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segunda-feira, março 29

Enid Blyton versão sec XXI 

A Carolina, por sugestão de uma amiga, comprou ontem os primeiros livros do Colégio das Quatro Torres. O primeiro espanto foi dela: “Tu lias estes livros quando tinhas a minha idade? São assim tão velhos?”. Depois foi a minha vez: a aproveitar o sol, sentámo-nos num banco do jardim, eu a ler o jornal, ela um dos livros em voz mais ou menos baixa. A certa altura oiço um “é bué de fixe”. Penso que se está a referir ao livro. “Gostas?” “Não, bué de fixe está aqui escrito” - afinal era um comentário de uma das alunas do tradicional colégio inglês!


sábado, março 27

Fiat Lux! 


Já foram colocados em Coimbra há uns meses, mas vale sempre a pena mostrar: em frente a certas escolas, como a nº10 da Solum (foto), há uns candeeiros mais baixos, que iluminam a passadeira e que têm uns néons azuis, bem visíveis para os condutores. Fez-se luz nas passadeiras e nas cabeças dos autarcas! Ilumine também o seu!

sexta-feira, março 26

Nem de propósito... (Epílogo II) 

"We All Make the Little Flowers Grow"

Cowards and Heroes, listen my friends.
If you have money and nothing to spend.
It'll make no difference in a hundred years or so.
Sooner or later we all make the little flowers grow.
Wise men and fools, you'll get the fire.
You'll never get out of this world alive.
Don't run and hide, it's no use I know.
Sooner or later we all make the little flowers grow.
Short men and tall men and all the rest.
Please, don't blame me I didn't start this mess.
Some of us stay, some of us go.
Sooner or later we all make the little flowers grow.

(Stephen Jones & Luke Scott, no disco de homenagem a Lee Hazlewood, "Total Lee".)

Epílogo 

Ontem no canal Hollywood, passou Barry Lyndon do Kubrick.
O filme acaba com estas proféticas, terríveis e Bíblicas palavras : "It was in the reign of George III that the aforesaid personages lived and quarreled; good or bad, handsome or ugly, rich or poor, they are all equal now."



quarta-feira, março 24

Therese 



Balthasar Klossowsky Balthus

Os Eternos Esquecidos 

Joaquim Fidalgo escreve no Público de hoje:

“Há uma terrível guerra em curso no Sudão, e quase ninguém sabe. É uma guerra que não passa na televisão, porque ainda está muito longe da gente (onde fica o Sudão?, bem gostava de ver a pergunta feita a algum/a jovem licenciado/a no concurso Um Contra Todos!), porque não mete americanos, porque os grandes "media", para já, não a descobriram. Mas contam-nos os jornais (alguns jornais...) que é uma guerra trágica, semelhante ao genocídio de 1994 no Ruanda, um outro conflito que os principais "media" descobriram tarde, quando já havia milhares e milhares de mortos, daqueles que dão imagens fantásticas para o World Press Photo. Contava o PÚBLICO de sábado que num só confronto desta guerra entre etnias tinham sido violadas mais de 100 mulheres. E nós que julgávamos que só há guerra no Iraque.
Há números assustadores quanto à sida em muitos sítios de África. Na Suazilândia, por exemplo, 40 por cento da população (40 por cento da população!) está infectada com o vírus. Ali perto, no Botswana, as mais recentes estatísticas foram motivo de satisfação porque a taxa de infecção já é "só" de 37,5 por cento dos habitantes... Soube também pelo jornal. Também não me consta que a notícia tenha passado na televisão. Não é um "evento", não tem historinha dentro, não tem ministro a dizer que, não mostra gente com lágrimas, é longe e custa caro para mandar um repórter ou uma equipa. Aliás, onde fica a Suazilândia?... E o Botswana?... “



Já chamei aqui a atenção para uma excelente revista dos missionários combonianos, que qualquer um, independentemente das suas crenças ou não crenças religiosas, deveria conhecer, A Além Mar , já que estes missionários mantêm uma luta sem tréguas em relação ao esquecimento a que estes povos estão votados por parte do mundo ocidental. Porque guerras não há só no Iraque ou na Palestina!

terça-feira, março 23

No train to Stockholm 

One night Johnny sang the truth for me
on an unknown bound train from Tennessee
taught me all the letters in alone

singing "freedom is what you think it is,
but there ain't no train to Stockholm"

received your invitation to the war
I sent it back, so please don't send no more
I'd rather lie in some jail all alone

singing "freedom is what you think it is,
but there ain't no train to Stockholm"

if I had to ride this train a hundred years
and all I had to drink is my own tears
I wouldn't kill for you or on my own

singing "freedom is what you think it is,
but there ain't no train to Stockholm"

governments and politicians too
there's lots of people feel the way we do
a hundred millions of us can't be wrong

singing "freedom is what you think it is,
but there ain't no train to Stockholm".

(Versão de Erlend Øye no álbum de homenagem a Lee Hazlewood,"Total Lee!".
Canção sobre a guerra no Vietname, numa altura em que Lee vivia em Estocolmo.
Curiosidade: Lee cantava "Freedom is where you think it is" e não "Freedom is what you think it is".)

sexta-feira, março 19

"A vanguarda do Marketing de cidades" 

"Figueira da Foz tem nova mascote", leio no Jornal de Coimbra desta semana. Os responsáveis da Figueira Grande Turismo - Empresa Municipal dizem: "Uma vez mais, o Conselho da Figueira da Foz mantém-se na vanguarda do Marketing de Cidades, procedendo ao lançamento da nova Mascote, com o intuito não só de renovar os produtos de merchandising, mas sobretudo tendo em vista o alcance de públicos mais jovens."

Acrescentam ainda: "Para que a interacção e penetração no mercado dos novos produtos de merchandising, e da própria mascote, seja facilitada, a Figueira Grande Turismo - EM, optou por não lhe atribuir um nome, sendo que, para o efeito, lançou um concurso entitulado "Dá-me um nome" [...]". (ganha-se uma mota e um capacete.)

O que está a dar é a cultura futebolística, o merchandising e a sua renovação frequente. Aceitam-se ideias para a Mascote de Portugal: temos de nos manter na vanguarda do Marketing de Países, quando o Euro acabar!

quinta-feira, março 18

Ainda a adopção por homossexuais 

A adopção, como qualquer acto em que estejam envolvidas crianças, rege-se (ou deveria reger-se) pelo Princípio do Superior Interesse da Criança. No que respeita á adopção este princípio tem como corolário “Encontrar uma família para a criança e não uma criança para uma família”. E a partir daqui todas as situações são passíveis de serem analisadas, uma a uma, caso a caso.
Dizem, “uma criança precisa de ter referências de ambos os sexos”, o que não acontece caso seja adoptada por um casal de homossexuais. Pois, se calhar é importante, mas que dizer do número crescente de crianças que vive em famílias monoparentais (por divórcio, por viuvez, por opção)? Decididamente o argumento não pode ser esse!
Uma criança precisa do colo de uma família, precisa de um amor exclusivo de alguém de quem possa dizer “este é o meu pai” ou “esta é a minha mãe”. Precisa de crescer num ambiente equilibrado e harmonioso.
Poderá um homossexual cumprir estes requisitos? À partida diria que uns sim outros não, tal como os heterossexuais. Mas, que sei eu?
Pudéssemos nós confiar naqueles que em Portugal têm o poder de analisar e de decidir. Mas enquanto os nossos técnicos continuarem a pensar que o que é necessário é “encaixar” as crianças que lhes vão ter às mãos, nem que seja numa família de acolhimento, que acolhe o menino a pensar nos proventos económicos que daí poderá tirar*...

*Só num pequeno concelho do nosso país há mais de 150 meninos a viverem nessas famílias de acolhimento!

terça-feira, março 16

Sedna 


Dá vontade de andar pelo espaço a descobrir novos mundos. O que haverá para lá daquele planeta, e para lá do outro? E em redor daquela estrela? Nós.

Sedna, o maior objecto encontrado no Sistema Solar desde a descoberta de Plutão, em 1930, foi ontem anunciado.

segunda-feira, março 15

Luto 

Quando na Sexta-feira passada “postei” (detesto estes “neologismos”) irrelevâncias, a voz da culpa falou dentro de mim: “frivolidades” em tempos de luto e de tragédia!?! Mas a realidade é essa, nós continuamos vivos, e ainda bem! Que a memória do que se passou, que a memória de quem morreu só pode perdurar nos corações dos que estão vivos e lutadores. E perante a dimensão da dor o silêncio solidário é, na maioria das vezes, a única resposta aceitável.

sábado, março 13

O mundo cilíndrico 

"Óóó Rama Ó que linda Raama..."

Rama, de Arthur C. Clarke. Qual será a sensação de estar no interior de uma imensa nave extraterrestre, cilíndrica, com 20 km de diâmetro e 50 km de comprimento? Como será um mar interior de forma cilíndrica, que podemos admirar do chão ao tecto, a partir de uma ilha cheia de enormes prédios extraterrestres? E como será a ainda maior fábrica onde tais naves são construídas? Fincher nunca mais se despacha com o filme, que era suposto ter saído há séculos. Eu gostava de o ver, não pelo filme em si, mas para ver finalmente a magnífica nave de um modo credível, com o realismo da computação gráfica, sem a ambiguidade da minha imaginação e com a magia de Giraud (Moebius).

Esperemos que Fincher não estrague tudo: li aqui que "Fincher talks about doing Rama like the book Into Thin Air about the climbing of Everest, making it less about the sense of wonder, alien first contact story and more a drama of exploration and human survival". Francamente, vai ser mais um Aarghmageddon? Mas qual é o mal do "sense of wonder" nos filmes?!


sexta-feira, março 12

O dito cujo lustre 


O Lustre de Joana Vasconcelos 

Ontem a Joana Vasconcelos, escultora, esteve em Coimbra a desvendar um bocadinho das suas criações. A Joana Vasconcelos é inteligente e dona de um sentido de humor fino, às vezes a raiar o subversivo e convenceu completamente os que a ouviam. Apenas um exemplo da sua obra, “A Noiva”, um lustre que tem 4,70 m como qualquer lustre que se preze, mas que ao invés de ser de cristal ou de pingentes de vidro, foi todo ele construído com tampões OB. Segundo ela o plástico com que são revestidos esses objectos reflecte a luz quase tão bem como o vidro! E só mais tarde o público descobre de que é feito tão aristocrata objecto, para muitas vezes concluir, “É nojento”!



quarta-feira, março 10

Bertrand Russell's Liberal Decalogue 

Tomei hoje conhecimento deste fantástico texto de Bertrand Russell, que deveria ser o decálogo de qualquer cientista digno desse nome.


"Perhaps the essence of the Liberal outlook could be summed up in a new decalogue, not intended to replace the old one but only to supplement it. The Ten Commandments that, as a teacher, I should wish to promulgate, might be set forth as follows:

1. Do not feel absolutely certain of anything.

2. Do not think it worth while to proceed by concealing evidence, for the evidence is sure to come to light.

3. Never try to discourage thinking, for you are sure to succeed.

4. When you meet with opposition, even if it should be from your husband or your children, endeavor to overcome it by argument and not by authority, for a victory dependent upon authority is unreal and illusory.

5. Have no respect for the authority of others, for there are always contrary authorities to be found.

6. Do not use power to suppress opinions you think pernicious, for if you do the opinions will suppress you.

7. Do not fear to be eccentric in opinion, for every opinion now accepted was once eccentric.

8. Find more pleasure in intelligent dissent that in passive agreement, for, if you value intelligence as you should, the former implies a deeper agreement than the latter.

9. Be scrupulously truthful, even if the truth is inconvenient, for it is more inconvenient when you try to conceal it.

10. Do not feel envious of the happiness of those who live in a fool's paradise, for only a fool will think that it is happiness."


"A Liberal Decalogue" The Autobiography of Bertrand Russell, Vol. 3: 1944-1969, pp. 71-2.

XXV 

As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente de uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.

Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que nós sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.

Alberto Caeiro

A mulher é... 



segunda-feira, março 8

Uma boa ideia 

O João de 11 anos frequenta o 5º ano num colégio privado de Coimbra. O João tem todas as disciplinas que todos os meninos do 5º ano têm e mais uma que o João adora: Raízes Greco-Latinas da Civilização Ocidental (não sei se é exactamente este o nome, o João ralha-me frequentemente por eu fazer este tipo de confusões, mas se o nome não é este poderia ser). É uma disciplina assim um bocadinho mágica, onde aprendem história, mitologia, o alfabeto grego e a equivalência para o nosso alfabeto (os miúdos adoram porque é para eles como um código secreto) e, muito importante, aprendem a origem da maioria das nossas palavras. E quem aprende assim não mais esquece. Ontem o João interrogava-se “porque que é que claustrofobia é o medo dos espaços fechados se claustros são sítios abertos?”, e eu própria não atinei com uma resposta imediata. Resta acrescentar que como não havia manual, as duas professoras da disciplina fizeram elas próprias um que lhes deve ter dado um trabalhão, mas o resultado é óptimo.

Imagine... 

Imaginemos que, de um momento para o outro, os cangurus invadiam Portugal. E que havia elefantes no Pólo Sul, tal como palmeiras, edelweiss e lamas. Uma praga de gafanhotos na Suécia. Tigres por todo o lado. Couves no Saara, tartarugas gigantes em Andorra, baleias azuis no lago Titicaca. Imaginemos que, de repente, qualquer ser vivo se pode dispersar pelo planeta, deslocando-se rapidamente, competindo e cruzando-se com todos os outros. Sim, porque não haveria barreiras entre espécies. Mais ainda: imaginemos que os seres vivos eram inteligentes e que sabiam como cruzar-se para atingir os seus objectivos, quaisquer que eles fossem. Que magníficos seres resultariam de tal miscelânea e de tão feroz competição?

Não é preciso imaginar muito. Há a internet, as telecomunicações, os blogues... Olhemos simplesmente para o mundo das ideias global.

domingo, março 7

São medusas, meu senhor 

Através da formiga cheguei a um interessante artigo sobre os padrões cerebrais que traduzem o modo como se dá a propagação de impulsos eléctricos no nosso cérebro. Há também filmes que, especulo, podem estar a mostrar muito mais do que aquilo que pensamos. Alguns dos padrões parecem medusas, refere o artigo. Outros, para os meus olhos parecem-se com fogos florestais, vírus, ou ainda a propagação de memes de informação (cultura) na nossa sociedade, na web, na blogosfera, nos media, no boca-a-boca... Tudo isto me parece tão importante para nos conhecermos, individualmente e em sociedade...

Acho natural que existam tantas analogias entre coisas aparentemente tão distintas: tudo isto é propagação de informação, através de uma rede de entidades ligadas entre si, onde cada uma provoca uma reacção na seguinte. O "wiring" da rede e a forma particular como cada nó reage à informação (o "comportamento") definem em grande parte o padrão. É curioso ver como o espaço é importante: no mundo físico, entidades próximas entre si tendem a estar mais linkadas do que entidades distantes. No entanto, caminhamos para um mundo cada vez mais cibernético e globalizado, onde há cada vez mais ligações entre nós distantes.

"Estar perto" é na realidade "estar muito linkado"...

P.S. - Nem por acaso, dei agora com algo que tinha escrito aqui há tempos e que vem a propósito:
"Sinto-me como se estivesse a conhecer uma enorme cidade, viajando de metro. No início, retenho alguns monumentos, praças, ruas, mas não faço ideia como ir de um para outro lugar a pé. Aos poucos, à medida que vou passeando e conhecendo a cidade, dou conta que lugares que julgava serem muito distantes afinal estão próximos, por vezes ao virar da esquina. Acontece o mesmo com certos conceitos: por vezes descobrem-se novas ligações que mostram quão próximos estão... "

[Nota: este texto foi editado após uma chamada de atenção, que agradeço, feita por alguém que prezo e que percebe realmente destas coisas. A versão anterior do post continha efectivamente erros, pelos quais peço desculpa aos leitores.]

sexta-feira, março 5

A verdadeira garra dos portugueses... 

Estádios: 10 Casa da Música: 0!!!!



Imagem daqui mas também há aqui


quinta-feira, março 4

Água pura ou limpa? 

Vem no Público de ontem que a Coca Cola comercializa a marca de água Dasani, que é a segunda mais vendiada nos EUA e que é recolhida na rede pública e depois filtrada e engarrafada. Que grande negócio!

Dizem os responsáveis da Coca Cola que água tem assim o grau de pureza máxima. Deve, no entanto, salientar-se que, para um químico, a água pura é água destilada, desionizada, e sujeita a outros processos, dos quais resulta um material com um mínimo de subtâncias dissolvidas, constituído essencialmente por moléculas de H2O. A maioria dos especialistas dizem que esta água não serve para beber, pois a médio ou longo prazo causaria deficiência de minerais no nosso corpo, e as doenças daí resultantes. De forma idêntica, a água com excesso de minerais dissolvidos terá o efeito oposto, claro. Não nos esqueçamos que 60% do nosso corpo é água. Dever-se-ia assim falar, com mais correcção, de água limpa.

A desinfecção da água da rede com cloro, o uso de floculantes, normalmente sulfato de alumínio, e correctores de acidez, a existência de um excesso de determinados materiais poluentes nos locais de captação, como cloretos, nitratos, e outros, a passagem pelos canos, tudo contribui para que as águas das redes públicas tenham materiais dissolvidos que poderão ser indesejáveis. No entanto, deve referir-se que acredito que haja um controle de qualidade rigoroso destas água. Da mesma forma que acredito que tal aconteça para as água engarrafadas e para as fontes naturais sujeitas a análises. Embora o preço seja realmente completamente diferente (um litro de água da torneira custa em média em Coimbra cerca de 0.001 euros e um litro de uma água engarrafa em média 0.5 euros) pode considerar-se vantajoso evitar o cloro, os floculantes e a passagem pelos canos. A solução das fontes naturais analisadas periodicamente é para mim a mais adequada, permitindo obter o melhor dos dois mundos, e ainda ter-se uma reutilização efectiva dos garrafões de plástico. Embora se possa pôr o problema do aparecimento de bactérias durante o armazenamento, por ser impossível ter uma higiene absoluta, tal pode resolver-se indo à fonte com mais frequência e lavando bem os garrafões. Digo, no entanto, e desde já, que não tenho conseguido que aceitem esta ideia na minha própria casa.

Na escola dos meus filhos esteve um vez um demonstrador científico com um misterioso TDS mostrar como algumas água não eram boas para beber. Primeiro fez uma leitura com o tal TDS e depois realizou a queima dos materiais dissolvidos, que acabaram por surgir à superfície com bastante mau aspecto. Ora o tal TDS é apenas um medidor da condutividade de uma solução que, após ser calibrado, nos dá uma estimativa da quantidade total de sólidos dissolvidos. O processo de queima dos materiais dissolvidos não o percebi bem, pois apenas tenho o testemunho dos meus filhos, mas julgo tratar-se da aplicação de uma corrente eléctrica, acompanhado por aquecimento, obtendo-se assim a oxidação dos materiais dissolvidos. Interessantes foram os resultados: a água da torneira ganhou os testes, o que não deixa de ser boa pedagogia, embora por caminhos demasiados enviesados! Em último ficaram as nossas clássicas águas minerais naturais! Como demonstração científica tudo isto foi péssimo. Não se explicaram os princípios e chegou-se a resultados e conclusões mais pela forte impressão causada na audiência que por observação racional.

Em homeopatia são feitas diluições tão extremas que na prática, se houver uma ou duas partículas do princípo activo num frasco já é muito! Tem-se invocado a memória da água para explicar o efeito destes medicamentos homeopáticos, mas até agora ninguém ganhou o prémio oferecido para a demonstração da existência deste fenómeno! Um bom mau assunto do agrado com certeza do pessoal da Klepsydra.

Finalmente, uma história pitoresca com semelhanças com a da Disani da Coca Cola. António Fontes e João Gomes Sanches no livro "Medicina Popular, ensaio de antropologia médica" referem um curandeiro que vendia água de uma determinada fonte milagrosa, mas que a partir de uma determinada altura, como a procura era muita, começou a engarrafar também água normal, com os mesmos efeitos milagrosos, claro!

Como Gomez de La Serna não posso passar sem um lugar comum: espero não ter metido água!

Portugal no seu melhor - sinalização rodoviária em branco 

Foi no fim-de-semana passado. Vinha do GaiaShopping e queria ir para Coimbra. Procurava a ligação à auto-estrada A1. A dada altura, apareceram 3 painéis de sinalização, daqueles que há nas autoestradas para informar o destino de cada faixa. Duas faixas iam em frente e uma ia para a direita, é tudo o que se conseguia saber, pois os painéis estavam em branco, não havia letras, apenas setas. Sem saber por onde ir, escolhi uma das direcções aleatoriamente, suponho que fui pela direita. Apareceu-me uma nova bifurfação, com um novo painel em branco, apenas com uma seta para a direita. Fiquei sem saber para onde iria se fosse em frente ou se fosse pela direita, escolhi de novo uma direcção ao acaso.

Claro que não fui dar onde queria, à A1. Andei um bom quarto de hora perdido, até lá conseguir chegar. Tal como o painel, fiquei sem palavras. O que será mais surrealista: a patética sinalização propriamente dita ou o facto de alguém se ter dado ao estranho trabalho de lá colocar as placas, não se dando conta de que não serviam rigorosamente para nada? Será arte?

Um post em jeito de painel de sinalização rodoviária (ver explicação no post acima) 











terça-feira, março 2

Aleluia! 

Estou a beliscar-me. E hoje não é primeiro de Abril!

segunda-feira, março 1

Geração apagão 


(à saída de Coimbra, perto do Choupal)

Obrigada Helena Matos por nos abrir os olhos! 

Um ano depois ainda há quem continue a utilizar o discurso mais que primário (e que deu no tristíssimo Iraque o que toda a gente sabe) de “... pois eles não são nenhuns santinhos, mas entre um país democrata e uma ditadura, temos que nos pôr do lado da democracia”. Mesmo que o país supostamente democrata viole o direito internacional, mesmo que destrua aldeias com os seus buldozers, que se proponha construir um muro de vergonha, que prenda rapazes e raparigas só porque eles se recusam a empunhar armas para matar os seus vizinhos. Helena Matos no Publico de sábado usa a “teoria da conspiração” (que hoje Alexandra Lucas Coelho desmonta no Público) para se colocar de consciência tranquila e incondicionalmente ao lado do exército e do governo de Israel.


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