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sexta-feira, março 30

O drama dos bichos-da-seda 

É impressionante como uma cambada de ovos guardados há meses numa caixa numa estante, consegue adivinhar, como que por magia, quando as amoreiras lá fora começam a ter folhas. Fazem-no de modo admiravelmente robusto, imunes a variações nada naturais de luminosidade: candeeiros à noite, persianas levantadas a horas estranhas, janelas fechadas nas férias...

O “timing” foi excelente: quando as folhas das amoreiras da escola começaram a despontar e nos lembrámos de ir ver a caixa, já se viam vários minúsculos bichos-da-seda, que depois de tanto tempo deviam estar esfomeados. No fim-de-semana, com a escola fechada e sem acesso às amoreiras, fui ao Penedo da Saudade procurar folhas, mas nada: as amoreiras eram de uma variedade diferente, era cedo demais. Nessa altura pensei no drama que seria se, por alguma razão, o relógio dos bichos-da-seda se adiantasse alguns dias relativamente ao relógio que regula o aparecimento das folhas.

No número de Abril da Science et Vie, que adequadamente saiu em Março, leio que esta dessincronização acontece com outras lagartas e, claro, pode acontecer com muitos outros seres vivos. É lá também que tomo conhecimento deste estudo, o maior de sempre deste tipo, envolvendo 542 espécies de plantas, 19 de animais e mais de 125 000 séries de dados de 21 países, onde se confirma que a primavera está a chegar cada vez mais cedo na Europa, de uma forma correlacionada com o aquecimento global.

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