
Na histórias das civilizações que foram de alguma forma, e durante tempos limitados, democráticas, como os gregos ou os romanos, quase sempre os oradores se excederam com gestos e palavras. E foi quando essas civilizações se transformaram em sociedades despóticas que começaram a dar uma importância exagerada ao
respeitinho, chegando ao ponto de pretender controlar a vida privada e o pensamento das pessoas.

Nos tempos modernos também, aparentemente, tem sido assim. Com o salazarismo a
moralidade é endeusada e todos os que de alguma forma sonham com ditaduras defendem o
respeitinho. É nos parlamentos modernos que encontramos a perda do
respeitinho, a retórica manhosa, o insulto subtil, mas algo infantil e quase nunca maldoso. E isto é saudável: é com grande certeza um sinal de democracia e convivência democrática.

Infelizmente, tanto nos tempos antigos como nos tempos modernos, também os déspotas, para além de se apropriaram do sistema democrático para se legitimarem, usurparam para si próprios o exclusivo do insulto, que com estes deixa de ser engraçado e passa a ser mais um sinal de opressão. E não deixa apenas de ser engraçado e quase inocente, passa também a ser maldoso.
As fotografias que ilustram este texto são apenas isso: ilustrações do texto. As conclusões a que os leitores chegarem, ou as dúvidas que tenham são da sua inteira responsabilidade e são, quase de certeza, incompletas e incertas.

# posted by Sérgio Rodrigues : 11:30 da tarde
|