A aba de Heisenberg

Numa roda de amigos, ao almoço, falou-se de algo em que eu nunca tinha pensado: como são os mapas nos antípodas? Pois é, podem ser ao contrário!
[Clique para ampliar. Mais exemplos na página dos mapas ao contrário.]

O MIT quer instalar-se em Portugal e recrutar investigadores em qualquer universidade nacional. O governo pode travar o processo, porque alguns elementos do executivo querem que o MIT recrute investigadores apenas do IST. Ler notícia completa (Diário Digital).

O MIT passou a disponibilizar gratuitamente os seus cursos online no seu site Open Course Ware. A quantidade de material didáctico é impressionante, mas há melhor: há outras universidades a fazer o mesmo e tudo isto é pesquisável no Open Course Ware Finder...

É verdade, confirmam-se os boatos. Ganhámos o Prémio de Melhor Blogue Científico do Contra Indicado. De certezinha que não foi pelos meus posts, mas paciência (parabéns aos outros ABA que escrevem posts científicos). Também temos que dividir o prémio com o Klepsidra (parabéns Rui). Mais uma vez paciência, nada é perfeito, seria muito melhor que fosse só para nós.

Ainda no sábado lá estivemos, as crianças adoravam-no. Agora, ARDEU! Dele só restam o esqueleto de duas pernas carbonizadas. O Luís interroga-se sobre as similitudes com os subúrbios parisienses. Nem isso Luís…

Luís Miguel Cintra- Prémio Pessoa 2005.
Olhando para trás tenho que ser justa: nunca fui de ídolos, do tipo quando for grande quero ser como ela/ele. LMC é a excepção que confirma a regra. Durante uns anos fiz teatro, fui ou sonhei ser actriz, tempos do TEUC. Os meus ídolos absolutos eram nessa altura o LMC e o Teatro da Cornucópia. Na impossibilidade de ver a maioria das peças, lia, bebia, todas as críticas e tudo o que tivesse a ver com o universo da cornucópia, acompanhei todos os ciclos, Strindberg, Tchecov... conhecia de cor as cenografias.
Parabéns Luís.

Aviso: este blog faz serviço público.

Os autores, a Susana e o JRF apresentam-se assim: “Em 2003 adquirimos uma propriedade no Vale do Rio Bestança, chamada Sargaçal. Pouco depois adquirimos mais duas propriedades adjacentes, com características florestais. Entretanto, começamos a desenvolver um site para documentar a evolução da terra, mas como estava a ser moroso, resolvemos adoptar o formato "blog" para experimentar. “

E assim:
“
…
Como devem imaginar, havia uma quantidade razoável de conversa para pôr em dia. Claro que esta minha nova vertente de lavrador de fim-de-semana também foi devidamente apreciada. Disse-lhe que chegamos ao ponto em que já nem sabemos o que comemos. -- Nem quero pensar nisso --, foi a resposta.
Em quatro palavras foi perfeitamente delimitada a atitude geral da humanidade relativamente ao Universo. Da nossa rua às estrelas distantes, o melhor é não se pensar em nada e muito menos fazer. Também eu sofro desse mal, que tento combater diariamente. Mas não é para os fracos de espírito, quanto mais se pensa, mais infeliz se é.
Por isso se inventou o entretenimento escapista. Uma indústria de milhares de milhões, da bola às consolas de jogos, do Harry Potter à informação, da Britney Spears à política, do "car audio & tunning" aos concursos televisivos ... O alinhamento geral? Pelo mínimo denominador comum.”

"Origem das Espécies" Charles Darwin (o mais votado)

“Bíblia”

"Odisseia" Homero

"Dom Quixote de La Mancha" Miguel de Cervantes.

"O Capital" Karl Marx

"A Riqueza das Nações" Adam Smith

"A Interpretação dos Sonhos" Sigmund Freud

"Diálogo sobre Duas Novas Ciências" Galileu

"Princípios Matemáticos de Filosofia Natural" Isaac Newton

"Annalen der Physic" volumes contendo os artigos de Einstein sobre a Teoria da Relatividade

"Dez livros que abalaram o mundo" é uma iniciativa conjunta da Biblioteca Geral e da Reitoria da Universidade de Coimbra. Até 15 de Fevereiro na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. A exposição inclui cerca de 120 edições destas obras, muitas delas raras e todas valiosas.



*Escolha de 10 professores da UC.

Hieronymus (Jerome) Bosh – pintor holandês nascido em 1450. Obcecado pelo pecado e pelos tormentos que os pecadores deveriam sofrer nos Infernos. Os Freudianos haveriam de o julgar a seu modo: “The master of the monstrous... the discoverer of the unconscious” segundo Jung.







Excerto do Jardim das Delícias (Museu do Prado)

Que ideia excelente, e para quando em Portugal?
Leio que milhões de crianças de todos os continentes (até agora de 37 países) já não esperam pelo autocarro, na melhor das hipóteses, nem obrigam os pais a fazerem longas de filas de trânsito (a pior das hipóteses, o meu caso) para irem para a escola. Ao invés aguardam numa paragem de PEDIBUS que um grupo de crianças como elas, acompanhadas por adultos identificados por usarem coletes fluorescentes, passe por ali e as leve. E seguem todos a pé a caminho da escola. As vantagens são óbvias e mais que muitas, as crianças adoram, caminhar faz bem, fazem novos amigos, poupa-se muito combustível, poupa-se o planeta.
Se quiser saber mais sobre esta iniciativa pode visitar a página oficial do pedibus.

[clique para ampliar (via APOD)]

Boa tarde soutôra como está? Estou a ver que a soutôra não me está a conhecer. Eu trabalhei muitos anos no …… . A soutôra deve lembrar-se de mim. (pois se calhar devia). Pois eu também só conheço a soutôra de vista. E a minha mãe era a Dona A. que trabalhava nas fotocópias, lembra-se dela, não lembra? Mas sabe, eu já não trabalho lá. A minha mãe adoeceu com um cancro, fez quimioterapia e morreu tragicamente à minha frente, está a ver soutora, mesmo à minha frente. E por causa disso estive dois meses internado na psiquiatria com uma forte depressão. E o Director do …., o Professor B., a soutôra conhece-o, aproveitou para me rescindir o contrato. Acha que é coisa que se faça? Mas que posso eu, que só tenho o primeiro ano da faculdade, contra um Sr. Professor. Olhe e agora ando aqui na rua. O meu pai arranjou uma amante mais nova que ele 30 anos e agora quer meter a amante lá em casa e quer que eu saia. E para onde é que eu hei-de ir se não tenho trabalho? Quem me podia arranjar emprego era ali o meu tio que é o Director do ….., o Dr. F., a soutôra conhece-o. Mas está zangado com o meu pai por causa da amante (ainda arrisco um “sendo assim é boa altura para ir ter com o seu tio”, mas o homem nem ouve). Ontem em todo o dia só tomei um café, não comi nadinha. Mas eu lembro-me bem da soutôra e se me desse uma ajudinha eu ia ali ao supermercado e comprava uma fruta e uns iogurtes.
Dou-lhe a ajudinha e penso “É demasiada realidade para um homem só!”

Promessas que os amantes fazem quando começa a ser tarde de Darian Leader
(Freudiano, por isso cativante, mas inútil)
Não diga que a culpa é minha! Tony Gough
(sem sombra de Freud, psicologia popular graças a Deus!)
Psicologia da incompetência dos militares Norman Dixon
(Fascinante, apesar de Freudiano. Mas a parte da explicação anal é uma anedota)
A interpretação dos sonhos Sigmund Freud
(O próprio faz dos leitores seus reféns. Fascinante, nunca falha)
Freud estava errado. Porquê? Richard Webster
(Uma análise muito pertinente. Em particular é de grande lucidez a discussão das falsas memórias)

Na introdução do primeiro livro cita-se Rebecca West, falar com ligeireza da psicanálise é bastante tolo, mas falar contra ela torna os tolos ainda mais tolos. A psicanálise é mesmo assim, tem sempre razão. Só há um senão, pode não estar certa... Complexo de Édipo? Um amigo de Freud contou-lhe que tivera uma erecção quando viu a mãe nua. Freud meditou no caso e concluiu que ele próprio também sentira o mesmo. Logo, isto é uma coisa comum a todos os homens. Prova empírica? Os filhos não abraçam as mães? E os que não abraçam? Bem, isso é porque... Há sempre uma explicação Freudiana. Uma pessoa é meticulosa por causa da fase anal, outra não, a razão é a mesma! Os sonhos são símbolos de desejos. E os que claramente não são? Fácil, são desejos de contrariar o psicanalista, ou desejos masoquistas. A psicanálise tem sempre razão. A razão pode é não estar certa!

Blogo Social Português. Porque sim!

Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada
Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze terras
Quantos, não sei... Só sei que somos muitos – o desespero da dízima infinita
E que somos belos deuses mas somos trágicos.

Viémos de longe... Quem sabe no sono de Deus tenhamos aparecido como espectros
Da boca ardente dos vulcões ou da orbita cega dos lagos desaparecidos
Quem sabe tenhamos germinado misteriosamente do sono cauterizado das batalhas
Ou do ventre das baleias quem sabe tenhamos surgido?

Viémos de longe – trazemos em nós o orgulho do anjo rebelado
Do que criou e fez nascer o fogo da ilimitada e altíssima misericórdia
Trazemos em nós o orgulho de sermos úlceras no eterno corpo de Jó
E não púrpura e ouro no corpo efémero de Faraó.

Nascemos da fonte e viémos puros porque herdeiros do sangue
E também disformes porque – ai dos escravos! não há beleza nas origens
Voávamos – Deus dera a asa do bem e a asa do mal às nossas formas impalpáveis
Recolhendo a alma das coisas para o castigo e para a perfeição na vida eterna.

Nascemos da fonte e dentro das eras vagamos como sementes invisíveis o coração dos mundos e dos homens
Deixando atrás de nós o espaço como a memória latente da nossa vida anterior
Porque o espaço é o tempo morto – e o espaço é a memória do poeta
Como o tempo vivo é a memória do homem sobre a terra.

Foi muito antes dos pássaros – apenas rolavam na esfera os cantos de Deus
E apenas a sua sombra imensa cruzava o ar como um farol alucinado...
Existíamos já... No caos de Deus girávamos como o pó prisioneiro da vertigem
Mas de onde viéramos nós e por que privilégio recebido?

E enquanto o eterno tirava da música vazia a harmonia criadora
E da harmonia criadora a ordem dos seres e da ordem dos seres o amor
E do amor a morte e da morte o tempo e do tempo o sofrimento
E do sofrimento a contemplação e da contemplação a serenidade imperecível

Nós percorríamos como estranhas larvas a forma patética dos astros
Assistimos ao mistério da revelação dos Trópicos e dos Signos
Como, não sei... Éramos a primeira manifestação da divindade
Éramos o primeiro ovo se fecundando à cálida centelha.

Vivemos o inconsciente das idades nos braços palpitantes dos ciclones
E as germinações da carne no dorso descarnado dos luares
Assistimos ao mistério da revelação dos Trópicos e dos Signos
E a espantosa encantação dos eclipses e das esfinges.

Descemos longamente o espelho contemplativo das águas dos rios do Éden
E vimos, entre os animais, o homem possuir doidamente a fêmea sobre a relva
Seguimos… E quando o decurião feriu o peito de Deus crucificado
Como borboletas de sangue brotamos da carne aberta e para o amor celestial voamos.

Quantos somos, não sei... somos um, talvez dois, três, talvez quatro; cinco, talvez, nada
Talvez a multiplicação de cinco mil e cujos restos encheriam doze terras
Quantos, não sei… Somos a constelação perdida que caminha largando estrelas
Somos a estrela perdida que caminha desfeita em luz.


“O Poeta” Vinicius de Moraes in Antologia Poética

Nem sempre o que parece é. Olhe para a figura: à esquerda o Sr. Furioso, à direita a Sra Tranquilidade. Agora levante-se, vá, dê três passos para trás, olhe de novo.


Acknowledgements: Não faço ideia de quem criou estas imagens, mas agradeço-lhe na mesma.

"Portugal é o mais poluente da UE", título na 1ª página do Expresso de 3/12/2005. "Portugal vai ser o pior emissor de gases da UE", título da notícia de abertura na TSF. Todos os outros media (TVI, SIC, jornais, etc etc etc) dizem o mesmo. Leio isto em todo o lado e fico baralhado, pois não consigo acreditar na notícia tal como ela é dada e não vi nenhum desmentido. Acho estranho: então Portugal, com os seus 10 milhões de habitantes, polui mais do que a Alemanha com os seus mais de 80 milhões de habitantes e a sua indústria muito mais produtiva?

É que, quando me falam no país que polui mais, ou no que emite mais gases, eu penso em termos absolutos. A notícia, parece-me, é sobre a poluição em termos relativos: quem vai aumentar mais a poluição até 2012.

Eu não duvido de que poluímos mais para produzir a mesma quantidade de um dado produto do que muitos outros países europeus: a nossa indústria é pouco eficiente e nada limpa. E depois temos mais fogos, menos cultura ambiental, etc. Mas, uma vez que produzimos em muito menor quantidade do que países como a Alemanha, não somos menos poluidores em termos absolutos?

Será que já ninguém liga a estes "pormenores", que mudam por completo a nossa percepção da realidade, ou sou eu que estou enganado? Alguém me ajuda?

[Adenda (4 Dez 2005):
Emissões de Dióxido de Carbono (em milhões de toneladas):
Portugal - 67 (2002)
Alemanha - 842 (2003)]