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segunda-feira, outubro 29

A Revista História 

apesar da sua grande qualidade, sempre (ou quase sempre), viveu na corda bamba. Agora está em vias de fechar. Não vamos deixar que isso aconteça.

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domingo, outubro 28

Biocombustíveis 

Quando bio não é necessariamente o melhor:

“Ao decidir atribuir 7,3 biliões de dólares em subsídios anuais para a produção de agrocombustíveis, os EUA, contribuíram para um aumento que chegou aos 400 % do preço do alimento básico dos Mexicanos, a tortilla.

Em qualquer dos casos é, de novo, aos países do Sul que vão buscar as fontes de energia. E, se nada for feito, repetir-se-á a maldição do petróleo: a pobreza das populações em países ricos em recursos energéticos.”


Boaventura Sousa Santos, Visão 25/10/07


“- Porque chama “necrocombustíveis” ao etanol?

Frei Betto – … Lula deveria segur o exemplo dos produtores de petróleo – a criação de uma Etanolbrás, uma empresa estatal para controlar a produção do etanol. Seria o modo de evitar a acção destruidora dos patrões do etanol, conhecidos por sonegarem impostos, dependendo do dinheiro público e não respeitarem a legislação do trabalho. Os apanhadores de cana ganham por tonelada colhida, não por hora trabalhada Nas mãos dos “usineiros” o dinheiro corre o risco de ficar no exterior. E a transformação do Sudeste brasileiro num grande canavial já fez aumentar em 30 % o preço do leite e encolher a Amazónia.”

Frei Betto (ex-acessor de Lula para as políticas sociais)Visão 25/10/07

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terça-feira, outubro 23

Mitos alimentares e má ciência* 

Mitos alimentares e má ciência*

Ontem, no canal 2 da RTP, passou um programa de que desconheço o título (desconheço quase sempre os títulos dos programas de televisão porque quase sempre os apanho a meio e também não leio a TV Guia) em que se pretendia desmontar ou confirmar mitos relacionados com hábitos alimentares. E digo-vos, meus senhores, aquilo foi ciência…

Estamos todos habituados a ler nos jornais diários pequenas notícias em que se diz que na Universidade X, o investigador Y decobriu que quem comer 5 Kg de alho cru por dia aumenta a esperança de vida em 25 anos. E no dia seguinte é quem comer 2 Kg de couves de Bruxelas, etc, etc.

No programa de ontem puseram dez meninas (inglesas?), num retiro, a beberem sumos de alface e cenoura e pouco mais, durante uma semana. Estas meninas vestiam sugestivamente de branco pureza. Enquanto isso, outras dez meninas vestidas de vermelho pecado, comiam chocolates, bebiam vinho, comiam supostamente croissants e chips. Ao fim de uma semana, as meninas de branco, que como boas inglesas (ou americanas) estavam mais habituadas à cerveja, à coca-cola e à fast-food estavam para morrer, enquanto que as meninas de vermelho estavam contentinhas da vida com os bons tratos recebidos. Analisados os níveis de toxinas na urina e noutros fluidos biológicos verificou-se que não havia diferença entre os dois grupos, o fígado e os rins gostam mesmo é de serem mal tratados e desenvencilham-se lindamente de todas as tarefas de purificação por mais espinhosas que estas sejam.

Outro estudo muito científico: através de uma técnica qualquer (ultra-sons) mediam o diâmetro de uns determinados vasos sanguíneos de 3 voluntários. Depois um deles bebia um copo de vinho tinto e outro uma bebida branca diluída de modo a conter a mesma quantidade de etanol que o copo de vinho. Mediam o diâmetro das mesmos vasos e concluíram que para a protecção das nossas artérias são tão eficientes o vodka como o vinho tinto francês porque ambos provocam um aumento do diâmetro dos vasos. Esqueceram-se foi de dizer que o álcool tem um efeito vaso-dilatador temporário. O terceiro voluntário bebeu apenas sumo de uva e teve resultados semelhantes aos dois primeiros e já não sei qual foi a explicação. Como se percebe facilmente este estudo pretendia desmontar o “paradoxo francês”, aqueles senhores enchem tudo de creme fraiche e têm umas artérias limpinhas que se fartam, o que atribuem aos poderes dos flavonóides presentes no vinho tinto.

E ainda outro: uma loira, apreciadora de cricket, tinha grandes problemas porque não conseguia assistir a um jogo sem que apanhasse queimaduras solares, como se em Inglaterra não chovesse ¾ do ano, ou será que a loira era australiana? (na Austrália também devem jogar cricket). A loira sujeitou-se a uma dieta em que ingeria diariamente 55 g de pasta de tomate (vejam o preciosismo 55 g, como terão chegado a este valor? possivelmente terá mais a ver com a conversão do sistema de unidades inglês para o SI) durante três meses e aumentou a sua capacidade de exposição aos raios solares em 11 % e nunca mais apanhou escaldões durante os jogos de cricket.

Estes exemplos fazem-me lembrar um estudo feito nos Estados Unidos (só podia…) em que uma investigadora (?) comparou um grupo de obesos com um de magros e concluiu que a obesidade aumentava a esperança de vida. Esse estudo vem referido, como exemplo de má ciência, num dos últimos números da Scientific American. Afinal a investigadora tinha-se esquecido mencionar que no grupo dos magros havia alguns que tinham justamente emagrecido porque estavam muito doentes.



* passando ainda perigosas mensagens


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Tristes recordes 

"The average Arctic sea ice extent for the month of September was 4.28 million square kilometers (1.65 million square miles), the lowest September extent since records began in 1979, according to the National Snow and Ice Data Center, shattering the previous record for the month, set in 2005, by 23 percent."

Global Climate Report, Setembro de 2007

domingo, outubro 21

O que parece não é o que parece 



Mais informações e outros videos intrigantes na página do livro Quirkology de Richard Wiseman. Este livro (que tenho lido à borla na FNAC) é muito interessante. Entre muitas outras coisas, discute a coincidência de haver muitos biólogos marinhos chamados Fish (o próprio autor deve acreditar que o seu nome não é coincidência!) Outra coisa intrigante no livro é a relação entre sorte e mês de nascimento. E nós que ainda o ano passado nos rimos com a astróloga que relacionou risco de acidente com horóscopos. Bem, o Michael Shermer só diz bem...

sexta-feira, outubro 19

derrapagens nas obras públicas 


O Carlos Fiolhais com o seu habitual humor escreveu no Público (foi aí primeiro que o li) e depois transcreveu no De Rerum Natura um texto sobre as derrapagem das obras públicas em Portugal. Embora este tema seja uma anedota nacional, não é uma ideossincrasia dos portugueses, a juntar ao fado e à saudade. Nesse ponto somos como os outros. A derrapagem é um problema em todos os países e as culpas nem sempre estão onde uma visão simplista as espera encontrar. Veja-se por exemplo o estudo de Bent Flyvbjerg e Mette Skamris Underestimating Costs in Public Works Projects. Error or Lie? sobre uma parte importante do problema (a subestimação inicial dos custos). Os promotores das obras (normalmente políticos) podem ter interesse em anunciar que estas vão custar muito menos para que os contribuintes as aceitem melhor, não incluindo algumas das obras necessárias no caderno de encargos, ou podem também ter pressa em dar início a uma dada obra, por exemplo devido ao aproximar de eleições, ficando muitos dos estudos necessários por fazer. Podem também os projectistas ter criado coisas que não são facilmente concretizáveis, pode a fiscalização estar pouco atenta, pode haver desonestidade da parte de alguns ou de todos. E de facto, não sei como se pode confiar em pessoas que penduram betoneiras em guindastes!

Mas também temos bons exemplos aqui por perto. Do que sei das mais recentes obras da Universidade de Coimbra, as derrapagens só têm tido dimensão temporal. E essa devida quase sempre aos atrasos nas transferências das verbas. Poder-se-ia alegar que tal é devido a não se ter uma fonte de dinheiro fácil para derrapagens financeiras. Sim, poder-se-ia dizer isso. Mas o facto é que a necessidade vai aguçando o engenho e uma preparação cuidada e realista dos cadernos de encargos, seguida de uma fiscalização férrea, quase não deixam lugar para derrapagens financeiras.

sábado, outubro 13

Gore e o Juiz 

Alguns blogs, os habituais, rejubilaram com a notícia do juiz que encontrou "erros" no filme de Al Gore. Imediatamente deram toda a credibilidade aos "erros" apontados pelo juiz e teceram um enorme rol de considerações, em grande parte baseadas no pressuposto ingénuo de que um juiz tem a última palavra na determinação da validade de toda e qualquer explicação científica. Se o juiz diz que há um erro científico, é porque assim é e toca a elaborar a partir daí. Parece-me um mau princípio, até porque há antecedentes perigosos no que se refere a julgamentos de teorias científicas, mas adiante.

Goste-se ou não de Gore e do seu filme, não deixa de ser interessante observar como é fácil espalhar-se notícias destas, que facilmente ganham uma visibilidade comparável à da atribuição do prémio Nobel, sem se examinar se o júri não estaria ele próprio enganado quando apontou alguns dos "erros" e sem se ver se os "erros" o eram realmente. Assim, para que se possa ir um pouco mais além do mero título da notícia, deixo aqui esta interessante análise do tema, complementada aqui.

sexta-feira, outubro 12

Não comento 

Nobel da paz para Al Gore e Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas

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