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terça-feira, fevereiro 12

Do ensino da música 

Concordar com o que escreve, Fernando Sobral, seria demasiado optimista. Era acreditar que temos, agora, uma nação com alma crítica... era acreditar, entre outras coisas, na bondade do sistema que temos para o ensino da música às nossas crianças. Nada mais falso. O maestro Virgílio Caseiro, que tem ao longo da vida lutado pela primordial importância da música na educação, diz com graça e ironia, quando pede aos adultos que acompanhem com la, la, las as músicas que os seus alunos executam, “porque o la foi a única nota que o sistema educativo português nos ensinou”.
Mas o que os meninos de hoje têm é pouco mais . No ano em que o meu filho entrou no primeiro grau de violoncelo havia no conservatório de Coimbra duas vagas para esse instrumento, em duzentos mil habitantes de Coimbra e arredores 2 crianças tiveram, nesse ano, possibilidade de começar a estudar violoncelo no conservatório. Com os miúdos do primeiro ciclo acontece a mesma coisa, por cada um que entra, centenas ficam de fora. E quantas escolas públicas de música há em Portugal? Uma dúzia?
Se eu acho que por ser para poucos deve acabar? Claro que não, como me dizia um professora do conservatório, começar um instrumento no 1º grau, é como começar a escolaridade obrigatória no 5º ano, sem ter feito a primária. Se acredito no ensino da música que se faz actualmente nas escolas do 1º ciclo? Claro que não, as aulas de enriquecimento qualquer coisa, ao que sei, não servem nem para atirar areia para os olhos. Todos os miúdos têm que ter um ensino da música de qualidade, independentemente da vocação, independentemente de virem a ingressar ou não no conservatório. Isso, para mim, é que é óbvio e essencial.


adenda

Há 6 escolas públicas de ensino especializado da música.

Para quem quiser aí está o polémico relatório. Ao contrário de muita gente eu não acho que este relatório tenha sido elaborado por um bando de malfeitores a soldo de outro bando de malfeitores. Se as soluções que preconizam para os problemas do ensino artístico em Portugal (e que numa leitura hiper-transversal me parecem correctamente identificados) são as melhores é que já não sei.

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Comments:
Cara Isabel,
Estou à vontade para escrever isto porque o meu filho está a estudar música numa escola privada. Posso permitir-me esse "luxo" e por considerar os professores de instrumento dessa escola muitissimo competentes decidi assim. Ou seja não tenho qualquer razão prática para defender os conservatórios tal como estao. Mais ainda também acho que teriam de ser mudados. Aliás há ANOS que isto se sabe e se discute. A questão Isabel é que esta mudança foi pensada com os pés. Acredito nas melhores intenções de todos os envolvidos mas como diz o povo de boas intenções está o inferno cheio. Não foi ouvido um unico professor de música (ou poucos), não foram ouvidos os conservatórios (ou pouco o foram) fez-se o estudo isolado da realidade do país e chegaram-se a conclusões que são desfazadas impraticáveis e que na prática em vez de melhorar vão piorar destruindo o pouco que ainda funciona.
 
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