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segunda-feira, outubro 30

Manuais escolares, programas e T'lebes... 


Sobre os "manuais" escolares e as mochilas a abarrotar já por aqui escrevi. Temos o que cultivamos. Os professores também se queixam, mas distraem-se com toda aquela bonecada inútil dos "manuais" escolares e com as manobras de esperteza saloia das editoras. Devo notar que do sétimo para o oitavo anos do básico dos meus filhos todos os livros "adoptados" foram alterados. Disseram-me que podia ser a mudança dos programas. Não, isso não está correcto! os programas não mudaram de forma irreconciliável, até porque já não há "programas", o que há é orientações programáticas que as editoras tranformam em rígidos programas-baseados-no-seu-livro e, na prática os professores, salvo algumas excepções de resistentes, acabam por seguir um livro e não um "programa". Que foi a mudança periódica dos "manuais" que calhou mesmo no presente ano. Outra treta. Porque hão-de os "manuais" mudar todos na mesma altura? E não me venham com os seis anos que agora entram em vigor que isso só trará mais jogos baixos das editoras. Dou alguns exemplos de espertezas em vigor: livros com espaços para preencher (efeito parcialmente anulado, ou supostamente anulado com uns avisos), livros abarcando três anos lectivos, mudanças cosméticas do mesmo livro todos os anos, escrevendo "de acordo com o novo programa", etc. Outras serão encontradas...

Bem, é aqui que me tornei um radical liberal. Na minha opinião, neste ponto tudo deveria ser liberalizado. A começar com o livro "adoptado". Os pais só compravam se quisessem, o livro que eles próprios escolhessem. Quando muito poder-se-ia ter uns cadernos de fichas obrigatórios. Assim as editoras teriam de fazer livros que seriam mesmo competitivos, tanto no preço como nos conteúdos. Os professores e os grupos das escolas leriam os "conteúdos programáticos" e programavam as suas aulas de acordo com eles e não de acordo com um livro. Penso que assim, se acabavam as mochilas a abarrotar de livros inúteis. Acabava o desperdício de dinheiro e recursos e os pais só se poderiam queixar de serem parvos a comprar livros inúteis...

E sobre os "programas" ou "conteúdos programáticos"? Ah isso é delicioso: de acordo com o que li não há muito, os programas são apresentados e discutidos com as grandes editoras e os autores independentes e as pequenas editoras ficam de fora. Depois, estes últimos não têm tempo para fazer alterações e já se vê o que acontece em termos de monopólio!

E quanto às TLEBS? Bem o ridículo em Portugal não dá comichão e há sempre alguém a ver nestas coisas mais uma oportunidade de negócio. A gramática é o sistema nervoso do pensamento disse Steiner, mas, digo eu, terminologia não é gramática, é taxinomia. No ensino básico, e, de resto, na vida, a gramática tem de apontar para o entendimento e para a compreensão da Língua. Para o raciocínio e para o estilo. Para o poder e a riqueza da comunicação humana. Tem de ser praticada a todo o momento e não por decreto. Rodrigues Lapa e Napoleão Mendes de Almeida fazem-nos muita falta!

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