quarta-feira, dezembro 31
Feliz 2009
terça-feira, dezembro 30
Gestão e literatura
Há alguns anos encontrei num saldo um inspirador livro de John K. Clemens e Douglas F. Mayer, The classic touch: Lessons in Leadership from Homer to Hemingway (indico o título da edição original), datado de 1987, edição portuguesa de 1993. Este livro que me custou para aí uns quinhentos escudos (uns míseros 2,5 euros) levou-me a redescobrir a Antígona de Sófocles, A morte de um caixeiro viajante de Arthur Miller e Por quem os sinos dobram de Hemingway, entre outros autores e livros. E mostrou-me livros que não conhecia na altura como o Walden de Thoreau. Pelo meio podemos encontrar outras formas de ler Shakespeare e o Rei Lear, Maquiavel, Péricles, Platão, Homero, entre outros. Um livro que vive muito para além das gralhas da tradução portuguesa!
Hoje encontrei na biblioteca o livro de Joseph L. Badaracco, Jr, Questions of Character: Iluminating the heart of leadership through literature, datado de 2006, edição portuguesa de 2007. Só dei um vista de olhos e julgo que será igualmente inspirador. Embora sejam referidas menos obras, algumas são comuns (talvez por serem incontornáveis) ao livro anterior, e.g., A morte de um caixeiro viajante e a Antígona. Não encontrei, nem procurei, vestígios de plágio, mas estranhei o primeiro livro não ser citado, tanto mais que o autor é professor de Ética na Harvard Business School. Os agradecimentos explicam a origem do livro: há uma dezena de anos que um outro professor da HBS iniciou um curso com base na literatura e há mais tempo ainda outros professores iniciaram cursos inovadores na HBS. Mas dos autores do Hartwick College de Nova Iorque, nada. Será possível que os professores da HBS não conheçam as obras dos professores do HC, ou será que isso não interessa nada, pois as boas ideias andam por aí e são de todos? Seja lá como for, este livro tem, para além de Miller e Sófocles, Conrad, Fitzgerald e ainda outros autores que não conheço...
Aproveito, para desejar um Bom Ano com boas ideias e pensamento crítico aos nossos vinte e um leitores e leitoras! E que não se deixem apanhar pelo isco das novidades e pelas redes das actualidades...
Hoje encontrei na biblioteca o livro de Joseph L. Badaracco, Jr, Questions of Character: Iluminating the heart of leadership through literature, datado de 2006, edição portuguesa de 2007. Só dei um vista de olhos e julgo que será igualmente inspirador. Embora sejam referidas menos obras, algumas são comuns (talvez por serem incontornáveis) ao livro anterior, e.g., A morte de um caixeiro viajante e a Antígona. Não encontrei, nem procurei, vestígios de plágio, mas estranhei o primeiro livro não ser citado, tanto mais que o autor é professor de Ética na Harvard Business School. Os agradecimentos explicam a origem do livro: há uma dezena de anos que um outro professor da HBS iniciou um curso com base na literatura e há mais tempo ainda outros professores iniciaram cursos inovadores na HBS. Mas dos autores do Hartwick College de Nova Iorque, nada. Será possível que os professores da HBS não conheçam as obras dos professores do HC, ou será que isso não interessa nada, pois as boas ideias andam por aí e são de todos? Seja lá como for, este livro tem, para além de Miller e Sófocles, Conrad, Fitzgerald e ainda outros autores que não conheço...
Aproveito, para desejar um Bom Ano com boas ideias e pensamento crítico aos nossos vinte e um leitores e leitoras! E que não se deixem apanhar pelo isco das novidades e pelas redes das actualidades...
sexta-feira, dezembro 19
They need, they deserve our support
Portugal com a segunda maior taxa de cesarianas da Europa
Diz o Público de hoje e não tive acesso ao corpo da notícia.
Uma vergonha que os seguros de saúde fizeram aumentar. Fruto da desinformação mesmo das classes mais priviligiadas.
Uma vergonha que os seguros de saúde fizeram aumentar. Fruto da desinformação mesmo das classes mais priviligiadas.
A ilusão da economia (opinião de um leigo)
A recente onda de descobertas de manipulações dos mercados, contabilidade criativa, esquemas em pirâmide e outros operações de alta finança talvez traga um pouco de luz sobre o problema do lucro: talvez o lucro não seja mais que a capacidade de lançar os prejuizos para o futuro.
E, talvez o futuro esteja a ser hoje. E se não fosse hoje seria amanhã, ou poderia ter sido ontem...
Talvez não sejamos capazes de ver onde estão todos os lançadores de prejuizos para o futuro, mas podemos, pelo menos, ver em toda a sua nudez a ilusão da economia.
E, talvez o futuro esteja a ser hoje. E se não fosse hoje seria amanhã, ou poderia ter sido ontem...
Talvez não sejamos capazes de ver onde estão todos os lançadores de prejuizos para o futuro, mas podemos, pelo menos, ver em toda a sua nudez a ilusão da economia.
quinta-feira, dezembro 18
Coisas estranhas
O Dakar na Argentina. Ou voltámos à Pangeia?
A obesilectricidade
Em cada dia, milhões de pessoas no mundo inteiro fazem exercício físico para se manter em forma ou reduzir o peso. Se pensarmos nos aparelhos que existem nos ginásios, a energia que resulta do exercício é totalmente desaproveitada: esforçamo-nos para fazer subir e descer pesos sem outro motivo que não seja o de fazer exercício. Andamos, corremos ou pedalamos mas não saímos do mesmo sítio. De certo modo, perdemos tempo, dinheiro e energia a fazer coisas inúteis apenas porque gostamos de comer demais.
Mas não tem de ser assim: a energia humana nos ginásios pode ser utilizada para produzir energia eléctrica, se os aparelhos forem adaptados. Os primeiros ginásios que convertem a energia humana em electricidade começaram a funcionar no ano passado. Quanta energia poderá ser gerada nos ginásios de todo o mundo e quando conseguirá essa energia pagar o custo da adaptação?
Mas não tem de ser assim: a energia humana nos ginásios pode ser utilizada para produzir energia eléctrica, se os aparelhos forem adaptados. Os primeiros ginásios que convertem a energia humana em electricidade começaram a funcionar no ano passado. Quanta energia poderá ser gerada nos ginásios de todo o mundo e quando conseguirá essa energia pagar o custo da adaptação?
Outros olhares
Em tempos falei aqui sobre ver o mundo ao contrário. Trocar as voltas a nós próprios e obrigarmo-nos a ver tudo de modo diferente do que estamos habituados, eventualmente ao contrário, é um exercício sempre útil para melhor compreendermos o que nos rodeia e sobretudo os outros.
Os mapa-múndi ditos "normais", aqueles que estamos habituados a ver nas enciclopédias e que poderíamos inocentemente pensar que nos mostram o mundo tal como ele é, são uma visão deformada da realidade. As próprias enciclopédias nos dizem: "All map projections distort the surface in some fashion".
O contrário pode também ser verdade: mapas deformados podem ajudar-nos a ver melhor a realidade, como acontece no Worldmapper, onde podemos ver dezenas de mapas deformados sobre as mais variadas estatísticas.
Adivinhe o que o mapa abaixo nos mostra:
(se respondeu a prevalência de SIDA no mundo, acertou. Simples de ver, não é? )
É um jogo engraçado de se fazer a dois: um escolhe o mapa, o outro tenta adivinhar o que se está a ver. Aposto em como não acerta no que estamos a ver neste mapa:
(clicar no mapa para ver a resposta.)
Então e com o nosso Portugalzinho, não se podia fazer o mesmo? O rectângulo à beira mar todo encarquilhadinho, obeso aqui, espigadote acolá, não nos daria mais rapidamente uma visão de como somos na realidade? E com as imagens a variar no tempo, teríamos o filme das nossas vidas. Fica a sugestão, para quem quiser quiser fazer um site interessante e útil...
Os mapa-múndi ditos "normais", aqueles que estamos habituados a ver nas enciclopédias e que poderíamos inocentemente pensar que nos mostram o mundo tal como ele é, são uma visão deformada da realidade. As próprias enciclopédias nos dizem: "All map projections distort the surface in some fashion".
O contrário pode também ser verdade: mapas deformados podem ajudar-nos a ver melhor a realidade, como acontece no Worldmapper, onde podemos ver dezenas de mapas deformados sobre as mais variadas estatísticas.
Adivinhe o que o mapa abaixo nos mostra:
(se respondeu a prevalência de SIDA no mundo, acertou. Simples de ver, não é? )
É um jogo engraçado de se fazer a dois: um escolhe o mapa, o outro tenta adivinhar o que se está a ver. Aposto em como não acerta no que estamos a ver neste mapa:
(clicar no mapa para ver a resposta.)
Então e com o nosso Portugalzinho, não se podia fazer o mesmo? O rectângulo à beira mar todo encarquilhadinho, obeso aqui, espigadote acolá, não nos daria mais rapidamente uma visão de como somos na realidade? E com as imagens a variar no tempo, teríamos o filme das nossas vidas. Fica a sugestão, para quem quiser quiser fazer um site interessante e útil...
domingo, dezembro 14
Estatística, opiniões e factos: dois casos ao acaso, ou nem por isso
Há pouco tempo surgiu a notícia de que as mulheres e os idosos são os mais infectados com SIDA. Ouvi isso pela primeira vez no programa do Júlio Machado Vaz. A interpretação dos números fazia sentido, mas nestas coisas a riqueza de pormenores não é grande amiga da precisão: muitas vezes são os nossos preconceitos, sejam eles quais forem, com ajuda da nossa imaginação, a criar explicações! Quais são afinal os números? Comecei a procurar o que havia disponível e, para além da repetição ad nauseum da mesma notícia, aparecia pouco mais do que um número global de infectados. E a mesma entrevista ao mesmo médico, o qual começava por dizer que os médicos não faziam notificações por não terem tempo para preencher papéis! Isso é mau, pois se não temos notificações não temos números... A seguir aparecem uns números relativos, apoiados na fisiologia (as mulheres são 100 vezes mais infectáveis que os homens) ou em casos isolados (era uma senhora de 60 anos...). Mas como não nos é dito quais são os números fica-se na mesma, para além da tal, suposta, por ser também uma opinião, falta de notificação. Em que é que ficamos? As conclusões parecem lógicas, mas faltam os dados...
Num estudo americano verificou-se que a mortalidade infantil é maior para crianças sem seguro. Constata-se que as crianças (na maioria recém-nascidos) ficam mais tempo no hospital se tiverem seguro e conclui-se que se deve dar maior atenção às crianças sem seguro. Infelizmente é caso para perguntar se estes números não eram já de esperar? Não se está mesmo a ver que os pobres não têm seguros, têm mais problemas de saúde e são em geral pior tratados. Ou estas conclusões são os meus preconceitos a funcionar? De facto, qual será mesmo a razão por que os números são assim? Por estas crianças serem pior tratadas, por serem mandados mais cedo para casa, ou por terem mais problemas? Por todas estas razões, ou por mais alguma que não nos ocorreu?
Num estudo americano verificou-se que a mortalidade infantil é maior para crianças sem seguro. Constata-se que as crianças (na maioria recém-nascidos) ficam mais tempo no hospital se tiverem seguro e conclui-se que se deve dar maior atenção às crianças sem seguro. Infelizmente é caso para perguntar se estes números não eram já de esperar? Não se está mesmo a ver que os pobres não têm seguros, têm mais problemas de saúde e são em geral pior tratados. Ou estas conclusões são os meus preconceitos a funcionar? De facto, qual será mesmo a razão por que os números são assim? Por estas crianças serem pior tratadas, por serem mandados mais cedo para casa, ou por terem mais problemas? Por todas estas razões, ou por mais alguma que não nos ocorreu?
sábado, dezembro 13
Ver o mundo
Há uns tempos atrás, dei por acaso com esta apresentação de Hans Rosling no TEDTalks. Nunca tinha ouvido falar do senhor, mas fiquei fascinado com a simplicidade desconcertante com que ele apresentava informação complexa e multidimensional. Comparava estatísticas sobre os países do mundo e mostrava a sua evolução temporal como se fosse uma brincadeira de crianças ou uma corrida de cavalos.
Depois da apresentação, fiz uma pesquisa rápida e dei com o site do Gapminder, onde qualquer um pode experimentar os gráficos e assim perceber um pouco melhor este complexo mundo em que vivemos. Vale a pena explorar também as excelentes apresentações interactivas.
A segunda apresentação deste senhor no TEDTalks em 2007 deve ser vista do princípio ao fim (e que fim!!). Retenho esta parte:
"We have to know a little more about the world. I have a neighbour who knows 200 types of wine. He knows everything: the name of the grapes, the temperature, everything. I only know 2 types of wine: red and white.
But my neighbour only knows 2 types of countries: 'industrialized' and 'developing' and I know 200 - I know about the small data, you can do that!"
Depois da apresentação, fiz uma pesquisa rápida e dei com o site do Gapminder, onde qualquer um pode experimentar os gráficos e assim perceber um pouco melhor este complexo mundo em que vivemos. Vale a pena explorar também as excelentes apresentações interactivas.
A segunda apresentação deste senhor no TEDTalks em 2007 deve ser vista do princípio ao fim (e que fim!!). Retenho esta parte:
"We have to know a little more about the world. I have a neighbour who knows 200 types of wine. He knows everything: the name of the grapes, the temperature, everything. I only know 2 types of wine: red and white.
But my neighbour only knows 2 types of countries: 'industrialized' and 'developing' and I know 200 - I know about the small data, you can do that!"
Escola pública versus privada, a perspectiva de um inglês
terça-feira, dezembro 9
Comércio tradicional: texto quase moralista
Fui de propósito à loja de brinquedos da baixa (aquela que tem o eléctrico) e comprei o brinquedo. Assaltou-me a dúvida: estarei a ser tanso? Já havia passado na grande superfície e lá um brinquedo idêntico (da mesma marca), que por acaso também estava na loja da baixa, custava menos 25%. Aliás, na grande superfície gêmea, do outro lado da cidade, o mesmo brinquedo idêntico custava também 25% menos, mas lá também só havia o brinquedo idêntico. De facto, o brinquedo idêntico da grande superfície faz parte de um catálogo que nos colocam nas caixas de correio. E foi comprado aos milhares de unidades para serem vendidas a milhares de crianças que vão escolher os brinquedos pelo catálogo e chorar na grande superfície, como se aquele fosse o único brinquedo do mundo. Enquanto os pais se passeiam na grande superfície e compram mais lixo que não precisam, ou poupam gastando (notar que não me ponho de fora desta nobre actividade que faz crescer o PIB).
Em nome dos momentos felizes na Baixa a andar de eléctrico e da diversidade, pago de bom grado 25% a mais. De resto na nossa caixa de correio não aceitamos correio não endereçado. Se o queremos ler tiramos das caixas (cheias), ou levamos aquele que os vizinhos deixam espalhado.
sábado, dezembro 6
Física muito divertida
Phun. A física é divertida, brinque-se com ela.
É como LEGO num espaço 2D: tira e põe gravidade, desenha objectos, liquidifica-os, prega-os ao céu ou faz um carro, faz bolas mais ou menos saltitantes, dá uma mãozinha a uma boneca de trapos e atira-a para longe ou desliza-a com mais ou menos atrito e sadismo por um plano inclinado, constrói um jogo de bilhar mais ou menos elástico, um foguete, um canhão ou uma fonte, vê trajectórias com a caneta, junta molas e motores para dar movimento. Uma diversão. Para brincar, cria-se e aprende-se. Dos 7 aos 77 anos, como dizia o outro.
sexta-feira, dezembro 5
Chinatown
segunda-feira, dezembro 1
Conjunção da Lua com Vénus e Júpiter - II
Conjunção da Lua com Vénus e Júpiter
Hoje, em Coimbra ao fim do dia, pôde olhar-se para o céu e ver a imagem fantástica da Lua com um brinco pendurado (antes de as nuvens aparecerem). Saber que o brinco é Vénus e que o ponto brilhante um pouco mais acima é Júpiter, ou ainda que se trata da conjunção destes três planetas na constelação de Sagitário talvez seja relevante, mas não é, concerteza, fundamental.