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terça-feira, setembro 1

Viagem ao futuro 

No passado Domingo deliciei-me a ver um filme em que um dos personagens é um Conde que vive em 1876 (?) e é, inadvertidamente, trazido para os nossos dias. O filme gira em torno do intemporal tema do amor e da forma como encaramos as nossas vidas face às contingências dos nossos tempos. O dito personagem (Leopold) regressa ao seu tempo não sem antes ter experimentado realidades que nos são quotidianas, desde o telefone, ao microondas, etc. Percebe-se que após o seu regresso viverá uma vida feliz e que terá um grande impacto na sociedade da altura, quiçá consequência da sua "viagem ao futuro".
Confesso que a minha capacidade de análise cinéfila deixa muito a desejar: é que para mim é (quase) sempre um divertimento ver um filme e muitos dos pormenores que podem distinguir um bom de um mau filme passam-me despercebidos. Também não tenciono tornar-me crítico de cinema e também não é isso que inspirou o presente texto. A questão em que fiquei a pensar é quantos de nós teriamos a capacidade de alterar, melhorar, enfim ter impacto na sociedade, se nos fosse dada a oportunidade de visitar o futuro?

Imaginemos, então, o nosso crononauta a saltar para daqui a, digamos, 30 anos, regressando pouco depois. Que capacidades deveria ter para que depois do seu regresso conseguisse implementar coisas que tinha visto ou simplesmente que ajudasse a evitar acontecimentos nefastos?
A idade afigura-se como algo a ter em consideração: alguém muito novo não teria a experiência, o conhecimento e o discernimento para perceber a nova realidade que avistaria. Alguém muito idoso não teria (?) no regresso a vontade, o empenho e a força vital de tentar "mudar o mundo"! Mas o conhecimento também jogaria um papel importante. Parece-me que um néscio aproveitaria pouco...
Assim, creio que um jovem com sólidos saberes poderia ser o indíviduo que deveriamos enviar!

Estas questões assaltam-me muitas vezes mas sob outra forma. Na realidade todos nós somos viajantes do tempo, obrigados a seguir em direcção ao futuro. É por isso que quando penso em educação não consigo afastar-me da ideia de preparação dos alunos para daqui a 10, 20 ou 30 anos. Quais são os saberes que se devem transmitir que farão a diferença? Quais são os conhecimentos de que devemos dotar os nossos jovens para que se/quando tiverem um vislumbre do futuro possam alterar o rumo do mundo. O que deve um jovem aprender hoje que permaneça válido durante o tempo em que trabalhar?
Entristece-me que as discussões da educação se centrem muito sobre o presente, algo sobre o passado e demasiadas vezes sobre os umbigos... O chavão é "educar para o futuro" mas estaremos nós em consciência e com a profundidade que se exige a questionar se realmente estamos a preparar os nossos alunos para o futuro? E que futuro?
Será que o sucesso que se tem procurado contribui para que o "mundo pule e avance"?
Temo que os nossos crononautas estejam a ser paulatinamente limitados à contemplação do avanço dos outros muitas vezes sem atingir o alcance total da realidade...

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