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sábado, junho 12

Reflexões avulsas sobre o meme das bandeiras de Portugal 

Não é todos os dias que vemos um meme propagar-se por via óptica tão rapidamente. Cada bandeira colocada numa janela é vista por dezenas ou centenas de pessoas, das quais uma percentagem decide fazer o mesmo, levando à repetição do processo, em avalanche.

As razões que levam à infecção pelo meme são variadas. Os primeiros a ter a ideia não foram estimulados por verem bandeiras na janela. Criaram o meme, por assim dizer, com base em outros estímulos e memes. Numa segunda vaga, alguns dos que viram bandeiras foram infectados directamente porque, depois de estimulados, acharam que era boa ideia. Outros, não acharam que a ideia fosse particularmente boa mas resolveram ceder aos pedidos insistentes dos filhos (o meu caso). Há outras razões que vão surgindo à medida que o meme progride. Há ainda aqueles que não põem a bandeira nem por nada, mas são cada vez menos, pois o meme do pôr-a-bandeira tem a si associado outros memes que são neste momento mais infecciosos do que os memes do não-pôr. Dentro de poucas semanas já não será assim e o meme do tira-a-bandeira ganhará.

Há dois ou três dias atrás reparava que quanto mais bandeiras via, mais vezes o meu cérebro era confrontado com a pergunta "porque não pões uma bandeira também?", como se estivesse a ver o mesmo anúncio muitas vezes. Bastaria que numa dessas vezes a resposta fosse positiva para também eu propagar o meme. Como disse, no meu caso foi necessário um estímulo maior, o dos meus filhos que serviram assim de amplificadores de sinal.

Até que ponto o nosso cérebro não reage de forma análoga aos detectores de radiação que, em resposta a um mesmo estímulo, geram sinais com amplitudes diferentes (devido ao próprio processo aleatório de formação do sinal) nalguma parte do cérebro encarregada deste tipo de decisões? Até que ponto é possível que, por razões puramente estatísticas, uma das vezes se ultrapasse o limiar que leva a que o cérebro seja infectado pelo meme? Por outras palavras, se o meu cérebro for estimulado N vezes da mesma maneira, poderei acabar por colocar a bandeira porque numa dessas vezes o sinal foi ligeiramente maior (eu estava mais receptivo) e fiquei suficientemente convencido? Ou seja, podemos ser convencidos por ruído estatístico, se repetirmos muitas vezes o estímulo? Não deixa de ser curioso...

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