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quinta-feira, julho 10

A arte de calar 

Em 1771 o abade de Dinouart, que havia sido excomungado por ter editado em 1746 um livro chamado "O triunfo do sexo," escreveu "A arte de calar" (edição portuguesa da Teorema) cujos princípios são mais ou menos estes:

1. Só deve deixar-se de estar calado se houver algo a dizer que valha mais do que o silêncio.

2. Há um tempo para calar e outro para falar. O tempo para calar é sempre o primeiro.

3. Só no silêncio o homem é senhor de si. Fora dele é mais dos outros que de si.

4. Tendo coisa importante a dizer deve pensar-se muito e, após refletir bem, voltar a pensar tudo outra vez, para não haver arrependimento quando já não se pode reter o que foi dito.

5. Quando a vontade de falar é muito grande deve desconfiar-se imediatamente que possa não ser bom abandonar o silêncio.

6. Não há mais mérito em explicar o que se sabe que em calar o que se ignora.

7. Em geral arrisca-se menos não falando. No entanto, não há menos imprudência em calar quando se deve falar quanto há leviandade em falar quando se deve calar.

8. O silêncio faz as vezes de capacidade nos obtusos, de sensatez nos tolos e de sabedoria nos ignorantes.

9. É preferível ser suspeito de não ter talento por estar calado que ser conhecido como tolo por falar demais.

10. Raramente nos queixamos da brevidade, mas queixamo-nos sempre da longura.

11. Quando se trata de um segredo o silêncio nunca é demais.

12. Há que ser sempre sincero. Podemos reter alguns pensamentos mas não devemos disfarçar nenhum. Há maneiras de calar sem fechar o coração, de ser discreto sem ser taciturno, de esconder a verdade sem a cobrir de mentiras.

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