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sexta-feira, novembro 26

um filme para o fim de semana 


segunda-feira, novembro 22

O problema da falta de credibilidade 

Ontem, num blogue da Forbes: "It is driving me crazy to know that for month on month and almost hour on hour last week the Irish have said that they had taken bold action and they did not need to have to pass round the begging bowl and seek EU or IMF assistance. Who do these politicians think the players in the market or more importantly the general public are. Quite frankly the lesson we can take from the recent Greek and Irish experiences is that the more a Finance Minister or even a Prime Minister says that their nation does not need assistance. The more they do."

Hoje, Reuters: "Portugal PM Socrates says no need for bailout" (de novo)

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sábado, novembro 20

Será o espírito dos tempos? 



Esta parte de uma estante numa certa biblioteca intriga-me. Tem, entre outros, O Grande Circo da Física de Jearl Walker, O Átomo de Isaac Asimov, O Significado da Relatividade de Einstein, A Física em Banda-desenhada de Larry Gonick e Art Huffman, A Física do Impossível de Michio Kaku, A Física da Imortalidade de Frank Tipler, O Grande Livro da Radiestesia de Marc Aurive e Conversas de Física de António Alberto Silva. Há uma carta que não pertence a este baralho e talvez seja mais difícil do que parece saber qual é...

quinta-feira, novembro 18

A pulseira do equilíbrio à venda nas melhores farmácias 


Há uns dias, ao entrar numa farmácia vi à venda as famigeradas pulseiras do equilíbrio. Saí logo e fui a outra farmácia mais tradicional!

A conversa da pulseira do equilíbrio é o que há de mais pernicioso na relação com a ciência: é um arremedo pseudo-científico. Dizer que tem um holograma quântico desenhado por um cientista da NASA deveria envergonhar qualquer pessoa que saiba um pouco de ciência e fazer corar um farmacêutico. Vê-se logo que é só conversa para enganar tolos, pois tem todos os ingredientes referidos em casos que tais: a falácia da autoridade (o cientista da NASA), a linguagem científica fora do contexto (o que é um holograma quântico?), as metáforas abusivas e ambíguas (equilíbrio).

E é curioso que as pessoas interpretem o equilíbrio que a pulseira lhes possa dar de diferentes formas: há quem veja nelas equilíbrio físico, psicológico, ou fisiológico. Tal como as antigas pulseiras magnéticas, mas agora o descaramento pseudo-científico é muito maior. À venda numa farmácia, bah!

Mas como poderíamos verificar a eficácia das pulseiras? Os testemunhos, por muitos que sejam, não servem para provar nada deste tipo. Teríamos de fazer um estudo controlado. Juntar-se-iam três grandes grupos de voluntários: um usava pulseiras verdadeiras, outro usava pulseiras falsas (mas não sabia disso) e, finalmente, outro grupo não usaria pulseiras. Seria necessário ainda encontrar um conjunto de parâmetros objectivos e concretos que pudessem ser medidos para todos os grupos. Se esses parâmetros melhorassem significativamente apenas para o grupo com pulseiras verdadeiras o estudo indicaria que as pulseiras seriam benéficas. Caso os parâmetros melhorassem significativamente para os grupos com pulseiras verdadeiras e falsas o estudo indicaria que estaríamos na presença de efeito placebo. Caso não houvesse diferenças significativas entre os grupos mostrar-se-ia que as pulseiras não eram eficazes.

O engraçado é que, tal como a astrologia, mesmo que se provasse que as pulseiras verdadeiras eram estatisticamente benéficas, nunca a explicação pseudo-científica que é dada sobre estas se tornaria científica. Caso existisse uma acção qualquer causada por um holograma quântico desenhado por um cientista da NASA seriam abaladas as fundações da ciência como a conhecemos hoje. Assim, é mais provável que seja mais uma vigarice. À venda numa farmácia, bah!

quarta-feira, novembro 17

Astrologia: um enquadramento diferente 

Já aqui, em tempos, escrevi sobre a astrologia. Não mudei de opinião em relação ao espaço excessivo que lhe é dedicado nos media, nem aos oportunistas que povoam as televisões, nem, claro, no que concerne às suas relações com a ciência. No entanto, depois de uma entrevista que li num jornal e de ter lido uma parte de um livro de José Prudêncio (Astrologia e Filosofia), junto com outras reflexões que já tinha feito, mudei ligeiramente o enquadramento da minha opinião sobre a astrologia.

De facto, o que eu escrevi antes sobre o céu real já não corresponder às tabelas astrológicas é desde há muito tempo claramente assumido pelos praticantes mais competentes da astrologia: há séculos que os astrólogos já não olham o céu. Também a hipótese de a astrologia poder ser validada cientificamente é claramente descartada: mesmo que se pudesse provar que as previsões eram 100% certas, a astrologia continuaria a não ser uma ciência; não é essa a sua pretensão, nem a astrologia usa metodologias científicas. Eu acrescentaria que, se isso se verificasse, o que é altamente improvável, teríamos de rever toda a ciência (e a astrologia continuaria a não poder ser enquadrada como ciência).

O que é então a astrologia? É uma prática, uma arte, um discurso sobre o tempo e a acção, uma forma de colocar cada pessoa concreta no centro do universo, uma procura de encantamento; uma prática que procura obter resultados no mundo concreto a partir de considerações abstractas baseada em símbolos e significados. É também um fenómeno cultural, talvez alienante, mas relativamente inócuo. E é, claro, uma prática ancestral que temos de tomar em consideração, por exemplo, ao analisar a história dos Descobrimentos, Os Lusíadas, a obra de Fernando Pessoa ou a Divina Comédia de Dante. E de alguma forma o lastro do seu discurso ancestral é relativamente honesto: convém referir que não tenta ligar-se a energias negativas e positivas nem a equilíbrios quânticos baseados em hologramas desenhados por cientistas da NASA.

José Prudência refere que podem ser feitas consultas excelentes usando cartas astrais erradas (enfim, erradas são todas porque o céu não corresponde ao que aparece nas cartas). Mais abaixo poderá ser consultado o meu horóscopo, assim como acima pode ser consultada a minha carta natal, obtidos no astro.com. É fácil de perceber, a partir do meu horóscopo, por que razão é assim: um bom astrólogo poderá talvez ser melhor que um psicólogo mediano e muito melhor que um mau psicanalista, nos casos que não envolvam doença mental (nesse caso, ou especialmente nesses, será de evitar o psicanalista e procurar o psiquiatra!) José Prudêncio refere o que eu já sabia antes: não há bases científicas para a psicanálise. Tal como a astrologia, a psicanálise é uma prática que pretende obter resultados no mundo concreto com base num discurso simbólico. Há que dizer no entanto, que os psicanalistas sérios são também psiquiatras e combinam o discurso simbólico com a possibilidade terapêutica científica, enquanto que os astrólogos, talvez mais preguiçosos e auto-satisfeitos, não buscam essa complementaridade, mantendo-se no guetto das homeopatias e medicinas alternativas.


Personal Daily Horoscope of Wednesday, 17 November 2010
for S R, born 16 September 1966

Self-criticism ***
Valid during many months: During this time you will need to engage in deep introspection, self-examination and self-criticism. Quite possibly you will feel lonely and depressed. The way in which you handle this influence will have important consequences later for your physical and psychological well-being.

This is a good time for self-searching, so long as you are not judgmental. It doesn't matter whether you are good or bad according to your ideals. The real question is what you are. This influence can help you find out. If you proceed from this point of view, it can be a very constructive time, even though it may be experienced as painful.

During this time you may withdraw from others, have difficulty in relationships - especially with women - experience depression and feel quite inferior to life's demands. The best way to deal with this is not to take it all so seriously. Your perspective is warped, so that small matters seem too important. Do not make final decisions about your emotional life now. Wait until you can see more clearly what you have learned from this time.

If you have recently broken off a relationship it may be best to leave it that way. Do not make a real effort to put it back together until this time is over.

The interpretation above is for your transit selected for today:
Saturn Conjunction Moon, , exact at 03:59
activity period from 7 November 2010 until end of August 2011
Other transits occurring today, for subscribers

Mercury Square Ascendant, exact at 22:33 (L)
Moon in the 8th House, from 14:22
Moon Sextile Med.Coeli, exact at 19:44
Important long-term influences, for subscribers

"Unstinting labor" (Saturn Sextile Mars)
"A conflict of principles" (Uranus Conjunction Saturn)
"Great advances" (Jupiter Conjunction Chiron)

sábado, novembro 13

O sabor dos bons velhos tempos 

"Mesmo quando protesto contra o fabrico em linha de produção da nossa comida (...) não esqueço que eram raros os lares em que se cozia, nos velhos tempos, bom pão. Os cozinhados da minha mãe eram, salvo excepção, pobres; o bom leite não pasteurizado era tocado por moscas e pedaços de estrume a formigar de bactérias; os velhos tempos saudáveis eram salpicados por dores, mortes súbitas provocadas por causas desconhecidas; a doce fala que eu choro era o fruto da iliteracia e da ignorância. Mas faz parte da natureza humana (...) protestar contra a mudança, em particular contra a mudança para melhor", John Steinbeck, citado em Morton Satin, Alerta! Perigos na alimentação (Prefácio, 2001).

É indiscutível que graças ao desenvolvimento tecnológico no processamento dos alimentos, em geral, e ao controlo de qualidade e à química, em particular, a alimentação é hoje muito mais segura que nos bons velhos tempos que refere Steinbeck. As legítimas suspeitas de que um aditivo possa causar alergias ou ser potencialmente cancerígeno não devem fazer esquecer que este possa estar lá para evitar um mal muito maior: a intoxicação alimentar ou a infecção que podem ser fatais. E se há suspeitas, outro aditivo, ou outro processo de produção acabará por ser descoberto, tornando o alimento ainda mais seguro.

E quanto ao sabor dos velhos tempos? Suspeito, tal como Steinbeck, que as coisas antigamente não deveriam ser assim tão saborosas. Um processamento empírico, mas ignorante das suas razões e a conservação deficiente não deveriam originar lá grande coisa. Por exemplo, a generalidade dos vinhos eram zurrapas que podiam nem sequer ser feitas de uvas. Também não havia grande cuidado com a origem; no início do século, Portugal chegou a exportar vinhos para fazer Bordéus! As carnes eram conservadas em salgadeiras insalubres, os presuntos caseiros ganhavam quase sempre larvas, os chouriços excessivamente defumados eram autênticas bombas cancerígenas; no leite não pasteurizado e excessivamente gordo a brucelose e o carbúnculo espreitavam; as pessoas às vezes têm saudades de coisas que não gostariam de voltar a ter...

No entanto há alguns casos bem comprovados de alteração de sabor, por exemplo nos maracujás! Os espectros de massa dos maracujás actuais e os dos bons velhos tempos mostram uma diferença significativa [1]. A manipulação genética ao longo dos tempos por cruzamento de variedades e a criação de híbridos foi alterando o sabor destes frutos. E isso até deve ser mais comum do que se possa pensar; as árvores e arbustos dos quais comemos frutos têm uma tempo de vida relativamente curto e talvez não seja de esperar que as frutas tenham o mesmo sabor hoje que antigamente. Uma coisa é certa: não se pode esperar grande sabor de frutas e legumes apanhados verdes a milhares de quilómetros, ou produzidas fora de época em estufas para satisfazer não sabemos que tontice...

[1] Ben Sellinger, Chemistry in the marketplace, 4th ed (HBJ, Sydney, 1989) pp. 220-222.

sexta-feira, novembro 5

Zeca Afonso e Miguel Portas 





Recordo bem este concerto, Zeca Afonso a fazer das fraquezas forças e um nó de tristeza do que já se anunciava.
Não é a isso que aqui venho agora, mas a outras tristezas: “Os Vampiros” foram a escolha de Miguel Portas, trazida hoje à Antena 1. Deixem-se de tretas.

"Credibilidade", "coragem" e "determinação" 

"Não, não admito recorrer ao FMI", porque "Portugal não precisa de ajuda nem de assistência para resolver os seus problemas" - José Sócrates, 3/11/2010



One Step Beyond.

Madness - One step Beyond no caminho para a bancarrota 

"Portugal says it will not call for IMF, EU bailout"

quinta-feira, novembro 4

Credibilidade a uma só voz 

2 notícias da Reuters separadas de poucas horas, hoje:

Portugal says China priority for financing needs
"Portugal has made a major effort to diversify the pool of investors in its sovereign debt and the government sees closer financial ties with China as a "strategic priority", Treasury Secretary Carlos Pina said on Thursday."

Portugal rules out resorting to aid from abroad
"Portugal's government has no plans to resort to financial aid from overseas despite a sharp rise in borrowing costs, which it says have been propped up by Ireland's woes and market speculation, Cabinet Minister Pedro Silva Pereira said on Thursday."


Adenda: ainda hoje e na Reuters houve um "update", onde se lembra que foi um dia de recordes para o custo da nossa dívida e que: "Finance Minister Fernando Teixeira dos Santos has said previously borrowing costs above 7 percent could force the country to seek financing from the EU and International Monetary Fund -- following in the footsteps of Greece."

(Ao som de Madness - One Step Beyond.)

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