domingo, julho 6
Fahrenheit 451
o João está em Genève certamente preso a um editor-de-texto de linha e a um teclado universal (actualmente chamado teclado global)... não tem acentos nem ponto final, por isso lhe pego na mão.
Fahrenheit 451, realizado por François Truffaut já no longínquo ano de 1966 é como dizes um filme belo e poético onde o corpo de bombeiros, numa sociedade perfeita e sem incêndios, esquecidos da sua tarefa primordial, respondem a denúncias e queimam bibliotecas e esconderijos. É também um filme de época. Nas décadas de 60 e 70 aparecem com alguma frequência estas visões apocalípticas do mundo - agora um pouco esquecidas. Na altura aparentavam ser pensadas pela primeira vez e assistindo à brusca aceleração fulminante da sociedade os receios de que não se pudesse prever nem controlar qual seria o seu destino germinavam - hoje há uma multidão e uma variedade maior de sentimentos em relação ao futuro, não há um receio generalizado que possa resultar belo e poético num filme que venda, passada a aceleração inicial todos incorporámos a velocidade vertiginosa e não a sentimos.
Está a ser filmado um remake -previsto para 2004- que eu aguardo sem entusiasmo, como de resto a quase todos os remakes. Na era da fast-food, prêt-a-porter, da globalização receio que o filme não seja mais do que Matrixizado e estilizado onde os efeitos especiais e a imagem valem mais do que a história. Numa visão apocalíptica adaptada à tecnologia actual será necessário aumentar a temperatura para derreter também os aúdios, LPs, CDs e DVDs mas a temperatura para fundir a nossa memória é muito mais elevada. Lembrem-se os senhores que fabricam armas de destruição massiva de não atingirem essa temperatura e as instituições internacionais de controlo de declarar, qualquer arma mais letal do que o papel, proibida. Não será assim, neste processo mais uma história será branqueada da nossa memória, atulhada de imagens.
João, espero o teu regresso para te oferecer um teclado português portátil.
Fahrenheit 451, realizado por François Truffaut já no longínquo ano de 1966 é como dizes um filme belo e poético onde o corpo de bombeiros, numa sociedade perfeita e sem incêndios, esquecidos da sua tarefa primordial, respondem a denúncias e queimam bibliotecas e esconderijos. É também um filme de época. Nas décadas de 60 e 70 aparecem com alguma frequência estas visões apocalípticas do mundo - agora um pouco esquecidas. Na altura aparentavam ser pensadas pela primeira vez e assistindo à brusca aceleração fulminante da sociedade os receios de que não se pudesse prever nem controlar qual seria o seu destino germinavam - hoje há uma multidão e uma variedade maior de sentimentos em relação ao futuro, não há um receio generalizado que possa resultar belo e poético num filme que venda, passada a aceleração inicial todos incorporámos a velocidade vertiginosa e não a sentimos.
Está a ser filmado um remake -previsto para 2004- que eu aguardo sem entusiasmo, como de resto a quase todos os remakes. Na era da fast-food, prêt-a-porter, da globalização receio que o filme não seja mais do que Matrixizado e estilizado onde os efeitos especiais e a imagem valem mais do que a história. Numa visão apocalíptica adaptada à tecnologia actual será necessário aumentar a temperatura para derreter também os aúdios, LPs, CDs e DVDs mas a temperatura para fundir a nossa memória é muito mais elevada. Lembrem-se os senhores que fabricam armas de destruição massiva de não atingirem essa temperatura e as instituições internacionais de controlo de declarar, qualquer arma mais letal do que o papel, proibida. Não será assim, neste processo mais uma história será branqueada da nossa memória, atulhada de imagens.
João, espero o teu regresso para te oferecer um teclado português portátil.
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