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sexta-feira, setembro 25

Acesso ao Ensino Superior 2009 (parte 1) 

Tem havido um aumento significativo de ingressos no ensino superior, mas as colocações continuam a espelhar o nosso atraso cultural. Cursos com saída quase nula e com o mercado saturado, como arquitetura, psicologia, antropologia, sociologia e direito, por exemplo, continuam a ter carradas de candidatos e vagas. Os cursos ligados à saúde continuam a ser os mais procurados, o que é aparentemente normal pois diz-se (e se calhar é verdade em termos concretos, mas talvez não estatísticos) que faltam médicos. O que não é normal são as dezenas de cursos que têm a saúde ou a biomedicina como chamariz. Em alguns casos parece mesmo um esquema em pirâmide: o único emprego até poderá ser formar mais pessoas com a mesma formação...

Em contrapartida há formações superiores de que o país tem falta, mas que não preenchem as vagas. Digo que o país tem falta, mas isso não é assim tão claro. Veja-se, por exemplo a química que é uma formação de banda larga. São formados carradas de licencidados e mestres em cursos que têm alguma coisa a ver com a química, como farmácia e engenharias. Algumas destas pessoas vão acabar por realizar as actividades que deveriam ser realizadas por químicos, mas como não são especialistas não têm a produtividade e capacidade de inovação que seriam desejáveis; as instituições e empresas em que se inserem acabam por se dedicar a burocracias e rotinas, processos antiquados, conversa fiada e arremedos tecnológicos para inglês ver. E assim até parece que nunca precisaram de especialistas; qualquer pessoa servia. Mas isso não é verdade: os especialistas fazem falta. Se as nossas empresas inovam na engenharia ou na informática é porque temos especialistas. E se as nossas empresas farmacêuticas pouco inovam é porque têm poucos especialistas em química. E não se julge que se pode inovar em energias renováveis e combustíveis alternativos sem os químicos. Tal como não se pode inovar na indústria extractiva sem químicos e geólogos.

Aliás, parece que isso não acontece só com os químicos. Os engenheiros biomédicos, por exemplo, tomam o lugar dos físicos e engenheiros físicos que quase não há. E também pode acontecer o contrário, os biólogos, que há às carradas, a tomarem o lugar dos biólogos marinhos e dos diplomados em ciências do mar. Ou seja, isto não parece ser linear nem fácil de organizar...

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