quarta-feira, março 7
Da escola dos nossos dias
O Francisco José Viegas reflecte no “A origem das Espécies” sobre as causas da violência sobre professores.
As coisas são sempre muito mais complexas (ou muito mais simples) do que o que parecem.
1- A “escola centrada no aluno” faz parte do mesmo pacote da "família centrada no menino", tantas vezes tão malcriadinho. Eu que tenho filhos de várias idades, costumo dizer, que os pais classe média de hoje, mais do que os de há dez anos, são uns totós, que para além do trabalhinho vivem para os meninos, quase os sufocando. Um drama porque o menino vai mudar de professor na escola, um drama porque o menino tem muitos testes esta semana. “Ainda temos que fazer os trabalhos de casa” Temos? pergunto eu - quem tem que os fazer é o menino, o papá pode quando muito tirar-lhe alguma duvida se ele a tiver.
2- Há um divórcio imenso entre a família e a escola, em caso de dúvida culpe-se a escola.
Os meus filhos frequentam uma escola privada onde não há, obviamente (e o obviamente para mim é óbvio) problemas de disciplina. Onde os pais confiam na escola e não contestam toda e qualquer medida que a escola pretenda tomar para manter essa disciplina.
Uma história ilustrativa: um dos meus filhos estava, juntamente com alguns colegas, a portar-se mal no refeitório. O professor que tomava conta do refeitório pegou neles e em vez de os deixar ir para o recreio, levou-os para a cozinha onde estiveram algum tempo a ajudar a descascar cenouras. Isto, que me foi contado ao jantar pelo meu filho, chama-se no regulamento disciplinar, fazer trabalhos comunitários, e foi-me explicado por uma amiga que para se aplicar essa medida numa escola pública é necessário o consentimento dos pais. Pasmei!
Infelizmente o bom senso não se vende.
3-Da minha experiência de professora numa escola EB23, recordo a falta de solidariedade entre professores, mais prontos a acusarem um colega de falta de autoridade (raiando a maldade e a zombaria disfarçada, na minha sala isso não acontece, não percebo porque se comportam assim contigo) do que a ajudá-lo e a adoptarem estratégias concertadas.
4-No ensino superior eu diria, e já aqui o disse, que é saudável que os estudantes protestem, que reivindiquem, mesmo que as reivindicações pareçam absurdas e exageradas; é função dos corpos dirigentes, dos professores e reitores, analisarem as reivindicações e decidirem sem populismo.
Em Coimbra já não há portas trancadas, mas lembro-me da vergonha que senti, quando pretendi levar um professor alemão à Biblioteca Joanina e deparei com a Porta Férrea fechada a cadeado.
As coisas são sempre muito mais complexas (ou muito mais simples) do que o que parecem.
1- A “escola centrada no aluno” faz parte do mesmo pacote da "família centrada no menino", tantas vezes tão malcriadinho. Eu que tenho filhos de várias idades, costumo dizer, que os pais classe média de hoje, mais do que os de há dez anos, são uns totós, que para além do trabalhinho vivem para os meninos, quase os sufocando. Um drama porque o menino vai mudar de professor na escola, um drama porque o menino tem muitos testes esta semana. “Ainda temos que fazer os trabalhos de casa” Temos? pergunto eu - quem tem que os fazer é o menino, o papá pode quando muito tirar-lhe alguma duvida se ele a tiver.
2- Há um divórcio imenso entre a família e a escola, em caso de dúvida culpe-se a escola.
Os meus filhos frequentam uma escola privada onde não há, obviamente (e o obviamente para mim é óbvio) problemas de disciplina. Onde os pais confiam na escola e não contestam toda e qualquer medida que a escola pretenda tomar para manter essa disciplina.
Uma história ilustrativa: um dos meus filhos estava, juntamente com alguns colegas, a portar-se mal no refeitório. O professor que tomava conta do refeitório pegou neles e em vez de os deixar ir para o recreio, levou-os para a cozinha onde estiveram algum tempo a ajudar a descascar cenouras. Isto, que me foi contado ao jantar pelo meu filho, chama-se no regulamento disciplinar, fazer trabalhos comunitários, e foi-me explicado por uma amiga que para se aplicar essa medida numa escola pública é necessário o consentimento dos pais. Pasmei!
Infelizmente o bom senso não se vende.
3-Da minha experiência de professora numa escola EB23, recordo a falta de solidariedade entre professores, mais prontos a acusarem um colega de falta de autoridade (raiando a maldade e a zombaria disfarçada, na minha sala isso não acontece, não percebo porque se comportam assim contigo) do que a ajudá-lo e a adoptarem estratégias concertadas.
4-No ensino superior eu diria, e já aqui o disse, que é saudável que os estudantes protestem, que reivindiquem, mesmo que as reivindicações pareçam absurdas e exageradas; é função dos corpos dirigentes, dos professores e reitores, analisarem as reivindicações e decidirem sem populismo.
Em Coimbra já não há portas trancadas, mas lembro-me da vergonha que senti, quando pretendi levar um professor alemão à Biblioteca Joanina e deparei com a Porta Férrea fechada a cadeado.
Comments:
Enviar um comentário