quarta-feira, novembro 12
Na Alta de Coimbra, em frente à Porta Especiosa
O Luis da Natureza do Mal fez-nos um convite para fazer um roteiro das ruas da Alta e já se lançou na aventura. Eu, que quase nunca vou por onde me mandam ir, comecei um passeio de memória. Mas fiquei parado diante desta porta para o passado e para o presente. Encerrada, entaipada e ligada.
A última vez que a vi despida dos panejamentos e madeiras que a cobrem, já lá vão alguns anos, estava vestida de pombas e plantas selvagens, rodeada de uma caótica corte motorizada. Toquei na pedra húmida que se solta com o contacto dos dedos e tirei fotografias. Para não esquecer.
A suavidade da pedra de Ançã parece querer a sua alma rupestre de volta. Quer tornar-se pó e humidade. Parece exigir que se cumpra um moderno prazo de validade. Com o auxílio dos carros que continuam a ocupar a Sé-Velha, das pombas e da vegetação, mas também das pessoas que não a vêem esboroar-se, de forma envergonhada e silenciosa, debaixo dos panejamentos e dos taipais.
João de Ruão não se importará, pois já teve quase cinco séculos de glória. Pedreiros como Álvaro Gois e Rui Mamede também não, pois têm a glória nas mãos calejadas.
Tarde. Muito tarde. Estão agora a estudar, medir, projectar, lançar concursos. Mas o tempo não pára e quando retirarem os panejamentos e as ligaduras provavelmente só restará uma múmia ressequida. Talvez ainda e sempre rodeada da corte motorizada.
A última vez que a vi despida dos panejamentos e madeiras que a cobrem, já lá vão alguns anos, estava vestida de pombas e plantas selvagens, rodeada de uma caótica corte motorizada. Toquei na pedra húmida que se solta com o contacto dos dedos e tirei fotografias. Para não esquecer.
A suavidade da pedra de Ançã parece querer a sua alma rupestre de volta. Quer tornar-se pó e humidade. Parece exigir que se cumpra um moderno prazo de validade. Com o auxílio dos carros que continuam a ocupar a Sé-Velha, das pombas e da vegetação, mas também das pessoas que não a vêem esboroar-se, de forma envergonhada e silenciosa, debaixo dos panejamentos e dos taipais.
João de Ruão não se importará, pois já teve quase cinco séculos de glória. Pedreiros como Álvaro Gois e Rui Mamede também não, pois têm a glória nas mãos calejadas.
Tarde. Muito tarde. Estão agora a estudar, medir, projectar, lançar concursos. Mas o tempo não pára e quando retirarem os panejamentos e as ligaduras provavelmente só restará uma múmia ressequida. Talvez ainda e sempre rodeada da corte motorizada.
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