A aba de Heisenberg

Inquérito aos estudantes da Universidade de Coimbra: consumos culturais, participação associativa e orientações perante a vida.

Que estupidez!... Estava à espera que as lâmpadas incandescentes que ainda havia cá por casa se fundissem, para as trocar por lâmpadas economizadoras de energia. Asneira: quanto mais se adia a troca, mais dinheiro, energia e ambiente se gasta estupidamente. Hoje, quando soube que a Austrália ia acabar com as lâmpadas incandescentes, decidi que não passava de hoje. O Edison que me desculpe, mas... rua, xôôô!

(Esta é uma vantagem de termos um Protocolo de Quioto pessoal: não precisamos de esperar até 2012 ou 2020 para reduzir as emissões de CO2.)

agir ou...

A especialista em virologia, Ilaria Capua, assim como outros especialistas de saúde, consideram alarmistas as notícias sobre o surto de gripe das aves no Reino Unido, detectado na semana passada. "As pessoas devem estar bem informadas, mas não preparadas para o pior", explica a investigadora cujo laboratório presta serviços à Organização Mundial para a Saúde dos Animais (World Organization for Animal Health -WOAH). A capacidade de resposta das autoridades britânicas - ao neutralizarem 159 mil aves infectadas - leva os especialistas a pensarem que a Europa não será o continente onde o H5N1 se tornará contagioso entre humanos. O coordenador das Nações Unidas, para o problema da gripe das aves, David Nabarro, afirma que poucas pessoas correm o risco de contrair o vírus num continente com recursos para limitar a propagação de infecções, como o europeu. Além disso, o responsável salienta o facto de a população europeia não viver com uma presença tão forte de aves, como a de outras zonas do mundo: na Indonésia 80 por cento das casas têm a sua criação particular de aves. Os países em desenvolvimento constituem o maior foco de preocupação.

Na Newsletter da Gripnet

Etiquetas: gripe das aves

Richard Dawkins em "The God Delusion" (2006). Excerto maior aqui.

"Constructing models is something the human brain is very good at. When we are asleep it is called dreaming; when we are awake we call it imagination or, when it is exceptionally vivid, hallucination. Children who have imaginary friends sometimes see them clearly, exactly as if they were real. If we are gullible, we don’t recognise hallucination or lucid dreaming for what it is and we claim to have seen or heard a ghost; or an angel; or God; or — especially if we happen to be young, female and Catholic — the Virgin Mary. Such visions and manifestations are certainly not good grounds for believing that ghosts or angels, gods or virgins, are actually there.

On the face of it mass visions, such as the report that 70,000 pilgrims at Fatima in Portugal in 1917 saw the sun “tear itself from the heavens and come crashing down upon the multitude”, are harder to write off.

It is not easy to explain how 70,000 people could share the same hallucination. But it is even harder to accept that it really happened without the rest of the world, outside Fatima, seeing it too — and not just seeing it, but feeling it as the catastrophic destruction of the solar system, including acceleration forces sufficient to hurl everybody into space. David Hume’s pithy test for a miracle comes irresistibly to mind: “No testimony is sufficient to establish a miracle, unless the testimony be of such a kind, that its falsehood would be more miraculous than the fact which it endeavours to establish.” It may seem improbable that 70,000 people could simultaneously be deluded, or could simultaneously collude in a mass lie. Or that history is mistaken in recording that 70,000 people claimed to see the sun dance. Or that they all simultaneously saw a mirage (they had been persuaded to stare at the sun, which can’t have done much for their eyesight). But any of those apparent improbabilities is far more probable than the alternative: that the Earth was suddenly yanked sideways in its orbit, and the solar system destroyed, with nobody outside Fatima noticing. I mean, Portugal is not that isolated (although admittedly my wife’s parents once stayed in a Paris hotel called the Hotel de l’Univers et du Portugal)."

Etiquetas: cérebro, Dawkins, Fátima, milagres, Portugal

Há vários anos atrás, eu previ que quando Sócrates chegasse ao poder, passaríamos a ter estudos por tudo e por nada, todos muito científicos e independentes (ou apenas "científicos" e "independentes", com aspas). Esses estudos são úteis, pois ajudam a fundamentar tecnicamente as decisões políticas. No entanto, também podem servir para justificar a posteriori opções políticas previamente definidas...

Sei, pelo excelente blog Estrago da Nação, que o Público de hoje fala de mais um estudo que custou uns modestos 375,5 milhares de euros, por ajuste directo. Seria bom que se analisasse profundamente quanto dinheiro o governo tem gasto em estudos técnicos e qual a sua qualidade (o ideal seria dispormos de meios de criticar e aferir, de modo fundamentado, a validade e independência das conclusões). Todos beneficiaríamos de um maior cepticismo e de uma pormenorizada crítica aos muitos estudos técnicos que se encomendam por aí. Seria bom se a Web 2.0 também tivesse essa função...

E porque é que a torrada cai sempre com a manteiga virada para baixo?
Elementar, porque quando nos escorrega do prato (ou da mão) não tem tempo (espaço) suficiente para fazer mais do que meia rotação. O resultado seria diferente se em vez da torrada simplesmente resvalar do nosso prato a atirássemos ao ar mas ninguém no seu perfeito juízo anda para aí a atirar torradinhas ao ar, acho eu.


Para quem acredita que se uma coisa pode correr mal, corre mal com toda a certeza, deve ler “Why the toast always lands butter side down” de Richard Robinson

(há uma versão portuguesa da “Verso da Kapa”)

Conta a história que estando um homem a comer uma torrada barrada com manteiga, desastradamente a deixou cair, coisa que pode acontecer a um homem que come torradas. Apressou-se o homem a apanhar a torrada mas, estacou, perplexo, incrédulo – a torrada tinha caído com o lado barrado de manteiga virado para cima – um milagre. À noitinha meia cidade falava do milagre e o homem angustiado resolveu ir falar com o mais sábio dos rabinos.
O rabino é que não gostou da brincadeira, ser posto perante tão embaraçosa pergunta para a qual não tinha resposta. E a ideia de milagre, sinceramente, não lhe agradava.
E o rabino toda a noite pensou, jejuou, orou e de novo pensou. E de manhã chamou o homem “Já tenho uma resposta para a tua pergunta: a torrada não caiu mal tu é que a barraste do lado errado”.

Recontado por mim a partir da Tertúlia de Mentirosos

A questão em debate no referendo – a despenalização das mulheres - não é científica. Não se destina a reconhecer ou a proclamar uma afirmação científica: se o feto é uma forma de vida (claro que é, embora não seja uma pessoa!) ou se o feto sente dor (claro que um óvulo fecundado não sente dor!). De resto, não faria qualquer sentido fazer avançar ciência por meio do voto secreto e universal. É, porém, uma questão, como muitas outras, que tem uma base científica. Em casos como este, a ciência deve apenas informar - e obviamente informar bem - deixando à consciência individual a formulação de juízos de valor. É por isso um verdadeiro tiro no pé quando um membro da comunidade científica, manipulado pela ideologia própria ou alheia, vem servir-se da ciência, para se servir a si própria ou então a si e ao seu grupo ideológico.

Carlos Fiolhais (ler na totalidade aqui)

É muito provável (mais de 90% de probabilidade) que as actividades humanas estejam a causar o aquecimento global.

(Fonte: IPCC)

Uma amiga minha (que espero que não me leve a mal a inconfidência) foi na semana passada visitar o laboratório em San Diego onde possivelmente vai fazer um pos-doc. Gostou do que viu e escreveu-me a relatar:





“San Diego e muito bonito, e é um bocado como estar em férias constantes! As praias são lindas, e há imensa vida selvagem!

O campus esta rodeado de areal e eucaliptos, o que ainda dá mais a sensação de liberdade e férias! O lab é bom, e acima de tudo as pessoas foram muito simpáticas e receberam-nos bastante bem!

O prof também me pareceu agradável, embora algo excêntrico! Excêntrico no sentido de não ir ao lab, ele trabalha muito, mas a partir de casa! É fanático por desporto… faz triatlo quase diariamente. Mora a 16 km e vai de bicicleta!!! é muito descontraído, anda por lá de calções, faz o que tem a fazer e vai-se embora sem dizer nada!

Toda a gente lá parece mais feliz ou descontraída que aqui...”

O que não tira que o referido laboratório tenha uma produção científica invejável, digo eu.