sexta-feira, janeiro 28
A questão das escolas privadas com contrato de associação
Todas as pessoas concordam que precisamos de ensino de qualidade sem desperdiçar recursos. E também deveriam concordar que todo o ensino é público (embora algumas escolas possam ter gestão privada). E não só o ensino é público como os seus resultados têm repercussões públicas. As crianças e jovens que frequentam as escolas são os adultos de amanhã. O que a escola lhes ensina em conjunto com os valores que os pais e a sociedade lhes transmitem são decisivos para o que acontece ao futuro de um país.
E não tenhamos dúvidas: as melhores escolas públicas e privadas são exemplos de boa gestão, qualidade e optimização de recursos, mesmo nas condições adversas criadas pelas burocracias e regras sempre a mudarem. Todos os tostões que lhes entregamos são bem empregues, contrariamente ao milhões que desperdiçamos com os aventureiros da finança. As mais valias que a escola de qualidade dá são seguras e públicas e por isso todos os tostões gastos nas escolas (notar bem: nas escolas, não nas estruturas burocráticas associadas) são tostões ganhos.
Sem querer parecer demagógico, gostaria de dizer que nos devemos preocupar sobretudo em defender o ensino de qualidade. Nesse ponto é de realçar que as escolas públicas têm melhorado muito em Portugal não só devido ao esforço de alguns governantes e muitos professores, pais e responsáveis pelas escolas, mas também, talvez, devido a alguma concorrência saudável entre as melhores escolas privadas e públicas.
A aventura (não diria romance) da minha família na escola privada começou há mais de quinze anos quando não havia infantários e jardins-escola da rede pública e quando os que havia só funcionavam umas horas por dia, mas nem sempre pois de vez em quando tinham de fechar por faltarem educadoras ou funcionárias. Depois veio o espanto perante as escolas primárias que só funcionavam de manhã ou de tarde, mas também nem sempre porque, se o professor faltava, as crianças ficavam em casa. Convém lembrar que só por essa altura começaram a surgir os tempos livres que, no entanto, tinham de ser organizados pelos pais. E convém também não esquecer, porque era muito comum, a existência de funcionários e professores que pareciam estarem lá apenas por odiarem crianças. Felizmente, hoje as coisas estão muito melhores...
Sempre fui avesso a elitismos e privilégios, mas aquilo que nos estavam a dar na altura como público era muito mau, e, pior que isso, parecia que ninguém queria mudar. Não tínhamos muito dinheiro, mas sentimos que não havia alternativa: fizemos (e ainda fazemos) sacrifícios no consumo, ficámos sem férias, plasmas, carros novos, e às vezes até tivemos de pedir dinheiro emprestado ou subsídios à família, e eis-nos na escola privada...
Na escola privada encontrámos funcionários e professores dedicados, segurança, qualidade, horários favoráveis, regras claras, estabilidade. Agora tudo isso também já se encontra nas melhores escolas públicas, mas o caminho foi longo e ainda não está concluído. Nas melhores escolas (públicas ou privadas) encontra-se um envolvimento, uma paixão e um brilho nos olhos que é preciso estar lá para o notar. Haver funcionários que sabem os nomes de quase todos os alunos, professores que os acompanham no processo de educação fora das aulas sem sentirem que estão a entreter meninos, haver sentimento de pertença e confiança, são pequenos pormenores que fazem toda a diferença quando tudo o resto parece ir bem.
O debate ideológico é útil se não ficar cego à realidade. A escola não é melhor por ter gestão privada ou pública, por ser católica ou por ser laica, por ser grande ou pequena. É melhor porque proporciona uma educação melhor e por tudo o que referi atrás. As duas melhores escolas que conheço, uma pública e outra privada, são também as únicas que conheço bem. Não são muito diferentes: em ambas há uma liderança e regras claras e o ensino parece ser de qualidade. No entanto na que é pública há um muito menor sentimento de pertença e em alguns casos parece faltar confiança na escola. As horas que perdemos em reuniões de pais para questionar o ensino e comportamento dos professores nunca as teríamos na escola privada. E, no entanto, tenho a certeza de que não é uma questão dos professores serem piores ou melhores. É uma questão de confiança, liderança e gestão pedagógica. Se por um lado os pais se sentem mais contentes com a escola privada e por isso fazem menos queixas, por outro a direcção parece estar mais atenta aos possíveis conflitos e parece ter mais poder para evitar que os professores tenham atitudes menos pedagógicas e que os alunos se comportem de forma incorrecta.
Durante o pré-escolar e a escola primária dos meus filhos mais velhos o estado poupou bastante dinheiro que esperamos ter sido usado para melhorar a escola pública, pagando nós mais ou menos os mesmos impostos. Depois, no ensino básico eles beneficiaram da existência do contrato de associação. No secundário, com alguma pena nossa rumaram à escola pública. Embora com o consolo ideológico de acharmos que eles deveriam saber o que é a vida, na verdade o que não tínhamos era capacidade para pagar! E, como já disse, verificámos que as escolas não eram assim tão diferentes, embora valha a pena ler com atenção o próximo parágrafo.
Paradoxalmente, na questão do elitismo as melhores escolas públicas até parecem ganhar às privadas. O sentimento de pertença e confiança dá às boas escolas privadas um ambiente menos elitista entre alunos, pais e professores. E já que se fala de elitismos, na escola pública não deixa de ser interessante a prática seguida por algumas escolas de agrupar os meninos bem em turmas especiais e o dinheiro que os pais gastam com explicações que circula numa economia paralela que não é desprezável. Esta escola pública é um clube privado de mais difícil acesso que as escolas públicas com contrato de associação!
Nesse contexto não deixa de ser interessante a acusação de busca de promoção social. Não é um acusação, trata-se felizmente de um elogio: os pais de condições sociais mais modestas procuram muitas vezes que os filhos subam a escada social através da frequência das escolas privadas. Fazem-no com sacrifícios e com esperança no futuro. Paradoxalmente têm nestas escolas um ambiente mais propício ao desenvolvimento pleno dos filhos do que nas escolas públicas em que não pertenceriam ao clube restrito dos meninos bem. Conheço muitos pais assim, operários, empregados não qualificados, mulheres-a-dias que procuram o melhor para os filhos nas escolas privadas com muitos sacrifícios. De facto não deixa de ser relevante que muitas vezes quem se manifesta contra estes supostos privilegiados sejam na realidade aqueles que, sendo privilegiados na escola pública, não querem aceitar a saudável procura de promoção social e cultural por parte das famílias mais modestas.
Mas vamos ao fumo dos números. O Ministério da Educação, apesar do que gasta com milhares de funcionários em direcções regionais, inspecções escolares e gabinetes do ministério faz de conta que não sabe bem o que gasta com as escolas públicas e privadas. A ministra chegou a lançar para o ar o número mirabolante de que gastaria três vezes mais com o ensino privado! Veja-se no entanto este artigo.
Façamos uma análise a partir de alguns números disponibilizados por professores na internet. Com base num relatório da inspecção escolar a 11 escolas privadas, apurou-se que o estado gastava em média cerca de 4400 euros por aluno por ano. Já o relatório de uma escola pública, cujas contas estavam na internet, indica que gastou entre cerca de 3700 euros e 5400 euros por aluno por ano, dependendo do ano. Obviamente estes números são só indicativos, mas mostram várias coisas interessante, nomeadamente que os gastos não são três vezes maiores mas sim da mesma ordem de grandeza!
As flutuações dos valores desta escola pública provêm essencialmente da variação do número de alunos, mas a média dos valores é semelhante aos da média das escolas privadas. As escolas privadas fazem contratos de associação com valores por turma e poderão também ter algumas flutuações, mas dificilmente há flutuações tão grandes pois a menos alunos correspondem obviamente menos turmas financiadas. Isso não acontece na escola pública como bem ilustra o exemplo acima. O financiamento global embora suba ligeiramente foi praticamente independente do número de alunos. Tal é compreensível devido aos custos fixos das escolas públicas (pessoal efectivo e manutenção), mas é claramente menos eficiente que na escola privada.
O valor de cerca de 4400 euros por aluno referido acima dá o valor de referência de cerca de 110 mil euros por turma de 25 alunos. Ora o governo quer passar para 80 mil euros de finaciamento por turma em contrato de associação, ou seja reduzir para 3200 euros por aluno, fazendo um corte de cerca de 27 por cento!
É preciso que se saiba que os professores nas escolas privadas têm salários mais baixos, progressões nas carreiras mais lentas, mais horas lectivas em média e não têm reduções progressivas do número de aulas lectivas como no sistema público. Imagino que isto possa acontecer não por um menor interesse ideológico dos sindicatos por estes professores, mas por os patrões privados serem mais duros que o estado e por estes professores serem menos reivindicativos. Logo, bem ou mal, aqui há uma outra ligeira, embora infeliz, vantagem económica do sistema privado: os custos com professores são mais baixos.
Mas as coisas ainda poderão ficar piores. Os valores propostos pelo ministério para os contratos de associação podem conduzir ao despedimento de muitos professores, à redução do número de horas de todos, com a consequente redução de salário, ou ao fecho de escolas.
Compreendo que se queira racionalizar os custos e acabar com possíveis abusos, mas isso não justifica o corte cego. Os abusos devem ser punidos, os contratos desnecessários poderão ser repensados e denunciados, mas os valores a pagar às escolas que prestam um efectivo serviço público devem ser justos e pelo menos idênticos aos atribuídos às escolas públicas em iguais circunstâncias. É aliás interessante notar que o estado sabe bem que não poderia fazer o mesmo corte nas escolas públicas que são afinal 99% do sistema de ensino português. Dir-se-ia que tudo isto é para distrair do aumento de impostos e cortes salariais na função pública para ajudar a pagar os buracos do BPN.
Só mais uma coisa para aqueles que embarcaram na luta cega contra o financiamento do ensino público em escolas de gestão privada. Recordo que o estado o faz porque necessita destas escolas em determinados lugares onde as escolas públicas não chegam. E que o estado faz o mesmo na saúde ao financiar consultas e análises no sistema privado de uma forma muito mais irracional e dispendiosa, não só porque não consegue dar conta do recado, mas também em nome de uma liberdade de escolha, que neste caso até nem precisa de ser evocada.
E não tenhamos dúvidas: as melhores escolas públicas e privadas são exemplos de boa gestão, qualidade e optimização de recursos, mesmo nas condições adversas criadas pelas burocracias e regras sempre a mudarem. Todos os tostões que lhes entregamos são bem empregues, contrariamente ao milhões que desperdiçamos com os aventureiros da finança. As mais valias que a escola de qualidade dá são seguras e públicas e por isso todos os tostões gastos nas escolas (notar bem: nas escolas, não nas estruturas burocráticas associadas) são tostões ganhos.
Sem querer parecer demagógico, gostaria de dizer que nos devemos preocupar sobretudo em defender o ensino de qualidade. Nesse ponto é de realçar que as escolas públicas têm melhorado muito em Portugal não só devido ao esforço de alguns governantes e muitos professores, pais e responsáveis pelas escolas, mas também, talvez, devido a alguma concorrência saudável entre as melhores escolas privadas e públicas.
A aventura (não diria romance) da minha família na escola privada começou há mais de quinze anos quando não havia infantários e jardins-escola da rede pública e quando os que havia só funcionavam umas horas por dia, mas nem sempre pois de vez em quando tinham de fechar por faltarem educadoras ou funcionárias. Depois veio o espanto perante as escolas primárias que só funcionavam de manhã ou de tarde, mas também nem sempre porque, se o professor faltava, as crianças ficavam em casa. Convém lembrar que só por essa altura começaram a surgir os tempos livres que, no entanto, tinham de ser organizados pelos pais. E convém também não esquecer, porque era muito comum, a existência de funcionários e professores que pareciam estarem lá apenas por odiarem crianças. Felizmente, hoje as coisas estão muito melhores...
Sempre fui avesso a elitismos e privilégios, mas aquilo que nos estavam a dar na altura como público era muito mau, e, pior que isso, parecia que ninguém queria mudar. Não tínhamos muito dinheiro, mas sentimos que não havia alternativa: fizemos (e ainda fazemos) sacrifícios no consumo, ficámos sem férias, plasmas, carros novos, e às vezes até tivemos de pedir dinheiro emprestado ou subsídios à família, e eis-nos na escola privada...
Na escola privada encontrámos funcionários e professores dedicados, segurança, qualidade, horários favoráveis, regras claras, estabilidade. Agora tudo isso também já se encontra nas melhores escolas públicas, mas o caminho foi longo e ainda não está concluído. Nas melhores escolas (públicas ou privadas) encontra-se um envolvimento, uma paixão e um brilho nos olhos que é preciso estar lá para o notar. Haver funcionários que sabem os nomes de quase todos os alunos, professores que os acompanham no processo de educação fora das aulas sem sentirem que estão a entreter meninos, haver sentimento de pertença e confiança, são pequenos pormenores que fazem toda a diferença quando tudo o resto parece ir bem.
O debate ideológico é útil se não ficar cego à realidade. A escola não é melhor por ter gestão privada ou pública, por ser católica ou por ser laica, por ser grande ou pequena. É melhor porque proporciona uma educação melhor e por tudo o que referi atrás. As duas melhores escolas que conheço, uma pública e outra privada, são também as únicas que conheço bem. Não são muito diferentes: em ambas há uma liderança e regras claras e o ensino parece ser de qualidade. No entanto na que é pública há um muito menor sentimento de pertença e em alguns casos parece faltar confiança na escola. As horas que perdemos em reuniões de pais para questionar o ensino e comportamento dos professores nunca as teríamos na escola privada. E, no entanto, tenho a certeza de que não é uma questão dos professores serem piores ou melhores. É uma questão de confiança, liderança e gestão pedagógica. Se por um lado os pais se sentem mais contentes com a escola privada e por isso fazem menos queixas, por outro a direcção parece estar mais atenta aos possíveis conflitos e parece ter mais poder para evitar que os professores tenham atitudes menos pedagógicas e que os alunos se comportem de forma incorrecta.
Durante o pré-escolar e a escola primária dos meus filhos mais velhos o estado poupou bastante dinheiro que esperamos ter sido usado para melhorar a escola pública, pagando nós mais ou menos os mesmos impostos. Depois, no ensino básico eles beneficiaram da existência do contrato de associação. No secundário, com alguma pena nossa rumaram à escola pública. Embora com o consolo ideológico de acharmos que eles deveriam saber o que é a vida, na verdade o que não tínhamos era capacidade para pagar! E, como já disse, verificámos que as escolas não eram assim tão diferentes, embora valha a pena ler com atenção o próximo parágrafo.
Paradoxalmente, na questão do elitismo as melhores escolas públicas até parecem ganhar às privadas. O sentimento de pertença e confiança dá às boas escolas privadas um ambiente menos elitista entre alunos, pais e professores. E já que se fala de elitismos, na escola pública não deixa de ser interessante a prática seguida por algumas escolas de agrupar os meninos bem em turmas especiais e o dinheiro que os pais gastam com explicações que circula numa economia paralela que não é desprezável. Esta escola pública é um clube privado de mais difícil acesso que as escolas públicas com contrato de associação!
Nesse contexto não deixa de ser interessante a acusação de busca de promoção social. Não é um acusação, trata-se felizmente de um elogio: os pais de condições sociais mais modestas procuram muitas vezes que os filhos subam a escada social através da frequência das escolas privadas. Fazem-no com sacrifícios e com esperança no futuro. Paradoxalmente têm nestas escolas um ambiente mais propício ao desenvolvimento pleno dos filhos do que nas escolas públicas em que não pertenceriam ao clube restrito dos meninos bem. Conheço muitos pais assim, operários, empregados não qualificados, mulheres-a-dias que procuram o melhor para os filhos nas escolas privadas com muitos sacrifícios. De facto não deixa de ser relevante que muitas vezes quem se manifesta contra estes supostos privilegiados sejam na realidade aqueles que, sendo privilegiados na escola pública, não querem aceitar a saudável procura de promoção social e cultural por parte das famílias mais modestas.
Mas vamos ao fumo dos números. O Ministério da Educação, apesar do que gasta com milhares de funcionários em direcções regionais, inspecções escolares e gabinetes do ministério faz de conta que não sabe bem o que gasta com as escolas públicas e privadas. A ministra chegou a lançar para o ar o número mirabolante de que gastaria três vezes mais com o ensino privado! Veja-se no entanto este artigo.
Façamos uma análise a partir de alguns números disponibilizados por professores na internet. Com base num relatório da inspecção escolar a 11 escolas privadas, apurou-se que o estado gastava em média cerca de 4400 euros por aluno por ano. Já o relatório de uma escola pública, cujas contas estavam na internet, indica que gastou entre cerca de 3700 euros e 5400 euros por aluno por ano, dependendo do ano. Obviamente estes números são só indicativos, mas mostram várias coisas interessante, nomeadamente que os gastos não são três vezes maiores mas sim da mesma ordem de grandeza!
As flutuações dos valores desta escola pública provêm essencialmente da variação do número de alunos, mas a média dos valores é semelhante aos da média das escolas privadas. As escolas privadas fazem contratos de associação com valores por turma e poderão também ter algumas flutuações, mas dificilmente há flutuações tão grandes pois a menos alunos correspondem obviamente menos turmas financiadas. Isso não acontece na escola pública como bem ilustra o exemplo acima. O financiamento global embora suba ligeiramente foi praticamente independente do número de alunos. Tal é compreensível devido aos custos fixos das escolas públicas (pessoal efectivo e manutenção), mas é claramente menos eficiente que na escola privada.
O valor de cerca de 4400 euros por aluno referido acima dá o valor de referência de cerca de 110 mil euros por turma de 25 alunos. Ora o governo quer passar para 80 mil euros de finaciamento por turma em contrato de associação, ou seja reduzir para 3200 euros por aluno, fazendo um corte de cerca de 27 por cento!
É preciso que se saiba que os professores nas escolas privadas têm salários mais baixos, progressões nas carreiras mais lentas, mais horas lectivas em média e não têm reduções progressivas do número de aulas lectivas como no sistema público. Imagino que isto possa acontecer não por um menor interesse ideológico dos sindicatos por estes professores, mas por os patrões privados serem mais duros que o estado e por estes professores serem menos reivindicativos. Logo, bem ou mal, aqui há uma outra ligeira, embora infeliz, vantagem económica do sistema privado: os custos com professores são mais baixos.
Mas as coisas ainda poderão ficar piores. Os valores propostos pelo ministério para os contratos de associação podem conduzir ao despedimento de muitos professores, à redução do número de horas de todos, com a consequente redução de salário, ou ao fecho de escolas.
Compreendo que se queira racionalizar os custos e acabar com possíveis abusos, mas isso não justifica o corte cego. Os abusos devem ser punidos, os contratos desnecessários poderão ser repensados e denunciados, mas os valores a pagar às escolas que prestam um efectivo serviço público devem ser justos e pelo menos idênticos aos atribuídos às escolas públicas em iguais circunstâncias. É aliás interessante notar que o estado sabe bem que não poderia fazer o mesmo corte nas escolas públicas que são afinal 99% do sistema de ensino português. Dir-se-ia que tudo isto é para distrair do aumento de impostos e cortes salariais na função pública para ajudar a pagar os buracos do BPN.
Só mais uma coisa para aqueles que embarcaram na luta cega contra o financiamento do ensino público em escolas de gestão privada. Recordo que o estado o faz porque necessita destas escolas em determinados lugares onde as escolas públicas não chegam. E que o estado faz o mesmo na saúde ao financiar consultas e análises no sistema privado de uma forma muito mais irracional e dispendiosa, não só porque não consegue dar conta do recado, mas também em nome de uma liberdade de escolha, que neste caso até nem precisa de ser evocada.
sexta-feira, janeiro 21
da esperança
que pelo menos restabeleçam o ramal da Lousã
e que haja 2ª volta, onde seja eleito um Presidente para o sec XXI e não uma reprodução de Portugal, anos 50.
eu vou votar Manuel Alegre
sigam os conselhos da Joana Lopes
quinta-feira, janeiro 20
(A falta dos) ossos do ofício
Uma fábula de La Fontaine dedicada a todos os políticos e figurões que se sentem injustiçados seja lá com o que for.
Especialmente porque, em geral, não só comem as favas (sem as pagarem) e levam o dinheiro, como, ao contrário da fábula, não levam a bordoada...
Uma vez uma besta do tesouro,
Uma besta fiscal,
Ia de volta para a capital
carregada de cobre, prata e ouro;
E no caminho
Encontra-se com outra, carregada
De cevada
Que ia para o moinho.
Passa-lhe logo adiante
largo espaço
Coleando arrogante
E a cada passo
Repicando a choquilha
Que se ouvia distante.
Mas salta uma quadrilha
De ladrões
Como leões.
E qual mais presto
Se lhe agarra ao cabresto.
Ela reguinga, dá uma sacada
Já cuidando
Que desfazia o bando;
Mas coitada!
Foi tanta a bordoada,
Ah, que exclamava enfim
A besta oficial:
— Nunca imaginei tal!
«Tratada assim
«Uma besta real!
«Mas aquela que vinha atrás de mim
Porque a não tratais mal?»
— Minha amiga, cá vou no meu sossego.
« Tu tens um belo emprego.
«Tu sustentas-te a fava e eu a troços!
«Tu lá serves el-rei e eu um moleiro!
«Eu acarreto grão e tu dinheiro!
«Ossos do oficio, que o não há sem ossos.»
João de Deus, Campo de Flores
Especialmente porque, em geral, não só comem as favas (sem as pagarem) e levam o dinheiro, como, ao contrário da fábula, não levam a bordoada...
Uma vez uma besta do tesouro,
Uma besta fiscal,
Ia de volta para a capital
carregada de cobre, prata e ouro;
E no caminho
Encontra-se com outra, carregada
De cevada
Que ia para o moinho.
Passa-lhe logo adiante
largo espaço
Coleando arrogante
E a cada passo
Repicando a choquilha
Que se ouvia distante.
Mas salta uma quadrilha
De ladrões
Como leões.
E qual mais presto
Se lhe agarra ao cabresto.
Ela reguinga, dá uma sacada
Já cuidando
Que desfazia o bando;
Mas coitada!
Foi tanta a bordoada,
Ah, que exclamava enfim
A besta oficial:
— Nunca imaginei tal!
«Tratada assim
«Uma besta real!
«Mas aquela que vinha atrás de mim
Porque a não tratais mal?»
— Minha amiga, cá vou no meu sossego.
« Tu tens um belo emprego.
«Tu sustentas-te a fava e eu a troços!
«Tu lá serves el-rei e eu um moleiro!
«Eu acarreto grão e tu dinheiro!
«Ossos do oficio, que o não há sem ossos.»
João de Deus, Campo de Flores
terça-feira, janeiro 18
Temos o que merecemos mas, infelizmente, não que precisamos...
Os manuais de propaganda têm sempre uma secção dedicada ao empastelamento. No caso da presente eleição, o empastelamento eficaz parece ser criar a ideia falaciosa de que todos os candidatos são de alguma forma pouco honestos e por isso devemos escolher o que parece ser mais competente. Não vejo nenhum problema: devemos sempre escolher o que nos parece mais competente e na verdade ninguém confia na honestidade dos políticos. Aliás, o que é que a honestidade tem a ver com isto? Por exemplo, aquela velhinha, que encontrou um envelope com 2600 euros e os levou à GNR, ganhava o campeonato da honestidade, mas não o da competência!
Mas voltemos ao empastelamento. Quando pessoas cultas pesam de igual forma alegações feitas em privado de que um candidato possa ter sido iniciado sexualmente pela criada (uma questão hipotética e de moral privada que, quando muito, se poderá reportar à adolescência) com alegações, feitas em público de que outro candidato possa ter obtido lucros com um banco que depois se veio a saber estar envolvido em esquemas fraudulentos (uma questão de moral pública e actual), podemos ter a certeza de que o empastelamento está a resultar. E não é só o empastelamento da honestidade e da moral; é também o da competência...
Temos o que merecemos mas, infelizmente, não que precisamos...
Mas voltemos ao empastelamento. Quando pessoas cultas pesam de igual forma alegações feitas em privado de que um candidato possa ter sido iniciado sexualmente pela criada (uma questão hipotética e de moral privada que, quando muito, se poderá reportar à adolescência) com alegações, feitas em público de que outro candidato possa ter obtido lucros com um banco que depois se veio a saber estar envolvido em esquemas fraudulentos (uma questão de moral pública e actual), podemos ter a certeza de que o empastelamento está a resultar. E não é só o empastelamento da honestidade e da moral; é também o da competência...
Temos o que merecemos mas, infelizmente, não que precisamos...
Era uma vez um comboio
com música de elevador o filme do descontentamento das populações de Miranda-Lousã, o progresso que vinha aí. Esperemos que amanhã o parlamento queira convencer o governo que há vida para lá de Lisboa e do Porto.
segunda-feira, janeiro 17
E o que dizem nuestros hermanos?
"Sobe, sobe, marujinho/ / Àquele mastro real/ Vê se vês falência de Espanha/ O FMI em Portugal."
uma muito lúcida crónica de Ferreira Fernandes, no DN
(sorry pelo atraso, mas só agora a descobri)
"Nem o FMI chega nem a gente almoça. Todo o santo dia, todos os dias da semana, o apelo ensurdecedor: "Sobe, sobe, marujinho/ / Àquele mastro real/ Vê se vês falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Nunca um país teve tantas almas penadas com a mão em pala e os olhos no horizonte - a posição favorita dos economistas em Portugal. Excepto, claro, quando se trata daquele professor de Economia que é candidato - embora nunca político, porque isso nunca o foi, credo! - e nessa condição de candidato é o único economista do mundo que se faz fotografar em cima do capô de um automóvel a agradecer aplausos. Esse, o do capô, é suficientemente cágado para não apelar: "Acima, acima gajeiro/ Acima ao tope real!/ Topa falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Não, esse costuma fazer de conta que quer a nau catrineta chegada a bom porto. Mas em dias, como ontem, em que se acalmam mares e ventos, dias em que surge a ténue esperança de a nau chegar a terra, esse, o cágado, retira a máscara e declara: "Não podemos excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e social, mas também no plano político." Se é isto um político responsável vou ali e já venho. Vergonha para os políticos portugueses - e falo dos de todos os partidos que estão dispostos a governar - que não souberam apresentar alternativas a este sonso."
(sorry pelo atraso, mas só agora a descobri)
"Nem o FMI chega nem a gente almoça. Todo o santo dia, todos os dias da semana, o apelo ensurdecedor: "Sobe, sobe, marujinho/ / Àquele mastro real/ Vê se vês falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Nunca um país teve tantas almas penadas com a mão em pala e os olhos no horizonte - a posição favorita dos economistas em Portugal. Excepto, claro, quando se trata daquele professor de Economia que é candidato - embora nunca político, porque isso nunca o foi, credo! - e nessa condição de candidato é o único economista do mundo que se faz fotografar em cima do capô de um automóvel a agradecer aplausos. Esse, o do capô, é suficientemente cágado para não apelar: "Acima, acima gajeiro/ Acima ao tope real!/ Topa falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Não, esse costuma fazer de conta que quer a nau catrineta chegada a bom porto. Mas em dias, como ontem, em que se acalmam mares e ventos, dias em que surge a ténue esperança de a nau chegar a terra, esse, o cágado, retira a máscara e declara: "Não podemos excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e social, mas também no plano político." Se é isto um político responsável vou ali e já venho. Vergonha para os políticos portugueses - e falo dos de todos os partidos que estão dispostos a governar - que não souberam apresentar alternativas a este sonso."
domingo, janeiro 16
para que se saiba
Ainda as intermitências do IVA da Coca Cola: é preciso ter lata!
Mude-se o 5 para 6 e o 21 para 23 e segue a mesma música. Agora até se deram ao trabalho de argumentar que não sei quem iria comprar os refrigerantes a Espanha. Mas onde é que julgam que a coisa é fabricada realmente? Já viram os códigos de barras?...
Na imagem retirada daqui podemos ver a quantidade aproximada de açúcar por embalagem. É impressionante não é?
E já agora: a cafeína contida numa lata corresponde a cerca de meio café expresso, daqueles que normalmente as crianças não tomam porque lhes faria, aparentemente, mal...
Na imagem retirada daqui podemos ver a quantidade aproximada de açúcar por embalagem. É impressionante não é?
E já agora: a cafeína contida numa lata corresponde a cerca de meio café expresso, daqueles que normalmente as crianças não tomam porque lhes faria, aparentemente, mal...
Actualização do dicionário do Cavaquistão (1ª edição 1995)
BPN (nov.) Banco Português de Negócios; buraco público de milhares de milhões de euros; lucro particular de 140%.
Casa de férias na Coelha (nov.) vizinhança de Oliveira e Costa; offshores; escritura desaparecida; falta de memória.
Dias Loureiro (actual.) ex-conselheiro de estado; negócios duvidosos envolvendo o BPN; arguido do caso BPN.
mísero professor (nov.) aplica-se a docentes universitários; têm acções e ganham com isso, mas não sabem nada sobre o assunto; são pagos por duas universidades mas, aparentemente, faltam numa delas; e parecem acumular cargos no Banco de Portugal com a docência quando não estão no poder.
nascer duas vezes (nov.) reencarnação metafórica envolvendo pessoas que se dizem especialmente honestas.
Oliveira e Costa (actual.) ex-dono do BPN; preso por fraude; compra e venda de acções não cotadas; vizinho na Coelha.
Restos dos restaurantes (nov.) solução inútil e imoral para o problema da fome em Portugal; ideias falhadas para um roteiro para a inclusão.
Casa de férias na Coelha (nov.) vizinhança de Oliveira e Costa; offshores; escritura desaparecida; falta de memória.
Dias Loureiro (actual.) ex-conselheiro de estado; negócios duvidosos envolvendo o BPN; arguido do caso BPN.
mísero professor (nov.) aplica-se a docentes universitários; têm acções e ganham com isso, mas não sabem nada sobre o assunto; são pagos por duas universidades mas, aparentemente, faltam numa delas; e parecem acumular cargos no Banco de Portugal com a docência quando não estão no poder.
nascer duas vezes (nov.) reencarnação metafórica envolvendo pessoas que se dizem especialmente honestas.
Oliveira e Costa (actual.) ex-dono do BPN; preso por fraude; compra e venda de acções não cotadas; vizinho na Coelha.
Restos dos restaurantes (nov.) solução inútil e imoral para o problema da fome em Portugal; ideias falhadas para um roteiro para a inclusão.
Dias Loureiro: um passeio pelas notícias disponíveis e uma comparação histórica
Quando parecia que vivíamos no melhor dos mundos, Dias Loureiro era administrador da SLN, que era dona do BPN, e entretinha-se a ganhar dinheiro. Também se entretinha a brincar aos segredos cor de rosa, mas isso não vem ao caso.
No entanto havia outros segredos e muitos outros haverá, pois quando foi constituído arguido não tinha nada para penhorar. E está agora em Cabo Verde como nos lembrou esta escarninha acção de campanha...
Antes do 25 de Abril, por complicações menos graves, relacionadas com a herança Sommer, António Champalimaud teve um mandato de captura e só o facto de ter fugido de avioneta para Espanha impediu que fosse preso. Parece-me que o paralelo histórico é evidente, sem que esteja em causa a presunção formal de inocência.
A memória é muito importante: não deve ser esquecido que Cavaco Silva não via razões para duvidar de Dias Loureiro...
No entanto havia outros segredos e muitos outros haverá, pois quando foi constituído arguido não tinha nada para penhorar. E está agora em Cabo Verde como nos lembrou esta escarninha acção de campanha...
Antes do 25 de Abril, por complicações menos graves, relacionadas com a herança Sommer, António Champalimaud teve um mandato de captura e só o facto de ter fugido de avioneta para Espanha impediu que fosse preso. Parece-me que o paralelo histórico é evidente, sem que esteja em causa a presunção formal de inocência.
A memória é muito importante: não deve ser esquecido que Cavaco Silva não via razões para duvidar de Dias Loureiro...
sexta-feira, janeiro 14
FMI
"Sendo diversas as causas dos problemas enfrentados pelos diferentes países, a intervenção do FMI teve sempre o mesmo objetivo: canalizar o máximo possível do rendimento do país para o pagamento da dívida.
...
No nosso contexto, o que chamamos "nervosismo dos mercados" é um conjunto de especuladores financeiros, alguns com fortes ligações a bancos europeus, dominados pela vertigem de ganhar rios de dinheiro apostando na bancarrota do nosso país e ganhando tanto mais quanto mais provável for esse desfecho. E se Portugal não puder pagar? Bem, isso é um problema de médio prazo (pode ser semanas ou meses). Depois se verá, mas uma coisa é certa: "As justas expectativas dos credores não podem ser defraudadas."
Boaventura Sousa Santos na Visão, excertos e sublinhados meus
O Sr. Cavaco Silva
quinta-feira, janeiro 13
Um filme para hoje, em Coimbra
no TAGV
Quem não quer ser lobo
a pulseira do desiquilíbrio
terça-feira, janeiro 11
Deus nos livre do nosso PM
Tenhamos FEE (Fundo de Emergência Europeu)...
Etiquetas: "Portugal não precisa de nenhuma assistência financeira"
sábado, janeiro 8
Uma outra perspectiva sobre as mais valias de Cavaco no BPN
É preciso ver as mais-valias que Cavaco Silva e a sua filha tiveram de 356,9 mil euros livres de impostos com a venda de acções do BPN numa outra perspectiva. A transacção até poderá ser lícita e ter sido realizada de boa-fé (assim como quem ganha no casino num passeio à Figueira da Foz). O que interessa realmente neste caso é a questão da moral e da razoabilidade, dadas as circunstâncias posteriores. Quem ganhou dinheiro com as actividades de um banqueiro irresponsável que está a ser julgado por ter criado um buraco financeiro enorme, deveria, atempadamente, ter considerado seriamente devolver de forma voluntária esses lucros para ajudar a minorar os prejuízos reais de inocentes. Nos Estados Unidos, muitas pessoas que ganharam dinheiro com os esquemas de Madoff, devolveram-no voluntariamente. E os que não o fizeram foram processados até que decidiram voluntariamente fazê-lo.
Os livros de boas maneiras diziam antigamente que um homem honesto e honrado não aceita ganhar dinheiro em circunstâncias duvidosas ou à custa dos mais fracos. Deve ser por estarmos tão habituados ao salve-se quem puder, à chico-espertice e à hipocrisia que estamos dispostos a aceitar que se possa ganhar dinheiro sem ligar às circunstâncias morais desse lucro. E deve ser também por isso que o Estado se esquece que tem a obrigação moral de procurar minimizar os prejuízos que está a ter com o BPN junto daqueles que ganharam dinheiro com o banco de forma desproporcionada.
Só mais uma coisa: é uma falácia invocar que o caso só aparece agora, quando ele tem estado bem vivo desde há algum tempo, mesmo com todas as tentativas para o abafar e circunscrever.
E uma ratoeira: não referir a comparação desproporcionada entre as centenas de milhar e o milhar e meio poderá servir para apanhar comentadores que se recusem a ver o que é evidente.
Os livros de boas maneiras diziam antigamente que um homem honesto e honrado não aceita ganhar dinheiro em circunstâncias duvidosas ou à custa dos mais fracos. Deve ser por estarmos tão habituados ao salve-se quem puder, à chico-espertice e à hipocrisia que estamos dispostos a aceitar que se possa ganhar dinheiro sem ligar às circunstâncias morais desse lucro. E deve ser também por isso que o Estado se esquece que tem a obrigação moral de procurar minimizar os prejuízos que está a ter com o BPN junto daqueles que ganharam dinheiro com o banco de forma desproporcionada.
Só mais uma coisa: é uma falácia invocar que o caso só aparece agora, quando ele tem estado bem vivo desde há algum tempo, mesmo com todas as tentativas para o abafar e circunscrever.
E uma ratoeira: não referir a comparação desproporcionada entre as centenas de milhar e o milhar e meio poderá servir para apanhar comentadores que se recusem a ver o que é evidente.
sexta-feira, janeiro 7
Os bons velhos tempos
O dr. Cavaco pede confiança aos portugueses
“Quem se envolveu [...] na trapalhada do BPN não é aparentemente a criatura indicada para superintender, com o seu conselho e a sua prudência, a economia de Portugal inteiro. Quem nos garante que do assento etéreo a que tornará a subir não sairão opiniões ruinosas para o país? Quem nos garante que esse primoroso economista que tanto respeitávamos não se deixará enganar por um trafulha qualquer da Venezuela ou da Líbia? O dr. Cavaco pede confiança aos portugueses; e faz muito bem. Mas, com o caso do BPN perdeu ele próprio a confiança dos portugueses.”
Vasco Pulido Valente no “Público” via da Literatura
a seguir nas próximas semanas
Um filme para o fim de semana: A Corte do Norte
Quase no fundo
Portugal terá o 3º pior crescimento do PIB do mundo em 2011, segundo a Economist.
Etiquetas: "Portugal foi dos países que melhor resistiu à crise mundial"
quinta-feira, janeiro 6
Indignem-se com umas falácias e acalmem-se com as outras
A notícia de que alguns dirigentes da Segurança Social (veja-se também aqui) haviam sido promovidos e aumentados com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2010, para, supostamente, anular o efeito da redução dos salários em 10%, gerou muita indignação.
Depois vieram desmentidos do governo, nos quais se alega que as carreiras dos dirigentes haviam alteradas e que estes até ficavam a ganhar menos.
Parece que ficaram convencidos os jornalistas e deputados da oposição porque se calaram. E eu pergunto como é possível engolir tanta falácia!
Primeiro, a verdade é que os dirigentes foram mesmo promovidos e os salários aumentados, quando já ganhavam bastante, sem que, aparentemente, essa promoção resultasse de qualquer necessidade real ou imposição legal. Dizer que este aumento seria para anular o efeito da redução dos 10% é uma falácia que ilude a questão real.
Segundo, embora para alguns dos dirigentes o salário (aumentado) acabe reduzido por força da redução de 10%, dizer que o salário dos dirigentes vai na verdade ser reduzido é uma falácia que só confirma a falácia anterior.
Terceiro, aparentemente não foi desmentido que os dirigentes foram promovidos e aumentados com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2010, por isso façam o favor de se voltarem a indignar que têm razão!
E o governo podia começar por aplicar os seus documentos que visam impedir a perturbação da aplicação do Orçamento de Estado de 2011 (mais uma pérola legal num estado supostamente de direito) a casos como este.
Depois vieram desmentidos do governo, nos quais se alega que as carreiras dos dirigentes haviam alteradas e que estes até ficavam a ganhar menos.
Parece que ficaram convencidos os jornalistas e deputados da oposição porque se calaram. E eu pergunto como é possível engolir tanta falácia!
Primeiro, a verdade é que os dirigentes foram mesmo promovidos e os salários aumentados, quando já ganhavam bastante, sem que, aparentemente, essa promoção resultasse de qualquer necessidade real ou imposição legal. Dizer que este aumento seria para anular o efeito da redução dos 10% é uma falácia que ilude a questão real.
Segundo, embora para alguns dos dirigentes o salário (aumentado) acabe reduzido por força da redução de 10%, dizer que o salário dos dirigentes vai na verdade ser reduzido é uma falácia que só confirma a falácia anterior.
Terceiro, aparentemente não foi desmentido que os dirigentes foram promovidos e aumentados com efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2010, por isso façam o favor de se voltarem a indignar que têm razão!
E o governo podia começar por aplicar os seus documentos que visam impedir a perturbação da aplicação do Orçamento de Estado de 2011 (mais uma pérola legal num estado supostamente de direito) a casos como este.