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sábado, setembro 6

Aquecendo o sofá 

Relativamente ao aquecimento global, só sei que nada sei e que a humanidade quase nada sabe. Precisamos de saber mais. O que sabemos é preocupante e, atendendo ao carácter de potencial catástrofe mundial, irreversível e de longo prazo, justifica-se que se tomem grandes medidas. É certo que as gerações futuras não nos vão levar a tribunal se fizermos asneira neste assunto, mas convém não esquecer que vão pagar as nossas reformas... ;-)

Gostaria de dizer publicamente que me enganei quanto aos 0.0001%, mas pelo que percebi não foi desta: parece-me que o Sérgio e eu temos ambos razão, apenas estávamos a falar de coisas diferentes. Eu referia-me à variação anual relativa da concentração de CO2 (muito maior que 0.0001%) e o Sérgio referia-se à variação da massa de CO2 relativamente à massa total da atmosfera (cerca de 0.0001%). Como a percentagem de CO2 na atmosfera é muito pequena, mesmo que a variação da massa de CO2 seja grande em termos relativos, ela é pequena quando comparada com a massa total da atmosfera.

Esta aparente pequena variação de CO2 podia levar-nos a pensar que o problema não é afinal tão importante quanto isso. A questão é no entanto mais complexa porque o clima terrestre não tem um comportamento linear, havendo mecanismos de feedback positivo que podem amplificar estas variações. Por exemplo, um pequeno aumento de temperatura implica mais evaporação de água, logo maior concentração de vapor de água na atmosfera, logo mais efeito de estufa, logo mais calor... (como o Sérgio disse, o vapor de água é um gás de efeito de estufa ainda mais importante do que o CO2). Outro exemplo é o das camadas de gelo: mais calor significa menos gelo, logo menos superfície branca, logo superfície mais absorvente de calor, logo mais calor. Para este paleio estou-me a socorrer de um providencial ficheiro Powerpoint (“Why Should We Care About a
Few PPM of CO2?
”), muito claro e adequado a comuns-mortais-leigos-nabos-ignoramus neste assunto como eu. Recomendo.

No fundo, esta questão é um pouco como estar sentado num sofá sabendo que se está em cima de alguma coisa, mas não se sabe o quê. Dá muito trabalho levantarmo-nos para ver o que é, provavelmente não é nada de especial. É muito mais cómodo não levantar o rabo. Mas... e se o que estiver por baixo forem as gerações futuras, sufocadas?

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