<$BlogRSDUrl$>

terça-feira, fevereiro 15

A minha amiga carmelita 

A C. foi das minhas primeiras amigas, conhecemo-nos na primária e só nos largámos quando os meus pais decidiram mudar de terra e nós os filhos não tivémos outra hipótese senão ir atrás deles. Eu e a C. corríamos a cidade (bons tempos em que isso era permitido às crianças) e tínhamos sempre coisas interessantes para fazer. Quando penso na super-protecção dos meninos e meninas de hoje, chego à conclusão de que eu e a C. démos muito que fazer ao nosso anjo-da-guarda. Ou então, já era o destino. A C. tinha 3 irmãos, um pai professor de liceu, uma mãe farmacêutica, tudo muito normal. De assinalar só os cuidados exagerados que a mãe tinha para que os filhos não se constipassem: quando ia chamar a C. de manhã, tinha que esperar, com a falta de paciência própria de uma míuda de 7 ou 8 anos, que a mãe aquecesse no aquecedor toda e qualquer peça de roupa que a C. fosse vestir (vivíamos numa cidade fria, mas aquilo era um absurdo) e lhe pusesse mais um gorro e umas luvas e um casaquinho...
Andávamos no ciclo quando mudei de terra. Mais tarde, encontrámo-nos na universidade, cada uma na sua vida, nada a assinalar, fez bioquímica.
Depois da universidade fui sabendo dela a intervalos irregulares: estava a dar aulas em Lisboa, estava no Botswana como voluntária numa ONG, ou qualquer coisa do género.
Dois ou três anos passados encontro um irmão “e então a C., está boa? ainda está no Botswana?”. Não, já não estava no Botswana, a minha amiga C, a minha companheira das brincadeiras mais estapafúrdias e perigosas, estava em clausura, tinha entrado no carmelo.

Comments: Enviar um comentário
This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com