sábado, outubro 17
O trigo e o joio
Há dias o bastonário da Ordem dos Médicos dizia que a gripe A "não passa de uma gripe, uma doença banal, pouco letal". Hoje chega-me este vídeo, muito divulgado em blogues, supostamente de uma ex-ministra da Saúde da Finlândia com umas teorias de conspiração bastante desvairadas sobre a gripe A. Com uma pesquisa rápida na incerta wikipédia, vejo que a senhora nunca foi ministra da saúde, mas gosta de se apresentar como tendo sido e pelos vistos não regula muito bem.
Vivemos cada vez mais submergidos por informação, muita dela irrelevante (spam, publicidade), que só nos faz perder tempo. Também por isso temos cada vez mais dificuldade em analisar a fiabilidade da informação que recebemos. Pessoalmente, sobre a gripe A, gosto de seguir o blogue de João Vasconcelos Costa que me parece prudente e equilibrado e sobretudo, o site do CDC, de onde vêm os gráficos abaixo e que me dizem que a gripe A não é tão banal quanto certas fontes supostamente credíveis poderiam deixar supor. É uma doença diferente, poderá não ser tão preocupante quanto ao princípio se julgava, mas é real (não é uma conspiração) e a sua evolução deve ser acompanhada com atenção.
Vivemos cada vez mais submergidos por informação, muita dela irrelevante (spam, publicidade), que só nos faz perder tempo. Também por isso temos cada vez mais dificuldade em analisar a fiabilidade da informação que recebemos. Pessoalmente, sobre a gripe A, gosto de seguir o blogue de João Vasconcelos Costa que me parece prudente e equilibrado e sobretudo, o site do CDC, de onde vêm os gráficos abaixo e que me dizem que a gripe A não é tão banal quanto certas fontes supostamente credíveis poderiam deixar supor. É uma doença diferente, poderá não ser tão preocupante quanto ao princípio se julgava, mas é real (não é uma conspiração) e a sua evolução deve ser acompanhada com atenção.
terça-feira, outubro 13
O Bicho Homem e os outros
nanomundo: no combate ao cancro
Lá estarei
segunda-feira, outubro 12
Fracos amores
Elisa Ferreira (1/10/2009, durante a campanha):"Eu perco uma gamela para vir para o Porto por amor à cidade."
Elisa Ferreira (11/10/2009, após a campanha): Não vem para o Porto por amor à cidade, ganha uma gamela.
Elisa Ferreira (11/10/2009, após a campanha): Não vem para o Porto por amor à cidade, ganha uma gamela.
quarta-feira, outubro 7
Antes de o oxigénio ser descoberto já algo andava no ar...
No livro "The Story of Alchemy and the Beginnings of Chemistry" de M.M. Pattison Muir é referido, citando Hoefer, o que poderá ser a primeira referência ao oxigénio num texto do alquimista do século XVI Basil Valentine. Falando do espírito do mercúrio este alquimista escreveu: origem de todos os metais; esse espírito não é mais que do ar a voar aqui e acolá sem asas; é um vento em movimento, o qual depois de caçado do seu lar Vulcano (ou seja o fogo), volta ao caos; então expande-se e passa para as regiões do ar de onde veio. Pode parecer confuso como a maioria dos textos alquímicos, mas não deixa de fazer algum sentido em termos das propriedades do oxigénio.
sábado, outubro 3
Observação superficial: figuras de geometria na pedagogia e psicologia
Nos últimos tempos tenho-me deparado com modelos usados em contextos pedagógicos que associam um objecto geométrico ou gráfico a um nome: o vê de Godwin, a espiral de Orion, a escada (e a roda) de Bloom, o triângulo de Johnstone. E em contextos mais gerais já encontrei a janela de Johari e a pirâmide de Maslow. Tudo isto deve ter algum sentido, ou profundo, ou superficial, ou é apenas coincidência. A semiótica poderá ser interessante, mas já não faz as delícias da conversa de salão.
A invenção do conceito de oxigénio
Hoje toda a gente sabe que há um gás que representa um quinto da atmosfera que se chama oxigénio e que é fundamental para a respiração dos seres vivos. E que o oxigénio do ar reage com os materiais que são queimados. Mas nem sempre foi assim. Os químicos do século dezoito achavam que as coisas que eram queimadas emitiam uma substância a que chamavam flogisto que aquecia o ar. Ninguém pensava que a combustão tivesse algo que ver com o ar. Priestley, Lavoisier, Scheele e Dalton mudaram tudo, mas devagar e ao longo de vários anos...
Quando Priestley primeiro isolou o oxigénio julgou que tinha obtido gás hilariante. Um ano depois concluiu que tinha removido o flogisto do ar. Ao mesmo tempo Lavoisier também isolou o oxigénio e julgou tratar-se de ar num estado muito puro. Dois anos depois concluiu que era afinal uma parte do ar, mas que só existia quando este era aquecido. Acompanhando o trabalho de Priestley e Lavoisier, Scheele, depois destes, conclui finalmente que o oxigénio é uma parte do ar. Com Dalton, 30 anos depois, o oxigénio é integrado na teoria atómica da matéria. Em termos de conceito o oxigénio foi sendo inventado ao mesmo tempo que o gás foi sendo descoberto. Aquilo que nos parece hoje conhecimento comum já foi um lamaçal de conceitos confusos que demoraram muito tempo a ficar na forma límpida e por vezes aborrecida como os encontramos hoje nos livros da escola.
[adaptação livre do texto de Jonh Lienhard que refere a descoberta do oxigénio em The engines of Our Ingenuity, Oxford, 2000, p. 206-207]
Para saber mais:
Thomas S. Kuhn The Structure of Scientific Revolutions, 1962. (Acabou de ter uma edição em português pela editora Guerra e Paz)
Quando Priestley primeiro isolou o oxigénio julgou que tinha obtido gás hilariante. Um ano depois concluiu que tinha removido o flogisto do ar. Ao mesmo tempo Lavoisier também isolou o oxigénio e julgou tratar-se de ar num estado muito puro. Dois anos depois concluiu que era afinal uma parte do ar, mas que só existia quando este era aquecido. Acompanhando o trabalho de Priestley e Lavoisier, Scheele, depois destes, conclui finalmente que o oxigénio é uma parte do ar. Com Dalton, 30 anos depois, o oxigénio é integrado na teoria atómica da matéria. Em termos de conceito o oxigénio foi sendo inventado ao mesmo tempo que o gás foi sendo descoberto. Aquilo que nos parece hoje conhecimento comum já foi um lamaçal de conceitos confusos que demoraram muito tempo a ficar na forma límpida e por vezes aborrecida como os encontramos hoje nos livros da escola.
[adaptação livre do texto de Jonh Lienhard que refere a descoberta do oxigénio em The engines of Our Ingenuity, Oxford, 2000, p. 206-207]
Para saber mais:
Thomas S. Kuhn The Structure of Scientific Revolutions, 1962. (Acabou de ter uma edição em português pela editora Guerra e Paz)
Acesso ao Ensino Superior 2009 (parte 2)
Para além das escolhas dos cursos que referi no texto anterior há que considerar a dança dos estudantes e a sangria anual dos cursos. Muitos alunos que entraram em bioquímica, biologia, enfermagem ou farmácia queriam na realidade ir para medicina. Andam uns meses por lá, mas depois vão estudar para os exames do secundário para voltarem a tentar entrar na Universidade, mas desta vez em medicina! Em seguida, alguns dos alunos que entraram em química ou engenharia química queriam na realidade ir para bioquímica ou farmácia. É uma pena que tanto recurso seja desperdiçado e tanta frustração seja sentida com esta loucura nacional com a medicina. Conheço casos de alunos que abandonaram medicina para se dedicarem à bioquímica, ou outras ciências, mas são raros, menos que os dedos de uma mão. Alguns nem por isso lá muito contentes...
Se calhar poderia haver alguma esperança para os obcecados com a medicina e para a sociedade, agora que os cursos de medicina têm obrigação legal de recrutar licenciados em cursos de áreas científicas para um número cada vez maior das suas vagas, mas não sei se será mesmo assim, como mostra esta notícia já com uns meses!
E quanto aos números da empregabilidade? As percentagens da OCDE publicadas recentemente são negras, mas quem dá a notícia não nos diz quais os cursos com piores resultados. Suspeitamos que sejam as carradas de licenciados em psicologia, direito, e outros mas não temos a certeza. Os números dos centros de emprego não dizem nada: todos os cursos têm gente lá. Só não há de medicina porque deve ser considerado demasiado humilhante ou absurdo. Nos curso de química e química industrial, que tenho responsabilidades, temos inquéritos aos ex-alunos que indicam uma empregabilidade de 100% no primeiro ano com 40% logo à saída do curso. Deveríamos ter divulgado esses inquéritos para os media; ainda há uns dias vinha referido no Diário Económico em letras gordas um curso com índices idênticos. Mas será que podemos confiar nos jornais? Num diário em que fazia uma lista de cursos com saída na capa aparecia o curso de biologia, mas no miolo do artigo nem uma referência! As universidade privadas há muito que fazem uma publicidade acirrada.Os cursos do Politécnico enchem os centros comerciais na altura das candidaturas. A minha Universidade orgulha-se de preencher as vagas quase todas com uma maioria de primeiras escolhas. Ninguém quer perder a dignidade, mas ter alunos é fundamental.
Mas as Universidades não são só os alunos. As universidade são polos de saber, cultura e inovação. Um excessivo centramento da universidade nos alunos não é bom para ninguém, embora, claro, a razão de ser das universidades seja o estudo e os que estudam: os estudantes.
Se calhar poderia haver alguma esperança para os obcecados com a medicina e para a sociedade, agora que os cursos de medicina têm obrigação legal de recrutar licenciados em cursos de áreas científicas para um número cada vez maior das suas vagas, mas não sei se será mesmo assim, como mostra esta notícia já com uns meses!
E quanto aos números da empregabilidade? As percentagens da OCDE publicadas recentemente são negras, mas quem dá a notícia não nos diz quais os cursos com piores resultados. Suspeitamos que sejam as carradas de licenciados em psicologia, direito, e outros mas não temos a certeza. Os números dos centros de emprego não dizem nada: todos os cursos têm gente lá. Só não há de medicina porque deve ser considerado demasiado humilhante ou absurdo. Nos curso de química e química industrial, que tenho responsabilidades, temos inquéritos aos ex-alunos que indicam uma empregabilidade de 100% no primeiro ano com 40% logo à saída do curso. Deveríamos ter divulgado esses inquéritos para os media; ainda há uns dias vinha referido no Diário Económico em letras gordas um curso com índices idênticos. Mas será que podemos confiar nos jornais? Num diário em que fazia uma lista de cursos com saída na capa aparecia o curso de biologia, mas no miolo do artigo nem uma referência! As universidade privadas há muito que fazem uma publicidade acirrada.Os cursos do Politécnico enchem os centros comerciais na altura das candidaturas. A minha Universidade orgulha-se de preencher as vagas quase todas com uma maioria de primeiras escolhas. Ninguém quer perder a dignidade, mas ter alunos é fundamental.
Mas as Universidades não são só os alunos. As universidade são polos de saber, cultura e inovação. Um excessivo centramento da universidade nos alunos não é bom para ninguém, embora, claro, a razão de ser das universidades seja o estudo e os que estudam: os estudantes.
sexta-feira, outubro 2
Campanhas (negras)
Muito se fala de gamelas nos media, a propósito destas declarações de Elisa Ferreira:
«É uma grande vantagem ter alguém que não vem para a câmara porque quer protagonismo ou porque quer uma gamela. Eu perco uma gamela para vir para o Porto por amor à cidade»
Alguns títulos de notícias:
"Estou disposta a 'perder a gamela de Bruxelas'"
"Rangel não gostou da 'gamela' de Elisa"
"Porto: 'Perco uma gamela para vir para a Câmara do Porto' - Elisa Ferreira"
Mas afinal o que é uma gamela? Curiosamente, o dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz que é:
"Indivíduo que trabalha como engenheiro sem ser diplomado."
«É uma grande vantagem ter alguém que não vem para a câmara porque quer protagonismo ou porque quer uma gamela. Eu perco uma gamela para vir para o Porto por amor à cidade»
Alguns títulos de notícias:
"Estou disposta a 'perder a gamela de Bruxelas'"
"Rangel não gostou da 'gamela' de Elisa"
"Porto: 'Perco uma gamela para vir para a Câmara do Porto' - Elisa Ferreira"
Mas afinal o que é uma gamela? Curiosamente, o dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz que é:
"Indivíduo que trabalha como engenheiro sem ser diplomado."