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terça-feira, outubro 26

Experiências que utilizam animais 

Ontem assisti, aqui na Universidade, a um excelente colóquio sobre experiência animal. O painel de oradores era muito bom e tinha ainda a seu favor o cobrirem todos os campos, desde a ética e o direito ao ponto de vista das ciências. E obviamente estas três vertentes têm que estar associadas quando se fala de experimentação que utiliza animais.
Este é um assunto pouco pacífico (às vezes mesmo muito pouco pacífico), mas incontornável em algumas ciências, nomeadamente nas ciências da saúde. E os cientistas que têm necessidade de utilizar animais na sua investigação não são propriamente uns ogres carniceiros.
Sendo incontornável em muitas áreas, a utilização de animais de laboratório tem que obedecer a critérios bem definidos, até do ponto de vista legal (embora muitas vezes as leis só sirvam para esconder hipocrisias, como foi ontem bem ilustrado por um dos oradores com o caso da Nova Zelândia que aboliu por decreto as experiências com primatas, que nunca tinham sido feitas no país, ao mesmo tempo que se sabe que lá se realizam as maiores barbáries com ovelhas e outros animais). Mais eficaz é a regra dos três Rs: Reduce, Refine, Replace. Experiências com animais só devem ser feitas se se provar serem absolutamente essenciais, é por exemplo ridículo e de ética duvidosa a utilização de animais na indústria cosmética. Devem estas experiências ser excelentemente bem programadas para que do sacrifício dos animais possa vir o maior benefício para a ciência e, por último, sempre que possível o animal deve ser substituído por linhas celulares, tecidos, até simulações computacionais. Não menos importante é o modo como esses animais devem ser tratados, devendo os investigadores adoptar todos os métodos que visem aumentar o seu bem estar e minorar o seu sofrimento, nomeadamente ao nível da alimentação, da anestesia e da analgesia.
Há uns anos nos Estados Unidos um grupo de “libertadores dos animais”, entrou num laboratório de investigação científica e depois de destruir tudo o que lhes apareceu à frente pegou nas gaiolas dos animais, ratos e ratinhos, e chegando a um parque “libertou” os pobrezinhos. O fim é fácil de imaginar, habituados a viverem e a serem alimentados em cativeiro, uns morreram à fome, outros esmagados por rodas de carros, outros foram apanhados por predadores.
Aqui, como em tudo na vida, é necessário bom senso.

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