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sexta-feira, abril 23

Etnocentrismo e relativismo 

O etnocentrismo, dizem-nos, é um erro que devemos evitar. Que não devemos achar que a nossa civilização é melhor que a dos outros. Entretanto, outros contrapõem com o perigo do relativismo moral. E, de facto, se estamos dispostos a aceitar burkas e minaretes, talvez não estejamos dispostos a aceitar a mutilação genital, casamento de adultos com crianças, apredrejamentos públicos, ou outras especificidades civilizacionais.

Infelizmente penso que não conseguiremos nem fugir ao etnocentrismo nem ao relativismo moral, no primeiro caso porque não podemos sair de dentro de nós próprios e ser outros e no segundo caso porque não é fácil evitar todas as hipocrisias e equívocos de que a civilização sempre se reveste.

É interessante notar que ao aceitarmos que nos outros países devemos respeitar os seus costumes, ao mesmo tempo que colocamos a possibilidade de que os outros possam não respeitar os nossos é, de alguma forma, achar que somos melhores do que eles porque temos os valores do respeito e da tolerância e eles não. Ou que continuamos a ser melhores do que eles porque num passado, às vezes não muito longínquo, fomos cruéis ou impusemos os nosso costumes mas agora temos muito mais cuidado e já não o fazemos. E no entanto eles vêem-nos também através dos seus etnocentrismos talvez como moralmente fracos, hipócritas e não tolerantes por mais que queiramos não o ser. Em última análise tudo ista acaba por ser uma questão de relações de poder e do estabelecimento de uma prática de normalidade civilizacional que possa conviver com as diferenças e aceitar que o outro tem que aceitar o outro que tem que aceitar o outro e assim por diante... o que corresponde numa imagem matemática, a uma série infinita e divergente!

[a primeira versão deste texto tinha vários erros que corrigi agora, espero]

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