sábado, março 29
Teletransporte, homens invisíveis, pessoas miniaturizadas e outros prodígios
Ainda inspirado por Arthur C. Clarke, algumas reflexões sobre visões, prodígios e fantasias.
Em geral, as pessoas não se dão conta de que a implementação técnica mais simples do teletransporte corresponderia a um método de duplicação. De facto, podemos imaginar enviar a uma velocidade enorme informação genética e molecular que seria reproduzida também a grande velocidade. Mas o que aconteceria ao original? Teria de ser destruido? Segundo Clarke o desenvolvimento de uma tecnologia assim seria útil para criar duplos, mas a quantidade de informação a enviar seria muitissimo grande e teríamos muitos problemas filosóficos e situações paradoxais. Como seriam teletransportados os pensamentos, as memórias e principalmente a noção de de ser um ser único e irrepetível? A fantasia do teletransporte surge, sem qualquer problema associado, nas séries e filmes Star Trek, mas, por exemplo, no filme A Mosca de David Cronemberg, já somos confrontados com alguns dos seus problemas. Uma mosca entra por acaso no aparelho de teletransporte e, resultado da mistura da informação genética enviada, segue-se uma repetição tecnológica da Metamorfose do Kafka. Penso que os paradoxos da duplicação e da unicidade do ser humano são muito mais difíceis de resolver que o problema tecnológico do envio da informação molecular.
O Homem Invisível de H. G. Wells fica invisível por ter ficado coberto com uma tinta especial. À partida, poderemos imaginar uma tinta que nos tornasse como um espelho, o que poderia fornecer algum tipo de camuflagem, mas não a invisibilidade. A verdadeira invisibilidade poderia ser obtida se a luz nos pudesse atravessar, o que implicaria, no entanto, uma alteração tão grande da nossa estrutura molecular, na qual nos tornaríamos como um vidro, que seria incompatível com continuar vivo. Uma forma de evitar isto e mesmo assim obter a invisibilidade, seria o material ou tinta conduzir a luz da frente para trás e vice-versa. Estava para escrever claro está que tal seria impossível por decerto violar várias leis da física, quando, procurando imagens sobre este assunto, encontrei um excelente post do Carlos Fiolhais sobre o homem invisível, que refere as propostas de John Pendry para a realização prática de um material com as características de permitir a invisibildade! Bem, de qualquer forma tanto o homem espelho como o homem invisível teriam o problema dos seus olhos não poderem ser cobertos com o tal material, caso contrário ficariam cegos...
Da miniaturização, que é impossível por implicar alterações moleculares também impossíveis e outros problemas menos óbvios, falarei depois. No entanto, por exemplo, no Solaris de Stanislaw Lem são sugeridas algumas pistas de ficção científica, as quais nos levam também à duplicação e à invisibilidade, mas com materiais de estrutura molecular diferente e com certeza não humanos. E que melhores materiais para estas coisas que os neutrinos? Os mesmos neutrinos, que Frank Tipler refere na Física do Cristianismo para explicar a levitação. Bem, e a levitação leva-nos de novo a H. G. Wells e a O primeiro homem na lua...
Também, enquanto procurava imagens no google, encontrei este interessantíssimo curso (foi daí que tirei a imagem do teletransporte na Star Trek).
Em geral, as pessoas não se dão conta de que a implementação técnica mais simples do teletransporte corresponderia a um método de duplicação. De facto, podemos imaginar enviar a uma velocidade enorme informação genética e molecular que seria reproduzida também a grande velocidade. Mas o que aconteceria ao original? Teria de ser destruido? Segundo Clarke o desenvolvimento de uma tecnologia assim seria útil para criar duplos, mas a quantidade de informação a enviar seria muitissimo grande e teríamos muitos problemas filosóficos e situações paradoxais. Como seriam teletransportados os pensamentos, as memórias e principalmente a noção de de ser um ser único e irrepetível? A fantasia do teletransporte surge, sem qualquer problema associado, nas séries e filmes Star Trek, mas, por exemplo, no filme A Mosca de David Cronemberg, já somos confrontados com alguns dos seus problemas. Uma mosca entra por acaso no aparelho de teletransporte e, resultado da mistura da informação genética enviada, segue-se uma repetição tecnológica da Metamorfose do Kafka. Penso que os paradoxos da duplicação e da unicidade do ser humano são muito mais difíceis de resolver que o problema tecnológico do envio da informação molecular.
O Homem Invisível de H. G. Wells fica invisível por ter ficado coberto com uma tinta especial. À partida, poderemos imaginar uma tinta que nos tornasse como um espelho, o que poderia fornecer algum tipo de camuflagem, mas não a invisibilidade. A verdadeira invisibilidade poderia ser obtida se a luz nos pudesse atravessar, o que implicaria, no entanto, uma alteração tão grande da nossa estrutura molecular, na qual nos tornaríamos como um vidro, que seria incompatível com continuar vivo. Uma forma de evitar isto e mesmo assim obter a invisibilidade, seria o material ou tinta conduzir a luz da frente para trás e vice-versa. Estava para escrever claro está que tal seria impossível por decerto violar várias leis da física, quando, procurando imagens sobre este assunto, encontrei um excelente post do Carlos Fiolhais sobre o homem invisível, que refere as propostas de John Pendry para a realização prática de um material com as características de permitir a invisibildade! Bem, de qualquer forma tanto o homem espelho como o homem invisível teriam o problema dos seus olhos não poderem ser cobertos com o tal material, caso contrário ficariam cegos...
Da miniaturização, que é impossível por implicar alterações moleculares também impossíveis e outros problemas menos óbvios, falarei depois. No entanto, por exemplo, no Solaris de Stanislaw Lem são sugeridas algumas pistas de ficção científica, as quais nos levam também à duplicação e à invisibilidade, mas com materiais de estrutura molecular diferente e com certeza não humanos. E que melhores materiais para estas coisas que os neutrinos? Os mesmos neutrinos, que Frank Tipler refere na Física do Cristianismo para explicar a levitação. Bem, e a levitação leva-nos de novo a H. G. Wells e a O primeiro homem na lua...
Também, enquanto procurava imagens no google, encontrei este interessantíssimo curso (foi daí que tirei a imagem do teletransporte na Star Trek).
Comments:
Excelente post. Quanto ao teletransporte sempre me fascinou as questões cientificas e mesmo teológicas que coloca. Na verdade como diz se a forma mais simples de teletransporte é a duplicação será que é realmente possível retirar de um ser vivo toda a informação admitindo assim que esta se encontra de uma forma ou de outra mapeada em ligações de matéria ? Se não estivermos a falar de duplicação mas de transporte efectivo então segundo creio isso violaria o principio da relatividade de Einstein (transporte à velocidade da luz de um corpo de massa não nula) - ou estarei enganado?
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