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domingo, agosto 24

Reentrar na incerteza - III 

Cheguei de férias ontem. Tenho ligado pouco aos meios de comunicação social e não segui a blogosfera durante uma semana. Disponho de pouca informação e por isso não faço grandes críticas, que poderiam ser injustas. Mas há algo no relativismo com que por vezes se apresentam certos números que me incomoda profundamente. Relativizar um facto pode ser positivo, se com isso se conseguir mostrar a sua real importância. Mas relativizar um facto comparando-o com a pior situação possível, diminuindo-o, é infelizmente muito comum em Portugal. É para isto que servem os recordes, para desculpar as outras catástrofes por comparação?

No fundo, a questão é: 1316 mortes, mesmo estimadas, mesmo eventualmente "antecipadas" (uma vez que em princípio foram as pessoas mais debilitadas que morreram), mesmo inferiores às 1900 mortes de 1981, são ou não uma catástrofe? Requer ou não grandes medidas, grande atenção, grandes explicações por parte do governo? Exige ou não que se avalie rigorosamente a sua dimensão, a eficácia das medidas tomadas e que se estude seriamente a forma de se evitar que a situação se repita no futuro?

Estou a ser assaltado. Digam-me por favor quantas pessoas morreram em Portugal devido à onda de calor!

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