sábado, novembro 1
Os diamantes são eternos (“Diamonds are forever”)
Qual quê. Os diamantes são uma treta (“Diamonds are bullshit”), isso sim.
Eles até que são úteis. São o material natural mais duro, riscam todos os outros e por isso duram mais tempo – compreende-se o termo "eterno" em termos industriais. Excelentes condutores de calor, daí frios ao toque, podem vir a dar um jeitão para chips de computadores. Feitos apenas de carbono, tal como a grafite do lápis, são mais raros e imensamente mais caros. Só que, e aí está o busílis, não são tão raros quanto isso. O elevado preço deles é uma treta muito bem montada e nós caímos na esparrela que nem uns patinhos.
Há uns tempos vi os 5 minutos finais de um programa da SIC notícias que falava sobre o grande negócio dos diamantes (nesta era do zapping, vejo sobretudo as partes finais dos programas bons e as partes iniciais dos programas maus). Do que consegui perceber e apoiando-me posteriormente em leituras algo apressadas pela net, os diamantes só são caros por razões de mercado e de marketing. O mercado é controlado por uma empresa, a De Beers, que através de uma muito bem montada campanha publicitária nos conseguiu convencer de que os diamantes são eternos, logo são a prenda ideal para demonstrar que o amor também é. As mulheres compraram a ideia (“Diamonds are a girl’s best friend”) e os homens a ideia de lhes comprar os diamantes (nisto parecemo-nos com certos pássaros que cortejam as fêmeas oferecendo objectos brilhantes). No tal programa da SIC, havia alguém que polemicamente dizia que a campanha publicitária da De Beers tinha sido a maior que a humanidade tinha conhecido desde a de Jesus Cristo. Hollywood foi um dos alicerces dessa campanha.
E a verdade é esta: estamos todos convencidos que os diamantes são caros porque são raros, para além de nos fascinar a beleza, o brilho. Somos tão tolos, não é? Quantos de nós conseguem distinguir um diamante verdadeiro de um falso? E mesmo que alguns consigam, é assim tão importante aquele brilhozinho? Os diamantes só valem o valor psicológico que nos foi impingido: compram-se diamantes porque eles são caros, inacessíveis. Lógica magnífica para quem os vende!
Agora, quanto à raridade, é uma treta: eles só são caros porque o monopólio da De Beers tem conseguido gerir a conta-gotas a exploração dos diamantes, que têm sido descobertos em abundância em “pipes” de Kimberlite no Canadá, Rússia, etc. A De Beers poderia aumentar muito a produção se o quisesse, mas lá se ia o valor, o elitismo e a mística. Há ainda os diamantes sintéticos, que para a joalharia são um mercado em expansão para os próximos anos. As primeiras empresas estão a aparecer, vamos ver como a De Beers resolve a questão.
Os diamantes e a De Beers recebem o meu prémio Melanocetus Johnsoni da desinformação, uma vez que conseguiram impor universalmente um conjunto de comportamentos e de slogans, toda uma elaborada cultura, perfeitamente artificial e sem qualquer sentido, ao longo de várias gerações. E, convenhamos: conseguir convencer o mundo inteiro de que umas pedras relativamente banais valem balúrdios é de génio!
[ao som de “Não te deixes assim vestir”, Sérgio Godinho]
Mais leituras sobre o tema: 1, 2, 3, 4, 5, 6.
Eles até que são úteis. São o material natural mais duro, riscam todos os outros e por isso duram mais tempo – compreende-se o termo "eterno" em termos industriais. Excelentes condutores de calor, daí frios ao toque, podem vir a dar um jeitão para chips de computadores. Feitos apenas de carbono, tal como a grafite do lápis, são mais raros e imensamente mais caros. Só que, e aí está o busílis, não são tão raros quanto isso. O elevado preço deles é uma treta muito bem montada e nós caímos na esparrela que nem uns patinhos.
Há uns tempos vi os 5 minutos finais de um programa da SIC notícias que falava sobre o grande negócio dos diamantes (nesta era do zapping, vejo sobretudo as partes finais dos programas bons e as partes iniciais dos programas maus). Do que consegui perceber e apoiando-me posteriormente em leituras algo apressadas pela net, os diamantes só são caros por razões de mercado e de marketing. O mercado é controlado por uma empresa, a De Beers, que através de uma muito bem montada campanha publicitária nos conseguiu convencer de que os diamantes são eternos, logo são a prenda ideal para demonstrar que o amor também é. As mulheres compraram a ideia (“Diamonds are a girl’s best friend”) e os homens a ideia de lhes comprar os diamantes (nisto parecemo-nos com certos pássaros que cortejam as fêmeas oferecendo objectos brilhantes). No tal programa da SIC, havia alguém que polemicamente dizia que a campanha publicitária da De Beers tinha sido a maior que a humanidade tinha conhecido desde a de Jesus Cristo. Hollywood foi um dos alicerces dessa campanha.
E a verdade é esta: estamos todos convencidos que os diamantes são caros porque são raros, para além de nos fascinar a beleza, o brilho. Somos tão tolos, não é? Quantos de nós conseguem distinguir um diamante verdadeiro de um falso? E mesmo que alguns consigam, é assim tão importante aquele brilhozinho? Os diamantes só valem o valor psicológico que nos foi impingido: compram-se diamantes porque eles são caros, inacessíveis. Lógica magnífica para quem os vende!
Agora, quanto à raridade, é uma treta: eles só são caros porque o monopólio da De Beers tem conseguido gerir a conta-gotas a exploração dos diamantes, que têm sido descobertos em abundância em “pipes” de Kimberlite no Canadá, Rússia, etc. A De Beers poderia aumentar muito a produção se o quisesse, mas lá se ia o valor, o elitismo e a mística. Há ainda os diamantes sintéticos, que para a joalharia são um mercado em expansão para os próximos anos. As primeiras empresas estão a aparecer, vamos ver como a De Beers resolve a questão.
Os diamantes e a De Beers recebem o meu prémio Melanocetus Johnsoni da desinformação, uma vez que conseguiram impor universalmente um conjunto de comportamentos e de slogans, toda uma elaborada cultura, perfeitamente artificial e sem qualquer sentido, ao longo de várias gerações. E, convenhamos: conseguir convencer o mundo inteiro de que umas pedras relativamente banais valem balúrdios é de génio!
[ao som de “Não te deixes assim vestir”, Sérgio Godinho]
Mais leituras sobre o tema: 1, 2, 3, 4, 5, 6.
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