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quinta-feira, julho 31

Incerteza na aplicação da definição 

O Luis Mauricio enviou-nos um comentário, que agradeço, acerca da minha temerária e incerta proposta de definição de ser vivo:

"(...) não podia deixar de "dizer" alguma coisa, acerca da definição de ser vivo publicada pelo Sérgio e à qual não apresento objecções, antes pelo contrário. No entanto e para aumentar a incerteza diria antes, a não certeza, arrisco-me a transpor a definição de ser vivo para a de organizações artificiais (vulgo empresas ou instituições), sistemas complexos criados pelo homem (ser vivo por definição tal como a conhecemos)."

Na primeira parte da minha definição de facto cabe quase tudo, as organizações artificiais, as sociedades animais e humanas, as florestas, e, porque não, todo o ecossistema Terra (há até quem o teorize). E de resto, um sistema composto ou mantido por seres vivos pode não ser um "ser vivo," mas "tem vida" de certeza. Mas aqui espreita a metáfora. Por outro lado, pode ver-se os seres vivos mais complexos como o resultado da união simbiótica de bactérias, que no decurso da evolução se foram especializando em tecidos e órgãos. E até parece lógico. Mas qual é o momento em que se passa de colónia a tecido? De não-vivo a vivo? A minha ênfase era, e continua a ser, no paradoxo que é a vida. Na forma como a sua definição nos escapa. Não era, portanto, uma das "boas definições" pedidas pelo Nuno.

Bem, e nem a propósito, encontrei hoje no Journal of Chemical Education de Junho de 2003 um artigo de "receitas para sopas pré-bióticas," um assunto que sempre me intrigou. Na bibliografia há bastantes referências (recentes) com a discussão que ainda existe sobre a origem da vida. Espero arranjar tempo para ler algumas.

E já agora, embora não tenha nada a ver com a conversa inicial, aproveito para contar a quem não saiba que, na segunda década do século XX, Mário Silva, insigne professor e investigador, manteve nos jornais uma polémica acerca da geração espontânea e da origem da vida. Um dos seus opositores era um jovem intelectual católico de direita que depois se tornou muito conhecido, Oliveira Salazar, o qual acabou por criar muitos problemas à carreira académica de Mário Silva.

O Nuno começou com a vida extraterreste e eu acabo por chegar à história...


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