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terça-feira, janeiro 18

Temos o que merecemos mas, infelizmente, não que precisamos... 

Os manuais de propaganda têm sempre uma secção dedicada ao empastelamento. No caso da presente eleição, o empastelamento eficaz parece ser criar a ideia falaciosa de que todos os candidatos são de alguma forma pouco honestos e por isso devemos escolher o que parece ser mais competente. Não vejo nenhum problema: devemos sempre escolher o que nos parece mais competente e na verdade ninguém confia na honestidade dos políticos. Aliás, o que é que a honestidade tem a ver com isto? Por exemplo, aquela velhinha, que encontrou um envelope com 2600 euros e os levou à GNR, ganhava o campeonato da honestidade, mas não o da competência!

Mas voltemos ao empastelamento. Quando pessoas cultas pesam de igual forma alegações feitas em privado de que um candidato possa ter sido iniciado sexualmente pela criada (uma questão hipotética e de moral privada que, quando muito, se poderá reportar à adolescência) com alegações, feitas em público de que outro candidato possa ter obtido lucros com um banco que depois se veio a saber estar envolvido em esquemas fraudulentos (uma questão de moral pública e actual), podemos ter a certeza de que o empastelamento está a resultar. E não é só o empastelamento da honestidade e da moral; é também o da competência...

Temos o que merecemos mas, infelizmente, não que precisamos...

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