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domingo, julho 6

Memorandum 

Vim agora do concerto do Lou Reed e isto tem de ser escrito a quente, enquanto as notas apanhadas na rede neuronal saltam fresquinhas. O concerto não foi inesquecível, mas eu tenho má memória. Retenho alguns marcos.

Estava na bancada do fundo. Dada a distância, quando dois músicos passavam perto um do outro no palco eu só via um.

Sweet Jane. Lou Reed apresenta os músicos: um excelente cantor, um baixo, uma violoncelista, um guitarrista com cauda de piano.

Small Town. "When you're growing up in a small town / You say no one famous ever came from here". Coimbra is a small town? Sim, não. Claro que sim. "There's only one good use for a small town / You hate it and you know you'll have to leave".

Vanishing act. A música não desapareceu. Pedaços de silêncio apareceram.

Venus in Furs. Magistral solo de violoncelo.

Canção do Fernando. Inenarrável.

Aparato cénico: jardim da sereia, simplesmente. Um "master" daqueles movimentos orientais de que nunca me hei-de lembrar do nome. Ai a minha memória. Sublime, a vermelha combinação movimento/som. Simples, como a música.

Do princípio ao fim, surpresa, exploração, novidade. Com a sua idade, Lou Reed faz-nos sentir antiquados, preconceituosos. Aquilo é música? É rock?

Reacção aparentemente fria do público, sem pulos. Contudo, 2 encores e 2 horas e meia de concerto. Nos encores, fui para perto do palco. Perspectiva completamente diferente. 3 mil perspectivas diferentes.

O concerto não foi de má memória, a minha é que é. Daí este memorandum.

Lou Reed estava bem vivo quando Schrödinger abriu a sua caixa.

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