade, que tão disseminadas estão na nossa sociedade, por culturas de responsabilidade, de segurança e de respeito pelos outros e pelas leis. É um problema complicado mas, como todos os problemas, tem de ser compreendido na sua totalidade e atacado em todas as suas vertentes, para poder ser efectivamente resolvido.
"Surpresa com Honda S2000"
[excerto de um tópico de fórum, que se pode ler na totalidade aqui]
F. - Pessoal do forum, não tenho palavras...sem eu saber os meus pais, mesmo antes de fazer os ultimos exames, encomendaram-me o S2000 preto com HT e acaba de chegar esta semana, assim levanto-o na semana que vem...embora eu tivesse duvidas, parece que a minha girl sabia que eu tendia mais para o S2000 em vez do S3 e ai está ele. No entanto, agradeço todas as opiniões, que ainda bem foram a favor do S2000 e agora é esperar até 3º ou 4º feira para o levantar. Até tenho passado as noites em claro, e amanha vou lá vê-lo, embora ainda com os plásticos. Tinha de partilhar uma experiência destas convosco.
Obrigado pelas opiniões... [...]
M. - Caro F.: Calculo o que deves estar a sentir. Os meus pais ofereceram-me um S2000 o ano passado, quando fiz 18 anos e entrei para Economia na Lusíada.Apesar de pessoalmente gostar mais do SLK na altura, hoje, oito meses passados, considero o S2000 bem mais exclusivo e é espectacular!! Mal o fui buscar à Garabem Atlas, ali na Lapa, dirigi-me para a Vasco da Gama e acelerei a fundo. O conta quilómetros só parou nos 273!! O barulho é soberbo, o comportamento é excelente. Manda-me um e-mail para combinar-mos um picanço, para veres o que é que esse carro anda. Sugestão do percurso para o picanço: VG, AE até Setúbal, Serra da Arrábida, estradões em terra na zona do Meco ( não estragam o carro e são espectaculares para as atravessadelas...), 25 de Abril. Faço este percurso pelo menos uma vez por mês para desenferrujar as mãos e o pópó... Dá notícias Um abraço do M. PS: As miúdas adoram o carro, é pena só se poder levar uma de cada vez... [...]
ML. - Os meus parabéns pelo teu curso...fazes bem em acabá-lo! Parabéns pelo carro também..:)) .Aproveita-o bem...mas...mas....tudo tem sempre um mas. N me cabe a mim dar-te algum conselho nem nada parecido.Já tens idade suficiente para saber uke fazes.Apenas te keria comunicar k n transformes uma coisa boa, numa coisa má.Um carro desses nas mãos, tem por vezes, que se ter muita calma.Digo isto pk já tive um S2000.Por questões profissionais,tive de mudar de veículo.Uma brincadeira ou outra na estrada é engraçado...é giro...dá para descontrair.Mas tudo o que é demais enjoa!!Acho k com o tempo vais perceber....apenas te keria dizer para n ligares mt a uma mensagem k aki vi.Penso k é do M. .opá...andar depressa...de vez em kuando é bom..mas muito cuidado.Infelizmente já tive amigos k tiveram fins tristes, devido a acidentes infelizes.N quero agoirar..longe de mim!!Só que penso, k um gajo (M.) dão-lhe este carro e acelera até 273 (embora ele na realidade n vá a essa velocidade)na Vasco da Gama...n é prenuncio dum gajo com muito respeito pelos outros.Até pela conversa dele, deve ser um gajo peneirento, k ter um carro dakeles é tudo na vida.Quanto a picanços.Looooll...tu éke sabes.....desde k sejam em lugares onde se alguma coisa acontecer(espero k n) n implike alguém alheio!!O k dá gozo é n alinhar por vezes no picanço.Ainda ficam mais f...Agora a serio:eu vou ao Algarve todas as semanas.Vou e venho no mm dia.Só te digo; a merda k eu vejo na estrada, até dava para um filme de terror.Há verdadeiros gajos sem o minimo respeito por ng, do mais altruísta possível;verdadeiros --ASPA--assassinos--ASPA--.Aproveita o carro,diverte-te.Mas pensa numa coisa:ele só te servirá para alguma coisa se tu estiveres bem.Quanto a ele dar azo a k muita miúdas se interessem:LLLOOOLLLL.Se te kiserem só pelo carro, manda-as dar uma --ASPA--curva--ASPA--.Gajas interesseiras....arrrrggggghhhh. Looll Epá.K seca de mensagem, mas foi uke me ia na alma. Diverte-te, mas aproveita como deve de ser. [...]
F. - Pessoal do forum, não tenho palavras...sem eu saber os meus pais, mesmo antes de fazer os ultimos exames, encomendaram-me o S2000 preto com HT e acaba de chegar esta semana, assim levanto-o na semana que vem...embora eu tivesse duvidas, parece que a minha girl sabia que eu tendia mais para o S2000 em vez do S3 e ai está ele. No entanto, agradeço todas as opiniões, que ainda bem foram a favor do S2000 e agora é esperar até 3º ou 4º feira para o levantar. Até tenho passado as noites em claro, e amanha vou lá vê-lo, embora ainda com os plásticos. Tinha de partilhar uma experiência destas convosco.
Obrigado pelas opiniões... [...]
M. - Caro F.: Calculo o que deves estar a sentir. Os meus pais ofereceram-me um S2000 o ano passado, quando fiz 18 anos e entrei para Economia na Lusíada.Apesar de pessoalmente gostar mais do SLK na altura, hoje, oito meses passados, considero o S2000 bem mais exclusivo e é espectacular!! Mal o fui buscar à Garabem Atlas, ali na Lapa, dirigi-me para a Vasco da Gama e acelerei a fundo. O conta quilómetros só parou nos 273!! O barulho é soberbo, o comportamento é excelente. Manda-me um e-mail para combinar-mos um picanço, para veres o que é que esse carro anda. Sugestão do percurso para o picanço: VG, AE até Setúbal, Serra da Arrábida, estradões em terra na zona do Meco ( não estragam o carro e são espectaculares para as atravessadelas...), 25 de Abril. Faço este percurso pelo menos uma vez por mês para desenferrujar as mãos e o pópó... Dá notícias Um abraço do M. PS: As miúdas adoram o carro, é pena só se poder levar uma de cada vez... [...]
ML. - Os meus parabéns pelo teu curso...fazes bem em acabá-lo! Parabéns pelo carro também..:)) .Aproveita-o bem...mas...mas....tudo tem sempre um mas. N me cabe a mim dar-te algum conselho nem nada parecido.Já tens idade suficiente para saber uke fazes.Apenas te keria comunicar k n transformes uma coisa boa, numa coisa má.Um carro desses nas mãos, tem por vezes, que se ter muita calma.Digo isto pk já tive um S2000.Por questões profissionais,tive de mudar de veículo.Uma brincadeira ou outra na estrada é engraçado...é giro...dá para descontrair.Mas tudo o que é demais enjoa!!Acho k com o tempo vais perceber....apenas te keria dizer para n ligares mt a uma mensagem k aki vi.Penso k é do M. .opá...andar depressa...de vez em kuando é bom..mas muito cuidado.Infelizmente já tive amigos k tiveram fins tristes, devido a acidentes infelizes.N quero agoirar..longe de mim!!Só que penso, k um gajo (M.) dão-lhe este carro e acelera até 273 (embora ele na realidade n vá a essa velocidade)na Vasco da Gama...n é prenuncio dum gajo com muito respeito pelos outros.Até pela conversa dele, deve ser um gajo peneirento, k ter um carro dakeles é tudo na vida.Quanto a picanços.Looooll...tu éke sabes.....desde k sejam em lugares onde se alguma coisa acontecer(espero k n) n implike alguém alheio!!O k dá gozo é n alinhar por vezes no picanço.Ainda ficam mais f...Agora a serio:eu vou ao Algarve todas as semanas.Vou e venho no mm dia.Só te digo; a merda k eu vejo na estrada, até dava para um filme de terror.Há verdadeiros gajos sem o minimo respeito por ng, do mais altruísta possível;verdadeiros --ASPA--assassinos--ASPA--.Aproveita o carro,diverte-te.Mas pensa numa coisa:ele só te servirá para alguma coisa se tu estiveres bem.Quanto a ele dar azo a k muita miúdas se interessem:LLLOOOLLLL.Se te kiserem só pelo carro, manda-as dar uma --ASPA--curva--ASPA--.Gajas interesseiras....arrrrggggghhhh. Looll Epá.K seca de mensagem, mas foi uke me ia na alma. Diverte-te, mas aproveita como deve de ser. [...]