domingo, setembro 26
Navegar no livro das caras

Ironia à parte, o Facebook, como já aqui escreveu o Nuno, ou como a Isabel demonstrou com eloquência de forma activa, veio introduzir uma razoável confusão nas relações humanas e profissionais. E não estou a falar das questões da produtividade, alienação, controlo externo, ou Farmville. Refiro-me a aspectos mais prosaicos: não dominar os aspectos mais elementares da gestão informática da privacidade; não se ter a noção de que para sair da conta se deve fazer logout; não saber que se pode desligar os avisos de aniversários e outras coisas inúteis e estar sempre a receber avisos sobre tudo; não separar o público do privado; misturar verdadeiros amigos com colegas, conhecidos, desconhecidos, figuras públicas, figuras obscuras, pseudónimos, avatares e o vizinho que mal se conhece, e não se ter uma noção clara de como comunicar com todos; entre tantas outras coisas.
Para evitar equívocos, parece-me sensato que reservemos as familiaridades para a família e a amizade para os amigos, ficando para todos os outros a troca de ideias e notícias e também, claro, a solidariedade e apoio se necessário.
No meu caso, desde o início vi o Facebook como um meio de divulgação, acompanhamento e obtenção de informação sobre actividades culturais. Não estava há espera, porque sou optimista, de encontrar tanta irrelevância e ruído. De qualquer forma tento encontrar e transmitir um equilíbrio. E não me limitei a retirar o aniversário. Também desliguei todos os avisos, impedi a escrita no mural, bloqueio todas as aplicações fancy, recuso todos os pedidos de Farmville e similares; e tenho ocultado tudo o que me parece menos próprio ou demasiado pessoal (isso faz-se, devo dizer, bloqueando as pessoas que o fazem).
Infelizmente crime perfeito do Jean Brouillard está cada vez mais perfeito: a realidade virtual substitui a realidade e nem se nota.
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