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domingo, agosto 10

Amelie Poulain 

Vi a Amelie pela quinta vez pelo menos, nunca são de mais.
Gosto de tudo, o som ao enterar a mão num saco de feijão, o peixe neurasténico, a vingança da máquina-fotográfica-que-provocava-acidentes desligando a antena do futebol, os sapatos um número abaixo, o duende viajante, o endeusar das endívias e das alcachofras, a caixinha metálica com a colecção de ciclistas, atravessar a rua ao cego -dar-lhe luz aos olhos- dar-lhe um anjo. O anjo que quer consertar a vida de toda a gente e quase se esquece da sua. O anjo que não é demasiado perfeito e fica por isso ainda mais humano.

Agora que já estou livre do peso e da ansiedade da novidade pude ver na cena final, os dois de motorizada pelas ruas de Paris, ora de olhos fechados, ora rindo, olhando para trás, ora se abraçando de cabelos ao vento, apenas a felicidade e o rosto da paixão. Intermináveis. Da primeira vez receei a todo o momento que o fim estivesse próximo, esmagados num camião, sem capacete e alheados. Jean-Pierre Jeunet, por favor, não faças outro final assim.

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