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quarta-feira, janeiro 18

Afinal o que é que nós fazemos? (I) 

Um destes dias recebo um típico telefonema de hora de jantar (inquéritos): daqui fala da escola XPTO, qualquer coisa de ensino à distância,”pode responder-me a umas perguntinhas?” –se não demorar muito, está na hora de jantar- “qual é a sua profissão?” – (se lhe digo pos-doc a mulher suicida-se, quando deixo pelo investigadora, perguntam-me se sou da PJ), arrisco – investigadora científica. Do outro lado, “Ah! E até que ano estudou?”, - bem, eu até ao doutoramento. Silêncio …”Não preciso de lhe perguntar mais nada, muito obrigada”.
O que é que nós fazemos? Em reuniões familiares ou de amigos todos se interessam pelas profissões de todos, os professores têm histórias interessantíssimas para contar, os advogados idem, os polícias nem se fala. O que eu, pobre trabalhadora da ciência faço, não interessa a ninguém, se calhar não interessa mesmo.
Ou então fazem uma ideia completamente errada das minhas capacidades e importância. Género “tu é que és boa, convidam-te para falar por esse mundo fora”. E lá tenho que desiludir mais um e explicar muito explicadinho, que não, que ninguém me convida, que eu tenho que tentar num texto com um máximo de 300 palavras convencer o comité científico do congresso de que estou a fazer um trabalho razoavelmente interessante e que lhes ficaria muito agradecida se me dessem 10 minutinhos numa das suas 30 sessões paralelas para eu expor as minhas ideias (ou a falta delas) e assim poder pedir às entidades competentes um subsídio (que nunca chega para as despesas e obriga a recorrer à mais low-cost das companhias aéreas) para poder ir ao tal congresso e ver se aprendo mais alguma coisa, se volto com mais ideias e se posso por no meu CV mais uma comunicação oral no congresso XPTO, na remota esperança de que antes de me reformar possa deixar de ser pos-doc.

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