quinta-feira, novembro 1
Os Rankings, a escola pública, o estatuto do aluno
E de como isto é tudo uma pescadinha de rabo na boca e de como é urgente e necessário tirar o rabo da boca da pescadinha.
Ontem fui a um supermercado de subúrbio e dei por mim a meditar nas desigualdades sociais e culturais que persistem (ou aumentam) neste país. Os clientes daquele supermercado são o país real, e quem já frequentou estes locais sabe, certamente, do que é que eu estou a falar.
E como este país fica a léguas do país dos meus filhos e dos seus amigos que frequentam um colégio privado muito bem colocado nos rankings.
A primeira vez que ouvi falar do estatuto do aluno, juro por Deus, entrevi-lhe a bondade e por isso muito admirada fiquei ao vê-lo tão criticado. Pareceu-me a mim que esse estatuto visava uma maior inclusão dos chamados “alunos problemáticos” e uma maior responsabilização das famílias. Isso foi o que eu vi (do estatuto conheço só o que leio e oiço rapidamente na comunicação social), o que o Vasco Pulido Valente e outros colunistas de direita (às vezes é-me difícil distinguir o que é que é uma posição de direita ou de esquerda, mas aqui está um caso em que consigo claramente dizer, de direita…), foi o descrédito do Sistema de Ensino. OVPV e esses outros vivem num país que não existe, no país do colégio dos meus filhos. A esses, aos meninos do colégio dos meus filhos, e de muitas outras escolas privadas e públicas por esse país fora, este estatuto não aquenta nem arrefenta. Não passa pela cabeça desses alunos, nem dos pais deles, que os miúdos vão agora começar a faltar às aulas só porque dificilmente chumbarão por faltas. Mas as escolas estão cheias de crianças e jovens que têm poucas ou nenhumas expectativas em relação ao futuro e à relevância do ensino para um futuro melhor. São normalmente filhos de pais que pensam exactamente do mesmo modo. Pais que são chamados à escola uma e outra vez e que nunca aparecem, que não sabem nem querem saber se quando os filhos saem de manhã vão para a escola ou para outro sítio qualquer. E se queremos que no futuro haja menos pais e menos filhos assim, não se pode agora desistir dos filhos, e medidas de inclusão (não de desresponsabilização) são bem-vindas. Eis porque me pareceu bom este novo estatuto do aluno.
Porque é que as escolas bem posicionadas nos rankings estão bem posicionadas nos rankings? Por um conjunto de razões, que se calhar se podem traduzir numa expressão só, expectativas elevadas: dos miúdos, da família dos miúdos, da escola em relação aos alunos, dos alunos e dos pais dos alunos em relação à escola. Nem sequer passa pela cabeça de nenhum dos intervenientes que as coisas possam ser de outra maneira.
Voltarei a este assunto.
Ontem fui a um supermercado de subúrbio e dei por mim a meditar nas desigualdades sociais e culturais que persistem (ou aumentam) neste país. Os clientes daquele supermercado são o país real, e quem já frequentou estes locais sabe, certamente, do que é que eu estou a falar.
E como este país fica a léguas do país dos meus filhos e dos seus amigos que frequentam um colégio privado muito bem colocado nos rankings.
A primeira vez que ouvi falar do estatuto do aluno, juro por Deus, entrevi-lhe a bondade e por isso muito admirada fiquei ao vê-lo tão criticado. Pareceu-me a mim que esse estatuto visava uma maior inclusão dos chamados “alunos problemáticos” e uma maior responsabilização das famílias. Isso foi o que eu vi (do estatuto conheço só o que leio e oiço rapidamente na comunicação social), o que o Vasco Pulido Valente e outros colunistas de direita (às vezes é-me difícil distinguir o que é que é uma posição de direita ou de esquerda, mas aqui está um caso em que consigo claramente dizer, de direita…), foi o descrédito do Sistema de Ensino. OVPV e esses outros vivem num país que não existe, no país do colégio dos meus filhos. A esses, aos meninos do colégio dos meus filhos, e de muitas outras escolas privadas e públicas por esse país fora, este estatuto não aquenta nem arrefenta. Não passa pela cabeça desses alunos, nem dos pais deles, que os miúdos vão agora começar a faltar às aulas só porque dificilmente chumbarão por faltas. Mas as escolas estão cheias de crianças e jovens que têm poucas ou nenhumas expectativas em relação ao futuro e à relevância do ensino para um futuro melhor. São normalmente filhos de pais que pensam exactamente do mesmo modo. Pais que são chamados à escola uma e outra vez e que nunca aparecem, que não sabem nem querem saber se quando os filhos saem de manhã vão para a escola ou para outro sítio qualquer. E se queremos que no futuro haja menos pais e menos filhos assim, não se pode agora desistir dos filhos, e medidas de inclusão (não de desresponsabilização) são bem-vindas. Eis porque me pareceu bom este novo estatuto do aluno.
Porque é que as escolas bem posicionadas nos rankings estão bem posicionadas nos rankings? Por um conjunto de razões, que se calhar se podem traduzir numa expressão só, expectativas elevadas: dos miúdos, da família dos miúdos, da escola em relação aos alunos, dos alunos e dos pais dos alunos em relação à escola. Nem sequer passa pela cabeça de nenhum dos intervenientes que as coisas possam ser de outra maneira.
Voltarei a este assunto.
Etiquetas: ensino, estatuto do aluno, inclusão
Comments:
Enviar um comentário