segunda-feira, outubro 30
Advérbio Disjunto Restritivo da Verdade de Asserção
Há muito que não ria a tão bom rir. Mas, na verdade, é mais para chorar. Com o que querem encher a cabeça das nossas crianças?! Não me admira que quando a professora de português do J. começou a introduzir a TLEBS (para quem não saiba, eu também não sabia, Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário) este se tenha levantado e tenha iniciado um discurso, amplamente aplaudido pelos colegas, sobre “é por isto que o nosso país não anda para a frente…” . O J. nem sequer foi muito original, limitando-se a repetir o que tinha ouvido a alguns adultos, mas lá que estava carregado de razão estava. Esta gente está doida.
No meu tempo os palavrões acima chamavam-se advérbio de modo… e mesmo assim já me parecia na altura que saber as linhas de caminho de ferro era bem mais útil do que saber que adoravelmente era um advérbio de modo. Sempre fui má, orgulhosamente má a gramática, o que nunca me impediu de ser uma leitora compulsiva desde que aos cinco anos aprendi a ler, nem nunca me impediu de me expressar e escrever razoavelmente. Por amor de Deus, deixem essas coisas para os senhoras e senhoras que precisam de fazer teses de mestrado e de doutoramento e deixem as nossas criancinhas amar a sua língua.
O Sérgio abordou este e outros temas de algum modo relacionados no post anterior
No meu tempo os palavrões acima chamavam-se advérbio de modo… e mesmo assim já me parecia na altura que saber as linhas de caminho de ferro era bem mais útil do que saber que adoravelmente era um advérbio de modo. Sempre fui má, orgulhosamente má a gramática, o que nunca me impediu de ser uma leitora compulsiva desde que aos cinco anos aprendi a ler, nem nunca me impediu de me expressar e escrever razoavelmente. Por amor de Deus, deixem essas coisas para os senhoras e senhoras que precisam de fazer teses de mestrado e de doutoramento e deixem as nossas criancinhas amar a sua língua.
O Sérgio abordou este e outros temas de algum modo relacionados no post anterior
Manuais escolares, programas e T'lebes...
Sobre os "manuais" escolares e as mochilas a abarrotar já por aqui escrevi. Temos o que cultivamos. Os professores também se queixam, mas distraem-se com toda aquela bonecada inútil dos "manuais" escolares e com as manobras de esperteza saloia das editoras. Devo notar que do sétimo para o oitavo anos do básico dos meus filhos todos os livros "adoptados" foram alterados. Disseram-me que podia ser a mudança dos programas. Não, isso não está correcto! os programas não mudaram de forma irreconciliável, até porque já não há "programas", o que há é orientações programáticas que as editoras tranformam em rígidos programas-baseados-no-seu-livro e, na prática os professores, salvo algumas excepções de resistentes, acabam por seguir um livro e não um "programa". Que foi a mudança periódica dos "manuais" que calhou mesmo no presente ano. Outra treta. Porque hão-de os "manuais" mudar todos na mesma altura? E não me venham com os seis anos que agora entram em vigor que isso só trará mais jogos baixos das editoras. Dou alguns exemplos de espertezas em vigor: livros com espaços para preencher (efeito parcialmente anulado, ou supostamente anulado com uns avisos), livros abarcando três anos lectivos, mudanças cosméticas do mesmo livro todos os anos, escrevendo "de acordo com o novo programa", etc. Outras serão encontradas...
Bem, é aqui que me tornei um radical liberal. Na minha opinião, neste ponto tudo deveria ser liberalizado. A começar com o livro "adoptado". Os pais só compravam se quisessem, o livro que eles próprios escolhessem. Quando muito poder-se-ia ter uns cadernos de fichas obrigatórios. Assim as editoras teriam de fazer livros que seriam mesmo competitivos, tanto no preço como nos conteúdos. Os professores e os grupos das escolas leriam os "conteúdos programáticos" e programavam as suas aulas de acordo com eles e não de acordo com um livro. Penso que assim, se acabavam as mochilas a abarrotar de livros inúteis. Acabava o desperdício de dinheiro e recursos e os pais só se poderiam queixar de serem parvos a comprar livros inúteis...
E sobre os "programas" ou "conteúdos programáticos"? Ah isso é delicioso: de acordo com o que li não há muito, os programas são apresentados e discutidos com as grandes editoras e os autores independentes e as pequenas editoras ficam de fora. Depois, estes últimos não têm tempo para fazer alterações e já se vê o que acontece em termos de monopólio!
E quanto às TLEBS? Bem o ridículo em Portugal não dá comichão e há sempre alguém a ver nestas coisas mais uma oportunidade de negócio. A gramática é o sistema nervoso do pensamento disse Steiner, mas, digo eu, terminologia não é gramática, é taxinomia. No ensino básico, e, de resto, na vida, a gramática tem de apontar para o entendimento e para a compreensão da Língua. Para o raciocínio e para o estilo. Para o poder e a riqueza da comunicação humana. Tem de ser praticada a todo o momento e não por decreto. Rodrigues Lapa e Napoleão Mendes de Almeida fazem-nos muita falta!
quinta-feira, outubro 26
Será que foste tu que estacionaste aí no passeio que acabaste com a Ecovia?
O presidente da câmara quer acabar com a Ecovia (ver diário de Coimbra) por dar demasiado prejuizo. Vamos por partes. Numa análise superficial dos valores brutos monetários apresentados pelo DC, tendo em conta que um bilhete custa 1.9 euros e que as carreiras não funcionam ao fim de semana, talvez a Ecovia não tenha assim tão poucos passageiros (de facto, o número de passageiros transportados por dia e a média de utilização, mais do que valores brutos, eram aqui muito úteis). Será que já foi feito um estudo de sustentabilidade? É que parece dificil que a Ecovia não deixe de dar prejuizo, mesmo com a ocupação máxima... E isso leva-nos a outro assunto, está a decorrer em Coimbra uma campanha contra o estacionamento selvagem.
Acabar com a Ecovia e continuar a permitir o estacionamento selvagem em toda a cidade é uma mensagem completamente disfuncional. Basta ver a zona dos HUC, a Universidade, a Quinta D. João, a zona de Celas, ou mesmo em frente à Secção de Trânsito da PSP (e isso vale a pena ver!) para se ver que o que se está a fazer não chega. Não basta multar e bloquear periodicamente, pois a cidade é grande. É necessário avisar e voltar a avisar, publicitar, pôr cartazes enormes com os números de carros multados e bloqueados, colar-lhes autocolantes. Acabar com os estacionamentos selvagens em que "cabe sempre mais um". Acabar com a ideia que o "crime de estacionar no passeio" compensa. E finalmente não enviar mensagens disfuncionais como essa de acabar com a Ecovia. Se querem poupar, poupem na relva do estádio...
Acabar com a Ecovia e continuar a permitir o estacionamento selvagem em toda a cidade é uma mensagem completamente disfuncional. Basta ver a zona dos HUC, a Universidade, a Quinta D. João, a zona de Celas, ou mesmo em frente à Secção de Trânsito da PSP (e isso vale a pena ver!) para se ver que o que se está a fazer não chega. Não basta multar e bloquear periodicamente, pois a cidade é grande. É necessário avisar e voltar a avisar, publicitar, pôr cartazes enormes com os números de carros multados e bloqueados, colar-lhes autocolantes. Acabar com os estacionamentos selvagens em que "cabe sempre mais um". Acabar com a ideia que o "crime de estacionar no passeio" compensa. E finalmente não enviar mensagens disfuncionais como essa de acabar com a Ecovia. Se querem poupar, poupem na relva do estádio...
terça-feira, outubro 24
Darwin Online
As obras completas, full-text, full-image, pesquisáveis, livres. Em 2009 comemora-se o bicentenário do seu nascimento.
terça-feira, outubro 17
Medicina Molecular?
Chemistry reduced to its simplest terms, is not physics. Medicine is not chemistry… Knowledge of the specific physiological and eventually molecular sequence of events does not help us understand what [a] poet has to say to us.
Roald Hoffmann (Prémio Nobel da Química, 1981)
Roald Hoffmann (Prémio Nobel da Química, 1981)