terça-feira, fevereiro 1
Um ano de ti
Cansada de politiqueiros e de coisas feias, não resisto a colocar aqui um excerto deste belíssimo poema de amor, a suprema emoção de ser pai.
Um ano de ti. Parabéns, meu filho! Hoje é o teu primeiro aniversário. Ao mesmo tempo que sinto uma alegria e felicidade transbordantes sinto também que te entrego agora ao perpétuo e injusto ciclo da vida medida ao ano. Para trás fica essa brevidade contabilizada por meses, semanas e dias. Um ano – ao mesmo tempo tanto, e tão pouco. Em dada altura, reza assim o meu poema preferido: “Apalpo agora o girar das brutais, líricas rodas da vida”. E é exactamente isso que hoje sinto, quando te dou a mão e sei que entraste nessa brutal e lírica engrenagem dos anos. Completas o primeiro de todos eles, daqui em diante, será apenas somar as datas sobre o dia de hoje como uma amarga repetição. Durante estes meses em que te relatei vivi com a ideia que talvez te pudesse manter fora do tempo dos homens, manter-te bebé, tão eternamente meu. Mesmo hoje, olhando para as fotografias que temos acumulado ao longo deste percurso, vejo o quanto mudaste, o quando estás tão maior que esse bebé que os meus olhos continuam a dizer-me seres tu no que isso mais possa significar de indefeso e dependente. Talvez todos os pais imaginem os seus próprios filhos como bebés suspensos no percurso da vida, talvez os fixem assim, eternamente recém-nascidos, numa sobreposição desvairada da imaginação. Penso este «talvez» com a certeza prévia de nunca aceitar verdadeiramente que cresças, que tu próprio encontres o teu lugar nessa corrente infinita da vida e que assim sejas, um ser independente procurando a tua própria razão no tempo tão estupidamente breve que nos é dado. Sei apenas que, olho para ti, e continuo a ver a cabecinha tão redonda e o olhar malandreco com que nasceste, olho para os teus dedos compridos e fininhos entretidos no magicar de uma engenhoca qualquer e recordo a primeira vez que se fecharam em torno do meu indicador, agarro-te pelos incontáveis motivos que nos preenchem a actividade dos dias e revejo-te recém-nascido, acabado de nascer, ainda mal limpo e embrulhado num cobertor, nos meus braços, pela primeiríssima vez, nos meus braços. Tudo isto acabará por se esbater nesse tempo brutal que teimo em parar, nesse tempo injusto na sua brevidade. Sei que tudo passa, tudo se esquece, tanto o bom como o mau, e a vida nada mais é senão uma alegria breve. Mas como eu gostaria de fixar esta brevidade para o resto das nossas vidas! Hoje sinto-me exactamente assim, como se diz popularmente, com o coração nas mãos. Ou então, apenas sentimental e dramático.
Um ano de ti. Parabéns, meu filho! Hoje é o teu primeiro aniversário. Ao mesmo tempo que sinto uma alegria e felicidade transbordantes sinto também que te entrego agora ao perpétuo e injusto ciclo da vida medida ao ano. Para trás fica essa brevidade contabilizada por meses, semanas e dias. Um ano – ao mesmo tempo tanto, e tão pouco. Em dada altura, reza assim o meu poema preferido: “Apalpo agora o girar das brutais, líricas rodas da vida”. E é exactamente isso que hoje sinto, quando te dou a mão e sei que entraste nessa brutal e lírica engrenagem dos anos. Completas o primeiro de todos eles, daqui em diante, será apenas somar as datas sobre o dia de hoje como uma amarga repetição. Durante estes meses em que te relatei vivi com a ideia que talvez te pudesse manter fora do tempo dos homens, manter-te bebé, tão eternamente meu. Mesmo hoje, olhando para as fotografias que temos acumulado ao longo deste percurso, vejo o quanto mudaste, o quando estás tão maior que esse bebé que os meus olhos continuam a dizer-me seres tu no que isso mais possa significar de indefeso e dependente. Talvez todos os pais imaginem os seus próprios filhos como bebés suspensos no percurso da vida, talvez os fixem assim, eternamente recém-nascidos, numa sobreposição desvairada da imaginação. Penso este «talvez» com a certeza prévia de nunca aceitar verdadeiramente que cresças, que tu próprio encontres o teu lugar nessa corrente infinita da vida e que assim sejas, um ser independente procurando a tua própria razão no tempo tão estupidamente breve que nos é dado. Sei apenas que, olho para ti, e continuo a ver a cabecinha tão redonda e o olhar malandreco com que nasceste, olho para os teus dedos compridos e fininhos entretidos no magicar de uma engenhoca qualquer e recordo a primeira vez que se fecharam em torno do meu indicador, agarro-te pelos incontáveis motivos que nos preenchem a actividade dos dias e revejo-te recém-nascido, acabado de nascer, ainda mal limpo e embrulhado num cobertor, nos meus braços, pela primeiríssima vez, nos meus braços. Tudo isto acabará por se esbater nesse tempo brutal que teimo em parar, nesse tempo injusto na sua brevidade. Sei que tudo passa, tudo se esquece, tanto o bom como o mau, e a vida nada mais é senão uma alegria breve. Mas como eu gostaria de fixar esta brevidade para o resto das nossas vidas! Hoje sinto-me exactamente assim, como se diz popularmente, com o coração nas mãos. Ou então, apenas sentimental e dramático.
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