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segunda-feira, setembro 1

George 

Nunca pensei que os factos viessem a confirmar tão categoricamente o erro crasso que, ao que tudo indica neste momento, foi a guerra do Iraque. Custa-me ainda a crer que os opositores da guerra pudessem estar tão certos nas suas previsões e os defensores tão errados. Eu sempre estive contra esta guerra, mas sempre quis estar errado. Afinal os pessimistas tinham razão e à ameaça virtual opôs-se a realidade temida. E agora, George? “Agora é preciso continuar o trabalho, porque ele não pode ficar a meio”. E como é que se acaba o trabalho sem piorar ainda mais as coisas, George? “Não sei, mas tenho que dar a impressão de que sei”.

Virtuais armas de destruição maciça, virtual capacidade e vontade de as usar (este é o verdadeiro fulcro da questão: dado a forma apressada como se iniciou a guerra, achar as armas não basta, tem de se demostrar que elas estavam prestes a ser usadas em actos contra os EUA – este objectivo complicado de atingir foi sabiamente truncado por quem pretende que se pense que basta achar as armas para tudo ser justificável). Virtuais factos em relatórios, virtual ligação de Saddam à Al Qaeda, virtual recepção calorosa aos libertadores, virtual guerra cirúrgica, virtuais razões para a guerra, virtuais certezas, virtuais verdades, etc, etc.

Real escalada do terrorismo, real confusão no médio oriente, real incompreensão das culturas da região, real incapacidade de previsão das necessidades da população que supostamente se libertou, reais pilhagens, reais danos colaterais, reais machadadas nas instituições e no direito internacionais, real degradação das relações diplomáticas e económicas de países amigos, reais negócios chorudos para empresas americanas com ligações à administração americana, reais suicídios, reais demissões, reais mentiras, etc, etc.

Quem mais fez com que chegássemos a estas realidades é quem mais quer desenvolver mini-armas nucleares para serem mesmo usadas, para já para o “bem”, mais tarde e de forma descontrolada para o “mal”. O “bem” e o “mal”. Sempre os mesmos lados apontados, de forma simplista como se o mundo fosse um filme para todos, um pisca-pisca. ElBaradei da AIEA já falou sobre o perigo adicional que essas armas representam, numa altura em que a não-proliferação de armas nucleares devia ser uma prioridade e em que quem as detém devia dar o exemplo. Mas quem o ouve?

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