<$BlogRSDUrl$>

quarta-feira, agosto 6

O tempo, esse grande escultor 

A Natureza do Mal, a formiga de Langton e a Razão Impura (mais alguém?) adicionaram pistas importantes para a pergunta que coloquei (o que nos move?).

A Sofia fez bem em lembrar os genes, esses egoístas. Não li o livro de Dawkins, mas encontrei este resumo que me fez adicionar o livro à minha interminável “to read list”. É engraçado aplicar o darwinismo às moléculas (genes, mais propriamente), porque não? A partir do momento em que elas se podem “reproduzir”, faz todo o sentido. No entanto, elas não se reproduzem sozinhas, é preciso uma “sociedade” de moléculas especializadas para ajudar. E essa ideia de que somos meros invólucros, máquinas de propagação de genes... bem, o resumo explica. Os genes são de facto uma tecnologia infernal (“do outro mundo” ia eu a dizer lembrando Fred Hoyle, mas tenho muitas dúvidas... o tempo é realmente um grande escultor).

A Formiga segue outros trilhos (feromonais, que no fundo são também pisoteios - ver este post). Curiosamente, de novo se fala de egoísmo. A Formiga é céptica relativamente à hipótese que coloquei (sobre se tudo o que fazemos resulta de análises custo-benefício), mas o verdadeiro alcance da argumentação pode-me ter passado ao lado. Parece-me que tanto o egoísmo como o altruísmo podem ser vistos como resultantes do mesmo processo de análise custo-benefício, onde se pesa a nossa comodidade versus o bem-estar dos outros (este por sua vez relaciona-se com o nosso bem-estar, cultura, princípios...). Nuns casos a balança cai para um lado, noutros para outro – o lado para onde cai varia de caso para caso e depende de quem analisa, nomeadamente da informação que se possui e do “hardware”/”software” que usa na análise (digamos assim) e que é específico de cada um.

A Razão Impura adiciona um outro trilho, o da água do rio que escolhe o melhor caminho, até ela parece feromonal, o que é fenomenal. Afinal as complexidades são bastante parecidas e pelos vistos intrinsecamente simples! Mas, helas, são difíceis de prever à mesma. Diz a Razão sobre aquilo que nos move: “em ultima instância são as leis da física e da luta contra a entropia, mas sobretudo o sentido de que somos e porque o somos nos movemos”.

Esquentei os miolos com a variedade de analogias e pontas soltas que esta discussão suscitou. Os links feromonais pisoteados da Internet, as sociedades humanas, de formigas e de todos os outros seres vivos, as “sociedades de moléculas” (rios, genes), as máquinas que nós afinal também somos (a discussão do que é uma máquina promete ser tão incerta quanto a do que é um ser vivo...), os mapas cognitivos a respeito das formigas, quando eu conhecia os cerebrais, também eles devidos a redes de neurónios que tantas semelhanças têm com as sociedades... Há algo que une tudo isto, não é?

No fundo, tudo se prende com informação, entropia (quase o mesmo, estas duas), probabilidade, tempo, links, cópia, acção-reacção...

Até os bytes (ou conjuntos de bytes, files, posts) são egoístas: arranjaram maneiras de se copiarem indefinidamente, invólucros que são máquinas de os propagar e multiplicar (disquettes, computadores, redes)... tal como os genes, que se copiam infinitamente, imortalmente...

Enfim, é pena que o tempo seja tão limitado e não me esculpa a ignorância o suficiente para compreender tudo o que gostaria. Esculpem qualquer coisinha por este longo “post”...

Comments: Enviar um comentário
This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com