sábado, julho 31
de férias e de um jacto
O Nuno vai de férias, o João está de férias, a Isabel foi de férias, o Paulo César encontra-se de férias. Parece que só por aqui estou eu. Não esperem muito, estou sem tempo para figuras e palavras giras. Aliás, estou a limpar as bermas em frente à minha casa. O presidente atirou-me uma pedra por causa disso. Na opinião dele, uma das causas dos incêndios são as bermas. Bem talvez seja também não cuidarmos da floresta nem a usarmos devidamente (ao menos que os seus desperdícios ardessem para produzir energia útil!). E até digo mais, não estou nada preocupado com o aquecimento global, especialmente desde que constatei que essa treta é mais uma forma de os ricos poderem comprar aos pobres o direito de poluir, ficando os pobres ainda mais pobres. É difícil limpar as bermas com o computador na mão, cheio de complexos de culpa, depois da euforia do Euro (vêem até digo lugares comuns). Um dos males deste país deve ser querermos fazer coisas demais ao mesmo tempo. Pois, um dos males deste país é falarmos demais e fazermos de menos. Bem, mais para acusarmos os outros disso. Há por aqui bocados de bandeiras, algumas com castelos-cogumelo, outras ao contrário, vermelho em cima, verde em baixo. Esta gente é mesmo porca. Que é que eu faço aos preservativos usados aqui da berma? E ainda agora diziam que eram os melhores do mundo. Construiram estádios, foram lá, e até festejaram derrotas. Agora com o país a arder tavez façam contas estádios-submarinos-aviões ou talvez não. Papéis de bolachas, um rádio estragado, uma carteira sem nada. Senhor presidente pare de me atirar pedras. Eu só tenho um ansinho e uma mangueira de jardim. E foram todos de férias.
(Podem ver este texto ilustrado com uma figura de bandeira portuguesa, verde das árvores em baixo, vermelho fogo em cima, ouro apito dourado no meio. Agora não tenho tempo para desenhar...)
(Podem ver este texto ilustrado com uma figura de bandeira portuguesa, verde das árvores em baixo, vermelho fogo em cima, ouro apito dourado no meio. Agora não tenho tempo para desenhar...)
Santos dias
Este blogger vai de férias. Quando olha para este quadro, apenas vê uma passadeira que conduz à água do mar. Se o caro leitor vê o mesmo, talvez seja melhor ir também.
Paul Klee, "Highway and Byways", 1929.
Paul Klee, "Highway and Byways", 1929.
sexta-feira, julho 30
Aide-mémoire II
"Quando, mais tarde nessa reunião [no 11 de Setembro], o Secretário Rumsfeld fez notar que o direito internacional permitia o uso da força unicamente para prevenir futuros ataques e não como forma de retaliação, Bush quase que arrancava a cabeça.
- Não - gritou o Presidente na pequena sala de conferências, - Não me interessa o que dizem os peritos em direito internacional, nós vamos é dar cabo deles!"
in "Contra todos os inimigos - Nos bastidores da Casa Branca", de Richard A. Clarke (foi primeiro responsável americano contra o terrorismo, nos governos de Clinton e Bush, demitindo-se em Março de 2003 por divergências com o actual presidente).
Ainda estou no início do livro, mas isto promete.
- Não - gritou o Presidente na pequena sala de conferências, - Não me interessa o que dizem os peritos em direito internacional, nós vamos é dar cabo deles!"
in "Contra todos os inimigos - Nos bastidores da Casa Branca", de Richard A. Clarke (foi primeiro responsável americano contra o terrorismo, nos governos de Clinton e Bush, demitindo-se em Março de 2003 por divergências com o actual presidente).
Ainda estou no início do livro, mas isto promete.
Aide-mémoire
Excelente, o artigo de MST no Público de hoje. E muito útil: os dois primeiros parágrafos resumem uma série de factos sobre as administrações Bush e Clinton que ando a procurar reter na memória há anos, pois são daquelas coisas de que não nos podemos esquecer. Agora tudo fica mais fácil, temos uma boa cábula para quando for preciso.
quarta-feira, julho 28
Faits divers
Pouco depois da Guerra das Estrelas e da sua Estrela da Morte surgirem nos cinemas, a sonda Voyager enviava esta imagem da lua de Saturno Mimas.
terça-feira, julho 27
Porquê Portugal?
Esta imagem de satélite foi tirada ontem. Porque é que os pontos vermelhos, que correspondem a incêndios, se situam quase exclusivamente em Portugal?
[Imagens: MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC]
[Imagens: MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC]
segunda-feira, julho 26
Deja vu
O ano passado bateu todos os recordes de fogos florestais em Portugal. Para já, neste ano, a área ardida é superior à que tinha ardido em igual período no ano passado.
Em 2003, vimos incêndios como estes,
que deixaram cicatrizes como estas (clique nas imagens para as ver com mais pormenor):
De nada serviram os erros, não aprendemos nada. A Serra da Arrábida arde e ontem só havia um helicóptero a combater as chamas. A prioridade ia para as pessoas e casas, o que se compreende, mas não entendo que não houvesse mais meios para proteger o nosso património natural, cada vez mais desaparecido em combate.
E assim, gradualmente, perdemos ecossistemas únicos, os últimos nichos de verdadeira natureza, e consequentemente a hipótese de aprendermos com eles. Quando desaparecerem de vez, perderemos as referências que nos permitem valorizar a natureza e o ataque final poderá então ter lugar, sem resistência.
[Imagens: MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC]
Em 2003, vimos incêndios como estes,
que deixaram cicatrizes como estas (clique nas imagens para as ver com mais pormenor):
De nada serviram os erros, não aprendemos nada. A Serra da Arrábida arde e ontem só havia um helicóptero a combater as chamas. A prioridade ia para as pessoas e casas, o que se compreende, mas não entendo que não houvesse mais meios para proteger o nosso património natural, cada vez mais desaparecido em combate.
E assim, gradualmente, perdemos ecossistemas únicos, os últimos nichos de verdadeira natureza, e consequentemente a hipótese de aprendermos com eles. Quando desaparecerem de vez, perderemos as referências que nos permitem valorizar a natureza e o ataque final poderá então ter lugar, sem resistência.
[Imagens: MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC]
sábado, julho 24
Onda de Calor
Na onda de calor que assolou o país em 2003, estima-se que terão ocorrido cerca de 2000 óbitos em excesso (relativamente a uma época normal), como se pode ler neste relatório. Prevê-se para os próximos dias nova onda de calor, possivelmente não tão forte, mas há que prevenir.
No site da Direcção-Geral da Saúde pode ler-se:
Importa proteger as pessoas mais vulneráveis ao calor (pessoas idosas, acamadas ou que vivem isoladas, bebés e crianças), pelo que se alerta as unidades de saúde, as instituições sociais, os familiares e vizinhos para a necessidade de apoio e ajuda a estas pessoas para se protegerem do calor.
Aconselha-se a população a evitar esforços físicos, a exposição directa ao sol nas horas de maior calor (entre as 11 horas e as 16 horas), a procurar locais frescos e climatizados, a ingerir mais líquidos evitando as bebidas alcoólicas, açucaradas, gaseificadas e com cafeína, porque podem provocar desidratação. As pessoas com doenças crónicas ou a fazer dietas com pouco sal ou com restrição de líquidos, deverão aconselhar-se com o seu médico.
Para mais informações, consulte as Recomendações no site da DGS e/ou telefone para a Linha Saúde Pública (808 211 311).
Este folheto informativo poderá também ser útil.
No site da Direcção-Geral da Saúde pode ler-se:
Importa proteger as pessoas mais vulneráveis ao calor (pessoas idosas, acamadas ou que vivem isoladas, bebés e crianças), pelo que se alerta as unidades de saúde, as instituições sociais, os familiares e vizinhos para a necessidade de apoio e ajuda a estas pessoas para se protegerem do calor.
Aconselha-se a população a evitar esforços físicos, a exposição directa ao sol nas horas de maior calor (entre as 11 horas e as 16 horas), a procurar locais frescos e climatizados, a ingerir mais líquidos evitando as bebidas alcoólicas, açucaradas, gaseificadas e com cafeína, porque podem provocar desidratação. As pessoas com doenças crónicas ou a fazer dietas com pouco sal ou com restrição de líquidos, deverão aconselhar-se com o seu médico.
Para mais informações, consulte as Recomendações no site da DGS e/ou telefone para a Linha Saúde Pública (808 211 311).
Este folheto informativo poderá também ser útil.
quinta-feira, julho 22
Distrações e diabolizações
Há muito a criticar quando temos o "estilo Santana" à frente do governo, mas há que não diabolizar o homem, que diabo! Pela simples razão de que ele não é Satanás e parecerá sempre bonzinho na comparação. E não tenhamos dúvidas: Santana Lopes irá tomar algumas medidas muito boas, pois não é burro nenhum e irá pôr muita gente a achar que afinal ele não é tão mau quanto diziam, isto lá para a altura das eleições (sobretudo face à alternativa PS...). Lembremo-nos, por exemplo, que ele acabou com o imbróglio da extracção de areias no areal da Figueira da Foz, que durava à anos, através de uma simples alteração do trânsito na zona, que passou a impedir a passagem dos camiões pesados que iam para a praia...
Quando estive em França, pude apreciar como alguém como Le Pen (que é muito diferente de Santana) consegue manter tais taxas de popularidade. Havia muitas razões para isso, não as vou detalhar, mas uma delas era a crítica cerrada a que estava sistematicamente sujeito pela esquerda, crítica essa exagerada e desproporcionada, perdendo-se por vezes em pormenores e esquecendo o essencial. Não me lembro de exemplos concretos, mas sei que bastava Le Pen abrir a boca para a esquerda em peso cair em cima dele como o Carmo e a Trindade, o que servia sistematicamente para amplificar gratuitamente o discurso de Le Pen junto da direita mais receptiva.
Santana Lopes tem uma capacidade infinita de nos distrair e entreter, deixando-nos a olhar para o lado errado e impedindo-nos de ver o importante. Como ninguém, põe-nos a discutir as ideias mais tolas, como a deslocalização dos ministérios, ou a criticar o nada, ao estilo das revistas cor-de-rosa (por falar nisso, repararam, há uns dias atrás, na gravata cor-de-rosa que ele trazia ao sair da audiência com o presidente, quando deu aquela conferência de imprensa... oh, lá estou eu, percebem o que quero dizer?).
Na Figueira da Foz, pôs todos a falar das palmeiras e exibia já uma visível obsessão por cartazes, ao mesmo tempo que conseguia com que ninguém reparasse no atraso de sempre nas aldeias em redor ou sequer nos quilómetros de sinalização da auto-estrada escandalosamente apagados mesmo à saída da cidade, durante anos. Enquanto lá esteve na câmara, tentou construir campos de golfe em zonas protegidas, levou o caos da urbanização (ver fotos na Klepsydra) a locais nunca antes imaginados, e daí talvez sim, como a orla da Serra da Boa-Viagem, deixou as finanças da câmara numa confusão, como agora em Lisboa, etc.
No fundo, a regra não podia ser mais simples: enquanto estamos a olhar para um lado, não olhamos para o outro, não é verdade?
Quando estive em França, pude apreciar como alguém como Le Pen (que é muito diferente de Santana) consegue manter tais taxas de popularidade. Havia muitas razões para isso, não as vou detalhar, mas uma delas era a crítica cerrada a que estava sistematicamente sujeito pela esquerda, crítica essa exagerada e desproporcionada, perdendo-se por vezes em pormenores e esquecendo o essencial. Não me lembro de exemplos concretos, mas sei que bastava Le Pen abrir a boca para a esquerda em peso cair em cima dele como o Carmo e a Trindade, o que servia sistematicamente para amplificar gratuitamente o discurso de Le Pen junto da direita mais receptiva.
Santana Lopes tem uma capacidade infinita de nos distrair e entreter, deixando-nos a olhar para o lado errado e impedindo-nos de ver o importante. Como ninguém, põe-nos a discutir as ideias mais tolas, como a deslocalização dos ministérios, ou a criticar o nada, ao estilo das revistas cor-de-rosa (por falar nisso, repararam, há uns dias atrás, na gravata cor-de-rosa que ele trazia ao sair da audiência com o presidente, quando deu aquela conferência de imprensa... oh, lá estou eu, percebem o que quero dizer?).
Na Figueira da Foz, pôs todos a falar das palmeiras e exibia já uma visível obsessão por cartazes, ao mesmo tempo que conseguia com que ninguém reparasse no atraso de sempre nas aldeias em redor ou sequer nos quilómetros de sinalização da auto-estrada escandalosamente apagados mesmo à saída da cidade, durante anos. Enquanto lá esteve na câmara, tentou construir campos de golfe em zonas protegidas, levou o caos da urbanização (ver fotos na Klepsydra) a locais nunca antes imaginados, e daí talvez sim, como a orla da Serra da Boa-Viagem, deixou as finanças da câmara numa confusão, como agora em Lisboa, etc.
No fundo, a regra não podia ser mais simples: enquanto estamos a olhar para um lado, não olhamos para o outro, não é verdade?
quarta-feira, julho 21
Rir é o melhor remédio
As cidades despejam e o ambiente é que sofre. Até aqui nada de novo. Gostei foi deste pedaço (da notícia do 1º link):
"Arnaut terá argumentado com Nobre Guedes que, como o Ministério se chamava, nos últimos dois anos, das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente, a prioridade é dele. "
O ambiente está assim em último, uma vez mais, mas ao contrário do que diz o ditado, não será quem se ri melhor.
"Arnaut terá argumentado com Nobre Guedes que, como o Ministério se chamava, nos últimos dois anos, das Cidades, do Ordenamento do Território e do Ambiente, a prioridade é dele. "
O ambiente está assim em último, uma vez mais, mas ao contrário do que diz o ditado, não será quem se ri melhor.
domingo, julho 11
A minha wishlist: a base de dados anti-fa(nto)chada
Seria uma base de dados de candidatos a eleições que me permitisse, de uma forma simples e rápida, saber:
- que candidatos desistiram do cargo para que foram eleitos,
- porque razão desistiram,
- quanto tempo estiveram no cargo até desistir,
- todos os cargos que ocuparam em vez daquele para que foram eleitos,
- em que partidos ocorreram mais desistências (discriminadas: desistências por impedimento físico seriam facilmente separáveis das restantes),
- já agora, que frases proferiram os candidatos sobre a sua permanência/desistência do cargo e outros factos que ajudem a perceber o que existe por detrás da fachada de cada um.
A base de dados seria acessível pela web e conteria uma entrada por cada candidato que alguma vez tivesse sido eleito, sendo engrossada com novos dados a cada eleição. Não seria possível retirar um candidato da base de dados, ou retirar informações acerca de desistências no passado.
Seria possível, por exemplo através de um código de cores (verde, amarelo, vermelho), saber rapidamente quais são os candidatos que mais facilmente quebram o seu compromisso para com os eleitores. Idem para os partidos que os promovem. Seria por exemplo possível ter uma lista de nomes, por partido, com os candidatos de risco às próximas eleições (i.e., apenas os amarelos ou vermelhos), indicando o círculo eleitoral por onde concorrem. Casos especiais, como o da rotatividade de deputados, estariam assinalados e devidamente explicados.
Tal base de dados seria tão útil e fácil de fazer... uma simples página de texto na web poderia ser um primeiro passo. Em tempos de gigabytes, o problema da memória curta dos eleitores resolve-se num instante com um punhado de kilobytes...
- que candidatos desistiram do cargo para que foram eleitos,
- porque razão desistiram,
- quanto tempo estiveram no cargo até desistir,
- todos os cargos que ocuparam em vez daquele para que foram eleitos,
- em que partidos ocorreram mais desistências (discriminadas: desistências por impedimento físico seriam facilmente separáveis das restantes),
- já agora, que frases proferiram os candidatos sobre a sua permanência/desistência do cargo e outros factos que ajudem a perceber o que existe por detrás da fachada de cada um.
A base de dados seria acessível pela web e conteria uma entrada por cada candidato que alguma vez tivesse sido eleito, sendo engrossada com novos dados a cada eleição. Não seria possível retirar um candidato da base de dados, ou retirar informações acerca de desistências no passado.
Seria possível, por exemplo através de um código de cores (verde, amarelo, vermelho), saber rapidamente quais são os candidatos que mais facilmente quebram o seu compromisso para com os eleitores. Idem para os partidos que os promovem. Seria por exemplo possível ter uma lista de nomes, por partido, com os candidatos de risco às próximas eleições (i.e., apenas os amarelos ou vermelhos), indicando o círculo eleitoral por onde concorrem. Casos especiais, como o da rotatividade de deputados, estariam assinalados e devidamente explicados.
Tal base de dados seria tão útil e fácil de fazer... uma simples página de texto na web poderia ser um primeiro passo. Em tempos de gigabytes, o problema da memória curta dos eleitores resolve-se num instante com um punhado de kilobytes...
sexta-feira, julho 9
A chave do sucesso
"Aparecer e parecer ser."
sexta-feira, julho 2
Lindo
E se...
... nas imagens de alta resolução dos anéis de Saturno, que teremos em breve, fosse possível observar, no meio das poeiras e rochas que por ali vagueiam há talvez centenas de milhões de anos, os destroços de uma civilização extraterrestre?
(imaginemos enquanto é tempo: brevemente poderemos ter dados que desmintam tal possibilidade...)
[Nota: tinha escrito este texto há uns dias atrás, mas depois desisti de o "postar". Hoje... é o que se vê.]
(imaginemos enquanto é tempo: brevemente poderemos ter dados que desmintam tal possibilidade...)
[Nota: tinha escrito este texto há uns dias atrás, mas depois desisti de o "postar". Hoje... é o que se vê.]