terça-feira, julho 8
O Iraque finalmente
Porque deixámos (nós esquerda) de falar sobre o Iraque? Porque a barragem ideológica, mais que o brilho das armas nos venceu? Porque o José Lamego, apoiado pelo governo português e pelas empresas nacionais que contam ter direito a uma fracção do direito de saque (expressão do Miguel Sousa Tavares), aceitou entusiasmado a nomeação para administrador, junto dos americanos, do Iraque ocupado? Porque o Chirac, o Putin e o Schroeder se reconciliaram com o Blair? Porque, obedientes como os habitantes de Bagdad, aceitámos o recolher obrigatório com medo de sermos confundidos com os apoiantes de Saddam?
A recapitulação é fastidiosa mas não posso deixar de a fazer. Saddam era, como outros ditadores regionais, uma figura hedionda. Nós ( a esquerda em que me reconheço) sempre o dissemos e denunciámos. Mas com ou sem gaffe de Wolvowitz não foi esse o pretexto da invasão. Os americanos e os seus aliados invadiram o Iraque porque Saddam 1.detinha armas de agressão que ameaçavam o ocidente e 2.apoiava o terrorismo internacional. Até hoje nenhuma dessas duas afirmações foi confirmada. Pelo contrário, os cenários dos que se opuseram á guerra confirmam-se: os aliados dominam as riquezas petrolíferas da região, traçam a reconstrução do país priorizando o lucro das empresas participantes. O fundamentalismo islâmico não foi travado. O eclipse da ONU e de qualquer instancia reguladora onde os pequenos países tenham alguma influencia, acentuou-se.
Os defensores da guerra, esquecendo os argumentos que brandiram, legitimam agora a intervenção com o direito de ingerência. As tropas de países democráticos varreram uma ditadura sinistra e encontram-se empenhadas em possibilitar que essa sociedade se reorganize segundo regras que consideramos mais correctas, mais respeitadoras da dignidade dos habitantes.
Mas as questões que gostaria de ver debatidas são essas: Somos nós, os invasores aliados e os seus apoiantes, mais civilizados que os ocupados? Em que se estriba essa superioridade civilizacional? E a verificar-se, justifica a ingerencia armada?
Se
A recapitulação é fastidiosa mas não posso deixar de a fazer. Saddam era, como outros ditadores regionais, uma figura hedionda. Nós ( a esquerda em que me reconheço) sempre o dissemos e denunciámos. Mas com ou sem gaffe de Wolvowitz não foi esse o pretexto da invasão. Os americanos e os seus aliados invadiram o Iraque porque Saddam 1.detinha armas de agressão que ameaçavam o ocidente e 2.apoiava o terrorismo internacional. Até hoje nenhuma dessas duas afirmações foi confirmada. Pelo contrário, os cenários dos que se opuseram á guerra confirmam-se: os aliados dominam as riquezas petrolíferas da região, traçam a reconstrução do país priorizando o lucro das empresas participantes. O fundamentalismo islâmico não foi travado. O eclipse da ONU e de qualquer instancia reguladora onde os pequenos países tenham alguma influencia, acentuou-se.
Os defensores da guerra, esquecendo os argumentos que brandiram, legitimam agora a intervenção com o direito de ingerência. As tropas de países democráticos varreram uma ditadura sinistra e encontram-se empenhadas em possibilitar que essa sociedade se reorganize segundo regras que consideramos mais correctas, mais respeitadoras da dignidade dos habitantes.
Mas as questões que gostaria de ver debatidas são essas: Somos nós, os invasores aliados e os seus apoiantes, mais civilizados que os ocupados? Em que se estriba essa superioridade civilizacional? E a verificar-se, justifica a ingerencia armada?
Se
Comments:
Enviar um comentário