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segunda-feira, maio 16

Reconhecer os erros para os corrigir 

É tão simples a receita para vencer esta crise, trata-se de simples bom senso. Reconhecer um erro permite-nos emendá-lo ou evitá-lo no futuro. Não o reconhecer, procurando falhas em tudo o resto, apenas faz com que o erro não seja corrigido. E assim ele eterniza-se e nunca se sai da cepa torta.

Senhores jornalistas, senhores políticos, sempre que estiverem com o nosso primeiro-ministro, perguntem-lhe se ele reconhece erros na sua governação. Se ele tentar fugir à pergunta, não se deixem levar e insistam: houve ou não erros de governação? Se ele voltar a fugir à pergunta, falando de tudo o resto, da crise ou da irresponsabilidade da oposição, voltem a perguntar até ele finalmente responder o que é evidente: sim, houve erros de governação.

E depois, senhores jornalistas e senhores políticos, não se fiquem por aí. Esmiúcem. Se houve erros de governação, quais? Obriguem o primeiro-ministro a dizer quais foram. Um a um. E depois para cada um desses erros, obriguem-no a explicar o que correu mal e como se pode fazer para corrigir ou minorar o erro. E façam com que ele explique porque é que tendo chefiado o governo não o fez. E depois façam-lhe perguntas sobre os erros que ele não for capaz de reconhecer. Sejam exaustivos.

É tão simples. Chegámos aqui porque errámos. Para sairmos daqui precisamos de perceber onde errámos e aprender com os erros. Puro bom senso.


Repare-se neste excerto do debate entre Paulo Portas e José Sócrates (minuto 7:54, os comentários entre parenteses rectos são meus):

Judite de Sousa: Mas não reconhece erros na sua governação que dura há 6 anos? [a pergunta tinha já sido feita ao minuto 7:30 mas não tinha sido respondida]

José Sócrates: Desculpe, o que eu acho é que nestes últimos 3 anos o país enfrenta, tal como todos os países desenvolvidos, uma séria crise internacional, gravíssima. E o governo tem feito o seu melhor para lhe responder. Certamente que quem age pode vir a cometer erros. Mas o governo não pode ser acusado de não ter feito o seu melhor em 2009, e tivemos em 2009 uma recessão que foi inferior às restantes economias europeias, e tivemos em 2010 que fazer um esforço para fazer frente às dívidas soberanas, mas agora digo-lhe uma coisa: o Dr. Paulo Portas que só fala da crise da dívida, perguntemos ao Dr. Paulo Portas então...[e muda de assunto.]


Se fazendo "o seu melhor" este governo conduziu-nos à bancarrota, então estamos conversados, estes governantes não são suficientemente bons. E certamente que quem age pode cometer erros, mas é bom que os reconheça depois! E não basta agir, é preciso agir bem! Por outro lado, é provável que em 2009 a recessão tenha sido menor em Portugal do que em algumas (e não "as restantes") economias europeias por termos andado iludidos demasiado tempo, adiando o inevitável e continuando a gastar demasiado.

Se fosse verdade que este governo é bom e que deu o seu melhor, então a mensagem de Sócrates, especialista em atirar optimismo para os nossos olhos, não podia ser mais negativa e desanimadora: "com um bom governo, que deu o seu melhor, chegámos à bancarrota. Continuem a votar em nós." Mas se fosse verdade que os nossos problemas resultaram da crise internacional e não de um mau governo, como se explica que Portugal será o único país do mundo em recessão em 2012, como também já referi aqui?

Eu tenho esperança que este país mude para melhor. Mas para isso ele não pode continuar na mesma e tem de perceber onde errou.


Adenda 20/5/2011 - Esta notícia de hoje vem mesmo a propósito:
"Crise: ajustamento económico adiado em 2010 explica pedido de ajuda"
"A culpa do pedido forçado de ajuda externa feito por Portugal não é só da crise financeira internacional e da crise da dívida soberana europeia, defende o Banco de Portugal."

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